Olhar Preto e Branco escrita por ShiroiChou


Capítulo 9
Armadilhas


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, empaquei quando faltavam apenas 300 palavras para terminar o capítulo... Agora, bora ler.

Boa leitura!



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A queda parecia infinita, Gray não esperava que aquele buraco fosse tão fundo.

— Isso não acaba? — perguntou, estranhando a demora.

— Se fosse um pouco mais para cima, eu teria sido descoberta — explicou. — O final está logo ali — apontou para baixo.

Menos de cinco segundos depois, os dois caíram em uma cama elástica. O esconderijo parecia um sistema de túneis, semelhante a uma caverna com diversas bifurcações.

— Não é o lugar mais bonito e aconchegante do mundo, mas consigo ir para qualquer lugar da cidade.

— Então tem como entrar no castelo por aqui?

— Sim, embora eu ache que Lérico vá sumir com o castelo... Provavelmente, ele vai prender sua amiga na prisão de novo.

— Droga! Tenho que ser rápido... Onde fica essa prisão?

— Ele modifica a cidade para virar uma fortaleza.

— Está brincando, né?

— Adoraria estar brincando... Enfim, tem algo que ainda não te contei...

— Sobre.. ?

— Lérico.

— O que tem ele.

— Eu não sei como te dizer isso... — disse, cabisbaixa.

— Samantha, por favor. A situação não pode ser pior.

— Pode sim...

— Mas...

— Lérico não é um humano

—— // ——

— Agora aqueles dois vão ver do que sou capaz — Lérico olhou para o espelho no corredor, vendo sua verdadeira forma.

Os dentes brancos afiados, a pele avermelhada e as asas pretas. Lérico odiava mostrar sua aparência de demônio, porém, naquele momento, pouco se importava.

Nunca achou que Samantha pudesse estar viva. Quando a morena foi contra seus planos, apenas a expulsou sem pensar duas vezes.

Dois meses depois, recebeu a falsa notícia de sua morte. Na época, acreditou. Sentiu-se aliviado por não ter mais ninguém para atrapalhar seus planos.

Agora, seu sangue “fervia” por conta da raiva. Tinha sido enganado duas vezes, uma por sua ex-esposa e outra por Gray.

Gray. Só o nome já o deixava nervoso, chegou a achar que tinha o moreno sob seu controle. Saber que todo seu esforço tinha sido em vão, apenas aumentava a sua vontade de vencer.

— Senhor Lérico, o que devo fazer agora? — perguntou Lucy, parada no meio do corredor.

— Volte para seu quarto e tome o suco que está em cima da sua cômoda — respondeu. — Depois descanse, temos uma coisa muito importante para resolver pela manhã.

— Sim, senhor.

— Apenas aguardem — sorriu macabro. — Logo o meu plano vai se concretizar.

—— // ——

— Ah! Maravilha... O que ele é?

— Um demônio.

— Sério?

— Ele sempre foi muito bondoso, sabe... Era impossível lembrar desse detalhes... Porém, assim como os humanos, demônios também podem ser corrompidos pela sede de poder.

— Qual o objetivo dele? Sequestrar magos e criar uma cidade não parece um bom hobby.

— Lérico quer acabar com todas as guildas, sejam elas oficiais ou das trevas, reunindo o máximo de magos possíveis para assim, criar uma única guilda.

— Onde ele seria o Mestre...

— Exatamente.

— Ele é pior do que eu imaginava.

— Sei como se sente...

— Eu tenho um plano.

— Deixa eu adivinhar... Invasão?

— Sim.

— Gosto do seu jeito de pensar — riu.

Os túneis estavam muito bem iluminados por luminárias, espalhadas de forma simétrica pelas paredes. Samantha conhecia cada caminho, morava ali fazia alguns anos e não pretendia abandonar aquele lugar até que tivesse certeza de que Luzmia não existisse mais.

Em certos momentos, Gray viu algumas portas, as que estavam abertas, revelavam cômodos como quartos, sala e cozinha. Com certeza, a morena não teve problemas em viver ali.

— A passagem nos levará para uma árvore, na frente da caverna.

— Lérico sabe dessas passagens?

— Não, criei elas quando ainda éramos casados, mas nunca contei para ele.

— Isso explica porque ele ainda não veio atrás de nós.

— Realmente, é estranho ele não ter vindo... Duvido que ele tenha acreditado que aquela avalanche nos atingiu — disse Samanta, parando na frente de um elevador. — Aqui está o nosso caminho para cima.

— Nossa! Você pensou em tudo — arregalou os olhos, admirado.

— Se Lérico tivesse me escutado, Luzmia seria um bom lugar para se viver — sussurrou, cabisbaixa.

— Tenho certeza que sim — sorriu, compreensivo. — Vamos?

— Sim.

O elevador cinza era bem simples, sem decoração, os únicos botões que compunham o painel, assemelhavam-se à duas setas, uma para cima e outra para baixi.

Por ser muito fundo, a subida demorou alguns minutos, mas logo os dois já estavam saindo. Assim que chegaram, olharam ao redor, certificando-se de que ninguém guardava o lugar.

— A caverna... Lérico deve estar na casa dele, acho que é seguro entrar — sussurrou Samantha, tomando cuidado para não fazer barulho.

— Então não podemos perder essa chance — Gray respirou fundo e andou na frente.

A caverna não apresentava nada de diferente dessa vez, muito pelo contrário, parecia apenas mais uma caverna normal, mas eles sabiam o que se escondia ali.

Aproximando-se da entrada, Samantha tateou a parede, revelando um botão branco, escondido atrás de uma pedrinha. Sem cerimônia, a morena apertou o pequeno botão, fazendo uma passagem se abrir.

Dentro, o escuro indicava que o local estava vazio. Como nenhum dos dois tinha uma lanterna, entraram sem mesmo. O caminho era apenas reto, por isso conseguiram chegar ao final sem problemas.

Tateando a parede, o mago de gelo encontrou uma maçaneta, a qual girou, abrindo a porta e revelando o que tinha atrás: um galpão a abandonado.

O lugar estava cheio de caixas empoeiradas, algumas com teias de aranhas e outras com a madeira um pouco envelhecida.

— Essa é a forma original da caverna?

— Não, a caverna tem um corredor cheio de portas. Essa configuração que estamos vendo, é usada quando Lérico pretende remodelar a cidade, nessas caixas ficam roupas para os moradores — explicou, abrindo uma das caixas. — É daqui que arranjo os figurinos para me infiltrar.

— O que será que ele cai inventar dessa vez?

— Não sei, essas roupas são bem comuns... Precisamos chegar ao painel de controle, antes que ele venha aqui.

— Por onde vamos?

— Por ali — apontou para uma porta de ferro, no outro lado do galpão.

Os dois seguiram em direção à porta, desviando das caixas que encontraram no meio do percurso. As luzes piscavam, dando um clima digno de filme de terror.

A porta estava destrancada, facilitando a entrada dos dois. Do outro lado, sem nada fazendo a segurança, o painel de controle tremia. Várias luzes brilhavam, alguns botões estavam pressionados e uma tela exibia uma imagem da cidade.

Um pouco afastado, no lado direito, encostada na parede cinza, uma caixa de vidro mostrava uma lácrima. Ela piscava lentamente, flutuando dentro da caixa.

O formato lembrava um ovo de Páscoa de chocolate branco.

— Essa lácrima é a fonte de tudo.?

— Sim... Infelizmente, é inquebrável.

— Podemos levar ela com a... — começou a falar, mas foi interrompido pelo som da porta abrindo. — Lucy? — perguntou, surpreso por vê-la ali.

A loira não respondeu, apenas o olhou atentamente e deu alguns passos para a frente, esticando o braço direito na direção do moreno. Antes de se aproximar o suficiente para tocá-lo, ela bambeou, tombando o corpo para o lado.

Gray agiu com rapidez, segurando a loira antes que ela caísse no chão.

— Lucy, fala comigo — pediu, sem resposta.

— Lérico deve ter dado alho para ela beber, melhor levá-la para o esconderijo. Aqui não é seguro — alertou Samantha.

— E você?

— Eu vou ficar bem, apenas se foque em manter ela em segurança.

— Ok. Não demorarei para voltar, tome cuidado.

— Você também.

Preocupado, o mago saiu da caverna com Lucy no colo. Não sabia o porquê da mudança repentina, mas sabia quem estava por trás disso, e isso apenas serviu para deixá-lo nervoso.

Separar-se de Samanta foi uma escolha perigosa, afinal, Lérico teria mais chance de derrota-los.

Chegando no elevador, Gray entrou e apertou o botão de descer com muita dificuldade, pois não queria fazer movimentos bruscos, por receio de derrubar a loira. Enquanto esperava, analisou a maga.

Lucy vestia uma longa camisola branca que cobria seus braços e pernas. O seu cabelo estava solto, sem nenhum adereço. Nada indicava que ela tenha tido alguma luta recente, isso fazia o moreno acreditar com mais certeza de que Lérico a enganou com palavras.

Chegando no esconderijo, Gray andou pelo corredor, tentando lembrar onde tinha visto um quarto vazio, para levar a loira desmaiada. Não demorou muito em encontrar o que queria.

O quarto ficava a poucos metros do elevador. As paredes em azul-claro e os móveis brancos davam um ar mais delicado ao lugar. O moreno deitou a loira na cama de casal e se sentou ao seu lado. Queria que Lucy acordasse logo, para lhe dizer o que tinha acontecido.

Vasculhou o quarto com o olhar, encontrando apenas um guarda-roupa no lado oposto da cama. Levantou-se para ir pegar uma coberta, mas um mão o impediu de se mover.

— Lucy? Você acordou — disse alegre, aproximando-se dela.

— Você...

— Como se sente?

— Você é o causador de tudo isso — afastou-se com raiva.

— O quê? Espeta, Lucy...

— Você é o criador de tudo isso, o responsável por eu ficar presa aqui, seu...

— Eu não sou aquele maluco do Lérico... O que ele fez com você?

— O que VOCÊ fez comigo?

— Não fiz nada, escuta o que eu estou dizendo.

— Nunca acreditarei novamente em você. Você me trouxe até aqui para ajudar nos encanamentos, depois disse que eu poderia voltar para casa, mas me prendeu aqui — murmurou, cabisbaixa.

— Como?

— Mentiras e mais mentiras, é só o que você sabe dizer... Abra-te, portão da Portadora da Água, Aquarius — sussurrou, com um copo de água nas mãos, o qual Gray nem sabia que estava no quarto.

Aquarius surgiu com uma expressão de poucos amigos. Diferente do que normalmente faria, a azulada não reclamou com Lucy, apenas se limitou a olhar com ódio para Gray.

— O que devo fazer, Mestra? — perguntou a sereia, deixando tudo ainda mais estranho.

— Ataque.

— Sim.

Devido à surpresa, Gray não conseguiu desviar do ataque, sendo jogado no corredor pela força da água. Antes que pudesse levantar, Taurus tentou acertá-lo com seu machado.

— Lucy, você precisa se lembrar de quem eu sou — pediu, desviando dos ataques. — Eu não quero lutar contra você...

— O problema não é meu, não deixarei que me prensa novamente.

— Não vou te prender.

— Quem garante?

— Eu!

— Não confio em você... Aquarius!

A sereia não esperou novas ordens, segurou seu “vaso” com firmeza e jogou uma grande onda no moreno que, dessa vez, estava preparado. Sem enrolação, toda a água foi congelado, criando uma parede de gelo, separando o corredor em duas partes.

— Maldito... — reclamou a loira.

— A Lucy não é assim, o que aquele maluco fez com ela? — murmurou para si mesmo, pensando em alguma saída. — Já sei!

Em um ato desesperado, Gray passou pelo único espaço sem gelo e se aproximou da loira, puxando as chaves do cinto dela e correndo para longe. Lucy o olhou surpresa, os espíritos já tinham ido embira, portanto, ela não teve outra alternativa além de segui-lo.

O mago de gelo correu com toda sua força, nunca machucaria a loira, por isso, achou que sua única chance seria distraí-la com suas chaves e, pelo jeito, estava funcionando.

Lucy demonstrava mais raiva do que no início, suas chaves eram preciosas e ter elas roubadas era como arrancar um pedaço seu. Seguia Gray como um leão atrás de sua presa, não desistiria enquanto ele não devolvesse o que pegou.

— VOLTA AQUI!

— VEM BUSCAR — balançou as chaves, provocando.

— Seu...

— Está devagar demais, loira.

Correndo pelos corredores, Gray bolou um plano simples para segurar a loira. Não sabia como fazê-la voltar ao normal, mas não podia arriscar deixar ela fazer o que quisesse enquanto ele procurava uma solução.

Em um ato rápido, entrou em uma das portas e fechou em seguida. O lugar estava escuro, então foi fácil passar despercebido pela loira que entrou logo depois, vasculhando o lugar com o olhar.

— Não adianta se esconder...

— Não estou escondido — disse, fazendo gelo surgir nos pés da loira, impedindo que pudesse andar. — Estou apenas impedindo que cometa alguma besteira — deu de ombros.

— Você não pode me prender aqui.

— Não só posso, como já prendi.

— SOLTA MEUS PÉS.

— Não.

— AGORA!

— Não.

— Quando eu sair daqui, você vai se arrepender amargamente.

— Duvido muito que eu me arrependa, mas se quiser tentar, boa sorte.

— Por que você está fazendo isso?

— Isso o quê?

— Impedindo que eu me mova, por acaso é mais um de seus planos malucos?

— Que plano maluco?

— O de criar uma única e absoluta guilda.

— Eu não sou o Lérico.

— Quem é Lérico?

— Não importa. Agora só fique aí, até esse efeito estranho passar.

— Por que fica com esses joguinhos? Tem tanto medo de lutar?

— Não tenho medo de lutas, apenas não quero lutar agora.

— Mentiroso...

— É verdade.

— E eu sou a Rainha de Fiore, fala a verdade.

— Estou falando a verdade.

— PARA DE MENTIR!

— NÃO ESTOU MENTINDO — gritou de volta, perdendo a paciência.

— CLARO QUE ESTÁ. CUSTA TANTO ASSIM M RESPONDER LOGO?

— QUER SABER A VERDADE? POIS BEM! EU NUNCA MACHUCARIA A MULHER QUE EU AMO... Nunca — abaixou a cabeça.

— O quê? — arregalou os olhos.

— Esquece. Apenas fique aí, volto logo com algo para te ajudar a voltar ao normal — disse, passando ao lado da loira e saindo do cômodo. — Eu não vou desistir Lucy, tenha certeza disso


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Notas finais do capítulo

Até o próximo :3



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