Coração que Cura escrita por Carolina Muniz


Capítulo 20
21


Notas iniciais do capítulo

Hey ♥



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× Capítulo 21 ×

Ana sempre foi magra, talvez por todos os problemas ou por genética mesmo - seus pais também não eram umas bolinhas - mas depois da cirurgia havia ganhado alguns quilos, provavelmente por causa da gravidez e também por causa dos remédios cheios de hormônios.

Nada drástico, mas pesava 6kg a mais do que há dois mês.

Ta, okay era um pouco drástico sim.

Ainda mais que nem tinha barriga.

Aonde estava àqueles quilos a mais que havia ganhado?

Ah, sim, em suas bochechas.

Ana parecia uma lua com toda aquela cheiura ao lado do nariz.

Com 17 semanas de gestação, Ana estava num período mais ameno, sem enjoos e sem tonturas há dias. Mesmo que o humor ainda oscilasse muito, não era nada que ninguém pudesse lidar. 

Bem, que Christian não pudesse lidar.

Ana parecia não ter nenhum sinal físico da gravidez ainda - o que era bom, na sua opinião. Mas a morena já estava começando a achar que querer estar perto de alguém era sim um "desejo de gravida", pois era quase uma necessidade de estar com Christian. Eles não se viam há três dias, devido a uma viajem a trabalho que o mesmo precisou fazer de última hora, e Ana parecia que iria explodir até a hora em que ele ligava e ela podia ouvir sua voz. Não era exagero, ela realmente se acalmava apenas com aquele som. Era como se o mundo parasse e ela pudesse respirar.

Então, no fim da tarde de quinta, quando Christian chegou da viagem à Nova York, a garota estava meio ansiosa - e também nervosa.

Eles não tinham um relacionamento, não havia nada oficial e concreto entre eles, mesmo que às vezes Christian acabava beijando sua boca em vez da bochecha na hora da despedida, e também que Ana segurasse sua mão quando percebia alguma mulher interesseira olhando para o mesmo. Por medo, por inexperiência, ou coisa do tipo, nenhum dos dois parecia querer trazer o assunto a tona, ou então não sabia como.

Ana esperava que Christian falasse algo, que ele colocasse as cartas na mesa. Mas parece que Christian esperava o mesmo de Ana.

A morena não havia saído naquela quinta, o frio já havia chegado e ela estava particularmente sentindo aquilo em seu corpo mais do que deveria.

Havia pegado um resfriado sabe se lá como, mas mesmo que já estivesse melhor, não era bom que pegasse friagem. O frio era mesmo uma coisa dos infernos.

E aí ela esperou Christian ir até ela. Passava um pouco das 18h quando a morena ouviu o carro parando no gramado da casa.

Ela se apressou a sair da cama e ajeitar os cabelos, passou duas borrifadas de perfume, alisou a blusa larga de mangas que usava e deixava suas coxas a mostra por conta do short curto, e então se olhou no espelho grande do closet.

Já podia escutar a voz de Christian lá embaixo falando com seu pai, os dois se davam bem. Até com sua mãe Christian se dava bem, ela sabia que ele delalatava toda a vida da garota para a mulher. Não se importava, assim elas não discutiam com suas perguntas.

Ana mirou seu reflexo e sorriu.

Mesmo com a ponta do nariz ainda um pouco vermelha, seu rosto já estava mais corado e com brilho, seu cabelo cooperou bem naquele dia e sua roupa a deixava sexy.

Não que fosse sua intensão.

Ela não colocou uma camisa que mais parecia um vestido curto demais e um short simplesmente curto demais para ficar sexy.

Garotas não precisam disso só porque os amigos vão vê-las.

E Christian e Ana eram apenas amigos.

Então também não importou o fato de ela ter despenteado um pouquinho o cabelo para deixa-lo mais rebelde e sexy enquanto ia se deitar na cama após ouvir os passos no corredor.

Ela pegou o livro que estava lendo há dois dias em cima do criado do mudo e fez uma expressão de concentração enquanto fingia ler quando uma batida na porta foi ouvida.

— Entre - pediu com a voz arrastada, como se bocejasse.

Christian entrou em seu quarto e fechou a porta atrás de si.

Ana continuou com os olhos no livro, mesmo que tenha dado uma olhada de relance em Christian.

Para sua surpresa, ele não vestia um terno bonito e caro como sempre, dessa vez ele parecia mais "normal", com jeans e camisa de manga longa, mesmo que aquele normal o comparasse com um deus grego.

— Hey - ele cumprimentou, sentando-se ao seu lado na cama.

Ana fechou o livro calmamente e o encarou sorrindo.

— Oi - murmurou.

O coração martelou com o sorriso que recebeu e aumentou as batidas quando Christian se inclinou e beijou sua bochecha.

— Como está se sentindo? - ele questionou.

— Estou bem. Não sinto mais dor de cabeça - ela disse se referindo ao resfriado. - Eu falei que não era nada demais.

— Nada demais, mas parecia ser bem demais quando você me acusou de ser negligente por não estar aqui com você nos últimos três dias - ele rebateu sarcástico.

Ana sentiu o rosto ficar vermelho.

Ela havia mesmo o acusado daquele forma, nas últimas noites na verdade, quando parecia que seu humor ficava pior.

— Eu estava um pouco sem controle - ela sussurrou.

Christian riu.

— Culpa da gravidez?

Ela assentiu.

— E como ele está? - perguntou.

Eles não conversavam muito sobre a gravidez, era mais sobre coisas engraçadas que aconteciam com Ana por causa dela, como os hormônios à flor da pele e a fome infinita que ainda sentia. Mas nada sobre como Ana se sentia com aquilo, ou sobre como se sentia com o bebê. Na verdade, também não conversavam sobre o mesmo.

Então foi um pouco surpreendente para Ana quando Christian perguntou como ele estava.

— Bem, eu acho. Eu estaria me sentindo mal se ele não estivesse bem, não é? - ela murmurou sem saber o que dizer.

A morena nunca havia ficado perto de uma grávida por mais do que alguns minutos, nunca havia visto de perto como tudo era, apenas leu sobre, e que leu foi que tudo o que o bebê sentia a mãe sentia também.

Mãe...

Aquela era outra coisa que Ana não conseguia se convencer a pensar.

Ela era mãe agora? Ela seria mãe daquele bebê? 

— Então, se você está bem, ele está bem? - Christian a tirou de seus pensamentos.

— É, isso aí - disse ela. - Como foi viajem? - a pergunta saiu apressada, denunciando que queria mudar de assunto.

Christian sorriu de lado para ela e tocou seu cabelo, fazendo um carinho que fez Ana querer fechar os olhos.

— Consegui resolver o que precisava. Havia dado um problema na filial de Nova York - ele suspirou.

— Isso deve ser chato - ela comentou.

— O quê?

— O que você faz - ela foi direta. - Tem muitos números e responsabilidade.

Christian balançou a cabeça e riu pela forma que a palavra saiu como "responsabilidade" pela garota por causa do resquício do resfriado ainda.

— Eu gosto do que eu faço, então não é chato.

Ana revirou os olhos e se aproximou um pouco do outro afim de ficar mais perto para receber o carinho no cabelo que ainda recebia, fazendo a coberta cobria suas pernas a descobrir minimamente.

— O que você quer fazer? - ele perguntou.

Ana mordeu o lábio inferior, pensando em sua pergunta.

— Eu não sei - declarou em seguida.

— O que você gosta de fazer?

— Huuum... Eu gosto de ler.

— Literatura - ele disse.

— Também gosto de coisas médicas.

— Medicina.

— Mas eu também gosto de desenhar...

— Okay, você não tem que escolher agora - ele falou, fazendo a garota rir.

O silêncio permaneceu por alguns poucos segundos, pois logo Ana estava inventando outro assunto. Ela gostava de ouvir a voz de Christian, não gostava de ficar em silencio na presença dele, e o mesmo sempre se esforçava para falar, mesmo que já nem tivesse mais nada. O assunto nunca acabava entre eles.

Até que na TV anunciou que começaria Harry Potter. E aquele era um momento sagrado para Ana, não importava se ela já tivesse visto um trilhão de vezes e tinha as frases na ponta da língua, ela via sempre que passava.

Christian não era muito fã, mas aprendeu a não dizer uma palavra sobre aquilo quando Ana passou uma tarde inteira lhe dando motivos para entender que Harry Potter era uma coisa essencial na vida de todas as pessoas do mundo, era quase como um livro de autoajuda - se você acredita que eles funcionam -, pois ele ensinava coisas sobre si mesmo e o mundo.

É, foi um belo discurso o da garota. Ela seria uma ótima advogada, pois quando o filme começou, até Christian se concentrou em ver.

Acabou o filme e Christian ficou com raiva por Sirius não ter conseguido provar sua inocência, Rabicho ter fugido e Snape ser um tremendo de um filha da puta - suas palavras fizeram Ana repreende-lo pelo xingamento ao professor que a fez chorar no final de toda a história. E foi engraçado o fato se ela fazer aquilo enquanto limpava as lágrimas abaixo dos olhos.

Bem, os hormônios a pegaram ali também. Christian estava acostumado, mesmo que ainda fosse um tremendo desconforto ver Ana chorando, agora pelo menos ele sabia o que fazer.

Então ele aconchegou a garota em seus braços e reprimiu a vontade de dizer que era muito drama ela estar chorando por aquele filme.

— Desculpa - ela fungou, afastando-se minutos depois. - Eu juro que não é culpa minha - falou.

Christian riu enquanto limpava seu rosto com as costas da mão. 

— É culpa do bebê, claro - comentou.

Foi mais uma surpresa para Ana quando ele simplesmente tocou os lábios nos seus por dois segundos.

A garota arregalou os olhos, pois ele não podia dar a desculpa de ter "esbarrado".

— Seus lábios ficam muito macios quando você chora - foi apenas o que ele disse antes puxá-la contra si, encostando mais uma vez os lábios nos seus.

Ana fechou os olhos e aproveitou a sensação.

Amigos se beijavam de vez em quando, não é?

Mas então, alguém que não se deixa ter sentimentos, sabe identificá-los?

Christian sempre foi independente, desde os pais à namoradas. Ele nunca gostou de "amarras" com ninguém. Não gostava de dar satisfações, não gostava de ter hora marcada, também nunca se importou em chegar em casa e não ter alguém lhe esperando. A coisa que ele mais corria era de um "eu te amo", e já havia deixado muitos corações partidos por aí após simplesmente ir embora por ter ouvido um. Não se orgulhava daquilo, não se divertia por deixar alguém mal, mas ele não conseguia querer aquele tipo de coisa. Sempre teve medo de estar preso a alguém.

Não mudou quando Ana apareceu.

Ele ainda sentia. Ele não queria se sentir amarrado a alguém, por que aquilo fazia uma dependência aparecer mesmo que não queira. E dependência não era uma coisa saudável. Se prender a alguém nunca pareceu uma coisa boa de se fazer, com medo ou não. Mas aí, Ana parecia brilhar a todo momento, como se quisesse garantiu ao mundo que ela era o centro de tudo então nunca poderia desaparecer. Ela lhe mostrava a cada dia que escolher alguém para estar junto podendo estar escolher não estar, é a melhor liberdade que existe.

Claro que aquilo não queria dizer que as coisas seriam fáceis, que de repente tudo era uma maravilha e os sentimentos seriam postos na mesa. Aquele tipo de coisa levava tempo, só porque você sente algo não quer dizer que não existem mais duvidas. Acho que a partir do momento em que você admiti que sente, é aí que tudo começa a desmoronar, todas as perguntas do mundo começam a surgir e de repente tudo parece uma possibilidade - as coisas boas e as coisas ruins também.

Ana deixou Christian dominar tudo, desde o beijo a seu corpo, deixou que ele tocasse sua cintura e seu cabelo, sempre mantendo-a o mais perto possível. Até precisaram de ar - malditos pulmões - e afastaram os lábios um do outro.

Os dois se entreolharam profundamente, as respirações ofegantes, os corações batendo irregulares.

Em momentos como àqueles, surgem sentimentos. Surgem certezas.

— Eu acho que não consigo mais viver sem você - foi um sussurro deixado entre os lábios dos dois.

Já teve um sonho que parecia tão real, e quando você acorda quer ficar de olho fechado, para prendê-lo? Imagina que é realmente a sua vida, aquilo ali, aquele momento.

O coração quase saindo pela boca era o estado de espírito de Ana.

A morena respirava irregular, parecia ter as palavras ditas por Christian ecoando em sua mente como ondas, ela sentia que o tempo estava passando, segundos, talvez até minutos, mas apenas conseguia se concentrar na frase que foi retumbada em seu cérebro.

Aquilo foi uma baita de uma declaração, não havia dúvidas. E a forma que foi dita, tão sincera e aliviada, era como se ele tivesse guardado aquilo durante dias.

— Srta. Steele - o chamado foi seguido de uma batida suave na porta.

E Christian e Ana pareceram voltar a terra, afastando-se um do outro.

— Pode entrar - a garota disse.

Era Julieta, a governanta da casa.

— O jantar está pronto, Sr. Grey e Srta. Steele - a mulher informou.

Ana balançou a cabeça e esperou a porta se fechar para enfim soltar o ar que segurava e nem percebeu.

Christian ajeitou o cabelo e se levantou, Ana fez o mesmo, logo recebendo um olhar do Grey.

A garota se virou e então Christian se engasgou enquanto a morena seguia seu olhar vidrado em suas coxas. Seu rosto esquentou ao lembrar da roupa que usava, mas seu coração aqueceu de forma diferente. Não era vergonha, era... Nem ela sabia dizer. O olhar de Christian era quase predador para suas pernas, apenas a bainha do short preto aparecia em sua coxa, enquanto a blusa vinho cobria o corria quase por completo. Não era um olhar desconfortável para Ana, pelo contrário, ela queria ter aquele olhar a vida inteira, era puro desejo.

Ana já se sentiu amada - e sente a até hoje, se sentiu adorada e até mesmo idolatrada, mas nunca se sentiu tão desejada como naquele momento. Era uma coisa nova, e ela nem sabia como lidar.

— Você vai ficar me olhando? - ela questionou quando Christian ao menos piscou pelo o que pareceu um minuto inteiro.

— Tem alguma coisa melhor no mundo para fazer nesse momento? - ele murmurou, sem disfarçar ao inclinar a cabeça e olhá-la de cima abaixo. - Ou em qualquer outro momento... - sussurrou em seguida.

Ana abriu a boca e a fechou, sem saber o que dizer, o rosto ficando mais vermelho do que o possível.

— Ta', hã, é melhor irmos - disse meio atrapalhada, logo seguindo para a porta.

O jantar foi tranquilo, mesmo que fosse um pouco desconfortável algumas vezes como quando Ana era petulante com a mãe ou a mulher que tentava tratá-la como uma criança.

Já passava das 23h quando Christian conseguiu convencer Ana de que realmente precisava ir embora, e já na varanda da casa, nas escadas do hall, a garota segurava sua mão. 

— Manda mensagem quando chegar - ela ordenou.

Realmente ordenou, o tom firme e a voz autoritária.

Christian riu e balançou a cabeça.

— Eu prometo - foi sincero.

Ele deu um beijo em seu cabelo e desceu os dois degraus da escada, ainda com Ana segurando sua mão.

— Eu realmente preciso ir - murmurou ele, puxando a própria.

Ana revirou os olhos e fez um biquinho fofo demais para uma garota de dezenove anos.

— Você já quer ficar longe de mim - resmungou manhosa.

Christian mordeu o lábio inferior.

— Já está tarde. Podemos nos ver amanhã - falou.

— Mas só a noite.

— Ana... - ele suspirou.

Ana bufou baixinho e soltou sua mão, concordando com a cabeça.

Okay, ela não podia ter ele o tempo inteiro.

Afinal, Christian tinha uma vida longe dela. Aquilo era uma droga, mas era a verdade.

Foi ali que ela percebeu o que estava fazendo, o que estava sentindo, na verdade. Aquela insistência toda não era bobagem, era necessidade, ela precisava, pelo menos sentia que precisava.

A garota simplesmente parou, o encarou, deu um passo sem jeito para frente e tocou os lábios nos dele de forma rápida, os olhos fechados e a respiração engatada. 

— Também acho que não consigo mais ficar sem você - confessou num suspiro.

× Capítulo 41 ×

Existem beijos que podem parar o tempo, acelerar as batidas do coração, fazer arrepiar cada canto do corpo e esquentar a alma. Beijos que dão a sensação do infinito em um só segundo, sabe. Ele não precisa ser lento nem demorado, não é assim que esses beijos são definidos. Aquele mesmo entre Ana e Christian, foi apenas um segundo ou talvez nem isso, um segundo de dezenove anos de vida e Ana sentia que foi um para sempre ali. Ela não sabe o que deu em si, mas apenas havia corrido para dentro de casa e subido para o quarto.

Já havia sido beijada por Christian, mesmo que não tomasse a iniciativa na maioria das vezes, eles também não tinham nenhum tipo de relacionamento propriamente dito, os beijos não eram estranhos. Aquele também não havia, apenas diferente. Foi tudo diferente. Desde o toque aos sentimentos. Era uma mistura boa do novo.

Naquela noite, Ana não conseguiu parar de pensar, e mesmo depois de receber uma mensagem de Christian lhe dizendo que já havia chegado - ela não respondeu - ainda estava acordada com os pensamentos a mil.

Já passava das duas da manhã quando seu celular anunciou uma nova mensagem.

 

De: Christian ❤

Não consigo dormir. Está acordada?

09 de setembro de 2017

Para: Christian ❤

Tbm n. Sim.

09 de setembro de 2017


De: Christian ❤

Quer conversar?

09 de setembro de 2017

 

Ana mordeu o lábio inferior. Queria conversar, queria fazer sobre aquele dia, sobre as "declarações", mas não sabia o que dizer. Por que tudo tinha que ser tão complicado?

 

Para: Christian ❤

N sei, estou confusa. Pq n consegue dormir?

09 de setembro de 2017

De: Christian ❤

Pensando demais

09 de setembro de 2017

Para: Christian ❤

Tbm. Quero conversar sobre outras coisas.

09 de setembro de 2017


De: Christian ❤

Sobre amanhã?

09 de setembro de 2017

 

Ana bufou.

Seu aniversario era dia dez de setembro, faltava apenas um dia. A maioria das pessoas gostavam de seus aniversários, mas Ana não tinha as melhores lembranças deste dia. E nunca havia sido uma comemoração tão grande, era mais os seus pais chorando e agradecendo por mais um ano que ela conseguia sobreviver com aquela droga de coração enquanto ela mesma estava numa cama de hospital. Parecia carma, todo dia dez de setembro ela estava num quarto.

Só houve um aniversario em que ela não passou num hospital, e provavelmente era a única lembrança boa que tivera sobre aqueles dias 10.

Acontece que Ana nunca passava tanto tempo no "mundo real" para obter certos hábitos que o resto da população tinha. Por exemplo, ela não conseguia ficar na rua depois que o sol se punha, o sereno a fazia até mesmo pegar um pneumonia. Ela também não adquiriu o habito de prender a respiração em baixo d'água e muito menos aguentar uma temperatura mais do que 30° sem desmaiar de calor. Enfim, quando Ana completou doze anos ela estava tão bem que conseguiu convencer seus pais a levarem ao parque de diversões. Porém, um homem acabou fumando ao seu lado, a fumaça havia entrado tão rápido em seus pulmões que ela não soube o que fazer quando não conseguia respirar o suficiente, o que forçou demais seu coração e ela parou na emergência com uma parada cardíaca. A lembrança boa foi de ela ter recebido pela primeira vez um elogio de um garoto antes daquilo, porque ela também não pode andar mais do que no carrossel e jogar tiro ao alvo. Seus pais lembravam de outra forma, é claro, em tudo eles apenas se lembravam das paradas.

Então, para Ana era quase apenas esperar por algo ruim no dia dez de setembro. Porém, Christian não acreditou naquela teoria, e com certeza não deixaria a garota em paz naquele dia.

 

Para: Christian ❤

Filmes de terror e pipoca o dia inteiro, é o q vai acontecer amanhã

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Até que eu concordo em parte do dia, mas a noite vamos sair

09 de setembro de 2017

 

Sair a noite com Christian, não era nem novidade dizer que o coração de Ana deu uma pancada quando leu a mensagem.

 

Para: Christian ❤

Está me convidando pra um encontro?

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Que fique claro que foi você quem começou a falar de encontros

09 de setembro de 2017

 

O rosto da morena corou, nem havia percebido o que havia enviado para ele.

 

Para: Christian ❤

É o sono q está chegando

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Sei...

Mas pode ser um encontro mesmo. Seria uma boa lembrança de aniversario

09 de setembro de 2017

 

Ai que merda, Ana teve que se sentar na cama para poder controlar a respiração.

 

Para: Christian ❤

Um encontro de aniversario? É bom q esse n seja o meu presente

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Um encontro comigo seria um presente e tanto. Não acho que exista um melhor, na verdade.

09 de setembro de 2017

 

Para: Christian ❤

Eu posso pensar em um monte de coisas

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Agora vc me magoou. Não quero mais sair com voce.

09 de setembro de 2017

 

Para: Christian ❤

Contanto q eu ganhe presentes

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Para quem não gosta do próprio aniversário, está falando demais sobre presentes.

09 de setembro de 2017

 

Para: Christian ❤

Eu gosto de ganhar presentes, n tem nada a ver com o dia 10. Eu gosto principalmente da nova coleção de capa dura do Harry Potter.

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Nem sei o que é Harry Potter.

09 de setembro de 2017

 

Para: Christian ❤

Sabe sim. De qualquer forma eu vou te mandar umas fotos para vc n acabar comprando a coleção errada. Seria o cúmulo ter q trocar

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Quem disse que eu vou te dar isso?

09 de setembro de 2017

 

Para: Christian ❤

Eu estou dizendo, então vc vai me dar e acabou.

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Voce não ta merecendo nada

09 de setembro de 2017

 

Para: Christian ❤

Estou sim pq eu sou bb e bbs merecem coleção do Harry Potter como presentes

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Bebes não sabem o que é Harry Potter

09 de setembro de 2017

 

Para: Christian ❤

Sou um bb moderno 
Hey, pq vc precisa escrever a palavra inteira, n sabe abreviar?

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Abreviar não é só colocar as consoantes das palavras. Qual a necessidade disso?

09 de setembro de 2017

 

Para: Christian ❤

Vc é mt careta. A vida é curta d+ pra ficar perdendo tempo escrevendo q palavra td.

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Que filosófica

09 de setembro de 2017

 

Para: Christian ❤

Vamos voltar ao assunto do meu presente. Vc vai precisar comprar hj para ele poder chegar amanhã, pq só vende pela internet. É super rara e linda. Vem um cordão do vira tempo ❤❤❤❤❤❤ eu to apaixonada

09 de setembro de 2017

 

De: Christian ❤

Por mim?

09 de setembro de 2017

 

Ana sentiu literalmente o coração sair do lugar naquele momento.

 

Para: Christian ❤

Provavelmente vou ficar depois de ganhar meu presente.

09 de setembro de 2017

 

Ela decidiu levar na brincadeira, da mesma forma que ele provavelmente mandou a mensagem. Mas seria uma tremenda de uma mentira dizer que não ficou balançada com aquilo.

 

De: Christian ❤

Vou te dar o que quiser então.

09 de setembro de 2017

 

O sorriso foi espontâneo e inevitável.

Eles ainda permaneceram conversando até o sol nascer, e quando Christian avisou que estava na hora de ir para a empresa, Ana deixou o celular de lado e finalmente conseguiu dormir, pensando se Christian não estava cansado depois de passar a noite em claro.

E mais uma vez seu último pensamento foi nele antes de cair no sono.

× ×


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Notas finais do capítulo

Sobre beijar amigos, sim, Ana, beijamos, e quando o amigo é Christian Grey, óbvio que beija, tem nem o q contrariar, atéé
xoxo



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