Harry Potter e o Acampamento Meio-Sangue escrita por Lua


Capítulo 1
Surgem novos semideuses




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Mais um dia se iniciava na Escola Secundária de Hogwarts. Rony e eu conversávamos enquanto Mione não chegava, havia um sol radiante do lado de fora, todos se divertiam... tudo corria muito bem, até que verifiquei o horário e percebi que a primeira aula do dia seria Álgebra. Imediatamente nosso ânimo esfriou, e a chegada de Draco Malfoy com suas sombras, Crabbe e Goyle, não ajudou em nada.

— Bom dia! Que caras são essas? – Hermione disse, enquanto depositava uma pilha de livros na carteira à esquerda da minha, visto que Rony já ocupava a da direita. Como não respondemos, ela acompanhou nosso olhar e revirou os olhos para o trio de pestes, sentados no fundo da sala. – Esquece, já entendi. Tomara que a Umbridge esteja de bom humor hoje.

— Ela nunca está de bom humor – Rony resmungou, e eu assenti, concordando.

Como se tivesse sido convocada, Dolores Umbridge, nossa professora mais cruel e que tinha o estranho hábito de sibilar, entrou na sala, vestida em trajes cor-de-rosa (como sempre) e com um sorrisinho cínico no rosto.

— Bom dia, classsse.

A mulher se dirigiu à sua mesa e nos fuzilou com o olhar, ainda sorrindo. Sem dizer uma palavra, sentamos em nossas carteiras e aguardamos o início da aula. Umbridge já nos odiava, não precisávamos dar mais motivos a ela para nos punir.

— Abram sssseus cadernossss e comecem a copiar. Quero esses exercíciossss prontossss até o fim do horário – ordenou, fazendo com que um suspiro de desânimo percorresse a sala.

— Esse dia não tem como piorar – sussurrei para Rony, que concordou silenciosamente.

Mal sabia eu o quanto estava errado.

 

x-x-x-x-x

 

A aula seguia monotonamente. Umbridge copiava questões no quadro sem parar, e eu já não aguentava mais ver números à minha frente. Estava concentrado flexionando meu pulso, que já doía de tanto escrever, quando senti algo batendo em minha nuca. Olhei para o chão e vi uma bolinha de papel. Um segundo depois, Rony também foi atingido, de forma semelhante. Não precisamos raciocinar muito para deduzir que Malfoy e seus capangas estavam nos atacando, e não pretendiam parar, a julgar pelos projéteis que continuavam a surgir.

Senti a raiva brotando em mim, e no mesmo instante um raio cortou o céu do lado de fora, seguido por um trovão. Apesar do sol que fazia até 2 minutos atrás, uma tempestade se iniciava, o que combinava perfeitamente com o meu estado de humor. Troquei um olhar com Rony, e juntos começamos a catar algumas das várias bolinhas espalhadas pelo chão. No exato instante em que nos viramos para revidar, com as mãos cheias de munição...

— Professora Umbridge! – ouvi a voz irritante de Pansy Parkinson.

— Olha sssó, o que temosss aqui.

Umbridge se virou em minha direção, e eu soube instantaneamente que estava ferrado.

— Potter, Weasssley e Granger, me acompanhem - ela ordenou, com um sorriso diabólico no rosto. - Draco, cuide da ssssala em minha ausência.

— Sim senhora. – ele concordou, parecendo muito satisfeito consigo mesmo.

Tentamos protestar, dizendo que Hermione não tinha culpa, mas ela nos ignorou. Sendo assim, não tivemos escolha a não ser segui-la para a sala de tortura... digo, a sala dos professores.

 

x-x-x-x-x

 

Eu esperava que muitas coisas acontecessem naquele lugar: Umbridge gritasse conosco, chamasse o diretor, nos desse uma detenção ou algo do tipo. Em vez disso, ela apenas se apoiou na mesa e olhou para nós. Aquilo estava nos deixando nervosos, e percebi que essa era sua intenção.

— Professora, juro que não fizemos nada de errado, estávamos apenas tentando nos defender - apelei, enquanto ela continuava a nos encarar fixamente.

— Ah querido, eu sssei disso... - Umbridge afirmou, enquanto se aproximava de nós – O que sssó torna ainda maisss prazeroso matá-losss.

— Ela está brincando, né? Me diz que é brincadeira - Rony choramingou.

De repente, o corpo dela começou a mudar rapidamente. E quando eu digo mudar, não quero dizer cor do cabelo ou formato do rosto, mas sim uma língua bifurcada e olhos com fendas, como os de uma serpente. Sua pele se tornou escamosa, e suas pernas viraram caudas de cobra. Ela parecia completamente bizarra com seu conjunto rosa de tricô, mas isso estranhamente a tornava ainda mais assustadora.

— Mione, alguma ideia? - questionei, considerando que ela tinha o melhor raciocínio lógico do trio.

— Contra uma professora psicopata? Acho que não - ela retrucou, tremendo.

— É o nosso fim - Rony afirmou.

— Não, não é. – discordou uma voz desconhecida, irrompendo pela porta.

Nos viramos na direção do som e contemplamos, perplexos, Rúbeo Hagrid segurando um guarda-chuva rosa e correndo em direção à Umbridge, que parecia ainda mais surpresa do que nós.

— Não foi dessa vez, dracaena maldita – nosso professor de Educação Física (ou ao menos era o que achávamos que ele fosse) vociferou, enquanto perfurava o tronco da mulher monstruosa com a ponta do acessório, a qual percebi ser feita de bronze.

Com um uivo de frustração, ela se dissolveu em pó, deixando eu, Rony e Mione ainda mais boquiabertos, se é que isso era possível. Como se matasse colegas surtadas todo dia, o homem depositou o guarda-chuva na mesa, espanou suas vestes e sorriu para nós em seguida.

— Bronze celestial, não existe nada melhor para combater monstros – afirmou, parecendo não perceber o estranhamento estampado em nossos rostos.

— O que está acontecendo? - questionei, ainda assombrado com a explosão da minha professora em uma nuvem de pó.

— Eu não faço ideia, mas devo dizer que estou feliz por isso - Rony admitiu, com o rosto corado devido ao nervosismo. - Obrigado, professor.

— Disponha, e a propósito, podem me chamar apenas de Hagrid. Agora, peço que não se assustem.

Nos entreolhamos, sem entender o motivo daquele pedido, enquanto ele fez algo que eu definitivamente não esperava: tirou as calças, juntamente com os sapatos.

— Ai meu Deus - exclamou Mione, atônita.

— Deuses - Hagrid corrigiu.

— Você é um sátiro! - ela continuou. - Já vi imagens de sua espécie em um livro de mitologia, mas sempre achei que fossem...

— Lendas? - nosso professor completou, gentilmente.

A garota assentiu. Eu estava surpreso com o fato de que, em toda aquela situação, o que mais a impressionava eram as pernas peludas do professor. Enquanto eles conversavam, eu permaneci tão atônito que não consegui dizer nada, e aparentemente Rony se encontrava na mesma situação. Como sempre acontecia, minha língua se soltou em meio a um pensamento completamente aleatório.

— Seu guarda-chuva é muito legal - afirmei, fazendo Hermione revirar os olhos e Rony gargalhar.

— Obrigado, Harry - Hagrid agradeceu, vestindo novamente as calças - Prometo explicar toda essa situação a vocês, mas precisam confiar em mim.

Mantivemos o silêncio, esperando que ele continuasse, e assim o fez.

— Resumidamente, vocês são semideuses, e eu fui mandado aqui para buscá-los e levá-los em segurança para o Acampamento Meio-Sangue. - Vendo nossas expressões confusas, ele prosseguiu - Isso significa que um de seus pais é mortal, humano, e o outro é um deus. Por isso, monstros perseguem vocês o tempo inteiro, e precisam de treinamento para combatê-los, o que conseguirão no acampamento.

— Então a Umbridge... - comecei, ainda perplexo.

— Era um monstro, sim. - ele afirmou.

Assim que Hagrid disse isso, comecei a me lembrar de todos os momentos inexplicáveis que sempre aconteceram na minha vida. Pessoas estranhas me seguiam nas ruas, e por vezes até me abordavam. Sempre tive a sorte de ser salvo por meus pais ou outros adultos, mas somente agora me dava conta do real perigo que corri. Olhando para meus amigos, percebi que os mesmos pensamentos passavam por suas cabeças.

— Temos que nos apressar. O cheiro de três semideuses reunidos é muito forte, capaz de atrair todos os monstros nas redondezas. – o homem afirmou, parecendo receoso - Peguem suas mochilas e venham.

Assentimos e o seguimos para fora da escola, onde uma van com propaganda de morangos na lateral nos aguardava.

 

x-x-x-x-x

 

Algum tempo depois, chegamos à uma colina onde um enorme e majestoso pinheiro repousava. Pela janela do veículo, pude vislumbrar o acampamento, o que só aumentou minha curiosidade e empolgação, que haviam substituído a perplexidade. Durante o percurso, tivemos bastante tempo para assimilar a ideia de que éramos apenas metade humanos. Sendo assim, quando a van parou em frente a uma imensa casa azul e branca, descemos rapidamente, ansiosos por mais explicações.

Logo na varanda encontramos um senhor que parecia bastante velho, mas ainda assim passava uma energia de vitalidade, como se a aparência idosa fosse apenas um disfarce. Repousava em uma cadeira de rodas, e sua atenção voltou-se para nosso pequeno grupo rapidamente. Ele sorriu, de forma convidativa, e nos aproximamos dele.

— Olá, Hagrid. Vejo que conseguiu encontrar nossos mais novos campistas – disse, se dirigindo ao sátiro, mas ainda com os olhos sobre mim e meus amigos.

— Sim, diretor Dumbledore. Não foi fácil, mas aqui estão eles.

— Com licença – comecei, já não aguentando mais esperar por respostas – Será que alguém pode...

De repente, os homens à nossa frente arquejaram em conjunto, fazendo com que eu me interrompesse e acompanhasse seu olhar, convergindo para um ponto acima de nós. Entendi seu espanto ao perceber que imagens holográficas brilhavam sobre mim, Rony e Hermione: uma águia, um caduceu e uma coruja, respectivamente.

— Vejo que vocês três têm um laço muito forte – Dumbledore afirmou, sabiamente. – Tanto que até mesmo seus pais resolveram assumi-los ao mesmo tempo.

— Nossos pais? – questionei, sem conseguir me conter.

— Sim, os deuses que ajudaram na sua concepção: Zeus, Hermes e Atena.

— E o que acontece agora? – Rony perguntou, refletindo a dúvida de todos nós.

— Vocês serão levados aos seus respectivos chalés, onde encontrarão seus meio-irmãos e nos quais morarão enquanto estiverem no acampamento – Hagrid explicou, se juntando à conversa.

Em seguida, ambos falaram brevemente sobre a rotina do local, e disseram que os líderes de nossos chalés nos explicariam tudo com detalhes. Dumbledore listava os principais locais do acampamento (Parede de Escalada, Casa Grande, Forja...) quando uma garota loira, de grandes olhos azuis e camiseta laranja chegou e andou em direção ao idoso.

— Olá, Luna. Conheça seus novos colegas, Harry, Rony e Hermione, dos chalés 1, 11 e 6. Meus jovens, essa é Luna Lovegood, filha de Atena - ele fez as apresentações, antes que a garota sequer falasse algo.

— Olá diretor, e olá Hagrid – cumprimentou, sorrindo, e se virando para nós em sequência. - É um prazer conhecê-los, especialmente a minha nova irmã.

Ela piscou para Mione, que sorriu. Parecia simpática, o tipo de pessoa que todos gostariam de ter como amiga.

— A professora Minerva quer sua ajuda na aula de Artes e Ofícios, diretor - Luna passou o recado que viera trazer - Ela disse que nada supera suas habilidades com argila.

— Será um prazer auxiliá-los, minha querida - ele afirmou, enquanto (pasmem) se levantava de sua cadeira. A manta que cobria seu colo caiu, revelando compridas e alvas pernas de cavalo.

— Um centauro! - Mione exclamou, enquanto Rony e eu apenas observávamos, boquiabertos.

— Temos aqui uma estudiosa da mitologia, hein? Lamento, mas preciso ir, meus caros. Deixarei vocês aos cuidados de Argo Filch, que os levará para conhecer a aula de voo com pégasos. - ele disse, enquanto gesticulava na direção de um homem magro e ranzinza, que parecia comum, exceto pelo fato de ter olhos espalhados por todo o corpo. – Os verei novamente em breve.

Dito isso, Dumbledore se afastou. Assim que ele saiu, Filch indicou que o seguíssemos. Ele parecia ser mudo, ou talvez tivesse um olho na ponta da língua também.

— Isso vai ser maravilhoso! - Rony exclamou, extremamente empolgado.

— E perigoso - completou Hermione.

— Não seja estraga-prazeres, Mione - ele retrucou, recebendo a tréplica da garota em seguida.

Enquanto assistia a discussão dos dois, meus pensamentos se misturavam entre si. Não sabia que Lily, minha mãe, havia se relacionado com outro homem antes de casar com meu pai, James. Aquilo me deixava confuso e extremamente curioso. Como Zeus seria e por que nunca havia entrado em contato comigo?

— Acorda Harry, chegamos - fui tirado de meus devaneios por Rony, que sacudia meu braço - Olha só esse lugar.

Assim que prestei atenção no que ele falava, meu queixo caiu. Nos encontrávamos em uma arena gigante, onde grupos de campistas se reuniam ao redor de seis exemplares dos animais mais belos que eu já vira. Pareciam cavalos comuns, mas tinham asas gigantescas e um ar de força muito maior que um reles corcel mortal.

Fascinados, nos aproximamos dos animais, mas fomos imediatamente barrados por uma mulher de meia idade. Sua expressão era severa e ela nos fitava com ar de dúvida.

— Quem são vocês? - questionou, ainda nos barrando.

— Sou Hermione e estes são Harry e Rony, senhora - Mione nos apresentou - Somos campistas novos, acabamos de chegar.

— Sejam bem-vindos! Me chamo Madame Hooch e sou professora de voo com pégasos.

Percebendo que ainda nos barrava, ela se explicou:

— Não se aproximem bruscamente dos animais, pois eles são dóceis, mas bastante desconfiados - vendo nosso olhar animado, continuou - Gostariam de tentar montá-los?

Sem conseguir falar, tamanha era a minha empolgação, eu apenas acenei positivamente com a cabeça. Apesar de só estar ali há 30 minutos, eu sentia que havia encontrado um lugar para chamar de lar.

De uma coisa eu tinha certeza: meus verões nunca mais seriam os mesmos.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam do meu primeiro crossover? Comentem õ/
Críticas construtivas, elogios, reações de qualquer espécie são sempre muito bem-vindos ♥



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