Laura escrita por Lady Liv
Notas iniciais do capítulo
in·ter·lú·di·o
1. Pequeno trecho de música instrumental destinado a preencher o espaço entre dois atos ou partes de uma grande composição.
(...)
3. Trecho musical que inicia e finaliza um comercial de um programa.
NO BANNER: (da esquerda para direita) Jean, Scott e Siryn.
[Instrumental]
•
Os corredores da mansão ecoavam seus passos duros, e por mais que se sentisse tentado, Logan não parou quando ouviu sua voz.
Uma filha? Céus, ele havia acabado de chegar.
— Logan, espere! – os dedos de Jean finalmente alcançaram seu braço e ele virou-se contrariado. – Calma, ok? Fugir não vai melhorar a situação.
— Não estou fugindo. Só preciso de um tempo, tá? É muita coisa pra digerir.
— Eu imagino, mas pensa como deve estar sendo pra ela.
— Não quero e não vou.
— Logan.
— Nada de “Logan” pra cima de mim, não vai funcionar dessa vez. — Ele disse irritado — Olha, no momento que eu começar a pensar, eu vou ter um treco. Uma filha?! Jean, você já me imaginou sendo pai?!
— Você é surpreendentemente ótimo com as crianças.
— Oh, é mesmo?
— Pode não perceber, mas é sim. Os alunos amam você.
O homem passou as mãos pelo rosto, rindo sem humor.
— É porque eu sou o professor deles, não o pai. Eu ensino história e quando dá, nem sempre estou aqui.
— Eu sei disso.
Logan a encarou, assim como ele, Jean também aparentava cansaço, mas além disso ele também via o ressentimento em sua face.
— Desculpe.
— Pelo o que?
Por ter ido embora, por sempre ir embora, por amar você...
Mas as palavras não saíram, como poderiam? Ele respeitava Scott demais para isso, e respeitava Jean mais que a si mesmo.
Em vez disso, focou na outra parte de sua dor de cabeça:
— Aquela garota vai ficar muito melhor sem mim.
— Eu não acho isso.
— Não importa se-
— Você olhou pra ela? – Jean o interrompeu. – Você realmente olhou pra ela? Porque eu sim e sabe o que eu vi? Você. Quando chegou aqui pela primeira vez estava... quebrado. Não só fisicamente, mas emocionalmente também. Ela é igual a você, e precisa de você.
Ele desviou o olhar, a mente voltando para a cidade; a luta contra os Carniceiros; as garras cortando tudo que estava no meio do caminho; a garota... Igual a ele.
Logan era pai.
Wolverine era pai.
— Ei. — Os dedos dela tocaram seu rosto e ela pediu: — Não foge não.
E lá estava o tom de voz de novo, o tom que ela usava quando dizia seu nome, o tom que o fazia parar. Jean.
— É... posso pensar em uma ou duas razões pra ficar. – ele disse e a ruiva sorriu.
— Jean!
Eles viraram, inconscientemente dando um passo para trás. Scott Summers descia as escadas vestindo com roupas civis. – Como a garota está?
— Professor a levou pra se trocar, os quartos já estão prontos?
— Estão. — ele assentiu e virou-se para Logan. – Logan.
— Scott.
Houve um momento e a ruiva pigarreou.
— Bom, então... Você vem conosco? – ela perguntou ao amigo – Vamos fazer algumas perguntas a eles.
— Sim, sim, depois. Eu vou fumar um charuto.
— Não dentro da mansão, eu espero. — Scott alertou.
— Não vejo nenhum estudante por aqui, xará.
— Logan!
Mas o homem já tinha dobrado o corredor, deixando o casal pra trás.
— Bom... Isso não foi tão ruim. – Jean suspirou, dando meia volta.
— Você acha? – Scott ironizou, a seguindo.
— Devia tê-lo visto com a garota.
— Laura?
— Ela é filha dele.
Scott a olhou, chocado. Jean quase riu, perguntando-se se os olhos dele estavam arregalados.
— Eu sei, chocante né? Logan, pai.
— Bom, isso explica ela ter me mordido quando eu salvei a vida dela.
O casal sorriu, dobrando o corredor quando-
Scott arfou, segurando o pequeno corpo que havia esbarrado.
A menina ergueu os olhos azuis brilhantes, a face contorcida em choro, e soluçou, lançando os braços ao redor da cintura do homem, o abraçando.
— Megan, volte já aqui! – uma senhora correu pela sala. – Oh.
— Oi. – Jean cumprimentou. – Acho que ela está...
— É, ela não está muito bem.
— O que aconteceu? – Scott perguntou.
A senhora o encarou, franzindo o cenho como se o conhecesse.
— Os pais dela... ahm... – ela piscou, incerta. – Enfim, está sendo difícil pra todo mundo. Eu realmente não sei como agradecer a vocês o suficiente.
— Não precisa, ficamos feliz em ajudar. — Jean sorriu.
— Eu... eu estudei aqui. Quer dizer, no meu universo, de onde eu vim, — ela rolou os olhos, xingando-se mentalmente. Já era complicado demais quando os deixavam sem resposta. – Enfim... acho que algumas coisas não mudam nunca... nós que esquecemos de como elas eram.
— Seu nome é Siryn não é?
— Theresa, na verdade. Theresa Cassidy.
— Cassidy... – Scott franziu o cenho. – Acho que o Professor conhece alguém com esse nome...
— Talvez o meu pai, ele costumava atender pelo nome de Banshee.
Jean arregalou os olhos, ela e o companheiro trocando um olhar espantado.
— Isso mesmo! Banshee... Ele estava na primeira equipe X-men. — a ruiva pensou alto. — Ele nunca teve filhos aqui, eu receio.
— Faz sentido. — Theresa disse, lembrando das palavras de Grace antes de morrer. Uma realidade aonde eles poderiam viver; aonde nunca tiveram nascido.
— Eu... Eu sinto muito, mas ele faleceu aqui há muito tempo.
Siryn assentiu, tristemente voltando sua atenção para a menina, ainda abraçada a Scott.
— Meg, vamos.
— Não.
— São dois dias que você não dorme, precisa descansar, princesa. — se abaixando, ela segurou no braço da menina. — Hey. Se você for dormir agora, pode sonhar com eles.
Limpando as lágrimas com os braços, a pequena assentiu, abraçando a senhora pelo pescoço. Siryn se ergueu, com ela nos braços e sorriu para o casal:
— Desculpem.
Eles assentiram e a observaram se afastar.
— Ela é tão pequena...
— É, infelizmente todos eles passaram por muitos traumas. — Jean suspirou, voltando a andar. — Quando nos reunimos no jato, eu podia sentir com mais intensidade as emoções deles e- Scott? Hey, você vem?
O homem continuava parado no mesmo lugar, ainda pensativo observando a silhueta de Siryn se afastar até sumir quando ela dobrou o corredor.
— Scott?
— É... sim, estou indo.
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[Instrumental]
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Apenas duas cenas que eu não consegui encaixar no capítulo 15 oficial, que deve sair hoje mais tarde ou amanhã de manhã :v