Hermione sempre gostou dos jardins de Hogwarts, quando aluna perdeu as contas de quantos dias trocou o conforto da sala comunal pelo ar puro, encostou-se a uma árvore e deixou um sorriso nascer em seu rosto no momento que viu Draco Malfoy caminhar em sua direção com um brilho malicioso no olhar que faziam suas pernas fraquejarem.

— Finalmente eu te encontrei. – Exclamou sequer dando tempo para a professora reagir, ele a puxou pela cintura e a beijou com volúpia. Assim que se separaram, Hermione estava intensamente ruborizada, olhando para todos os lados se certificando que nenhum aluno estava espiando.

— Não pode ficar me beijando durante o trabalho! – Repreendeu tentando camuflar o sorriso. - Por que estava me procurando?

— McGonagall agendou uma reunião em meia hora, então eu mandei uma coruja para Zabini buscar Rose na escolinha, pois ela vai adorar brincar com Morgana. - Explicou achando graça da postura recatada da namorada. - Todos os alunos de Hogwarts já sabem que eu finalmente te domei, minha sabe-tudo. – Debochou até receber um beliscão da morena que estava com a expressão irritada. - Isso que eu ganho por me apaixonar por uma ratinha de biblioteca com tendências violentas... – Draco continuou zombando até ver a professora tão vermelha como a cor do uniforme de Quadribol da Grifinória... - Você fica extraordinariamente bonita assim tão nervosinha. – Elogiou roubando outro beijo avassalador da bruxa que só conseguiu se entregar.

A verdade é que, após aquele beijo trocado no sofá meses atrás, não havia a menor possibilidade de se livrar de Draco Malfoy e a bruxa nem queria. Estavam perdidamente apaixonados e o mestre de poções fez questão de, no dia seguinte, mandar um bilhete para Ronald Weasley o agradecendo pelo soco porque, devido a isso, tinha ganhado uma namorada. O que resultou em outra briga com o ruivo e uma Hermione altamente estressada. Contudo, a vida entrou definitivamente no rumo certo, sendo que o casal passou a serem ainda mais parceiros na criação de Rose e os amigos, com exceção, de Harry adoraram a novidade.

Caminharam tranquilamente com as mãos entrelaçadas pelos jardins, alguns alunos davam risadinhas quando viam o casal e muitas bruxas (e bruxos) tiveram seus corações partidos com o namoro assumido dos professores. Ostentaram uma postura mais séria ao entrarem na sala da Diretora McGonagall que apresentava um semblante preocupado.

— Boa tarde, Minerva. – Hermione cumprimentou estranhando o semblante da senhora. - O que houve?

— Boa tarde, Hermione e Draco. – Não sorriu para a dupla, o assunto era demasiadamente tenso. - Eu chamei vocês aqui porque Scabior foi visto nas redondezas de Hogsmead. – Informou com assertividade. - Ele está sendo procurados pelos aurores, todavia aconselho que aumentem a segurança em volta da pequena Rose. – Complementou com seriedade, apesar do tom gentil. Assistiu o terror inundar a íris castanhas de sua melhor aluna, sentiu seu próprio coração apertar com a preocupação... Não queria que mais nenhum sofrimento recaísse sobre aqueles bruxos. 

— Potter está coordenando as buscas por Scabior? - Malfoy indagou com um sabor amargo na boca, apertou com carinho a mão esquerda da namorada dividindo com ela aquele momento de angustia. - Ninguém roubará Rose de nós, entendeu, Hermione? – Havia determinação na voz dele, pois suas garotas precisavam de sua força.

— Eu fico muitíssimo satisfeita por vocês admitirem que estejam apaixonados, particularmente, eu já estava sem ideias de punição para dois professores que se comportavam como dois adolescentes. – McGonagall articulou com um sorriso acolhedor, suavemente petulante. - Era tão claro como o dia lá fora somente vocês não o enxergavam... Eu tenho certeza que Scabior não terá êxito em roubar a filha de vocês, ele não é páreo para dois dos melhores educadores que Hogwarts já teve. 

— Obrigada, Minerva. – O loiro agradeceu com incomum humildade. - Algo mais? – Indagou com o semblante carregado de preocupação, seus dedos acariciando inconscientemente os de Hermione que se mantinha calada.

— No momento não, qualquer notícia eu mando chama-los. – Finalizou a reunião com um abraço em sua pupila que suspirou audivelmente e retribuiu o gesto com gratidão.

Draco e Hermione foram o mais ligeiramente possível para a residência dos Zabini, apenas suspiraram aliviados ao observarem as meninas brincando seguras e contentes. Ginny e Blaise souberam do problema por Harry, sendo que todos permaneciam preocupados com a segurança da criança.

— Eu permaneci especialmente atento durante o trajeto inteiro. – O negro afirmou encarando com solidariedade o melhor amigo. - Potter está montando uma verdadeira caçada atrás daquele assassino...

Hermione não conseguiu resistir, uma vez que ouviu as palavras de Blaise interrompeu a brincadeira das crianças, abraçando a filha até a garota de espesso cabelo negro começar a reclamar por não conseguir respirar... A bruxa amava tanto Rose que não suportava sequer imaginar ficar longe dela, perde-la para aquele homem vil. Draco observou com crescente admiração as duas bruxas de sua vida naquele abraço apertado, ele juntou-se minutos depois também buscando o aconchego e a sensação de familiaridade... Em seu íntimo prometeu que lutaria com tudo de si para mantê-las em sua vida.

— Mamãe Mione e papai Daco. – Rose pronunciou com um grande sorriso dando um beijo estalado da bochecha de cada um. - Mamãe e papai. – Repetiu com uma gostosa gargalhada.

Harry aparatou junto com Luna no meio da sala de Ginny que sorriu para o casal. O auror carregava uma feição distante que virou uma careta de desdém ao fitar o namorado da amiga... Mesmo que convivesse educadamente com Malfoy, ainda não havia superado velhas mágoas... Então, não entrava em sua cabeça porque Hermione estava justamente com o cara que a ofendeu de tantas formas e por tanto tempo... Como ela conseguiu perdoa-lo? Como ela podia ama-lo? O moreno admitia idealizar que seus melhores amigos, Ron e Mione, voltariam a namorar cedo ou tarde, era egoísta pensar isso vendo o quão bem eles estavam com suas atuais escolhas. Suspirou. Ele daria um jeito de aceitar a doninha albina por amor à mulher que enxergava como uma irmã.

— Eles formam um casal tão bonito. – Luna contemplou com um sorriso pacífico, seus olhos azuis brilhando sonhadores. - Eu imagino que Draco Malfoy lutou profundamente contra o preconceito com o qual foi criado, ou seja, ele deve amar verdadeiramente Hermione para abdicar de valores e de uma percepção de mundo totalmente contrária ao que estava acostumado. Além do que, minha amiga que sempre foi tão rígida com seus sentimentos, precisou aprender a abrir seu coração... Perdoa-lo e perdoar a si mesma por todos os excessos.

— Eu realmente não gosto dele, entretanto admito que Malfoy esteja comprometido com a felicidade de Mione e Rose. – Cedeu ainda contrariado, um pequeno sorriso nasceu ao olhar sua bela esposa... Luna era como um raio de sol particular, sempre iluminando e aquecendo sua alma.

— Draco sofreu muito quando foi praticamente obrigado a virar Comensal da Morte. – Zabini exclamou num timbre rouco, repleto de autoridade. – Ele testemunhou atos terríveis e foi coagido a fazer coisas terríveis. - Continuou sem se importar com a intromissão. - Quando você venceu Lord Voldemort, meu amigo assistiu Lucius ser preso e morrer em Azkaban, então presenciou anos de depressão de Narcisa até o falecimento da mesma. – Observou o loiro dando um beijo na testa de Rose com Hermione sorrindo emocionada: a cena aqueceu seu coração. - Draco Malfoy acha que não merece a felicidade, porém ele a merece sim... E, Granger, é a mulher ideal para ajuda-lo nisso.

— Afinal eles nunca ficarão entediados um com o outro. – Ginny passou seus braços pelo torso do marido, aspirando o cheiro amadeirado que a inebriava desde tempos de escola, sorriu com malícia admirando o casal que se beijavam castamente perante sua própria filha e a deles. - Eles já conhecem o pior de cada um, nada mais justo que aproveitem o melhor agora...

Não importava as divagações dos outros dois casais amigos porque Malfoy sabia que o principal era garantir que o presente que vida deu para ele e sua namorada fosse sempre protegida: Rose Jean Granger.

O relacionamento amoroso com Hermione ainda era novo e instável, completariam cinco meses em poucos dias... Contudo seu peito inchava de tantos sentimentos bons que o tomava quando a olhava... A bruxa era o motivo de seu sorriso, no fundo o sonserino sabia o que aquilo significava...  E pelas barbas de Merlin, não seria Scabior que destruiria isso. Apertou brevemente a cintura da morena, indicando que deveriam permitir que as meninas continuassem brincando e retornassem para dentro de casa e conversassem com Potter.

— Scabior foi avistado próximo ao pub Cabeça de Javali ontem de manhã, porém ainda não conseguimos localiza-lo. – O auror relatou com frustração, culpa inundando as íris esmeraldas. - Eu tenho uma equipe bem treinada revistando todo o vilarejo e as mediações de Hogwarts, além disso, vou deixar um auror vigiando sua casa, Mione.  – Segurou as mãos da amiga entre as suas. - Eu prometo que nada acontecerá com minha sobrinha.

— Obrigada, Harry, eu não vejo a hora desse pesadelo acabar. – Revelou puxando o moreno para um abraço acolhedor, ela confiava nele. - Rose sentiu que estamos escondendo algo dela... Olhem para aquelas duas meninas, tão lindas e inocentes... Suspirou, com cansaço.

Dialogaram por mais algum tempo, então exaustos, todos se despediram. Draco e Hermione banharam a pequena, eles jantaram peixe com batatas e depois de duas historinhas, finalmente, Rose caiu num sono profundo. O casal permaneceu sentados no tapete felpudo na sala com a lareira acessa e as luzes apagadas, eles precisavam daquele momento para absorver toda a tempestade que se formava no horizonte...

— Rose te chamou de papai... – Hermione comentou após um longo período em silêncio. - O que você acha disso? – Havia um sorriso inseguro em sua face.

— Você sabe que eu já a amo como uma filha. – Draco respondeu com honestidade, afinal não conseguia mais imaginar sua existência sem a presença do sorriso contagiante da bruxinha. - Eu me assustei um pouco, todavia estou verdadeiramente feliz. – Completou dando um beijo fugaz e quente na bruxa. - Ela realmente mudou nossa vida.

— Para melhor. – A professora emedou com um sorriso deslumbrado. - Eu fiquei sozinha por tanto tempo depois que meus pais decidiram não voltar para Londres, mesmo com todos os meus amigos essa solidão nunca deixou o meu peito. – Revelou num tom nostálgico. - E agora... Estava tudo tão perfeito, Rose preencheu um espaço no meu coração e na minha vida que eu não sabia que estava vago e eu estou tão apaixonada por você. – Declarou-se levemente corada. - Eu nunca achei que daríamos certo de verdade... Porém, eu te amo. Falou mais convicta, sinceridade brilhando em seus olhos.

— Eu também te amo, sabe-tudo. - Respondeu com um sorriso genuíno, beijando cada pedaço do rosto dela. – Eu amo sua chatice, seu temperamento mandão, sua inteligência, as suas inseguranças,... Amo até esse cabelo que mais parece uma juba...

Hermione o calou com outro beijo caloroso que virou uma noite inteira de amor. E na calada da noite, um bruxo suspeito, por baixo de um feitiço de desilusão, observava a casa que morava uma menininha muito especial, Scabior abriu um sorriso maldoso.

— Até breve, florzinha, papai vem busca-la. – O snatcher prometeu com olhos brilhantes de cobiça.