The Baby Sitter escrita por Mrs Ridgeway


Capítulo 37
36. Observar




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— Olá, srta. Weasley. 

Minerva McGonagall estava sentada a sua mesa, como de habitual. O que não era comum para Rose, no entanto, era vê-la de cabelos parcialmente soltos e ainda em suas vestes de dormir.

— Obrigada por responder ao meu chamado assim tão cedo. É que eu não desejava atrapalhar as suas aulas. – disse a diretora. Ela apontou para frente. – Sente-se, por favor.

Rose obedeceu a mulher.

— Creio que a senhorita já saiba o motivo da minha chamada.

— Na verdade não, diretora. – Rose a interrompeu. A interrogação presente na testa da menina fez Minerva empertigar-se na poltrona. 

— Hum… – ela murmurou.

Para ser sincera, Rose desconfiava sobre qual era o assunto que a levara até ali. Contudo, pela primeira vez na vida, a ruiva torcia para que estivesse errada.

— Bom, isso torna as coisas diferentes do que eu imaginei. – continuou a diretora após um tempo.

Rose continuava a encarando.

— Srta. Weasley, eu a chamei aqui para informá-la que você está livre do compromisso de resguardar o sr. Malfoy.

WTF?! 

Rose estava em negação. A ruiva achou que não havia escutado bem.

— Perdão… mas, como? 

— Eu me faço a mesma pergunta. – comentou McGonagall. – Até porque esse foi um pedido explícito que me foi feito pelo próprio sr. Malfoy ontem a noite. – e completou. – Quase madrugada, na verdade.

— Ele… ele fez mesmo isso? – o susto da garota, devagar, foi transformando-se em tristeza pouco a pouco.

Rose e Scorpius não se falavam há semanas. Desde o ocorrido na Torre de Astronomia os dois se viram brevemente, a maioria desses momentos durante as aulas. A garota imaginava que o loiro deveria sentir raiva de tudo o que acontecera, mas, também não esperava que Malfoy estivesse disposto a prejudicá-la dessa forma outra vez.

Pelo menos não diretamente, lamentou.

McGonagall prosseguiu:

— Não só fez, como... se é que eu posso me fazer clara… – a mulher fez uma careta indecifrável. – Ele me avisou, assim por dizer, que caso eu não aceitasse o pedido, ele levaria a história até o Profeta Diário, se necessário.

Scorpius só poderia ter enlouquecido, pensou a Rose. Ameaçar a diretora de Hogwarts estava longe de ser uma atitude digna de alguém sob condições mentais estáveis.

— Ele te ameaçou?!? – a garota estava incrédula.

— Foi o que me pareceu.

— E a senhora vai acatar o pedido dele?

— Sim. – concordou Minerva. – Mas não por esse motivo.

A diretora apoiou os cotovelos finos em cima da mesa.

— O sr. Malfoy me apresentou um relatório extenso sobre os desmaios. 

E explicou:

“As anotações derivam principalmente das três últimas semanas. Eu pude observar que houve um decréscimo considerável na frequência dos episódios de desmaio. Nos últimos dias, inclusive, não ocorreu nenhum. Enviei uma mensagem aos professores Longbottom e Heddle, e ambos puderam, gentilmente apesar do horário, me confirmar a veracidade dos dados.”

Uma rima de papel apareceu ao lado de McGonagall sem que ela movesse um músculo sequer. 

— Gostaria de vê-los? – sugeriu a mulher.

Rose estendeu o braço na direção do pergaminho, mas, logo em seguida, o recolheu como se tivesse levado um choque. Ela deu batidinhas com o indicador no apoio da cadeira.

— Não. – respondeu. – Não gostaria. – ela desviou o olhar para a janela lateral.

Minerva percebeu que a menina estava respondendo mais a si mesma do que para outra pessoa.

— Imagino que agora eu tenha detenções a cumprir até o final do ano, não? – indagou a ruiva.

— A srtª imagina? – rebateu a diretora.

 – Bom, agora que o Scor… Malfoy veio até aqui com tanta urgência para fazer queixas. Creio que ele não tenha falado muito bem de mim neste relatório.

McGonagall sorriu genuinamente.

— Rose, o Scorpius somente falou bem de você nesse relatório.

Ok, surpresa número dois. 

— Não houve uma linha sequer desse pergaminho que você não fosse citada positivamente. – continuou a mulher. – Inclusive é creditado a você o principal motivo da melhora do Malfoy. Por ele mesmo.

A diretora recostou-se na sua poltrona outra vez. – Não haverá castigo algum. 

Rose sentiu que se continuasse ali sentada, a sua respiração iria minar de vez. Ela precisava sair daquela sala o mais breve possível. Para sorte da ruiva, esse momento havia chegado.

— Creio que já esteja próximo ao horário do café-da-manhã. Você pode ir. – disse McGonagall.

— Obrigada, professora. 

Rose levantou-se. Estava prestes a atravessar por completo em a saída quando a diretora a chamou mais uma vez:

— Srtª Weasley?

A ruiva olhou por cima dos ombros.

— Sim?

— Tem certeza que não gostaria de levá-lo com você?

Rose encarou o relatório por alguns segundos antes de responder.

— Absoluta.

Então deu mais alguns passos e logo bateu a porta atrás de si.


 


 

Albus agitava a perna incontrolavelmente dentro da calça do uniforme.

— Al? – Violet o chamou com delicadeza.

O moreno permaneceu absorto nos seus pensamentos. Esteve assim ao longo das últimas semanas. A mente do adolescente fervilhava, a mil por hora, imersa em assuntos demais para a sensatez de menos que aquela idade poderia lhe proporcionar.

— Al…? – ela o chamou outra vez.

Nada.

— Albus?

— Mas que inferno sangrento, Potter! – bradou Anthony impacientemente. – Dá para deixar essa perna quieta?

Albus despertou do seu transe. 

— Perdão, eu estava distraído. – desculpou-se.

O garoto recolheu a perna para a sua frente.

— Você estava em outro mundo, na verdade. – disse Violet. – A aula já acabou.

— Nada do Scorpius?

A  lufana negou com a cabeça. Ela esvaziou o caldeirão com um aceno de varinha, enquanto os meninos jogavam os últimos itens da bancada dentro da mochila.

— Ele tem faltado muitas aulas. – comentou Zabini quando todos se levantaram.

Os três tomaram o caminho rumo ao centro das masmorras. A luz das velas bruxuleava no ambiente úmido.

— A McGonagall não vai gostar nada disso.

— O Scorpius foi à sala da diretora ontem a noite. – Al respondeu. – Ele a entregou um relatório sobre a frequência dos desmaios.

— Ei, como você sabe disso e eu não? – Zabini franziu a testa. 

Violet soltou uma risadinha.

— Você está com ciúmes, Tony? 

— Eu não sinto ciúmes. 

— Sei…

Anthony parecia mesmo enciumado, embora não quisesse admitir. Porém, ele se mostrou ainda mais curioso. O sonserino virou-se  para Albus novamente. 

— Você conseguiu ver o relatório? – indagou.

— Eu fiz uma cópia.

Violet arregalou os olhos castanhos. Até mesmo Anthony parecia impactado com a informação.  Albus soltou um breve suspiro rabugento antes de continuar:

— É óbvio que o Scor não sabe que eu sei do relatório. – explicou rapidamente. – aproveitei um dia que ele passou fora e procurei entre as coisas dele. – o moreno ergueu o indicador quando Violet cogitou dizer algo. – Tá, eu sei que é errado, e blá blá blá… mas ele estava estranho e eu precisava saber o que estava acontecendo.

— Na verdade eu iria te parabenizar pela audácia. – a lufana sorriu. – Eu gosto. 

— Eu também. – disse Zabini. – Mesmo que eu ainda esteja surpreso sobre como você foi o único que percebeu isso.

Albus deu de ombros.

— Eu observo algumas coisas.

De fato, ele observava. – E de qualquer forma, Scorpius e eu estamos no mesmo dormitório.

Anthony assentiu o comentário do amigo. Ele pensou mais um pouco sobre a frase que Al acabara de dizer.

— Ele está muito mal? – perguntou. – O Scor, dos desmaios.

Albus negou. – Pelo contrário. Ele já não tem desmaios há dias. 

— Inclusive, foi exatamente isso que ele escreveu no pergaminho. – completou.

— O Malfoy tem sumido pelo castelo. Mais do que já fazia antes. – contou Violet enquanto eles viravam o corredor para o pátio principal do castelo. – A Rose não consegue mais encontrá-lo, agora que não tem mais a pulseira.

— Não é como se a Weasley realmente quisesse encontrá-lo, não é mesmo? – retrucou Zabini. – Todo mundo sabe para onde o Scorpius vai.

— Para sala precisa. 

— Você sabe como a Rose é, Tony. Ela não vai pedir para voltar.

— Uma atitude sensata, admito.

— E do que adianta ser tão orgulhosa assim? – a lufana rebateu com certa frustração. – Depois de tudo o que eles passaram? Será que a essa altura vale mesmo a pena?

— Você está defendendo o Scor? – Anthony aferiu a temperatura da testa da garota. – Violet, você deve estar doente. Só pode.

A loira rolou os olhos. – Eu não estou defendendo o Malfoy. Eu apenas entendo o que ele deve estar sentindo. Entendo que ele não queira vê-la de forma nenhuma. Pelo menos não no momento. Ainda está tudo muito recente.

— O Scorpius ama a Rose. – disse Albus incisivamente. – Tenho quase certeza que esse relatório foi para livrá-la do castigo, não para prejudicá-la. Muito menos para se afastar dela.

— Faz sentido. – ponderou Zabini. – Só que nos faz voltar à estaca zero. – completou. – Se ele gosta tanto da Weasley, por que terminou com ela?

Ninguém respondeu por um tempo. Muito em razão de que assim que chegaram quase em frente às escadas, Rose apareceu. Ela descia da sua aula de runas e o seu semblante estava cansado, com os cabelos grossos e ondulados caindo pela face. A ruiva acenou para os amigos antes de finalizar os degraus, porém não se aproximou. Pelo contrário, os três a viram apertar o passo rumo a área externa.

Violet levantou uma das mãos quando a chamou, e tentou fazer um sinal de apaziguamento. Contudo, Rose apenas balançou a cabeça negativamente. Assim como Scorpius, a garota vinha fugindo de interações nas últimas semanas. 

Albus foi o primeiro a falar:

— Tem algo de muito errado nessa história. – bufou.

Era a primeira vez que o moreno dizia aquilo em voz alta.

Violet o encarou brevemente e ele teve dúvidas se dissera algo que não deveria. Os olhos da loira eram profundos e incisivos.

 – Eu também acho. – ela disse enfim, de acordo.

Uma onda de alívio percorreu o corpo do grifinório. 

 – E é com aquela carta que o Malfoy recebeu do St. Mungus. – era a primeira vez que Al não sentia-se louco, ou se intrometendo demais onde não deveria.  

— No que vocês estão pensando? – indagou Zabini, interessado. Algo também havia estalado na sua mente.

— Em nada. Ainda. – respondeu a lufana. – Mas podemos conversar depois sobre isso. – Violet olhava para a figura distante de Rose, que se afastava cada vez mais, provavelmente a seguir para a cabana do guarda-caças. – Preciso ir atrás dela antes da aula de Herbologia.

— Ok. Nos vemos no jantar.

A loira correu para o gramado em direção aos terrenos de Hogwarts. Os dois garotos assistiram a amiga se afastar por um tempo antes de voltar à rota principal. Um leve sorriso apareceu no rosto de Albus. Agora sim ele teria a diversão que esperava já há alguns anos.

Quando olhou para o lado, Zabini o fitava de cenho franzido e com a mesma altivez de sempre.

— Você é estranho, Al.

O moreno riu. – Todo Weasley e todo Potter é estranho. E eu sou os dois.

— Essa é uma ótima observação. – pontuou Anthony enquanto subiam as escadas. – Inclusive, para onde vamos agora?

— Você eu não sei. – disse Albus. – Eu marquei com a Lily na biblioteca. Ele tem tido dificuldade em transfiguração e, bom… como não tem nem a Rose, nem o Scorpius disponíveis, eu prometi dar umas dicas antes das avaliações finais. 

Zabini assentiu devagar. Ele pôs as mãos nos bolsos da calça e pigarreou antes de falar.

— Posso ir com você, se quiser… – havia certa cautela na fala. – Eu até gosto de transfiguração. Acho que posso ajudar.

Albus pensou em comentar que Zabini odiava ir à biblioteca, entretanto, pela primeira vez, o garoto escolheu permanecer calado. Ele deu de ombros e o sonserino sorriu, voltando a subir os degraus ao seu lado. De canto de olho, Al observou Anthony ajeitar a gravata verde e prata por alguns segundos enquanto os dois andavam juntos para o andar superior.

Observar. Essa era a palavra. 

E nada mais do que isso por enquanto.

 

 


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Notas finais do capítulo

E aí, meus amores. Vamos conversar?



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