A chuva caía sem trégua em Londres. Após retornarem depois de solucionado o caso do senhor Godfrey Sherlock e Molly estavam a caminho do apartamento dela, enquanto John foi para casa. O clima entre eles estava mais leve depois de terem feito as pazes e tudo o que queriam no momento era a companhia um do outro.

Por que não vai tomar um banho? – Molly disse pegando a chave para abrir a porta – vou pedir algo pra gente comer.

Ótimo – o detetive sorriu e enfim entraram no apartamento.

Finalmente – ouviram uma voz vindo da sala e assim que encararam o local Molly arregalou os olhos assustada.

Ai meu Deus Harvey! – o tom dela era de repreensão por causa do susto – o que está fazendo aqui?

Pelo visto eu estou atrapalhando sua noite romântica – ele encarou a irmã depois de olhar para Sherlock com desprezo.

Ele era ruivo assim como Molly, seus olhos eram negros, alto e forte mas ainda assim era menor que Sherlock. Era visível que ele era um atleta e estava ali apenas para confrontar a irmã.

Cadê a mamãe? – Molly pegou o celular e começou a discar o número.

Ela não veio comigo – ele suspirou – vim apenas fazer uma prova para uma bolsa na faculdade com mais alguns colegas e queria fazer uma surpresa pra você, mas parece que não está tão feliz em me ver.

Harvey...- Molly amoleceu ao sentir a decepção na voz dele e o abraçou forte desligando o telefone – claro que estou feliz em ter você aqui.

O garoto retribuiu o abraço e no mesmo momento encarou Sherlock com um pequeno sorriso sarcástico. O detetive estava entendendo tudo, aquilo era uma afronta a ele e o garoto queria mostrar o quanto a presença do Holmes ali era insignificante quando ele estava com a irmã. A ruiva por sua vez se desvencilhou do abraço e se aproximou do moreno.

Queria que vocês se conhecessem em outra ocasião, mas – ela sorriu – Harvey esse é Sherlock Holmes meu...

O detetive? – ele interrompeu a irmã.

Namorado – Sherlock disse firme – mas você já sabia disso.

Por que acha que eu já sabia? – o ruivo não parava de encará-lo de forma divertida.

Por qual outro motivo você convenceria sua mãe a ficar em casa para que você pudesse vir sozinho até Londres convencer sua irmã que esse namoro é uma loucura? – o detetive mantinha o olhar firme, aquele garoto precisava saber seu lugar.

Parece que você é melhor do que dizem – o garoto bocejou – eu estou com sono e já está tarde Molls, posso dormir aqui?

Claro, mas eu espero que os dois se deem bem certo? – Molly sabia que o irmão era difícil, mas sabia que Sherlock não ficava muito atrás.

Os dois se encararam em desafio, mas sem dizer uma palavra sequer. Molly respirou fundo sabendo que aqueles dias não seriam fáceis. Claro que amava seu irmão só que ele sabia ser bem insistente quando se tratava dela se envolver com alguém, mas agora que ele estava crescido ela tinha fé que ele entenderia. A noite seria longa, mas ela estava feliz pelos dois homens de sua vida estarem junto com ela.

—x-

John olhava para o relógio impaciente enquanto esperava Jane chegar. Ela havia avisado para ele que já estava em Londres, mas antes de ir para a casa dele ela teria que passar no escritório para entregar alguns papéis para Mycroft. O médico sabia que aquilo não podia esperar porque se tratava do Holmes mais velho, que não tinha noção alguma de que trabalho e vida pessoal eram coisas diferentes. Quando olhou pela janela mais uma vez um sorriso brotou em seus lábios ao vê-la descer do táxi, finalmente estava ali.

Jane! – ele passou pela porta correndo e a abraçou forte – que saudade.

John – ela sorriu para ele e o apertou forte contra seu corpo – esses dias pareceram uma eternidade. Onde está a Rose?

Dormindo – ele a encarou – ela teve um dia cheio e eu cheguei de viagem por causa de um caso não faz muito tempo.

Então deve estar exausto – ela acariciou os cabelos dele – eu poderia ter vindo pra cá amanhã se tivesse me avisado.

Besteira – ele a puxou para entrar na casa – onde estão suas malas?

Na casa do Mycroft – ela disse – vou ficar com ele até arrumar um apartamento.

Ah – John disse num tom decepcionado.

Qual o problema? – Jane tirou o casaco e puxou John pra sentarem no sofá.

Eu pensei que iria ficar aqui comigo – ele disse e segurou a mão dela – sei lá.

John nós combinamos em ir devagar, você mesmo pediu isso – ela estava confusa com a reação dele.

Eu sei eu só – o Watson suspirou – hoje eu fiz o parto de uma mulher e isso me lembrou o dia do nascimento da Rose, acho que isso me fez lembrar de como é ter uma família e eu só queria que você chegasse e ficasse com a gente como uma família.

John – a loira sentiu seu coração se agitar.

Ela se inclinou tomando os lábios de John que mesmo surpreso retribuiu ao beijo urgente. Os dois estavam com saudade um do outro e tudo o que queriam era sentir seus corpos juntos como um só. John a carregou e a levou para o quarto sem parar as carícias, a deitou na cama e começou a beijar seu pescoço. As roupas se tornaram desnecessárias naquela ocasião e depois de se livrarem delas sentiram o prazer de pertencer um ao outro, como um sonho que um dia sonharam aquilo se tornou realidade. Jane sentia que tinha finalmente uma família e John, bem, finalmente se sentiu em casa.

—x-

Sherlock estava observando de longe a interação de Molly e de seu irmão. Os três estavam a caminho da cidade universitária onde o garoto estava hospedado com alguns amigos que iriam fazer as provas para uma bolsa de estudos. Tudo naquele garoto exalava problema e ele não entendia como a relação dele com a irmã era tão profunda já que ela mesmo que acidentalmente, havia atirado nele quando era criança. Talvez ele se sentisse culpado pelo incidente e por isso não culpava Molly, mas o detetive iria descobrir até onde o garoto iria para separá-lo de Molly já que até agora ele apenas estava monopolizando a atenção da legista.

Sherlock – a ruiva o chamou e gentilmente segurou a mão dele – nós podíamos ir até a biblioteca daqui dar uma olhada em alguns artigos, o que acha?

Agora está ficando interessante – ele concordou – e você Harvey, se considera um amante das ciências ou apenas um atleta?

Sou um pouco dos dois – ele o encarou – sou muito bom no time de futebol, mas graças a insistência de Molly eu me dediquei aos estudos. Minha irmã é a melhor.

A legista sorriu orgulhosa. Aquele garoto sabia o que estava fazendo, mas o Holmes não ficaria atrás por nada.

Ela é – concordou e encarou a ruiva – de muitas formas que você nem imagina.

O detetive se inclinou depositando um selinho nos lábios da namorada que retribuiu sorridente o carinho. O sorriso no rosto de Harvey sumiu dando lugar a uma expressão séria. Sherlock conseguiu deixa-lo com raiva e isso era um ponto vitorioso. Depois de andarem mais um pouco se despediram pois o garoto Hooper tinha que se dedicar aos estudos o resto do dia.

Espero vê-lo logo Sherlock – o garoto apertou a mão dele.

Igualmente Harvey – o detetive disse com um tom de desafio.

Nos vemos amanhã então – Molly abraçou o irmão – estude bastante.

Pode deixar – ele sorriu – tenho uma motivação a mais para passar no teste e finalmente poder vir morar perto de você.

Antes de dar as costas para eles o garoto deu uma última olhada para Sherlock. Aquilo com certeza era uma aviso. O que lhe restava era esperar para o que aconteceria nos dias que estavam por vir.