Irresistível escrita por Alice Alamo


Capítulo 1
Capítulo Único




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Havia uma coisa que Iwaizumi odiava mais que tudo: a insegurança de Oikawa. Como alguém que conhecia o levantador da Aoba Jousai desde as fraldas, Iwaizumi sabia de cor e salteado todas as qualidades e todos os defeitos de Oikawa e, por isso, odiava do fundo do coração quando ele começava a se preocupar com aquilo que, definitivamente, não tinha coerência alguma.

Na semana anterior, havia sido sobre suas habilidades como levantador, e Iwaizumi tentou mesmo relevar o episódio já que tinham acabado de assistir um jogo em que Tobio levantava de uma forma que, segundo Oikawa, ele mesmo nunca seria capaz; mas, na anterior a essa, havia sido sobre seu cabelo e, na outra, sobre suas notas e agora… Agora Oikawa voltava com a insegurança a respeito de sua aparência, mais especificamente por causa dos óculos que teria que usar durante o período da manhã todo se quisesse continuar com as lentes de contato nos treinos e jogos à tarde.

Oikawa estava sério, chateado, o bico formado em seus lábios era visível do outro lado da sala de aula, e as garotas se amontoavam ao redor dele para lhe oferecer lanches e elogios que Iwaizumi tinha certeza que ele recusava com um sorriso falso e uma risada forçada. Tamborilou os dedos na mesa, sua irritação era tão evidente que os amigos já tinham desistido de tentar chamá-lo para a conversa. Respirou fundo e viu Oikawa suspirar quando as garotas enfim lhe deram uma pausa. A cabeça dele se apoiou nos braços cruzados sobre a mesa, ele tirou os óculos e fechou os olhos e, para muitos, Oikawa só estaria com sono, aproveitando o intervalo para cochilar alguns minutos, mas Iwaizumi o conhecia, bem demais. Oikawa estava fugindo, se escondendo.

Ele era lindo, e sabia disso, quer dizer, às vezes… Oikawa era vaidoso, e ser obrigado a usar os óculos era um golpe muito grande para sua autoestima. Bobagem? Talvez; para Iwaizumi, com certeza, mas ele entendia que, para o namorado, não. Por isso, havia ido junto para ajudá-lo a escolher o modelo, tinha lhe garantido que a armação era bonita, que ele ainda seria incomodado pelas garotas da escola ou por quem quer que fosse. E Oikawa havia ficado bem, tinha aceitado, mas foi só pisar na sala com aqueles óculos que a confiança desmoronou em segundos.

Bagunçou o cabelo com raiva, Oikawa parecia uma criança! Uma que precisava ser constantemente lembrada de suas qualidades, que precisava de alguém sempre ao seu lado para não deixá-lo estagnar e encorajá-lo. E não que Iwaizumi reclamasse disso! Ele entendia o outro, não se importava nenhum pouco de ser aquele a dar a mão para Oikawa e convencê-lo sempre a ir em frente, mas… a verdade mesmo era que… bem… a verdade era que estava irritado com Oikawa por ele estar tão inseguro a respeito daqueles malditos óculos quando, para Iwaizumi, ele nunca tinha estado tão bonito!

Quando Oikawa havia experimentado aquele modelo e se virado em sua direção perguntando o que havia achado… não soube o que responder. Sentiu as palavras escorregarem para dentro do peito e abraçarem o coração de modo a fazê-lo bater mais rápido, o rosto ficou quente à medida que se percebia admirando demais o namorado e, mesmo assim, não conseguiu disfarçar a expressão surpresa. “Lindo”, impediu-se de dizer, “Fofo”, quis se bater por ter pensado, “Ainda mais beijável”... Limpou a garganta na hora e deu de ombros, murmurando um “Não ficou ruim” que fez Oikawa voltar a se olhar no espelho em dúvida, “Eu gostei. Leva esse, confia em mim”, complementou.

Os óculos ornavam com o rosto dele, tiravam um pouco da imagem descontraída de Oikawa, mas, para Iwaizumi, já tão acostumado à seriedade com que o outro treinava e analisava os jogos de vôlei, aquilo não era novo. Ainda assim, o ar mais sério lhe parecia sedutor, suas mãos várias vezes quiseram-lhe tocar o rosto, e ele até mesmo o fez, com a desculpa de estar tirando um fio de cabelo que estava grudado na bochecha de Oikawa.

Era por isso que não entendia, por isso que estava odiando Oikawa se recusar a permanecer com os óculos como se o fizessem algum mal. Levantou-se, os amigos pararam de conversar como se quisessem ver que atitude tomaria, caminhou até a mesa de Oikawa já olhando feio para as garotas que davam a entender que fariam o mesmo. Colocou as mãos no bolso ao parar de frente à mesa e a cutucou com o pé. Oikawa ergueu a cabeça minimamente, apenas para espiar quem o chamava, e esfregou o rosto contra o braço, manhoso, antes de se levantar. O filho da mãe já sabia que Iwaizumi estava irritado e fazia hora de propósito por isso.

— Vem comigo — Iwaizumi falou, sem mais delongas. — E coloca esses óculos no rosto,, Trashykawa.

— Rude, Iwa-chan — Oikawa respondeu com um falso bocejar antes de obedecê-lo.

Entraram em uma das salas vazias, uma usada somente por um dos inúmeros clubes no período da tarde, e Oikawa fechou a porta atrás de si enquanto evitava encarar Iwaizumi com os braços cruzados na frente do corpo apoiado em uma mesa.

— Fala — Iwaizumi começou, o tom impaciente de sempre fazendo Oikawa formar um bico nos lábios e apelar para o sarcasmo.

— Assim vou achar que não me ama, Iwa-chan. Você podia ser mais gentil.

— Fala logo, Shittykawa — Iwaizumi descruzou os braços e se aproximou do outro.

Oikawa soltou o ar de forma dramática e mordeu a bochecha enquanto tentava achar as palavras.

— Odeio esses óculos — cuspiu com certa raiva, inconformado, e viu Iwaizumi arquear a sobrancelha ao mesmo tempo em que não parava de se aproximar de si. — Eles me deixam esquisito e eu n-

A boca de Iwaizumi estava sobre a sua, os lábios dele fechando-se sobre o seu inferior e o chupando de uma forma tão indecente que fez Oikawa se arrepiar por completo.

— Iwa-chan…

— Desculpe, o que dizia? Continue, estou ouvindo.

Oikawa piscou, sem graça, o rosto vermelho, encolhendo-se conforme as mãos de Iwaizumi apertavam sua cintura e o corpo dele tocava o seu, extirpando qualquer distância que pudesse existir ali. Os rostos estavam próximos, tão perto um do outro que ele podia sentir o ar que saía da boca do outro e fazia a sua secar.

— Continue, Oikawa, to ouvindo — Iwaizumi reforçou, olhando-o nos olhos, e Oikawa concordou sem saber mais se poderia ter outra reação.

— Eu odeio ess-

Iwaizumi correu a língua pelo espaço entre os lábios de Oikawa e o fez soltar todo o ar de uma vez. Deslizou a boca para a bochecha dele e sussurrou:

— Continue.

— Iwa-chan… o quê?

— Continue, vamos.

Oikawa lambeu os lábios e abriu a boca para falar, contudo, sua atenção repousou nas mãos de Iwaizumi deslizando para suas costas, no aperto delas em seus músculos, nos dedos a voltarem à cintura numa carícia que nada tinha de inocente.

— Por que odeia os óculos? — Iwaizumi perguntou quando o silêncio se estendeu.

— Porque — Oikawa começou a responder, mas o arrepio causado pela boca de Iwaizumi em sua orelha o fez arfar antes de prosseguir. — eles me deixam… esqui- — A voz sumiu quando sentiu o lóbulo de seu ouvido sendo chupado e a coxa de Iwaizumi entre suas pernas. — Iwa-chan! — exclamou inconformado, a voz fraca pela vergonha causada pela excitação que o outro despertava em seu corpo. — O que está fazendo?

— Ah… desculpe, você estava tentando falar alguma coisa, Tooru? — ele perguntou irônico, a voz rouca pronunciando o nome do outro como Oikawa só havia ouvido durante as vezes em que haviam perdido o controle ao buscar prazer um no outro.

— Eu…

— Desculpe, não deu pra prestar atenção no que você dizia. Sabe por quê? — questionou, sério, olhando diretamente para Oikawa e segurando-o pelo queixo quando o viu querer desviar o rosto envergonhado. Deslizou o polegar pelo lábio dele e soltou o ar incomodado, balançando a cabeça em descrença. — Porque, Oikawa, a única merda em que eu consigo pensar quando vejo você com esses óculos é te beijar, seu idiota! Entendeu, agora?

Oikawa arregalou os olhos e assistiu à vergonha que enfim parecia recair sobre o namorado que se afastava sem graça e irritado. Ajeitou o uniforme enquanto o sorriso surgia e deu alguns passos na direção do outro, que estreitou o olhar, desconfiado.

— Você diz isso, mas ainda não me beijou, Iwa-chan… — provocou e quis rir da expressão enraivecida que tomou Iwaizumi.

— E nem vou. Só pelo drama, você não merece. — Iwaizumi bufou, e Oikawa o olhou indignado. — E seus óculos estão sujos, limpa.

— Iwa-chan! — chamou, seguindo-o para fora da sala e parando na frente dele com uma rápida inspeção para saber se tinha alguém por perto. — Foi você que sujou eles… eu mereço um beijo de desculpas.

Iwaizumi arqueou a sobrancelha e, em dias normais, com certeza xingaria Oikawa e diria não, mas…

Suspirou, derrotado.

… não naquele dia…

Puxou Oikawa pela cintura, a mão na nuca dele e a boca colando-se à outra em um beijo mais intenso do que o local permitia.

… afinal, não havia mentido, era impossível resistir a Oikawa usando aqueles malditos óculos.


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Notas finais do capítulo

Olá! Espero que tenham gostado ♥
Ari, eu sei que to te devendo um monte de fic, mas fica aqui a primeira delas então! Espero que tenha curtido e que sirva para te dar uma forcinha nesses dias tão corridos!
Obrigada a todos ;)



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