— Mãe, olha só isso! Não te dá vontade de chorar?

Inko olhou nervosamente o local, todo o seu corpo irradiando nervosismo.

— Dá... Izuku, eu não entendi... Por que estamos nesse prédio abandonado?

— Mãe, eu tenho algo pra te contar...

Inko piscou seus grandes olhos verdes, iguais aos do filho. Ela respirou fundo, como se preparando e olhou para Izuku.

— Bem, o que foi, então, querido? Sua formatura é daqui uma semana, então não entendo porque você se interessaria por essa... coisa.

— Eu quero comprar esse prédio com o dinheiro que o pai deu pra formatura e fundar uma agência de herói eu mesmo.

A senhora arregalou os olhos, surpresa com o anúncio do filho.

— Uh... Izuku, você sabe que vou te apoiar independente do que decidir, mas tem certeza disso? Você vai estar tão no início de sua carreira...

Izuku sorriu para a mãe, já tinha previsto que ela ficaria preocupada com a notícia. Então, em vez de responder a pergunta, o jovem Midoriya começou a narrar outra coisa:

— Sabe, nosso velho distrito faz a gente se acomodar, mas eu sei muito bem pra onde estou indo e sinto que qualquer dia vou chegar!

Izuku então se aproximou da mãe e tomou suas mãos nas suas, sorrindo de forma radiante.

— Estou quase lá! Eu sei que dizem por aí que sou doido, mas deixo pra lá... Lutas e problemas, eu já tive minha parcela. — O mais novo apertou as mãos de Inko, como para dar ênfase. — Mas agora não vou desistir, porque estou quase lá!

Inko sorriu de volta para o filho, contagiada pelo seu entusiasmo. Sim, ela sabia exatamente do quanto o seu menino sofreu para poder chegar onde está hoje. Desde o seu diagnóstico como sem dom, a própria falha de Inko em apoiar o filho no momento que ele mais precisava e o bullying que a sociedade enfiava nele... Sim, seu Izuku com certeza teve que passar por muita coisa antes de poder ficar de queixo tão erguido.

Ela nunca sentiu tanto amor e orgulho.

— Eu lembro quando All Might me disse: “Você pode ser um herói”. Mas você tem que fazer acontecer, tudo depende de você. Então eu trabalho duro todos os dias. Por isso as coisas estão dando certo pra mim agora!

— Izuku...

— Mãe, estou quase lá! Vou salvar todas as pessoas de todos os lugares e ser um herói incrível que salva todos com um sorriso!

— Ah, querido...

— Tantas lutas e problemas na vida eu tive já, mas subi a montanha e atravessei o rio, estou chegando lá!

Izuku já tinha lágrimas nos olhos, porém seu grande sorriso mostrava como ele realmente se sentia. Ele a abraçou e rodopiou, arrancando gritinhos e risadas da mãe.

— Por isso eu precisava te contar! Eu não posso- simplesmente não posso começar minha nova jornada de herói sem te contar tudo. Você é minha mãe e eu te amo demais, ok? Odiei ter que mentir pra senhora, mas o segredo não era meu pra contar... Mas agora eu vou.

Inko sorriu, compreensiva, e tocou no rosto de seu filho. Seu grande menino com coração enorme.

— Meu bem, se for sobre de onde veio o seu dom, você não precisa fazer isso. Eu já sei.

O Midoriya mais novo arregalou os olhos, chocado, arrancando uma risadinha de Inko, que revirou os olhos e sorriu torto.

— Por favor, eu te pari. Sei tudo sobre você! Acha mesmo que cai naquele papo de “dom tardio”? Uma mãe sempre sabe tudo sobre a cria.

— Mãe...

Inko sorriu e cruzou o seu braço direito com o esquerdo do filho, ambos olhando diretamente o interior do prédio que estava caindo aos pedaços.

— Você vai ser o maior herói de todos, Izuku. Isso aqui é apenas o seu começo.

Ele olhou para a mãe, emocionado, e mordeu o lábio para não começar a chorar.

— Eu vou te ajudar com essa espelunca, querido. Vou fazer tudo o que puder para você alcançar o seu sonho.

— Mamãe, obrigado.

Inko sorriu, os olhos também cheios de lágrimas.

— Sua formatura é daqui alguns dias!

— Estou quase lá!