Definitivamente tinha algo estranho com Lucy. Bom, pelo menos, era isso que Natsu Dragneel acreditava. Não sabia ao certo o que, mas ela com toda certeza lhe chamava a atenção naquele dia. Ele se pegou pensando o que havia de errado com ela, ou talvez, o que havia de diferente na Heartfillia. Olhou para todos na guilda. Eles estavam como sempre, nada de estranho ou fora do comum, mas então, porque somente Lucy? O mais curioso foi constatar que não era sua aparência que prendia os olhos do Dragneel. Ele já conhecia cada detalhe do corpo de Lucy, afinal, sempre se pegava arranjando um jeito de importuná-la nos momentos mais importunos (como, por exemplo naquela manhã, onde ele invadiu o banheiro da loira enquanto ela tomava banho, gerando uma enorme confusão com direito a uma loira revoltada e um Natsu de olho roxo). Mas, se não era no físico, então, o que era?

Alguns membros da guilda olhavam Natsu com curiosidade. Dificilmente viam o rosado tão concentrado em alguma coisa. Se olhassem mais de perto, poderiam afirmar que saia fumaça da cabeça do Dragneel. O mago continuou ignorando todos os olhares e conversinhas que eram direcionados a sua pessoa e, mais uma vez, focou em Lucy. Ela conversava animadamente com Lisanna e Mira no balcão, enquanto a Strauss mais velha preparava uma tigela de lámem. Era a primeira vez que ele a via pedindo por algo tão gorduroso. Será que era isso? No fim, decidiu se aproximar, quem sabe assim sua curiosidade seria sanada.

Não soube se foi o cheiro do prato ou a fome que sentia, contudo, Natsu por um breve instante, comparou os fios loiros de Lucy com o macarrão do prato, talvez possuísse o mesmo gosto. É isso, ele só poderia estar louco. A loira sentiu sua trança ser puxada para trás e, ao se virar, viu o mago levando o cabelo até a boca. Era impressão sua ou ele iria, literalmente, comê-lo?

— Por Deus, Natsu! Enlouqueceu? Se esta com fome peça para Mira lhe preparar algo.

Lisanna, que até então via tudo com surpresa, desatou a rir, ganhando reclamações por parte de Lucy e risadinhas cúmplices da irmã. A cena era cômica demais: Lucy cruzava os braços em frente ao peito e inflava as bochechas enquanto ralhava com Natsu. Já esse, permanecia calado com uma das mãos sobre o queixo, em claro modo pensativo. Natsu ainda se perguntava o que estava diferente em Lucy e, por um momento, sentiu um cheiro doce provindo dela. Ele a analisou dos pés a cabeça e, quando olhou no rosto da garota, focou seus olhos nos lábios levemente rosados. Talvez fosse isso, afinal. E, com um ato inesperado, Natsu puxou Lucy para si, selando seus lábios.

A guilda caiu em silêncio sepulcral. Lucy sequer teve tempo para entender o que estava acontecendo, quando o rosado se afastou e a olhou, agora, de forma convicta. E, com um grande sorriso no rosto, Natsu declarou.

— Oh, é de morango!