Uptown Girl escrita por Lola Royal


Capítulo 1
Classe Alta


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Em tradução livre Uptown Girl significa Garota Classe Alta, vocês podem ouvir a música que inspirou a fic aqui: https://www.youtube.com/watch?v=hCuMWrfXG4E

Boa leitura!



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Tudo que eu queria para aquela noite de sexta-feira era deitar na minha cama, comer um balde de pipoca, tomar uma cerveja gelada e assistir Titanic — pode me julgar, mas esse é meu filme favorito —. No entanto, meu pai pediu para eu ficar na oficina da família aquele dia, já que o funcionário que ficava de noite estava comemorando seu aniversário de casamento.

Sendo assim, tive de pegar o turno noturno, mas estava confiante de que seria tranquilo. Bom, tinha de ser mais tranquilo do que trabalhar de tarde e de manhã, que era meu caso, quando a coisa toda ficava louca.

Nas primeiras horas da noite eu fiquei assistindo filmes — infelizmente nenhum era Titanic — na televisão do escritório do meu pai na oficina, enquanto comia Doritos e bebia uma garrafa de Coca-Cola. Estava começando o quarto filme — por volta de meia-noite — quando alguém buzinou, resmunguei, pausando Toy Story 3 sai do escritório e fui abrir o grande portão de ferro da Oficina McCarty.

Era um negócio de gerações, foi do meu avô, depois meu pai assumiu e eu estava seguindo seus passos. Eu amava mexer em carros, era minha segunda grande paixão, a primeira eram as mulheres, cara, eu amava as mulheres.

O carro na frente da oficina era uma BMW branca, uma que parecia bem novinha. Antes que eu pudesse terminar de levantar o portão a pessoa dirigindo buzinou de novo, quase me deixando surdo, pois fez aquilo com muita vontade, mais do que o necessário.

— Porra! — xinguei, sentindo meus ouvidos doerem. — Pare com isso! — gritei para o motorista, terminando de abrir o portão.

Por fim aquele sem noção parou, passando a mover seu carro chique para dentro da oficina. Esperei o carro estar todo dentro do galpão, então voltei a fechar o portão.

Me voltei para o carro, perdendo o ar por alguns segundos. Era uma motorista, uma garota alta, devia ter uns vinte e poucos anos, que usava um justo vestido bege, com pedraria brilhante no centro... Ah, era um vestido brilhoso e justo, não sei dar mais informações que isso, eu não entendia nada de moda.

Ela tinha longos cabelos castanhos, em uma cor de chocolate, mas com algumas mechas mais claras, eles eram ondulados e estavam soltos, caindo por cima de seus ombros. A garota usava algumas joias, assim como saltos tão altos que pareciam agulhas.

Mas, bom, acho que o mais importante era o fato do olhar dela estar amedrontado. Olhei para seu carro, as portas de um dos lados estavam amassadas, seria algo chatinho de resolver, mas eu daria conta sozinho.

— Moço, moço, moço! — a garota guinchou, correndo em seus saltos até mim, agarrando meus braços com força, fazendo com que eu sentisse suas unhas compridas pressionando minha pele. — Você precisa me ajudar, eu preciso do meu carro normal de novo, por favor, me ajude.

— Eu vou...

— Ganhei ele hoje de manhã do meu pai — ela continuou a falar, seus olhos claros focados em mim, brilhando em desespero. — E papai falou que se eu deixasse esse carro com um arranhão que fosse ele nunca mais me daria nada, isso não pode acontecer, certo?

— Certo!

Oh, sem dúvidas eu estava diante uma garota da classe alta, que conseguia tudo diretamente das mãos de seu papai.

— Nossa, moço, obrigada! — agradeceu, ainda agarrada aos meus braços, o cheiro dela era muito bom. — Você foi a primeira oficina com placa de aberta que vi, eu pensei que teria de voltar para casa e esperar até amanhã para conseguir consertar meu carro. Mas, claro, isso não daria certo, afinal meu pai veria os amassados e arrancaria minha cabeça antes disso, ou pior, arrancaria meu cartão de crédito. Isso seria terrível, não? Já pensou... — Meu Deus, ela não calava a boca?

— Moça, você está falando muito e muito rápido — fui obrigado a dizer, afinal precisava de uma pausa do falatório dela.

A garota de classe alta suspirou, soltando meus braços.

— Sinto muito — pediu. — Eu não costumo falar tanto desse jeito, quem faz isso é minha irmã mais nova, Alice. Aquela ali fala muito, sabe? Quando ela... — Ela parou para respirar. — Esquece, apenas conserte meu carro — implorou.

— Farei isso — afirmei.

— Qual seu nome?

— Emmett McCarty — respondi, apertando sua mão que ela estendeu para mim.

— O meu é Rosalie Swan — disse sorrindo, mesmo que seu olhar ainda continuasse apavorado.

— Tudo bem, Rosalie. — Soltei sua mão. — Agora é melhor eu começar a trabalhar no seu carro, certo?

— Certo, certo, claro — ela concordou rapidamente. — Você se importa se eu pedir algo para comer? Não comi nada na festa que estava, agora estou faminta.

— Não, por mim tudo bem.

— Quanto tempo acha que o serviço vai demorar? — perguntou, seguindo até seu carro e tirando seu celular lá de dentro.

— Algumas horas, você vai sair daqui bem tarde — respondi. — Se quiser ir para casa e buscar o carro amanhã...

— Não, de jeito nenhum! — negou.

— Eu prometo que o carro vai ficar bem aqui, não é o bairro mais seguro, mas...

— Ah, não é com isso que estou preocupada — ela me interrompeu. — Eu só não posso mesmo voltar para casa com esse carro amassado, mas se voltasse sem ele seria ainda pior. Meu pai está na minha cola, eu já dei perda total em quatro carros, não posso perder um quinto.

Arregalei os olhos ao ouvir aquela informação, talvez aquela garota não devesse estar por ai dirigindo.

— Quando tirou sua habilitação?

— Dois anos atrás — contou.

Puta merda, ela perdeu quatro carros em dois anos? Porra!

— Por algum motivo eles me negaram uma por anos. — Deu de ombros, mas notei que estava sendo sarcástica, então nós dois rimos. — Eu sei, sou terrível. O perfeito estereotipo da mulher que não sabe dirigir, consegui isso batendo em uma árvore. — Apontou para os amassados. — E acredite, a árvore estava bem longe. — Rolou os olhos.

— Acontece, agora é melhor eu começar mesmo a cuidar disso, antes do seu pai descobrir que você está colocando mais um carro em perigo.

— Vai querer comer comigo? Vou pedir sushi!

— Ah não...

— Vamos, Emmett — insistiu. — É um pequeno agradecimento por você estar cuidando do meu carro.

— Você vai pagar o conserto, né?

Ela gargalhou, a risada dela provocou um arrepio bom em meu corpo.

— Claro que irei pagar, Emmett. Só espero que papai não preste atenção na fatura do meu cartão — sussurrou o final.

Devia ser tão fácil viver em um mundo onde suas contas eram pagas por seus pais, eu tinha dezessete anos quando comecei a trabalhar oficialmente na oficina e passei a ajudar nas despesas de casa. Com dezenove já morava sozinho, logo me sustentava só, aos vinte e cinco eu já não tinha ideia do que era pedir um dólar para meu pai.

— Então, sushi? — perguntou mais uma vez.

— É. — Acenei positivamente com a cabeça. — Tudo bem.

Ela abriu um sorriso bonito para mim, depois se afastou do carro com os olhos fixos em seu celular. Eu me concentrei nos preparativos iniciais para o conserto do carro, não podia ficar enrolando muito, assim como não podia fazer um trabalho ruim, pois sabia que Rosalie queria o carro novinho em folha.

— Oi, Bella! — Rosalie falou ao celular, olhei para ela, vendo-a andar distraidamente pela oficina, enrolando uma mecha de cabelo em seu dedo. — Eu estava — respondeu. — Mas, o Franz apareceu e eu cai fora — disse, meu olhar recaiu sobre sua bunda, bem redondinha e que se encaixava perfeitamente no vestido.

Limpei a garganta, tentando parar de pensar na bunda da garota. Voltei meu olhar para as ferramentas, precisava trabalhar.

— Eu sei, Franz é um idiota, eu queria nunca ter tido nenhuma relação com ele.

Franz era um ex dela? Quem diabos se chamava daquele jeito?

— Onde eu estou? Você não vai acreditar, eu amassei o carro ao sair da festa. — Rosalie choramingou. — Pois é, sou uma barbeira de marca maior. Estou em uma oficina cuidando disso, o papai não pode nem sonhar que eu deixei isso acontecer logo no meu primeiro dia de carro novo, ele vai surtar e dar um sermão de uma hora.

Rosalie riu de algo que a tal Bella falou.

— Ah sim, eu fico muito assustada quando o bigode dele começa a se mexer durante os sermões, é apavorante. — Rosalie riu mais, o que me fez sorrir, a risada dela era mesmo uma coisa que mexia comigo. Olhei novamente para a garota, sendo atraído daquela vez por seus peitos, que ficavam em evidência graças ao decote do vestido. — Não esquenta — ela falou. — Eu posso ficar só aqui, não precisa vir ou arrastar o pobre Edward, vocês precisam relaxar para o grande dia amanhã.

Rosalie olhou para mim, acenando com sua mão livre. Eu corei — sim, eu corei! — ao ser pego a olhando, xinguei baixinho, voltando ao trabalho, quanto antes deixasse aquele carro bom mais rápido a garota da classe alta estaria fora.

— Não, eu não poderia ir para a oficina que sempre vamos, o Jason contaria tudo para o papai, é um fofoqueiro. Estou na Oficina McCarty, um simpático mecânico chamado Emmett está me atendendo. — Ouvi os saltos de Rosalie, ela parecia estar se afastando. — Ele é um gatinho — ela falou baixo, mas ainda fui capaz de ouvir, minha mãe dizia que eu tinha um ouvido muito bom. — Tem cabelos loiros, é bronzeado, bem musculoso, olhos azuis, mas o melhor é que tem uma covinha no lado esquerdo do rosto. Isso é fofo demais, irmã.

Ela me achava um gatinho? Bom, ela com certeza também era uma gata. Eu conseguia pensar em nós dois... Não, eu não devia ficar pensando essas coisas de clientes, especialmente uma que parecia ter saído de um episódio de Gossip Girl.

— Então, como está indo? — Eu me assustei com a aproximação de Rosalie, estive focado demais em meus pensamentos que nem prestei atenção nela se aproximando.

— Tudo bem — murmurei, mantendo os olhos longe dela, não queria ceder ao desejo que o corpo da garota estava causando em mim. Eu certamente não precisava ter meu trabalho atrapalhado por ficar duro no meio do processo, seria vergonhoso, além de muito errado.

— Você trabalha aqui muito tempo?

— É, tem um bom tempo — respondi. — Estou com vinte e cinco agora, trabalho aqui desde os meus dezessete.

— Legal — Rosalie falou, eu podia ver suas pernas torneadas, o que eu não daria para percorrer minhas mãos por aquelas pernas?

Limpei a garganta, assim como passei a mão por minha testa afastando o suor concentrado ali.

— Você trabalha? — perguntei, enquanto continuava o processo de tirar a porta do seu carro, para poder a desamassar melhor.

— Ah, mais ou menos — Rosalie falou. — Eu faço alguns trabalhos...

— De modelo? — sugeri, ela bufou.

— Você deduziu que sou modelo só por eu ser rica e bonita?

Ergui meu olhar para a garota, vendo-a claramente irritada, estava até com os braços cruzados na frente do corpo, assim como um bico se formou em seus lábios. Aquela pose irritada só me deixou com mais tesão, suprimi um gemido diante daquilo.

— Não, eu, quero dizer, me desculpe — me enrolei todo, ela revirou seus olhos.

— Eu até fiz alguns trabalhos de modelo — contou. — Mas, sou formada em relações internacionais se quer saber, atualmente não trabalho na área, pois acabei de voltar de uma viagem de um ano da Europa.

Europa? Claro!

— Onde eu estava trabalhando como voluntária, atuando diretamente com refugiados — completou, me pegando totalmente de surpresa. — Antes disso eu estava na Ásia ensinando inglês a crianças, anterior a isso eu estava no Haiti ajudando idosos. Então, eu posso parecer uma modelinho, mas gosto mesmo de trabalhar com pessoas que precisam da minha ajuda. Infelizmente isso não me dá grana, por isso preciso depender do meu pai para tudo.

Ela desviou o olhar para baixo, bufando.

— É vergonhoso, eu sei.

— Não, não — neguei, depois de ouvir sua história não podia chamar aquilo de vergonhoso, de jeito nenhum. — Isso é admirável — falei, ficando de pé. — Parabéns por isso.

— Não, não me dê parabéns — ela pediu. — Eu não faço trabalhos voluntários para ser parabenizada, sim porque quero ajudar.

— Ainda assim, eu acredito que mereça parabéns — insisti. — Eu mesmo nunca fiz trabalho voluntário algum.

Rosalie deu um sorriso pequeno.

— Minha mãe e eu estamos planejando uma ONG para ajudar crianças com câncer — contou. — Quem sabe você não... — Rosalie se interrompeu quando seu celular tocou. — Desculpe, preciso atender, é minha irmã caçula. — Ela se afastou um pouco, atendendo a ligação. — Oi, Alice!

Tentei voltar ao trabalho, mas estava disperso demais pensando em Rosalie. Bom, em tudo sobre ela. A garota de classe alta que não era uma simples modelinho, mas que ajudava quem precisava, como era gostosa para caralho.

— Você o que? — ela gritou, me assustando e fazendo com que eu deixasse a ferramenta em minha mão cair no chão. — Você enlouqueceu, Alice? — continuou gritando. — Tem só dezoito anos e foi engravidar? O papai vai matar você e Jasper, pode ficar certa disso. — Rosalie ficou em silêncio por um tempo, até que suspirou e voltou a falar. — Tudo bem, claro que vou te apoiar em tudo. — Ela suspirou novamente. — Não, sai da festa mais cedo quando Franz apareceu, mas acabei acertando meu carro em uma árvore, agora estou em uma oficina resolvendo isso antes do papai descobrir.

Alguém buzinou diante a oficina, deveria ser o entregador da comida que Rosalie pediu.

— Falo com você depois, Alice. Se cuida, tchau! — Desligou. — Você pode abrir o portão para eu pegar nossa comida?

Concordei com um aceno de cabeça, Rosalie pegou seu cartão de dentro do carro e seguimos até o portão, o abri e deixei ela pegar tudo e pagar o entregador, depois estávamos de volta ao interior da oficina.

— Onde podemos comer? — ela me perguntou empolgada.

— Lá no escritório, mas eu tenho que consertar seu carro...

— Odeio comer sozinha, Emmett, por favor, me faça companhia — pediu, piscando seus olhos claros para mim.

Como resistir? Eu estava deslumbrado com aquela garota. Meu pau também, estava sendo bem difícil o manter quieto no lugar.

A conduzi até o escritório do meu pai, não era nada demais, só uma salinha com arquivo, mesa, cadeira, computador, uma televisão e um sofá. Rosalie se estabeleceu no sofá, eu a imitei.

— Olha só, você é um garoto de desenho animado — ela disse provocante, olhando para Toy Story 3 pausado na tela.

Eu corei, mais uma vez, peguei o controle e desliguei a TV. Rosalie riu, começando a distribuir as comidas, era muita comida, ela tinha exagerado, provavelmente comeria duas peças de sushi e estaria cheia.

— Então, sempre quis ser um mecânico? — me perguntou.

— É, eu acho que sim, cresci vendo meu pai e avô trabalhando em carros — contei, enquanto começávamos a comer. — Vir até aqui era o paraíso para mim, os dois me ensinaram tudo que sei.

— Legal — ela disse, comendo com muita vontade, talvez ela também não fosse o tipo de menina que comesse como um passarinho. É, eu tinha de parar de julgar as pessoas pela aparência.

— Qual sua idade?

— Vinte e cinco como você — respondeu, tomando um gole de sua Coca-Cola.

— Ei, você disse que passou o último ano na Europa e que tirou sua habilitação há dois anos, isso quer dizer que...

— Sim, eu dei perda total em quatro carros em um período de um ano — ela completou minha fala, fazendo com que eu risse, ela riu também. — Naquele ano eu estava por aqui em Jacksonville, trabalhando como modelo. O primeiro carro eu deixei cair na piscina de casa. — Arregalei os olhos, como aquilo era possível? — O segundo eu posso ter quebrado quando acertei o carro de um antigo namorado que me traiu. — Tenso. — O terceiro eu me distrai ouvindo Britney Spears e causei um tumulto em um estacionamento. Bom, o quarto eu quebrei quando desviei de um cachorrinho na rua. — Suspirou. — Felizmente o cachorrinho está bem, ele mora com minha irmã Bella.

— Duas irmãs? Como é isso? Deve ser uma loucura — falei, ela continuava comendo com muita vontade, até eu não conseguia comer tanto e eu era um cara grande.

— Não sei como estamos todas vivas — Rosalie confessou. — Nós sempre estamos nos ameaçando de morte, sabe? — Riu. — Você tem irmãos?

— Não, filho único.

— Sortudo. — Ela riu um pouco mais. — Mentira, eu amo minhas irmãs, mesmo que elas me enlouqueçam frequentemente. Por exemplo, agora as duas estão envolvidas em enrascadas e amanhã teremos um jantar de família em casa onde elas irão anunciar suas novidades.

— E eu poderia saber quais são as novidades das garotas Swan? — perguntei divertido, Rosalie concordou com um aceno de cabeça. — Bella, ou Isabella, é a irmã do meio, tem vinte e três — começou a contar. — Ela está estudando para ser uma médica, mas a grande novidade é que está namorando Edward Cullen, um advogado de vinte e nove anos. E nosso pai é advogado, Charlie Swan, ele não perdia um caso pelos últimos quinze anos, até que perdeu um para Edward.

— Imagino que ele não goste do tal Edward.

— Detesta, por isso Bella ainda não contou para meus pais sobre o namoro deles dois. Mamãe não vai encher a paciência dela com isso, mas contaria para o papai em dois tempos. Enfim, ela marcou um jantar lá em casa amanhã para finalmente anunciar o namoro. Agora, minha irmã caçula, Alice, está se aproveitando da ocasião para contar que está grávida. Ela é só uma menina recém formada no ensino médio, papai vai ficar maluco.

— Eu ficaria.

— Pois é, será um jantar animado lá em casa amanhã. — Rosalie riu de novo. — Pelo menos não serei eu a que levarei uma bronca de Charlie Swan.

— É, melhor eu voltar a consertar seu carro agora.

Rosalie negou.

— Ainda não acabamos de comer, relaxa — exigiu.

— Ok, então me fala mais sobre sua ONG.

— Ah, é um projeto ainda em fase embrionária, mas sugeri que minha mãe me ajudasse e ela topou. Ela é advogada como meu pai, foi quem me inseriu no mundo de voluntariado, na verdade eles se conheceram em um trabalho voluntário desses muitos anos atrás — contou, suspirando alto. — Enfim, ainda estamos planejando tudo, mas queremos trabalhar com crianças que tem câncer daqui de Jacksonville. Quem sabe no futuro não expandimos a ONG para outros lugares da Flórida, quem sabe dos Estados Unidos.

— Eu gostaria de fazer doações.

Rosalie sorriu para mim, de forma doce.

— Isso seria muito gentil da sua parte, Emm. Posso te chamar assim, certo?

— Claro, pode sim. — Comi mais um pouco. — Posso te chamar de Rose?

— Eu amo que me chamem de Rose — contou, bebendo mais da sua Coca-Cola.

— Você tem um namorado? — me vi perguntando, antes que conseguisse conter as palavras. Rosalie corou, ela ficou muito linda toda corada daquele jeito, eu senti uma vontade absurda de me inclinar na direção dela e beijar suas bochechas, então seus lábios rosados.

Porra, eu queria beijar todo o corpo dela!

Não conseguia me lembrar da última vez que desejei tanto uma mulher como estava desejando a garota sentada ao meu lado, provavelmente nunca tinha desejado tanto alguém daquela forma. O que era uma loucura, eu não sabia lidar com isso.

— Não — Rose respondeu, olhando para mim com seus olhos claros brilhando. — Nenhum namorado em meu caminho, meu último namoro foi o cara que quebrei o carro. E você, Emm? Alguma namorada?

— Não, nenhuma — neguei rapidamente.

— Mas, você provavelmente tem várias conquistas.

Resmunguei algo, desviando o olhar para a embalagem de comida em minhas mãos.

— Não precisa agir como isso fosse errado, eu posso entender que as mulheres devem fazer fila para ficar com você, Emm. — Voltei a olhar para Rosalie, que parecia ainda mais vermelha. — Quero dizer, você é tão alto, tão forte, tem olhos lindos e... Merda, que maldita covinha é essa?

Involuntariamente sorri para ela, deixando a covinha a mostra novamente.

— Genética? — brinquei, notando Rose deslizando um pouco no sofá para mais perto de mim. — Hum, é melhor eu ir trabalhar agora — anunciei, me colocando de pé, ela não pareceu contente com isso.

Só que, eu não podia fazer isso, foder com uma cliente. Não, não era nada ético, não era assim que eu agia. Todas as garotas com quem saia conhecia em bares, ou por amigos, não dava em cima das clientes, era o mais profissional possível.

— Obrigado pelo sushi — agradeci a Rose, colocando minha embalagem sobre a mesa do escritório, ela não parecia nada contente comigo caindo fora. — Vou voltar para o seu carro agora.

Ela não disse nada, estava com uma cara de poucos amigos. Sai rapidamente do escritório, eu estava me focando ao máximo no trabalho, porém minha mente estava toda sobre Rosalie, em como ela se aproximou de mim e pareceu furiosa quando a deixei.

— Merda! — xinguei, largando uma ferramenta no chão.

Estava seguindo até o escritório, para dizer a Rosalie que eu não podia me envolver com clientes. No entanto, eu a vi saindo do escritório, pisando firme em seus saltos, com um olhar focado em mim.

— Não sou o tipo de garota que dorme com qualquer um! — ela proclamou quando parou diante de mim. — Até porque eu tenho medo de me machucar, mas olha, você é muito gostoso e eu não transo há séculos, isso poderia ter funcionado muito bem para nós dois, Emmett. Então, por que você não quer transar comigo? Eu sou feia para você? Sou burra...

Eu a calei, com um beijo. Rosalie gemeu em meus lábios no momento que a agarrei, apertando meus braços com força mais uma vez aquela noite, mas eu queria mesmo que ela usasse aquelas unhas em mim.

O beijo foi intenso, ela agarrada a mim, eu a mantendo firme junto do meu corpo. Nossas bocas devorando uma a outra, meu pau ficando duro com apenas um beijo, os movimentos que senti dela remexendo suas pernas como se quisesse conter sua própria excitação.

Foi triste quando o beijo parou, mas precisávamos de uma pausa. Além do mais, eu ainda tinha de esclarecer algumas coisas a ela.

— Não faço sexo com clientes — falei, Rose abriu seus olhos claros para mim.

— Tudo bem, eu não faço sexo com mecânicos — ela disse, me lançando um sorriso travesso. — Mas, nós podemos abrir uma exceção, por uma noite.

— Nós devemos abrir uma exceção — a corrigi, mas resmunguei ao lembrar de algo. — Não tenho uma camisinha aqui, Rose.

Ela sorriu ainda mais.

— Eu tenho no meu carro — ela falou, me soltando e começando a andar em direção a BMW, mas se interrompeu e se voltou para mim. — Você já transou em uma BMW, Emmett?

— Nunca.

— Nem eu, que tal ter essa primeira vez comigo? — Entrelaçou sua mão a minha.

Meu Deus, aquela era a melhor noite da minha vida!

***

Nós transamos uma vez na BMW, não deu muito certo pelo fato de ser um carro apertado, de eu ser um cara grande e Rosalie uma mulher alta, ainda assim foi bom para caralho. O melhor sexo da minha vida, de longe.

Após o sexo no carro nós fomos para o escritório, transamos contra a parede, transamos em cima da mesa, transamos no sofá. Era onde estávamos, suados, exaustos, enroscados um no outro, Rose passando a mão por meu peito, enquanto eu passava a minha por sua perna que me rodeava.

— Quem é Franz? — perguntei a ela, depois de um tempo de silêncio.

— Franz?

— É, você mencionou ele nas ligações com suas irmãs, é o ex que você quebrou o carro?

Rosalie riu em cima de mim.

— Não, Franz é um estilista, ele quer me convocar para desfilar para ele novamente, mas não quero mais trabalhar como modelo para ele, o cara é idiota e usa pele animal em suas roupas.

— Ah sim.

— Já está com ciúmes, Emmett McCarty? — provocou.

— O quê? Não, claro que não — neguei rapidamente. Como eu poderia estar com ciúmes, seria só uma noite, não? Só uma noite... Isso não parecia muito legal, não depois de tudo que fizemos, eu queria mais.

Rosalie apenas riu mais.

— Tenho de ir cuidar do seu carro agora, Rosalie — lembrei. — Antes do meu pai e os outros funcionários chegarem.

— Certo. — Ela assentiu, saindo de cima de mim, se vestindo com sua calcinha e minha camiseta. — Posso dormir um pouco? Você me cansou!

— Durma o quanto precisar. — Beijei seus lábios, depois sua bochecha, depois seu queixo.

— Para, vai consertar o carro agora — ela falou em um tom divertido, me afastando.

— Já vou. — A beijei novamente.

— Emm — Rose gemeu quando beijei seu pescoço, ri contra sua pele. — Cai fora agora, ou eu juro que vamos recomeçar o sexo e seu pai chegará aqui e verá você me comendo.

— Ei, não precisa ser tão direta — reclamei, deixando o sofá. — Dorme. — Afaguei seu rosto, que estava com uma expressão preguiçosa, mas ela sorria docemente. — Te acordo quando o carro estiver pronto.

Deixei Rose no escritório, voltando para o galpão para cuidar do seu carro. Eu devia estar exausto também, mas não conseguia parar de cantarolar uma canção velha e de sorrir, com certeza aquela foi a melhor noite da minha existência.

***

Acordei Rosalie por volta das sete da manhã, quando finalmente conclui o trabalho do seu carro. Ele estava novamente perfeito, Charlie Swan nunca poderia dizer que a filha tinha o amassado.

Deixei com que ela fosse ter um momento no banheiro para trocar de roupas, o que me fez pensar que o cheiro dela estaria impregnado na minha camiseta. Por tabela aquilo me fez pensar que talvez eu nunca mais fosse ver Rosalie e eu não queria aquilo, queria a ver mais. Porém, ela era a garota da classe alta e eu um simples mecânico, como isso poderia funcionar?

— Impressionantemente essa foi a minha melhor noite de sono — Rose falou ao sair do banheiro, toda sorridente. — Sinto muito por você não ter dormir nada, Emm.

— Eu quero te ver de novo — falei, ela arregalou os olhos, mas logo estava animada novamente.

— Eu também quero te ver de novo, Emmett!

— Tem certeza? Sou só um mecânico, não faço parte da classe alta como você. — Rosalie revirou os olhos, parecendo raivosa.

— Você acha que eu me importo com isso, Emmett? Não seja idiota, eu não ligo se você é um mecânico, um médico, um servente, um astronauta, um bombeiro... — Ela parou, se remexendo. — Um bombeiro seria quente. — Limpou a garganta, me fazendo rir.

— Eu me vesti de bombeiro no último Halloween — confessei. — Ainda tenho a fantasia.

Rosalie suspirou, se aproximando mais de mim.

— Você poderia vestir ela para mim hoje à noite?

— Hoje você tem o jantar com a sua família.

Ela fez uma careta.

— Depois disso, eu posso ter seu endereço e te encontro lá... Ou melhor, você pode ir ao jantar comigo!

— O quê? Mas...

— Sem pressão. — Ergueu as mãos para cima. — Te apresentaria como um amigo.

— Sua família cairia nessa?

— Não, mas com Bella namorando o cara que nosso pai odeia e com Alice grávida eles não irão se preocupar comigo — disse empolgada.

— Vamos fazer assim, eu topo ir ao jantar com você, mas só se prometer fazer algo em troca.

— Anal? Na hora, sou louca para fazer.

— Deus, Rosalie, não era isso! — exclamei alto. — Mas, nós podemos discutir isso depois — acrescentei, ela riu maldosamente. — Eu ia dizer que você me deixaria te dar umas aulas de direção, você claramente é um perigo ao volante e não quero que se machuque.

— Ah, você é tão fofo, homem! — Rosalie pulou em meus braços, me dando um longo beijo. — Pode deixar, eu aceito suas aulas de direção e com certeza faremos anal.

Puta que pariu, eu estava apaixonado!

— Eu estou apaixonado por você, Rose.

Ela riu.

— Eu estou apaixonada por você desde o momento que me chupou na BMW.

Ah, éramos um belo par pervertido!

***

Rose e eu acabamos transando mais uma vez naquela manhã, tivemos de ser rápidos, pois logo os funcionários chegariam. Quando acabamos nos despedimos com beijos, ela me forçou a aceitar o pagamento pelo trabalho no carro e a deixei ir, vendo como ela precisava mesmo de aulas de condução.

Nós também tínhamos trocado números, então passamos o resto do dia conversando por mensagens, nos conhecendo mais e acertando tudo para o jantar daquela noite. Na hora marcada ela apareceu no meu apartamento, de táxi — estava com medo de bater o carro de novo —, não resistimos e acabamos transando umas duas vezes antes de sairmos.

O caminho inteiro até sua casa, onde ela ainda morava com seus pais, foi feito comigo suando feito um maratonista. Em menos de vinte e quatro horas minha vida tinha virado de ponta a cabeça, eu estava apaixonado por uma garota da classe alta, indo conhecer toda sua família.

— Rose, finalmente! — Uma mulher alta, de cabelos castanhos e olhos claros como os de Rosalie exclamou quando nós entramos na sala da luxuosa mansão dos Swan. — Você deve ser o Emmett — a mulher disse para mim, sorrindo calorosamente.

— Si-Sim — gaguejei.

— Rosalie me disse que você era bonito e eu acho que ela não falou o suficiente — a mulher piscou para mim, Rosalie e ela riram alto da minha cara constrangida. — Sou Renée Swan, querido — falou, estendendo uma mão para mim, que prontamente apertei.

— Emmett McCarty, senhora.

— Me chame apenas de Renée — ela pediu, olhando sorrateiramente para Rose. — Minha filha não me disse como vocês se conheceram, apenas que aconteceu ontem, você irá me contar?

— Não! — Rose exclamou, eu sabia que ela estava escondendo não por vergonha de eu ser um mecânico, mas por ela não poder contar que me conheceu por precisar dos meus trabalhos. Teríamos de manter aquilo oculto por um tempo, até ela conseguir dizer a verdade ao pai.

Naquele instante Charlie Swan apareceu na sala. Era um homem de estatura média, usava roupas de quem frequentava clubes de golfe, seus cabelos eram negros, seus olhos castanhos e ostentava um bigode digno dos anos 70.

— Você deve ser Emmett McCarty, o misterioso cara de Rosalie — Charlie falou, caminhando até mim e apertando minha mão, seu olhar me amedrontou um pouco. — Como se convenceram?

— Eles não vão contar — a resposta veio de Renée, que saiu da sala chamando por Alice e Jasper.

— Por que não? — Charlie questionou.

— Não é um jantar sobre mim, papai — Rose falou para Charlie. — É sobre Bella apresentando o novo namorado dela.

— Claro, outro mistério — Charlie reclamou.

— Olá! — uma garota mais nova, baixinha, de cabelos negros como os de Charlie e olhos claros como os de Renée apareceu na sala. Junto dela estava um garoto que parecia ter a idade dela, loiro, cabelos cacheados e olhos castanhos.

— Emmett, essa é minha irmã Alice e o namorado dela, o Jasper. — Rose nos apresentou.

— Prontinho, agora falta Bella chegar com o namorado dela — Renée disse eufórica. — Todas minhas meninas estão namorando.

Rosalie abriu a boca para negar, mas apenas uni minha mão a dela e sorri para a garota. Eu podia estar sendo mesmo muito apressado, mas queria ela como minha namorada.

— Oi, família! — Outra garota apareceu entrando na sala, ela tinha cabelos e olhos castanhos, parecia muito nervosa.

— Oi, Bella! — Renée exclamou. — Cadê seu namorado?

— Estacionando o carro — Bella murmurou. — Você deve ser o Emmett. — Acenou para mim.

— Oi. — Acenei de volta.

Ouvimos passos, então todos olharam para trás de Bella. Um cara alto, de cabelos ruivos e o que pareciam olhos verdes surgiu atrás dela, como Bella parecia muito nervoso.

— O que você está fazendo aqui? — Charlie gritou.

— Papai, o Edward é o meu namorado — Bella contou, segurando na mão dele.

— Você enlouqueceu? — Charlie continuou a gritar, seu bigode se mexia tanto que parecia ter vida própria. — Como pode namorar esse cara que me derrotou nos tribunais?

— Isso é entre vocês dois — Bella falou.

— Senhor Swan… — Edward tentou se manifestar, mas não conseguiu, sendo interrompido por Charlie.

— Estou muito decepcionado com você, Bella.

Ela revirou os olhos.

— Alice está grávida! — Bella acusou a caçula.

— O quê? — Charlie e Renée gritaram juntos, se voltando para a garota que tinha sido pega de surpresa.

— Bella! — Alice gritou com ela.

— O quê? Eu tinha de me safar — Bella se defendeu.

— Grávida? — Charlie berrou. — Você perdeu o juízo, Alice? — Olhou novamente para Bella. — Vocês duas perderam, não? Estou decepcionado com ambas.

— Rosalie bateu o carro ontem — foi a vez de Alice acusar, Charlie olhou para mim e Rosalie, que ficou pálida.

— Rosalie!

— Opa, sinto muito. — Lançou um sorriso ansioso para o pai. — Mas, olha só, o Emmett é mecânico e agora que nós dois estamos juntos eu vou ter sempre alguém para cuidar dos meus carros.

Aquilo só fez Charlie gritar mais, pra falar a verdade todo mundo gritou um pouco. Durou uma longa hora até os animos se acalmarem — Charlie por fim aceitou a gravidez da filha e o namorado da outra, assim como parou de brigar com Rose pelo carro —, as pessoas da classe alta sabiam como discutir.

Entretanto, eles também sabiam oferecer um bom jantar, quando tudo se acalmou nós todos sentamos juntos como se não tivéssemos debatido uns com os outros pouco tempo antes. Até o fim daquela noite Rosalie perdeu sua BMW, foi pedida em namoro, se tornou a madrinha de casamento de Bella, a madrinha do bebê de Alice e convenceu Charlie a investir na ONG dela.

Um ano depois eu estava subindo ao altar com a minha garota da classe alta, que nunca mais bateu um carro. Bom, não um, ela ainda bateu mais três até se tornar uma boa motorista.


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Notas finais do capítulo

Beijos!

Lola Royal.

23.07.18



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