Aprendendo a Recomeçar escrita por Lelly Everllark


Capítulo 22
Preparativos e fugas nada discretas.


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores!
É eu tô atrasada (como sempre!), mas o TCC está consumindo minha vida, então me desculpem mesmo, eu sei que devia ter saído capítulo semana passada, mas eu simplesmente não consegui escrever, estava M-O-R-T-A depois de passar a semana fazendo aquele trabalho que é tipo um teste pra saber se você quer mesmo se formar ou não. No mínimo.
Mas enfim, BOA LEITURA :D



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“É que você nasceu pra ser minha

Vamos dividir uma casinha

Uma cama, dormir de conchinha

Deus abençoou a nossa união”

Os Anjos Cantam — Jorge e Mateus.

  Voltar para a festa depois do pedido foi uma tarefa quase impossível. Theo e eu nos perdemos um no outro mais tempo do que devíamos e o palco do nosso amor foi o apartamento de Hugo. Tenho certeza que ele não curtiu muito quando descobriu nossa empreitada na casa dele.

  Mas quando penso sobre isso, voltar pra casa foi a parte fácil. Chegar lá e ver minha mãe a minha espera com Lucas ao lado, foi a parte difícil. Eu não queria nem mesmo vê-la quem dirá falar com ela, mas ironicamente foi Theo a me convencer que eu precisava disso. Eu aceitei, mas com a condição de que ela e Lucas pedissem desculpas a Theo, caso contrário poderiam ir embora que eu não queria ter mais nada a ver com nenhum dos dois.

  Depois de algumas reclamações de ambas as partes eles finalmente se desculparam e eu disse que ouviria minha mãe. Ela se desculpou comigo também, falou que não entendia minhas escolhas, mas que ia aceitá-las, que não queria me perder e me pediu para perdoá-la pelo que fez. Eu amo minha mãe e disse isso a ela, mas disse também que poderia perdoar, mas que provavelmente nunca iria esquecer o que ela tinha feito. Se ela tivesse machucado só a mim com tudo aquilo talvez eu deixasse pra lá, mas ela magoou Theo e isso não posso esquecer, minha mãe fez o homem que amo sofrer com um punhado de palavras que disse terem saído da minha boca e isso não posso simplesmente deixar pra lá.

  Nós conversamos e trocamos sorrisos, mas eu tinha certeza que depois daquilo nossa relação não seria mais a mesma. A festa ainda se estendeu até a noite, tinha música, comida e muita conversa, apesar da tarde agitada a noite foi tranquila, eu me diverti bastante mesmo depois de toda aquela confusão. Fora que o anúncio do meu noivado com Theo foi uma festa a parte. Não sei quem ficou mais feliz, meu pai, tia Beth ou Alice. Eu realmente tinha ótimas pessoas com as quais contar.

  - As flores vão ser amarelas ou brancas? Você ainda não me disse - Alice foi dizendo antes mesmo de entrar realmente no escritório, me tirando dos meus pensamentos e quase me matando de susto. - Em, Lilly, que cor você vai querer?

  - Dá pra você bater? Ou pelo menos avisar que está entrando? - perguntei com a mão sobre o peito. Tinha pelo menos uma hora que eu estava analisando alguns documentos da fazenda sentada no escritório, ou ao menos tentando, já que eu estava viajando entre pensamentos há muito mais tempo que isso.

  Desde a festa há quase duas semanas Alice e tia Beth não pareciam dispostas a me deixar em paz com essa história de organizar o casamento. Eram arranjos de flores, quantidade de convidados, meu vestido, minha maquiagem, se seria aqui na fazenda ou na vila, eu já estava para ficar louca. Com Lucas eu nunca tinha feito muito progresso nesse sentido, talvez por que lá no fundo eu soubesse que não tinha realmente intenção de me casar com ele, mas aqui, agora, com Theo, eu não vejo a hora disso acontecer.

  - Lilly, pelo amor de Deus! Você viajou de novo, está pelo menos me ouvindo? - Alice balança a mão na frente do meu rosto já sentada na cadeira a minha frente e sorrio afastando sua mão para encará-la.

  - Agora estou. Sobre o que era mesmo? - pergunto e minha amiga suspira frustrada me fazendo rir um pouco mais.

  - Cordélia é o seu casamento! Como é possível que eu seja a pessoa mais animada a respeito dele aqui nesse escritório?

  - Eu animada! Mas você e a tia estão pra ficarem loucas com isso. É meio assustador se quer saber. Pode se acalmar um pouco, não é como se eu fosse me casar amanhã nem semana que vem. Pelo que Theo me disse da conversa que teve com o padre, o casamento está marcado para daqui a dois meses ainda, então respira devagar e vamos com calma.

  - Não quero ir com calma, quero que tudo seja perfeito por que Theo é como meu irmão e você minha melhor amiga, fora que passaram por tanta coisa, vocês mais que ninguém, merecem um casamento incrível.

  - E vamos ter, por que você e tia Beth são de mais e estão cuidando de tudo.

  - Ainda bem que sabe que somos ótimas. Mas e as flores, que você não me respondeu, vão ser brancas ou amarelas? - Alice pergunta ficando de pé outra vez e seguindo para a porta.

  - Amarelas, com girassóis por todo lado - decido e ela sorri anotando alguma coisa no caderno que tem nas mãos.

  - Ótimo, vou falar com tia Beth, volto daqui a pouco - e dito isso, ela sumiu outra vez pelo corredor.

  Recostei-me na cadeira giratória onde estava e sorri sozinha pensando em tudo que aconteceu. Esse meu castigo tinha tudo para ser um completo desastre, mas no fim foi o que mudou tudo e a única coisa que ainda me dói um pouco é pensar que se não fosse pelo papai e sua maravilhosa ideia de me mandar pra cá, eu provavelmente nunca teria nem descoberto a verdade nem voltado com Theo, ele além de pai é definitivamente meu melhor amigo. Meus pensamentos foram interrompidos pelo toque do telefone fixo em cima da mesa. Meu humor nos últimos tempos estava tão bom que fosse quem fosse não estragaria meu dia.

  - Alô?

  - Lilly, meu amor, como está? — a voz de papai soou animada e isso só me fez sorrir.

  - Muito bem, estava pensando no senhor agora mesmo. Como está? Como estão às coisas por aí?

  - Eu tô bem, sua mãe continua implacável e sei que está com saudades de você mesmo que não diga e a empresa está muito bem, mesmo que tenhamos perdido nossa administradora executiva.

  - O senhor não liga mesmo de eu preferir ficar aqui?

  - O que acha, Lilly? É claro que não! Eu quero que seja feliz e sei que sua felicidade está aí, então é onde tem que estar também. Eu e César estamos velhos, mas ainda damos conta. E é bom saber que tem alguém aí cuidando e administrando o lugar onde tudo começou.

  - O senhor não sabe o quanto ouvir isso me deixa feliz. Poder estar aqui pra mim é realmente um sonho, fora que cuidar da fazenda é tudo o que sempre quis e agora posso fazer isso de verdade.

  - É tão bom ouvi-la falar assim! E não vejo à hora de poder ir até aí para participar do seu casamento.

  - Pai!

  - O quê? É tão errado assim eu querer vê-la feliz? E você sabe que sempre torci por isso, Theo é um ótimo rapaz e desde que eram pequenos eu torcia para esse romance dar certo. E lá atrás quando começaram a namorar eu fiquei muito feliz, por vê-los felizes.

  - Ah papai! Assim o senhor me faz chorar. E acredite, eu sou a pessoa mais feliz por ter podido voltar pra cá.

  - Cordélia! – ouvi Alice gritar e gemi.

  - Muita animação por aí? — papai perguntou e eu quase podia ver o sorriso em seu rosto.

  - O senhor nem faz ideia – suspirei. – Alice e Tia Beth estão para me deixarem louca com isso de organizar o casamento. Acho que vou fugir já que não me acharam ainda.

  - Vai lá. Mas me ligue quando estiver tudo pronto ou se precisar de alguma coisa, Ok? Te amo, Lilly. Tchau.

  - Também te amo, tchau, pai! – me despedi e desliguei.

  - Cordélia, cadê você? – os gritos de Alice ficaram mais altos e eu sabia que ela acabaria por chegar aqui outra vez.

  Olhei para a janela grande e de madeira escura atrás de mim e sorri. Tinha muito, muito tempo que eu não fazia algo assim. Eu estava de short jeans e camiseta por isso pular a janela não seria grande coisa. Eu só queria quinze minutos em paz sem precisar decidir sobre a cor de nada até o jantar. Juntei os papeis de cima da mesa e antes que minha – muito irritante – amiga parecesse outra vez, me segurei na janela e a pulei. Não foi difícil, na verdade eu tinha muita experiência com isso quando morava aqui para sair escondida e ver Theo.

  Sorri com a minha pequena aventura depois que fiquei de pé outra vez no jardim, olhei em volta e não vi ninguém. Ia me esconder na cachoeira até ficar com fome e ter que voltar pra casa. Bem, pelo menos foi isso que achei que aconteceria até Alice aparecer na varanda.

  - Lilly, achei você! Na verdade, como chegou aí!? – ela me olhou curiosa. E eu apenas sorri e lhe dei tchau antes de começar a me afastar. – indo aonde, Cordélia? Tem um monte de coisas pra gente resolver e como sua secretária, amiga e organizadora do seu casamento preciso da sua opinião!

  - Eu sou a administradora da fazenda! Estou me dando folga pelo resto do dia! – grito começando a correr e rir como uma criança da cara de incredulidade de Alice.

  - Lilly!

  Eu estava tão concentrada em olhá-la e correr que não prestei atenção em pra onde estava indo e como resultado esbarrei em alguém. Theo me segurou e eu ri um pouco mais.

  - O que...? – ele começou, mas o interrompi.

  - Amor, vem comigo.

  - Cordélia! – Alice me chamou ainda parada na varanda e eu peguei Theo pelo braço e corri o arrastando junto.

  Ele provavelmente não tinha nem ideia do que estava acontecendo, mas me acompanhou de bom grado em meu pequeno rompante de loucura. Nós chegamos à trilha que levava à cachoeira e descemos até a margem de águas cristalinas antes de ele me segurar pela cintura e me fazer encará-lo.

  - Agora você vai me dizer o que foi isso? – ele estava sorrindo e eu o puxei para um beijo antes de falar qualquer coisa.

  - Foi uma fuga não muito discreta – respondo depois de nos separarmos.

  - Fuga?

  - Sim. Sua mãe e a Alice estão pra me deixar louca com os preparativos do casamento. Eu precisava de cinco minutos sem falar de arranjos de mesas ou convites com letras douradas ou prateadas ou sei lá, vermelhas.

  - Cinco minutinhos, só? – ele pergunta me colando mais a si e eu sorrio.

  - Bem, talvez a gente consiga mais tempo, o que acha, tem planos pra agora?

  - Para sua sorte, eu acabei de terminar o que eu tinha pra fazer – Theo diz sugestivo me içando do chão e eu envolvo sua cintura com as pernas. Essa não seria nem a primeira muito menos a última vez em que nos amaríamos aqui nesse lugar tão mágico e especial pra nós.

  Não sei para não sermos pegos ou para apagar um pouco nosso fogo, mas Theo fez questão de, depois de terminarmos só roupas intimas, pular comigo ainda agarrada a ele dentro d’água. Entre risos e beijos eu tive uma tarde incrível ao lado do meu cowboy. Depois de muito brincarmos e nos amaramos terminamos abraçados debaixo da árvore que tinha nossas iniciais, Theo só com sua calça jeans e eu já vestida outra vez, com os cabelos molhados e um sorriso enorme no rosto.

  - Você imaginou, antes de eu voltar, que algum dia estaríamos assim outra vez? – perguntei brincando com os dedos de Theo presos aos meus. Eu estava sentada entre suas pernas com as costas apoiadas em seu peito.

  - Eu sempre quis que sim, talvez até tivesse esperanças que fosse acontecer, mas acreditar mesmo que talvez voltaríamos a estar aqui? Acho que não. Era um sonho que parecia distante de mais, principalmente pelo jeito como tudo acabou – ele diz com o queixo apoiado no topo da minha cabeça e me sinto mal em lembrar como fui injusta com ele por algo que ouvi de outra pessoa. Que ouvi da minha mãe. – Hei, Lilly – ele me chama se afastando só o suficiente para tocar meu queixo e me fazer olhá-lo. – Não quero que você fique pensando no passado, Ok? Eu tenho ideia de pra onde seus pensamentos foram e não quero mais remoer isso, pode ser? Vamos só ser felizes e deixar tudo pra trás.

  - Eu definitivamente amo você – digo lhe dando um selinho antes de me recostar em seu peito outra vez. – Você acha que eu devo chamar minha mãe para o casamento? Eu queria, mas sei lá, acho que ia ser estranho.

  - É claro que deve, ela, apesar de tudo, ainda é a sua mãe. Talvez seja mesmo estranho e vocês fiquem desconfortáveis, mas faz parte, família às vezes é complicado.

  - Falou o cara cujos pais são incríveis. Você não tem base para dizer nada não – resmungo e ele ri me abraçando e beijando meus cabelos.

  - Tudo bem, não vou dizer, você já sabe minha opinião, mas é a noiva então faça como quiser. Vou estar aqui para apoiá-la sempre.

  - Theo!

  - O quê? – ele devolve no mesmo tom.

  - Dá pra parar de ser fofo assim? Isso é injusto comigo e meu coração apaixonado – reclamo o fazendo rir.

  Quando começa a escurecer somos obrigados a sairmos da nossa bolha de amor e voltar para a realidade onde eu tenho certeza que Alice quer me matar por ter fugido dela e sumido a tarde toda. A ideia de ver minha amiga que é toda tranquila e delicada brava me faz sorrir. Quando Theo e eu alcançamos a casa da fazenda Alice e Hugo estão sentados nos degraus da varanda aos beijos, a cara do meu noivo de desagrado é a melhor, Theo não implica mais com eles e sei que no fundo não liga mais para o romance dos dois, mas ele faz questão de fazer o papel do irmão mais velho ciumento. Quando não exagera, até que é divertido.

  Assim que o casal a nossa frente finalmente nos nota chegando Alice faz questão de interromper os beijos só para cruzar os braços e me olhar feio.

  - Ai estão os fujões. Não te disse Hugo? Eles foram pra cachoeira e me largaram aqui!

  - Eu não te larguei, foi só uma folga – comento e ela nega com a cabeça.

  - Verdade você não me largou, você fugiu de mim, o que é muito pior.

  - Mas você está louca com essa história de organização.

  - Estou um pouco animada e é só.

  - Louca – cantarolo e ela me olha feio.

  - Amor, eu estou mesmo louca com isso? – Alice resolve apelar para Hugo e vejo o moreno engolir em soco. E agora, ele vai mentir para agradá-la ou dizer a verdade e correr o risco de apanhar?

  - Talvez um pouco – ele diz e no fim foi a segunda opção. Alice o olha feio e ele sorri. – Você é ótima, só tem que desacelerar.

  - Concordo plenamente – resolvo opinar e Alice sorri revirando os olhos.

 - É claro que concorda. Afinal, até fugiu de mim. Mas se é assim vou tentar ir com mais calma.

  - Acho ótimo, deixa pra ter pressa no seu casamento – digo e Theo arregala os olhos com a ideia, isso só me faz sorrir ainda mais. – E por falar nisso, quando vai ser?

  - Como assim “Quando”? – Alice pergunta corada se esquecendo completamente da nossa discussão. – Ainda somos só namorados, Lilly. Vai com calma.

  - Agora é pra ir com calma? – pergunto divertida, fazendo o casal olhar para todos os lados menos um para o outro, dou uma gargalhada e arrasto Theo comigo para dentro deixando os dois constrangidos pra trás.

  - Precisava daquilo? – meu noivo pergunta enquanto subimos as escadas e faço que sim.

  - Claro. Afinal, não vejo a hora de poder dar o troco e importuná-la com os preparativos do próprio casamento – digo sorrindo e Theo ri antes de me puxar para um beijo, bem ali no meio dos degraus.

  A vida pode ser mesmo maravilhosa e são os pequenos momentos, aqueles vividos na simplicidade cheios de amor que a fazem assim tão incrível.


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Notas finais do capítulo

E é isso, desculpa mesmo, eu sumo, mas volto e não vou abandonar vocês!
Espero que tenham gostado do capítulo, comentem! Me façam feliz depois de ter sobrevivido (ao menos a primeira parte!) do TCC ♥
Beijocas e até, Lelly ♥



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