P.O.V Bella

O aeroporto aquela hora estava quase vazio. Provavelmente todos deveriam já está comendo a ceia de Natal com as suas famílias. Poucos atrasados como eu ainda pegavam sua mala no setor de desembarque.

Havia mandado mensagem para Charlie avisando que havia chegado. Ele demoraria pelo menos uma hora para chegar. Sem nada para fazer resolvi ler o livro que havia ganhado seis anos atrás de um amigo do trabalho.

O sorriso ao me lembrar das suas brincadeiras e investidas foi involuntário. Edward sempre foi muito claro sobre o que sentia por mim mas a empresa em que trabalhávamos proibia relacionamentos entre funcionários. Até chegamos a sair para o cinema uma vez mas nenhum dos dois queria perder o emprego. No meu aniversário ele me deu o livro Neve e Cinzas, eu fiquei muito feliz. Ele acertou em cheio o presente, eu sou uma amante nata da leitura e desde então carrego esse livro para todos os lugares que vou.

Busquei me concentrar em minha nada nova leitura deixando os pensamentos sobre Edward de lado. Houve um burburinho típico de desembarque. Eram mais atrasados que chegavam para o Natal.

Depois de algum tempo percebi que haviam passos vindo em minha direção. Mas o meu livro era mais interessante e não busquei ver quem era. Alguém se abaixou a minha frente e eu abaixei o livro para dar de cara com um Edward muito sorridente.

—Achei que houvesse jogado ele fora—Apontou para o livro em minhas mãos.

—Nunca. Foi um dos melhores presentes que ganhei. O que faz aqui? —Questionei curiosa, ainda sem acreditar que ele estava mesmo ali.

—Vim visitar a minha irmã e meus sobrinhos e cunhado.

—Ah! que bom. —Pelo menos não era uma namorada.

—E você?

—Vim ver meu pai. Inclusive ele já chegou—Me levantei ao ver Charlie entrar no aeroporto me procurando.

—Ah! Certo—Me levantei, fechando o livro, sem saber o que dizer.

—Bom eu preciso ir. Foi muito bom ver você novamente Edward—Acabei frisando o muito. Acho que me empolguei.

—Igualmente Isabella. —Dei as costas a ele sentindo que poderia ter dito algo mais.

—Hey! Bella, ainda tem o mesmo número?

Me virei rapidamente.

—Sim. E você?

—Também. Eu posso te ligar e marca alguma coisa? —Ele questionou enquanto um de seus pés se mexia ansioso parecendo uma criança quando pedia algo a mãe.

—Fique à vontade.

—Ótimo.

—Então até breve Edward. —Acenei e fui até Charlie que me esperava.

Meu pai tomou o carrinho de malas das minhas mãos e logo depois me abraçou. Quando me soltou percebi que ele olhava para um ponto fixo atrás de mim.

—Quem o rapaz? —Apontou para Edward que permanecia no mesmo lugar me observando.

—Um ex colega de trabalho.

—Sei. Ele parece gosta de você—Charlie sinalizou o seu famoso ciúme.

—Pai, eu já tenho vinte e oito anos, se eu quiser namorar você não vai impedir, então deixa de coisa por favor, Edward é um ex colega e só.

—Certo. Mas se começar a namorar, eu tenho que conhecer o rapaz heim?—Revirei os olhos e seguir a sua frente.

***

Havia duas semanas que havia chegado a Seattle e Edward não havia ligado, isso me frustrou, mas agora já havia passado, estava tão acostumada a não ter ninguém, que mais um, menos um, não faria diferença. A campainha da casa tocou e eu ansiei que fosse alguém interessante. Abrir a porta e não era quem eu esperava.

—Olá Jacob, o que faz aqui?

—Oi Bella, parece que não gostou de me ver?

—Na verdade eu não esperava. Você não mora em Forks?

—Sim, mas Charlie me avisou que você estava na cidade e eu vim de convidar para dá uma volta.

—Você saiu de Forks e veio até aqui para me convidar para dá uma volta? —Jacob era um conhecido de infância, todo mundo sabia que ele gostava de mim, porém era egocêntrico e machista, nunca que eu namoraria com ele.

—Sim, você sabe que eu gosto de você e faria tudo para te ver feliz. Que tal um cineminha?

—As duas da tarde? —Eu era do tipo clássica, cinema só a noite e era amante de um bom filme de romance.

—Qual o problema? Não sabia que havia horário para ir no cinema. —Oh homem insistente.

—Tudo bem, entra e espera ai que vou trocar de roupa.

Subi rapidamente trancando a porta do quarto, não confiava em Jacob. Após trocar de roupa desci e ele estava parado na porta. Tranquei a casa e sair ao seu lado. O cinema da cidade não era muito longe mas Jacob preferiu ir de carro. Quando chegamos no cinema eu deixei que ele escolhesse o filme, claro que ele escolheu um daqueles filmes de ação com muito sangue. Minha vontade era sumir dali mas não havia como no momento.

Passei o filme inteiro querendo vomitar, Jacob gargalhava como um psicopata ao ver as cabeças serem arrancadas no filme. Quando acabou eu sair correndo da sala, tanto que acabei esbarrando em algum e só não cair porque quem quer que fosse havia me segurado.

—Viu fantasma Bella? —Como eu quis ouvir aquela voz por esses dias.

—Quase. Me tira daqui? —Implorei.

—Hey Bells, o que houve que—A voz de Jacob morreu ao me ver nos braços de Edward, já que o mesmo segurava minha cintura. —Quem é esse cara? —Jacob parecia nervoso.

—Esse é—Olhei para ele sem saber o que dizer.

—Edward Cullen, o namorado dela. E você seria?

—Jacob Black, o amigo. —Edward olhava de mim para Jacob com um sorriso debochado.

—Sei. Eu vim te buscar como pediu amor, já podemos ir? —Se pudesse daria um beijo no Edward em agradecimento por me salvar daquela forma.

—Claro. Até mais Jacob. —Acenei deixando um Jacob furioso para trás.

Atravessamos a rua de mãos dadas, Edward olhou ao redor e sorriu.

—Do que está rindo?

—Uma biblioteca e um café. O que acha? —Ele apontou para biblioteca logo a nossa frente.

—Muito melhor que filmes sangrentos.

—Deveria ter me ligado, eu teria vindo salvar você antes mesmo de você ter entrado na sala de cinema.

—Na verdade eu esperei que você fizesse isso—Confessei.

—Eu pensei muito sobre isso e como o idiota ali—Aponto para o cinema onde Jacob havia ficado para trás—Eu não queria te levar para o cinema outra vez. Eu só não sabia ainda para onde deveria levar alguém como você.

—O que tem de errado comigo? —Ele sorriu novamente

 —Você é especial Bella, você é do tipo que espera flores e chocolates no dia dos namorados, que prefere livros de presente do que joias caras, que fica muito mais feliz a ir a uma biblioteca completamente vazia do que a um restaurante caro com a melhor comida. Eu não poderia errar na escolha dessa vez. —Só trabalhamos por dois anos juntos, como esse homem poderia me conhecer tão bem.

—Você já fez a melhor escolha neste exato momento. Biblioteca e café. —Apontei.

—Então vamos senhorita Swan, estou esperando esse encontro a seis longos anos.

O restante da tarde com Edward foi incrível, ele me conhecia melhor do que imaginava, conversamos sobre literatura e discutimos sobre clássicos literários e seus personagens. Ele me deixou em casa prometendo voltar em breve.

Passamos os dias seguintes trocando mensagens, saímos algumas vezes e em uma delas encontramos Jacob e Leah, acho que era sua namorada agora. Jacob não escondeu que estava infeliz com o meu suposto namoro com Edward, e como uma criança birrenta tentou colocar Charlie contra ele e por isso eu havia discutido com meu pai algumas vezes que insistia em conhecer Edward.

Meu celular tocou e corri para atender.

—Oi, Edward.

—Bella, avise ao seu pai que estou indo a sua casa.

—O que você vem fazer aqui?

 —Resolver esta situação de uma vez.

—Edward ignore isso, é só uma picuinha devido ao que Jacob disse, você não precisa vir aqui. —Ele nunca disse que queria algo comigo, porque diabos queria enfrentar Charlie?

—Chego ai em vinte minutos, já passou da hora de resolver isso. —Ele desligou sem deixa que eu respondesse.

—Quem era Bells?

—Edward, ele está vindo pra cá falar com você. Está feliz?

—Muito. Vamos ver se ele é tudo isso que você sempre diz. —Revirei os olhos e subir para trocar de roupa.

Quando desci Charlie estava limpando uma de suas armas, ignorei aquela palhaçada e sentei na varanda, eu queria ver Edward primeiro e impedir que ele fizesse qualquer coisa que ele tivesse em mente.

Quando o carro de Edward estacionou em frente à casa, Charlie saiu porta a fora com sua arma na cintura. Edward desce do carro e ao ver Charlie todo paramentado de delegado, ele deu um discreto sorriso e caminhou até nós, Confesso que meu coração estava a ponto de sair pela boca e dança salsa na minha frente.

—Boa tarde Sr. Swan. Sou Edward Cullen.

—Eu sei quem você é, minha filha tem feito o favor de falar muito de você nos últimos dias. Vamos entrando.

—Não faça, seja lá o que você pretende. —Sussurrei para Edward enquanto entravamos.

—Está na hora. —Ele sussurrou de volta.

Mal Edward entrou e se sentou no sofá e meu pai já foi o bombardeando e me fazendo passar vergonha.

—Bom, rapaz, eu ouvi coisas boas sobre você esses dias, mas quero saber qual são as suas intenções com a minha filha? —Direto como um coice de mula. Eu cavaria um buraco e me esconderia por cem anos depois dessas.

—As melhores possíveis Sr. Swan.

—Típico, todos vão dizer isso. Mas para eu deixar você sair daqui compromissado com a minha menina você vai ter que ter algum diferencial. —Alguém me tira daqui pelo amor de Deus, eu gritava em mente.

—Pois bem, eu não estou namorando a sua filha Sr. Swan, na verdade eu sou apaixonado por Bella desde que fomos apresentados no trabalho, mas algumas coisas nos impediram de ficar juntos, eu nunca forcei a barra, eu resolvi esperar e esperei por seis anos. Por todos esses anos eu pensava na sua filha, me perguntando onde ela estava, se ela tinha outra pessoa, se havia formado uma família e confesso que doía em mim esses pensamentos, mas ao mesmo tempo eu desejava que ela estivesse feliz. Por isso vim aqui hoje, porque já esperei tempo demais para ter a mulher que amo e se o senhor me der a permissão eu gostaria de pedi a Bella em namoro. —Ele retirou uma caixinha do seu bolso. Eu já estava com lágrimas nos olhos quase tendo uma sincope com o silencio de Charlie.

—Tem minha permissão—Charlie respondeu depois do que pareceu uma eternidade. —Mas se magoar minha filha eu atiro na sua cabeça e jogo o seu corpo de um penhasco e ninguém vai encontra-lo.

—Eu não faria diferente se fosse com a minha filha.

—Bom, eu vou subir, darei privacidade a vocês para ser feito o pedido.

Após Charlie subir eu não sabia o que fazer, Edward foi mais rápido, me puxou pela mão e me colocou sentada no sofá, se ajoelhando a minha frente.

—Você não sabe o quanto esperei e temi por esse momento. Esperei porque amo você, porém temi a sua rejeição, mas se eu não tentar eu irei viver nesta incerteza eternamente. Você me daria a honra de ser minha namorada Isabella?—Achei que iria desmaiar naquele momento.

—Será um imenso prazer Edward. —Ele abriu a caixinha e colocou um anel de prata com um infinito gravado em meu dedo. Eu sorria bobamente olhando para o anel que me atava a Edward, sem saber muito o que fazer a parti de agora.

—Posso te beijar Bella? —Edward chamou minha atenção.

—Deve. —Sorri ansiando por aquilo.

Foi melhor do que eu imaginava, seus lábios se moldaram perfeitamente aos meus e quanto mais nos beijávamos mas queríamos um do outro, infelizmente precisávamos respirar. Ele colou sua testa a minha de olhos fechados.

—Existe uma música que diz, eu te amei por mil anos e te amarei por mais mil, essa música reflete tudo eu vivi esses anos esperando uma oportunidade para ter você Bella. —Ele disse de repente me fazendo ficar emocionada.

—Obrigada por me esperar. Eu prometo lutar todos os dias para fazer valer a pena. Eu amo você Edward Cullen.

—Não mais do eu amo você Isabella Swan.