Mirio gosta das manhãs – do som da torradeira preparando o tão aguardado café da manhã, do cheiro de café prontinho, e da forma como os raios de som atravessam a janela, dando-os bom dia. E Tamaki até entende. De certa forma, ele também gosta delas. Do jeito como ele pode ver o cabelo normalmente muito penteado e impecável de Mirio amassado logo ao acordar, a cara de sono e o sorriso preguiçoso. Das mãos de Nejire gentis, mas sempre enérgicas, passando pelo seu cabelo, colocando os fios negros de Tamaki no penteado que já é quase sua marca registrada, e de ouvi-la tagarelando, mesmo que seu cérebro ainda meio adormecido ainda não esteja registrando nada completamente.

Nejire gosta das noites – do ar frio, batendo na pele dela enquanto caminham pela rua, balançando seu cabelo daquele jeito cômico, às vezes até acertando-os no rosto. Da música eletrônica ribombando das impossivelmente altas caixas de som. Da forma como as luzes artificias coloridas fazem o mundo ao redor deles mergulhar em uma dimensão diferente. E Tamaki, mais uma vez, até entende. Porque ele, escorado em um canto da festa, também gosta de assisti-los dançando, sorrindo. Às vezes, quando a semana foi especialmente longa e ele está cansado demais para recusar, ele até deixa um deles o puxar pela mão.

(Porém, Tamaki gosta mais das noites nas quais eles passam encolhidos sob um forte de lençóis no sofá, uma caixa de pizza aberta na mesinha de centro e o cheiro do shampoo de Nejire no cômodo inteiro, o refrigerador de ar o causando calafrios de tão gelado. E, de alguma forma, eles acordam na cama. Serventia de Mirio, claro. E Tamaki não pode reclamar).

E, ainda mais do que tudo isso, Tamaki gosta das tardes. Principalmente, dos finais de tarde. De cair no sono no mesmo sofá, dessa vez com a respiração de Nejire no pé de seu ouvido, os raios de sol refletindo no cabelo azul e formando arco-irises em torno da cabeça dela. Da mesma luz na pele acobreada de Mirio, um dos braços dele, quente e aconchegante, em torno da cintura de Tamaki.

E no fim de tudo, o que importa não é horário do dia. Não é a luz, ou a música, ou a tagarelice e as danças meio bambas. O que importa são eles. Porque Tamaki gosta dos finais de tarde, mas ele gosta ainda mais de Mirio e Nejire.