— Não, eu não tenho ninguém.

— Então qual é a complicação? — indagou Fernanda.

— Eu... Eu...

Por mais que tentasse parecia ser impossível completar aquela frase.

— Deixe pra lá, esqueça isso — declarou Fernanda, impaciente.

— Eu já estou indo — desconversei.

— Espere um pouquinho.

Naquele momento percebi uma oscilação na voz dela, como na outra vez, Fernanda apresentou um tom de voz mais grave.

— Leve um crúzio pra sua vó. Ela adora esse docinho... — completou.

— Direto ela pede a receita.

— Mamãe nunca vai dar, é um segredo de família.

— Poxa, coitada da minha vózinha, os crúzios dela nunca ficam iguais aos da dona Anna.