O último dia na faculdade havia chegado e eu estava um pouco menos empolgado do que o normal. A noite anterior havia sido em claro, eu não consegui dormir pensando em Isabella.

A próxima semana seria aniversario de Isabella e ela ficaria a semana toda em Londres, na outra minha mãe viria para cá porque no fim de semana seria minha formatura. A alguns meses atrás eu estaria ansioso para chegar o dia de ir embora, hoje eu estava ansioso para encontrar um motivo que me fizesse ficar mais tempo aqui e de preferência trabalhando no La Luna.

A apresentação do trabalho foi tranquila, consegui fazer o prato com excelência e os professores elogiaram muito, inclusive o trabalho escrito.

—Como foi a apresentação? –Tanya questionou andando ao meu lado pelo campus.

—Foi muito boa, eles gostaram bastante. –Dei um meio sorriso para ela. –E a sua?

—Um pouco de pânico, mas foi tranquilo. Mas e então, pretende fazer o que depois da formatura?

—Não sei, acho que vou voltar para Londres. E você?

—Vou me aprofundar em Garde Manger, quero experiência para conseguir ensinar.

—Carreira acadêmica?                                                                                     

—Estou declinando para isso. –Ela riu um pouco. –E Garde Manger é tão... completa que é minha melhor opção.

—Falando em declinar, estou realmente pensando em especializar em pâtisserie.

—Era de se esperar, você está trabalhando com isso. Vou querer experimentar suas criações em.

—Claro, mas vou precisar de uma série de cursos para chegar próximo a isso. Ah, você falou em Garde Manger e me lembrei que tenho um livro que você iria gostar muito. Na verdade é uma coleção deles e fala um pouco sobre algumas técnicas de defumação usadas pelo mundo. Não só de defumação, variadas na verdade.

—Nossa, eu iria amar. Será que você pode me emprestar algum até eu compra-los?

—Claro, passa no meu apartamento que eu te empresto. Se eu soubesse que lhe interessaria eu trazia hoje, mas enfim. Me liga e você pega lá ou no restaurante.

—Claro, claro. Agora tenho que ir, vou tentar chegar cedo no trabalho. Primeira semana e estou ainda me acostumando, sabe como é.

—Sei sim, bom trabalho Tanya.

—Pra você também Edward.

Minha relação com Tanya estava apenas na amizade, ela aparentemente havia superado qualquer tipo de sentimento além da amizade e eu estava feliz com isso. Chegamos a um ponto de brincarmos ou ficar sentados no intervalo conversando sem nenhum clima tenso e acho que isso tinha a ver com o garoto que ela estava bem próxima.

Como eu tinha saído cedo fui para casa até dá o horário de ir para o trabalho. Fui andando devagar prestando atenção nas pessoas andando sempre com pressa como se agrupassem mais atividades do que as 24 horas poderiam cumprir. Era uma rotina intensa que cansava só de olhar e disso eu não sentiria falta. Londres era intensa, mas não chegava aos pés de NY.  Eu sentiria falta do clima da universidade, dos bons colegas que eu tinha cultivado, dos professores que me ensinaram tanto...

Cheguei ao apartamento e fui arrumar algumas coisas, ainda tinha duas horas até ter que ir para o restaurante. Coloquei algumas roupas para lavar e arrumei a mesa que costumava usar para estudar, ela estava coberta de papeis e livros. Organizei tudo e fui tomar um banho. Resolvi ligar para Emmett para distrair.

—Telefone do mais gostoso de toda Londres.—Emmett atendeu sério e eu tive que rir.

—Acho que Rosalie te iludiu muito nessas poucas semanas. –Zombei

—Ela falou a verdade, eu sou o kit fodeu dela.

—Ela tem padrões bem baixos então...

—Há há, vai se foder. Agora falando sério, como foi a apresentação hoje?

—Foi muito boa, recebi muitos elogios e agora é só esperar a formatura.

—Parabéns mano! Fico muito feliz por você e falando em felicidade, você vem para o aniversário de Isabella não é?

—Você me perguntou isso ontem e a resposta continua a mesma. Eu não faço ideia se isso é o melhor a se fazer.

—Você está um mole. Está fazendo o oposto do que deveria, dando brecha pra ela se interessar por outra pessoa, deixa de ser idiota Edward.

—Estou tentando respeitar a decisão dela.

—Você está tentando se sabotar por puro medo. Poderia já ter conversado com ela e resolvido isso.

—Talvez esteja sendo mais intenso para mim do que eu gostaria, eu realmente não sei o que fazer Emmett.

—Faz o que vou te dizer então. Compra um presente legal para ela, separa suas roupas, pega o avião e vem para cá. Algumas cervejas e vocês conversam e se pegam.

—Não é assim tão simples.

—É exatamente assim, vocês dois que estão procurando motivos para dificultar.

—Tudo bem, Emmett.

—Muito bem, compre logo sua passagem e seu convite está aqui te esperando.

—Sim senhor.

—Acabei de lembrar, Lizz pediu para você ligar para ela quando der.

—Tudo bem, vou ligar amanhã. Agora vou desligar porque eu tenho que ir trabalhar.

—Tudo bem, não transe na cozinha.

—Há há, não sou você Emmett. Eu costumo usar meu cérebro e não deixar ele como enfeite.

—Vai se foder. –Ri alto e me despedi de Emmett desligando logo depois.

Coloquei as roupas na secadora e peguei uma farda limpa colocando na mochila, peguei as chaves e segui para a garagem. Demorei um pouco para chegar ao restaurante porque acabei pegando trânsito. Assim que entrei vi Garrett que mantinha um sorriso enorme no rosto.

—Menino ou menina? –Questionei assim que cheguei próximo a ele.

—Menina. –Garrett falou animado e eu lhe dei um abraço. –Kate está na sala de Bella lhe contando.

—Tudo bem, depois eu vou falar com ela. Vou até aproveitar para comprar algumas coisas agora que sei que é uma menina.

—Não precisa isso.

—Claro que precisa, vou ser o padrinho mais babão que você já viu. –Falei e Garrett riu balançando a cabeça.

—Será que você pode ajudar Bella a fechar o restaurante hoje? Eu queria sair com Kate.

—Claro, precisa nem pedir. Se divirtam muito e não façam nada que eu não faria.

—Obrigada Edward. –Ele agradeceu e me abraçou novamente. Fomos para área do vestiário nos trocar.

 Fui até a sala de Isabella para falar com Kate, ela estava saindo quando cheguei.

—Parabéns! –Kate me parabenizou e me abraçou. –O primeiro passo você já deu, mais alguns cursos e você me substitui.

—Alguns muitos ne. –Brinquei. –Eu vim te dá um abraço, Garrett me contou que descobriram que é uma menina.

—Sim, agora eu estou mais ansiosa do que nunca para ver o rostinho dela.

O dia passou rápido e agitado, mas o clima do restaurante estava tão bom. Todos estavam trabalhando com muito amor com a nova novidade de que Kate teria uma menina. A todo momento alguém passava e a parabenizava ou alisava sua barriga.

Cristina já havia sido substituída por Claire e eu tinha um relacionamento muito bom com ela. Eu continuava aprendendo cada dia mais e as vezes até permitiam que fizesse um pouco mais.

Quando deu o horário arrumei tudo e fui trancando cada local ajudando Isabella, mal trocamos meia dúzia de palavras. Não tinha o que ser dito, não tinha assunto. Depois de tudo trancado segui devagar para o meu carro, estava um pouco cansado.

—É... Cullen. –Isabella me chamou com a voz baixa quando estava abrindo o carro. Virei para ela com curiosidade. –Será que você pode me dá uma carona? Meu carro não quer ligar.

—Quer que eu der uma olhada?

—Não precisa, você deve está cansado. Amanhã eu peço para Jake levar para a oficina.

—Se você prefere... Vem, eu te levo em casa. –Abri a porta do carona para ela e entrei no carro.

—Hoje foi a apresentação, como foi? –Isabella puxou assunto.

—Foi muito bom, muitos elogios. –Olhei para ela de canto e dei um meio sorriso. –Muito obrigado por me ajudar.

—Disponha. Mas mesmo sem minha ajuda você ganharia muitos elogios, já estava muito bom. –Ela deu um sorriso. -Então... Você vai esse ano para o meu aniversário?

—Sinceramente, ainda não sei. Talvez eu vá para matar um pouco a saudade da minha família.

—Entendo. –Isabella ficou calada por um tempo e depois questionou. –Você vai voltar para lá? Na próxima semana quando tiver a formatura, você vai embora?

Suspirei e apertei o volante com um pouco mais de força. Aquela pergunta havia me pegado desprevenido.

—Não sei ainda.

—Porque?

—Você quer a resposta com uma meio verdade, porém mais fácil de digerir ou a sincera que nem eu entendo?

—A sincera... –Estacionei o carro em frente ao prédio de Bella e suspirei me virando para ela.

—Eu não quero ir embora, por dois motivos. Eu quero ter mais experiência no La Luna e a outra é complexa e confusa.

—Então porque não fica?

—Porque eu não sei se é uma boa ideia ficar tão próximo de você sem poder te beijar, é demais para o meu autocontrole. –Bella tirou o cinto e virou totalmente para mim, seu rosto se aproximou do meu lentamente.

—Talvez você não deva se controlar. –Ela falou baixo, meus olhos desceram para os seus lábios. Era um convite, certo?

Beije-a

Então eu encurtei o espaço entre nossos lábios iniciando um beijo calmo, minhas mãos foram para o seu pescoço lhe puxando um pouco mais para mim.

Deus, como eu estava sentindo falta de beijar essa mulher.

Fui aprofundando e intensificando o beijo até o ponto de nos afastarmos um tanto ofegantes. Meus olhos varreram seu rosto procurando qualquer sinal de raiva, mas além das olheiras do cansaço só encontrei calma.

—Eu ficaria muito feliz se fosse ao meu aniversário, seria o primeiro em anos. –Isabella informou e pegou sua bolsa para sair do carro. –Até amanhã, Cullen,

—Até amanhã. –Isabella saiu e subiu rapidamente para a portaria do apartamento.

Pov. Bella

Eu tinha jogado baixo, admito. Fingir está com o carro quebrado para ter alguns minutos com ele para conversar e então eu não sabia o que dizer. Acredito que se ele começasse a se explicar como naquele dia eu não acreditaria em nada e então a minha tentativa de aproximação iria por água abaixo.

Então o mais próximo de aproximação foi o beijo, não que eu fosse deixar apenas por isso. Eu tinha decidido conversar, tentar de novo e dessa vez de verdade. Tecnicamente o primeiro passo eu já havia dado e se tudo corresse bem eu sairia com ele algum dia para conversar ou algo mais.

O final de semana passou rápido e quando vi já era o domingo à noite. Apesar do beijo na sexta, minha relação com Edward ficou praticamente a mesma, mas eu estava tão focada em adiantar tudo no restaurante que nem deu tempo de pensar sobre isso. Eu só voltaria para NY na outra semana depois da minha festa de aniversário que seria no sábado, estava indo antes porque meu aniversário seria na terça e sempre passo o dia com minha família.

Conferi pela segunda vez se tinha assinado tudo que Billi havia me pedido, coloquei a ata para o novo cardápio na mesa e a cópia na minha bolsa para a reunião que teria com Garrett por chamada de vídeo, assim como outros documentos que eu queria ler. Arrumei a bolsa e peguei as chaves do carro pra ir para o aeroporto. Não iria passar em casa por isso deixei minha mala no carro, já tinha tomado um banho no restaurante colocado uma roupa que havia separado.

Sai rapidamente da minha sala e encontrei Garrett na frente, ele me esperava pra ir pro aeroporto. Ele iria para trazer meu carro de volta.

—Já conferiu se está tudo fechado? –Questionei. Estava um pouco nervosa como ficava toda vez que viajava para ficar muito tempo longe.

—Sim, conferi duas vezes. Relaxa Bells, estará tudo sobre o controle quando você chegar. –Garrett me tranquilizou. –E vamos logo antes que você perca o voo.

Deixei que ele fosse dirigindo para que eu pudesse conferir tudo na bolsa, assim como falar com ele da reunião e da troca de cardápio.

—Eu queria participar dos testes das receitas do pessoal, mas não podemos adiar mais a troca do cardápio. –Resmunguei. –Você escolhe os melhores, me passa a receita para eu testar de lá e eu digo de quais gostei.

—Tudo bem, depois eu faço uma chamada de vídeo com você e decidimos como vai ser. –Ele concordou.

—Vocês vão que dia?

—Na sexta de noite, vê se não esquece a gente no aeroporto.

—Tentarei.

Dormi durante todo o voo e só acordei quando anunciaram que o avião iria aterrissar. Depois de pegar minha mala avistei Jasper na parte do desembarque do avião.

—Senti sua falta. –Falei lhe abraçando apertado.

—Você nem sabe o quanto estava sentindo a sua. –Ele me deu um beijo na bochecha e me ajudou pegando minha mala. –Nossos pais tiveram um imprevisto na S&C com um projeto e por isso não vieram e Rose está finalizando seu vestido pra você ir provar a tarde.

—Ah não. –Resmunguei já imaginando que passaria a tarde toda dentro de um provador e como sempre, vendada.

—Não posso fazer nada dessa vez, já que eu também fui convocado.

—Pode me dá uma dica do que é esse ano?

—Ah não, Rose me ameaçou várias vezes durante os dias que estou aqui. A única coisa que posso dizer é que você vai pirar. A loira mandou muito bem nesse ano. –Bufei com o comentário. Era horrível ser a última a saber.

Fomos para casa rapidamente e depois que guardei minhas coisas fui preparar alguma para comer e depois formos para o atelier de Rose que já esperava na porta com os olhos brilhando de expectativa.

—Vai, abre um sorriso. –Ela pediu assim que me viu. –Eu estava sentindo sua falta.

—Eu também estava sentindo a sua, mas não dessa parte. –Resmunguei depois que sai do abraço dela.

—Pela sua carranca já dá pra ver que não se acertou com o cara misterioso.

—Você está namorando? –Jasper perguntou logo. –Quem é?

—Não estou namorando e não me acertei com ninguém. Língua grande.

—Uma hora você vai ter que contar. –Rose deu de ombros. -Mas você não disse que iria tentar?

—Eu tentei, não deu muito certo... não totalmente e é isso.

—Você convidou ele?

—Você quer parar com o interrogatório?

—Ok, não está mais aqui quem falou. –Rose levantou as mãos como sinal de rendição e entramos no atelier para começar a sessão de tortura.