Sequestrada - Número 1970 escrita por Carolina Muniz


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo



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"Alguns acontecimentos estão condenados a acontecer..."

 

¤ Capítulo 1 ¤

Droga, droga, droga!

Já haviam se passado seis dias e nada!

Ana sentia o pânico subindo e subindo, até que ela surtou de vez: jogou o travesseiro contra a parede e derrubou o abajur e o porta retrato em cima do criado mudo.

Aaah!

— Nossa, como eu sou burra! Não acredito que deixei existir a possibilidade disso acontecer - gritou para si mesma.

Respirou fundo, levantou-se da cama e encarou a si mesma no espelho.

O cabelo negro bagunçado num emaranhado de ter ficado amassado contra o travesseiro; a pele branca do rosto corada pelo excesso de raiva e do grito que deu.

Não era seu dia. Sua semana. Seu mês. Seu ano... Sua vida!

Que porra!

A morena bufou alto, balançou a cabeça em descrença e fechou os olhos. 

— Tudo bem, chega de suspense. Tenho que fazer isso logo - disse como um mantra.

Abriu os olhos novamente e amarrou o cabelo num rabo de cavalo, com força, decidida. Pegou sua bolsa e as chaves do carro, desceu as escadas correndo e bateu a porta da frente com força demais.

Droga, ela precisava se acalmar, se não iria acabar no acidente de carro.

Se bem que não seria tão ruim...

— Para de pensar besteira - repreendeu a si mesma e ligou o motor do carro.

Ana conseguiu se acalmar no trajeto até a farmácia, abriu as portas duplas e entrou.

Farmácia sempre tem aquele cheiro frio de ar condicionado, misturado com comprimidos e plásticos. A garota suspirou e parou na sessão daquele pacote mágico. Havia tantos. Azul, rosa, amarelo... Com nomes e marcas estranhos.

— Meu Deus, não é tudo a mesma coisa? - resmungou baixinho antes de pegar um de cada cor, e ir para o caixa.

A garota do caixa não parecia ter nem 20 anos, Ana não reparou muito ela, apenas esperou-a colocar tudo numa sacola e mexer na máquina registradora. A morena suspirou novamente, fingindo que não era nada de mais, e esperou até a a outra lhe dá o troco do dinheiro.

— Se você quiser, tem um banheiro aqui - a caixa disse, lhe entregando a sacola.

Ana a encarou, o cabelo loiro esvoaçando por estar debaixo do ar condicionado, no lábio o batom vermelho forte e uma bola de chiclete.

Será que Ana queria fazer aquilo ali?

Não demorou para decidir.

— Obrigada - agradeceu e se virou na direção que a outra indicou.

Entrou no banheiro e colocou a bolsa no chão, abriu os três de uma vez e fez xixi num dos potinhos.

Exatos três minutos depois alguém bateu na porta.

— Tudo bem aí? - a menina lá fora perguntou.

A caixa.

Ana abriu a porta e se recostou na parede. A outra ficou ao seu lado, as duas encarando fixamente os três objetos na bancada no banheiro.

— Eu sei que não te conheço, mas estou torcendo por você - a loira disse.

— Obrigada.

Em sincronia, os três testes deram positivo.

Ana sentiu o coração disparar, apertar e então ficar: apertado, prometendo o fim da sua vida.

— Qual a porcentagem de os três estarem errado? - questionou ela, olhando para os dois tracinhos no teste cor de rosa.

— Huum, acho que 0,1%. - disse a outra.

— Isso é alguma coisa, né?

— Na verdade, não. Eu só disse isso por que aprendemos quando fazemos curso farmacêutico.

— Eu estou ferrada - lamentou a morena.

— Está mesmo.

Ana a encarou e semicerrou os olhos.

— Não era para concordar – reclamou ela.

— Foi mal – a loira se desculpou.

Ana bufou, pegou os três testes e colocou dentro da sacola plástica e então jogou na lixeira, pegou sua bolsa do chão e seguiu para o corredor.

— A propósito, eu me chamo Kate - disse a loira atrás de si.

Ana se virou por um instante, a bolsa no ombro e o coração na boca.

— Ana - lhe respondeu, e seguiu seu caminho para fora da farmácia.

A morena chegou em casa às 16h, depois de ter rodado a cidade tentando pensar num jeito de consertar a própria vida, se jogou no sofá e fechou os olhos.

Havia um folheto em sua mão, ela já havia lido-o diversas vezes, durante aquela tarde.

 

¤ Adoção de Crianças ¤ 

 

Os olhos da morena se encheram de lágrimas, e ela ao menos sabia o porquê. Os folhetos de farmácia sempre diziam que ficar sensível era um efeito colateral.

Um efeito colateral de se estar grávida...

A garota fechou os olhos e deixou as lágrimas irem embora e o sono chegar. Acordou com o baque de um helicóptero de brinquedo batendo em sua cabeça.

Seu irmão de sete anos, Theodore, estava mais uma vez brincando na sala de estar - onde sua mãe proibiu o brinquedo depois de dois abajures quebrados - com o helicóptero remoto.

Clark - o cãozinho de Teddy - pulou no sofá tentando pegar o brinquedo que voava a cima da cabeça de Ana agora, fazendo a garota empurrá-lo por estar com as patas em sem cabelo.

— Desculpa, Ana - pediu o menino, guiando o helicóptero para o outro lado, o que fez o cão seguir.

— Tudo bem - resmungou ela, se levantando do sofá.

Ah, eu não devia ter dormido aqui. Minha costas, minha cabeça, meu pescoço... Está tudo doendo agora.

— Onde está a mamãe, Teddy? - perguntei.

— Está na cozinha. Ela está fazendo panquecas - ele disse, concentrado em seu brinquedo.

Ana passou a mão no rosto e pegou sua bolsa do chão.

Ela precisava arrumar um jeito de contar para sua mãe. Contar para alguém pelo menos. Para o pai da criança talvez...

Ah, eu não quero nem pensar nisso.

 Brad vai querer me matar e depois se matar - sussurrou enquanto subia as escadas.

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Notas finais do capítulo

xoxo



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