Infinity escrita por BiahPad


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa é a minha segunda fanfic Rheese, espero que gostem e não deixem de acompanhar e comentar. Beijinhos ♥



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Connor

—Você anda distraído nos últimos dias— afirma Ava enquanto saímos da sala híbrida e caminhávamos em direção a sala de descanso da emergência.

Havia acabado de finalizar uma cirurgia que durou cerca de 7 horas e meia. O paciente havia sofrido um grave acidente de moto e por conta do seu estado houveram diversas complicações durante o procedimento.

Entramos na sala, não havia ninguém por lá  em decorrência do horário, vou em direção a máquina de café enchendo duas xícaras, Ava abre seu armário e começa organizar suas coisas para ir embora. Sento em uma cadeira, estendendo uma das xícaras na direção da médica que prontamente a pega, dou um gole da bebida e suspiro fundo, enterrando a cabeça no meio das mãos.

—Dia difícil? — ela pergunta.

—Os últimos dias andam sendo difíceis— murmuro.

—Problemas pessoais? —pergunta  colocando a mochila em cima da mesa, me encarando. Apenas mexo a cabeça em sinal de afirmação— Bom, seus pacientes não tem culpa de nada, da próxima vez seja um profissional competente e saiba deixar os problemas de casa fora do hospital.

—Qual o seu problema, Bekker? —encaro-a indignado.

—Nenhum, apenas estou chamando sua atenção. Não vai querer causar a morte de um paciente porque teve uma briga em casa com a sua possível namoradinha— ela diz de forma irônica. 

Levanto da cadeira de maneira bruta, fazendo com que a mesma caia, porém antes que eu possa fazer ou falar algo, a porta da sala é aberta e somos interrompidos por uma Maggie nervosa.

—Dr.Rhodes, finalmente saiu da sala de cirurgia, preciso de você.

—Meu turno deveria ter acabado a quatro horas atrás Maggie, não vou atender mais ninguém. Me desculpe.

—Quem falou em atendimento? Sua irmã está aqui— ao dizer isso sinto um calafrio passar por meu corpo— Deveria ir logo, ela parece bem nervosa e angustiada. Pediu para avisar que ia lhe aguardar no refeitório.

Troco um olhar rápido com Ava, em seguida corro em direção ao elevador, que por sorte se encontrava naquele andar, aperto o botão da cantina e começo a pressionar o que fecha a porta, de maneira impaciente. Se Claire estivesse aqui isso não soava bem, alguma coisa teria acontecido e, devido aos últimos dias, minha preocupação só aumentava.

Encostei-me na parede do elevador bufando, sentia minhas mãos suarem e meu coração parecia que estava sendo esmagado aos poucos, deixe-me tomar por uma sensação estranha.

Medo.

Medo?

Sim, medo.

Procurei nos bolsos da calça por meu celular e suspirei frustrado ao notar que havia o esquecido dentro do armário. Encostei a cabeça na parede e encarei o teto, implorando para que não fosse uma notícia tão ruim quanto eu pensava.

A porta do elevador parou no 5° andar, uma grande quantidade de pessoas desceram, fui o ultimo a sair. Como era de madruga, haviam poucas pessoas por ali, apenas alguns familiares de pacientes internados, residentes e estudantes de medicina que faziam plantão. Avistei Claire de longe, sua aparência demonstrava cansaço,  estava sentada em uma mesa mais afastada das demais, falando distraidamente no telefone.

Respiro fundo e começo a caminhar em sua direção, sentindo olhar de algumas pessoas recaindo sobre mim, mas prefiro ignorar. Quando Claire finalmente nota minha presença, levanta-se apressada da mesa, desligando o celular e vem correndo em minha direção.

—CONNOR! — ela grita com a voz embargada pelo choro— Graças a Deus você saiu daquela maldita sala. Céus, quase invado aquele lugar— ela diz e me abraça.

—Claire, o que aconteceu? Por que esta aqui? Aconteceu algo com a ... — paro de falar ao notar os olhos da minha irmã começarem a lacrimejar— Claire...

—É melhor você se sentar— ela diz e aponta para a cadeira, obedeço sem ter nenhuma estrutura para discutir nada— Moço, o senhor poderia me ver dois chás de camomila? —ela pede a um garçom que passava por ali.

—Mas alguma coisa senhora? — ele pergunta e ela nega com a cabeça, após terminar de anotar os pedidos vai embora.

—Chá? — arqueio as sobrancelhas— O que diabos está acontecendo aqui, Claire?

Minha irmã me encara por alguns minutos, não deixo de notar que a cada dia que passa sua semelhança com nossa mãe aumenta ainda mais, fazendo com que eu sinta um arrepio e desvie o olhar.

—Bom... —ela começa a falar— Primeiramente  você vai ter que  se acalmar, se desesperar agora não vai ser bom, sua mulher precisa de você, a Lisa precisa de você, principalmente o Nicholas.

—Claire, só para de enrolar e fala logo— digo perdendo aos poucos a paciência. Meu coração estava batendo em um ritmo descompassado, estava começando a ter dificuldades de respirar.

—Nicholas... —ela diz hesitante —Pelo o que me contaram, a febre dos dias anteriores não estava querendo passar, hoje na escola, durante o recreio das crianças, ele começou a vomitar e depois... —ela para de falar.

—Depois, o quê Claire? —pergunto sentindo uma angústia se formar dentro de mim.

Ela me encara, algumas lágrimas escorrem por seu rosto, sua mente parece confusa e, só depois de alguns minutos, finalmente continua:

—Nicholas convulsionou na frente de todos os coleguinhas da creche.

Prendo a respiração, meu corpo fica em estado de choque e deixo-me levar pelo desespero.

—E POR QUE DIABOS NÃO ME AVISARAM ANTES? —grito, levantando da cadeira, sinto o olhar de todas as pessoas do local pairar sobre nós, mas novamente as ignoro— FODASSE SE EU ESTAVA EM CIRURGIA! ERA PARA TEREM MANDADO ME CHAMAR, INVADIA AQUELA SALA OU SABE DEUS O QUÊ, MAS EU PRECISAVA SABER.

—Hey se acalma, ok? —ela diz se levantando da cadeira— Aparentemente aconteceu tudo muito rápido, ninguém teve muito tempo para avisar você, além disso tentamos ligar, entramos em contato com o hospital mas eles falaram que não podiam atrapalhar a cirurgia. 

—Levaram ele para o hospital? Como ele está agora? Descobriram qual foi o motivo das convulsões? —pergunto desesperado.

—Ele está melhor, parece que foi medicado e a febre baixou, mas... —ela para de falar de novo.

—Dá pra você parar de fazer isso? Termina logo o que tem para me dizer, isso tá me deixando ainda mais impaciente.

—Os médicos estavam esperando os resultados dos exames dele para confirmar as suspeitas.

—E qual foi o resultado?

Ela não diz nada, novas lágrimas caem por seu rosto e ela abaixa a cabeça. 

—Claire...— insisto.

—Eu sinto muito Connor— diz tentando segurar em uma das minhas mãos, mas a impeço.

—Qual foi a merda do resultado? —repito a pergunta, cerrando os dentes e fechando o punho.

—Ele não deveria passar por isso, é tão novinho, praticamente um bebê ainda, tão ingênuo, tão... — interrompo-a, batendo com toda a força na mesa entre nós, fazendo com que ela e o garçom que voltava com o pedido se assustassem.

—Com licença— sussurra o rapaz, deixando as bebidas na mesa e se retirando rapidamente.

Olho em volta, todos naquele lugar nos encaravam e nem faziam questão de disfarçar. Claire estava abraçada no próprio corpo, tentando controlar o choro, caminho em sua direção, seguro em cada braço, respiro profundamente e pergunto mais uma vez:

—Qual foi o resultado?

Ela abaixa a cabeça e em um sussurro quase inaudível responde:

—Nicholas foi diagnosticado com leucemia, Connor.

Minhas pernas fraquejam, sinto o ar faltar em meus pulmões, parecia ter levado um soco na barriga.

Nicholas, uma criança tão feliz, extrovertida, amável e meiga. Tão pequeno, tão inocente, tão vulnerável, tão frágil, não era justo com ele.

Nicholas.

Leucemia.

3 anos.

Minha mente estava processando mais rápido que o restante e sem que perceba ou controle meu corpo cede. Escuto Claire gritar por meu nome, duas mãos me segurarem por trás, impedindo com que eu caia no chão, as vozes ao meu redor se tornam mudas e as pessoas são meros borrões. 

Não.

Não era justo.

Eu não podia acreditar.

Eu não queria acreditar.

Por que com ele? Como médico, sei que acontece milhares de casos parecidos como esse todos os dias, mas nunca imaginei que aconteceria comigo.

—Hey cara, cuidado aí— escuto a voz de Will atrás de mim, quando me encara seu semblante mostra preocupação— Tá tudo bem aí? Você tá sentindo alguma coisa?

—Meu Deus Connor, você tá bem? Não é melhor se ir se consultar ou sei lá o quê? —pergunta Claire.

—É melhor ele se sentar na cadeira, a pressão pode ter caído, mas nunca se sabe. Você está certa, é melhor ele ir se consultar para ver o que aconteceu.

Um estalo vem em minha cabeça, finalmente encontro forças para reagir e me livro dos braços de Will, que ainda me segura. Mesmo estando zonzo começo a caminhar de volta para o elevador.

—E-eu tenho que ir. Preciso ir embora. Preciso voltar para Minnesota.

Pressiono o botão várias vezes, visivelmente perturbado. Will e Claire me encaram de longe,, assustados e preocupados. Não  sabia o que fazer, o que pensar, queria está perto da minha família o mais rápido possível. As portas do elevador se abrem, entro, apertando o botão que me levaria à emergência, mas antes que as portas se fechem, minha irmã invade o local.

—Ela está vindo para cá— diz apressadamente— Na verdade, ela e as crianças já devem estar chegando aqui. Quando chegou, eu falava com o papai, segundo ele o avião pousaria em Chicago cerca de 15 minutos.

—Avião? —a encaro confusa.

—Sim, muito provavelmente não vai gostar, quando ela me ligou estava desesperada. Não conseguia falar com você ou com qualquer outra pessoa aqui do hospital, juro que pensei que ela estava tendo uma crise de pânico e quando me contou o motivo entendi o porquê. Por isso liguei para o papai, que logo entrou em contato com alguns amigos e uma hora depois tudo já estava pronto. Eles embarcaram em um avião particular, devidamente equipado, já que o Nicholas está debilitado, uma ambulância vai trazer eles direto para cá. Sei que deve estar com raiva, mas quero que entenda que...

—Claire— a interrompo— Não vou discuti sobre isso, na verdade é até mesmo um alívio saber que eles estão vindo para cá. No momento só o que importa é a chegada deles e o início do tratamento de Nicholas, as outras coisas podemos deixar de lado. Agora preciso adiantar as coisas, mandar preparar um quarto, dá entrada nos papéis para a internação.

—Não precisa, já fiz tudo isso. Vim aqui não só para lhe avisar, mas também ajudar no que pudesse.

Respiro fundo, encaro minha irmã, colocando uma de minhas mãos em seu rosto, murmuro:

—Obrigado por está aqui.

—Eu sempre vou está aqui, Connor. Irmãos são para isso, dá amor, carinho, puxão de orelha no outro. Mas, principalmente, dá apoio quando se mais precisa— ela diz e me abraça, ficamos ali em silêncio.

Minutos depois as portas do elevador se abrem, caminhamos de mãos dadas até o balcão da recepção em busca de qualquer notícia. Eu estava completamente abalado, minha mente parecia fazer questão de lembrar cada lembrança que eu possuía dele, cada fase importante que eu presenciei ou perdi por conta da distância: o parto, as noites sem dormir, as inúmeras fraldas trocadas, seus primeiros passos, suas primeiras palavras, seu primeiro dia de aula. 

Naquele momento me dei conta de que apesar de ser ateu, estava rezando aos céus pela vida de meu filho.

Will

Termino a avaliação do paciente, pedindo a Monique alguns exames. Saio da sala 3 e caminho em direção a Natalie, April e Choi, que estavam conversando encostados no balcão da recepção.

—Achei que só eu havia percebido que ele estava diferente— diz Natalie.

—Ouvi dizer que hoje, durante a cirurgia, errou um procedimento que quase levou o paciente a óbito. Pelo o quê me falaram, a Dra.Bekker teve que assumir— comenta April— Fora que a irmã chegou aqui completamente transtornada, procurando por ele. Se não fosse pelo Ethan e a Maggie, ela tinha invadido a sala híbrida.

—Estão falando do Rhodes? —pergunto apontando na direção do médico que se encontrava em pé, andando de um lado para o outro, nervoso, enquanto fala no telefone com alguém. Paro lado de minha esposa e deposito um beijo em sua bochecha.

—Você não acha que ele anda meio estranho nos últimos dias? —questiona a enfermeira.

—Na verdade, percebi isso sim. Agora a pouco fui na lanchonete, querendo beber um café decente, ele estava conversando com a irmã, de uma hora para outra ele estava aos berros com ela, na frente de todo mundo, visivelmente transtornado e abalado, se eu não tivesse segurado, ele teria caído no chão. Estava mais branco do que os nossos jalecos, tentei ajudar, mas ele estava nervoso e saiu andando depressa, falando coisas estranhas sobre precisar sair, viajar para Minnesota.

—Minnesota? —pergunta Natalie me encarando confusa, dou com os ombros.

—Será que aconteceu alguma coisa com o pai deles? —diz April.

—É bem provável, já que uma das únicas coisas que abalam Rhodes são seus problemas familiares— fala Ethan— Seja como for, espero que se resolva logo, não é bom nem para ele, nem para os pacientes.

Somos interrompidos pelo som da campainha, anunciando a entrada de mais um paciente no Med.

—Dr. Hasltead e Dra. Manning, criança, três anos, diagnosticada com leucemia, vindo transferida da Mayor Clinc. Segundo os dados, durante a viagem, ele teve uma crise respiratória. Sala 5— anuncia Maggie. Corremos até a entrada da emergência, esperando a chegada do paciente.

Alguns minutos depois entra um garotinho assustado, chorando, chamando pela mãe, reclamando de dores na barriga. Seus cabelos são pretos, olhos azuis, me lembrava alguém, mas não conseguia saber quem.

—Oi querido, sou a Dra. Natalie Manning e este é o Dr. Will Halstead, vamos cuidar de você . Pode me dizer onde dói?

—Eu quero a minha mamãe, cadê a minha mamãe? —ele resmunga no meio das lágrimas.

—Ela vem logo atrás querido. Mas você precisa me dizer onde dói, para eu poder lhe ajudar—Natalie começa a pressionar a barriga do garotinho, que grita de dor quando ela aperta próximo a região do fígado.

—AÍ— berra e começa a chorar ainda mais.

Entramos na sala e começamos a conectar os aparelhos em seu corpo. Peço para uma das enfermeiras medi a temperatura da criança.

—Está tudo bem meu amor, eles só querem lhe ajudar. Logo, logo você vai ficar melhor, mas precisa deixar eles te ajudarem— uma voz suave e conhecida diz atrás de mim, tentando acalmar o garoto. Quando me viro para descobrir quem é, assusto-me.

—S-Sarah? —gaguejo. 

Ela me ignora, encarando o menino a sua frente, visivelmente nervosa, mas querendo passar calma para o garotinho. Em seu colo uma menininha, que devia ter a mesma idade do garoto, ela olhava assustada para a cena a sua frente, assim como ele, seus olhos são azuis, mas os cabelos tem um tom mais claro, próximo a um castanho mel, encaracolados, era praticamente a cópia da mulher que a segurava.

—Ele veio reclamando de dores nas barriga durante o voo, em Minnesota os médicos conseguiram controlar a dor com medicamentos, mas acredito que se trate de uma infecção— Sarah diz olhando para Natalie.

—Quando ele foi diagnosticado? —pergunto.

—Ontem a tarde— ela suspira. 

A garotinha em seu colo começa a ficar impaciente, se debatendo para tentar se livrar de seus braços.

—Filha, você não pode descer. Lembra o que a mamãe conversou com você lá no outro hospital? —Sarah diz segurando a menina ainda mais firme nos braços— Você prometeu a mamãe que ia se comportar.

A menina a encara por alguns minutos e depois suspira, colocando a cabeça na curvatura do pescoço de Sarah.

Eu e Natalie trocamos um olhar rápido.

—Mamãe? —sussurro.

Sarah me olha, mas antes que possa falar alguma coisa, a menina se solta de seu colo, correndo em direção a uma pessoa logo atrás da mãe. O garotinho na maca para de debater e espia tentando ver para onde a irmã teria ido, logo um brilho  surge em seus olhos, ao mesmo tempo que ambas as crianças gritam:

—Papai!

Viro meu rosto e me assusto ao deparar com a figura do homem, agora parado ao lado de Sarah, com a garotinha em seus braços, com um semblante de preocupado.

Volto a olhar para o menino à minha frente, descobrindo com que parecia, era a miniatura perfeita do médico. 

—Papai? —pergunto o encarando.

 

Era Connor.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Não deixem de deixar aqui o que acharam... To ansiosa pela reação e opinião de vocês.
Até a próxima att, beijinhos ♥



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