Ironias do Amor escrita por Lyse Darcy


Capítulo 5
CAP. 05 As Ironias do Dia-a-dia




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A semana se arrastou de modo lento quase doloroso. Ela sentia todo o peso das atividades do escritório sob seus ombros e, isso era muito curioso, porque para Rey, uma das suas maiores virtudes era ser ágil e eficiente, na faculdade, trabalho e atividades em geral. A garota se mostrava muito objetiva e prática.

No entanto, ela estava morosa e sem foco, o que ela presenciou essa semana a deixou muito perturbada, no seu mais íntimo ser, desejava não ter visto a cena aterradora. E isso a levava a adentrar em seus próprios pensamentos, e em a racionalizar, como tamanha maldade teria vindo do mesmo homem, que tinha sido tão sensível e atencioso há alguns dias atrás. Mas sua mente a traía e a levava para o ponto em que lutava para não se lembrar.

Um homem de olhar pétreo, e semblante obscuro. Destruía a autoestima de um agregado, apenas por causa de um descuido, este deixou de entregar uma cópia ao Dr. Snoke, sobre o progresso de uma causa, Rey não saberia dizer, qual a relevância do processo, pois não estava encarregada desse caso. Contudo, não justificava tamanha crueldade nas palavras e tamanho rompante da parte do advogado.

Essa situação não levara alguns meros minutos, mas que marcaram a semana da garota profundamente. Tudo passava em câmera lenta. E o pior de tudo que o vilão dessa cena, nem se importava, ou pelo menos, era assim que Rey analisava o homem, seu olhar negro e profundo não lhe dizia nada. Eram apenas dois lagos profundos, frios e obstinados.

E, isso cortou a garota de modo intenso e doloroso. “Como eu poderia me deixar ferir assim? ” Inqueria a si mesma. Quando uma voz a rouba de seus pensamentos.

— Anda Logo Jakkes, os prazos das petições estão se esgotando e, você não rendeu nada essa semana. – Vozeou Hux de modo rude e seco. – O que está havendo com você, está doente? – Sua voz era fria sem nenhum resquício de interesse pessoal. A garota responde de supetão.

— Sim Senhor Hux, os prazos estão se esgotando, não se preocupe estarão na sua mesa todos eles, até o fim da tarde. – Terminou a frase sem olhar para o ruivo a sua frente, seu olhar estava fixo no monitor do computador. E o homem deu de ombros e respondeu de modo ácido.

— Acho isso muito bom, do contrário... – Se afastou da jovem sem completar a frase, o que deixou a estagiária um tanto quanto aflita, com tal observação fria e maldosa. Ela levantou seu olhar só para avistar o homem de rigidez militar se afastar caminhando com as mãos nas costas. E nisso ela deu um suspiro longo e pesado. Que não foi despercebido pelo rapaz da mesa ao lado. Ele quebra a hipnose de Rey ao falar.

— Não liga para esse idiota, ele ladra muito, mas não tem poder de decisão aqui. Aliás, ele é um capacho nas mãos dos outros advogados. – Falou de modo divertido e estendendo a mão direita de modo cordial e se apresentou. – E a propósito meu nome é Finn. – O rapaz era belo, de tez negra e de feições firmes, parecia um soberano imponente, mas com tons divertidos e com sorriso nos lábios e continuou.

— Aqui no escritório o segredo para continuar: é voar abaixo dos radares. Se é que você me entende. – Ao terminar a frase deu mais uma vez um sorriso descontraído e uma piscada de olho para a sua vizinha de trabalho. E a garota responde ao rapaz.

— Meu nome é Rey Jakkes, mas pode me chamar de Rey. – E estendeu sua mão direita e moveram as mãos em cumprimento e, emendou. – Eu sei bem o que você quer dizer com isso, voar “abaixo dos radares”. – Nesse momento deu um sorriso enorme que iluminou o ambiente. Que não foi despercebido pelo rapaz a sua frente e, nem por Ben que a observava, muito mais do que gostaria de admitir, e naquele momento ele não ficou nada satisfeito em presenciar a garota ali, na sua frente e não poder intervir, naquilo que se desenvolvia bem debaixo do seu nariz.

Isso o afetava estranhamente e o deixava irrequieto, pois a jovem estava agindo de maneira inquietante, evitava o olhar ou cumprimenta-lo, mesmo que como colegas de escritório, e isso o penava queria saber o motivo, mas tinha que manter sua postura, em ser sempre forte e inatingível, embora aquilo, às vezes, era demasiadamente pesado. E, tinha momentos, que pensava que era desnecessário em ser assim. Porém, seguia à risca a cartilha de seu mentor, um velho advogado, Dr. Johannes Snoke, que o acolheu nesse escritório, ainda como mero estudante de direito e, o fez seu pupilo, mesmo a contragosto da família do rapaz. O velho lobo, tinha métodos nada ortodoxos no direito. Que deixava a família de Ben Solo muito aflita. Mas pouco podiam fazer para dissuadi-lo do contrário.

O advogado, apenas abaixou a cabeça e voltou as costas e rumou para o seu escritório. Totalmente perturbado com a visão de Rey com sorriso aberto ao rapaz da mesa ao lado. E a garota nem se deu conta do abalo que causou no homem.

— Hei! Rey. –Finn voltou-se para ela. –O que você acha de almoçar comigo e meu amigo Poe, ele é de outro escritório de advocacia, à duas quadras daqui. Ele vai gostar de te conhecer. –Falou sorrindo.

— Eu não sei! –Falou meio tristonha. –Acho que não sou uma boa companhia, hoje. –Falou de modo hesitante.

— Que nada! Deixa de ser boba. – Arqueou as sobrancelhas. – Vamos vai ser divertido! – Falou com mais ênfase. – Não aceito um não como resposta. – E a garota de modo tímido assentiu com a cabeça.

(...)

No restaurante os três riam e conversavam como se fossem amigos de longa data e isso deixou Rey bastante à vontade, dessa maneira pode esquecer, mesmo que por pouco tempo, aquele homem e sua ação contraditória e cruel, que tanto a perturbava. Quando Poe tamborila seus dedos na mesa, e faz uma pergunta para a garota de semblante abatido.

— Como você foi parar lá no escritório de Snoke. – Riu um tanto irônico e prosseguiu. – Aquela raposa, ao invés de ir ao escritório dos Organa? – Olhava para Rey e Finn. E afirmou com convicção. – Lá onde estou é muito melhor! É um escritório que se apega a filantropia, e as causas sociais, paga mal, mas em compensação, você se sente com o senso de dever cumprido. – Nesse momento ele grunhi, e alisa o braço onde foi acertado, por seu amigo que já estava ficando sem graça por causa do discurso de filantropo e ajudar o próximo que ele comumente fazia.

— Está bem! –Respondeu levantando as mãos em sinal de rendição. –Poe era de aspecto jovial, com olhos castanhos e cabelos ondulados. E se defendeu dizendo. –Ela não precisa responder se não quiser. – Falou olhando o amigo fazendo um pequeno aceno de reprovação, mas de modo divertido, esfregando em círculos o braço onde foi acertado com uma cotovelada.

— Não liga para ele não Rey. –Falava em meio a gargalhadas ao reparar o gesto dramático do latino. –Porque sempre é a mesma história. Ele sempre tenta me convencer a sair do meu estágio e, seguir para lá. E que assim eu poderia fazer a diferença e coisa e tal. –Apontando para a jovem disse. –Agora está fazendo o mesmo com você. –Sorria muito enquanto falava e, completou. –Vivemos numa economia capitalista. Precisamos pagar as nossas contas, Poe! –Terminando a frase ambos mostraram a língua um para o outro, numa careta divertida, e todos caíram na gargalhada.

— E por falar em capitalista. –Falou já se recuperando das risadas de agora pouco. Disse. – O Emproado continua lá se achando o Rei da Galáxia? – O modo de Poe ao mencionar aquilo era de revolta contida.

— De quem ele está falando, Finn? – Rey perguntou num tom curioso, porém já suspeitava de quem se tratava.

— Ben Solo, filho de Leia Organa, uma grande juíza. –Finn respondeu de modo neutro, sem qualquer mescla de sentimento. Enquanto, o outro mostrava em sua expressão pura indignação.

— Mais por que ele não trabalha com ...? – Nem terminou de formular a pergunta, o rapaz de cabelos ondulados a cortou de modo irônico e reticente.

— Isso, minha cara, é assunto para outro encontro e, vamos pedir a conta. Porque se não, o patrão de vocês, vem aqui com uma escolta armada, buscar os estagiários. –Todos riram do que Poe havia falado, mas uma pontada atingiu em cheio Rey, esse exagero tinha em si uma verdade que ela não queria pensar naquele momento, mais ela tinha que enfrentar essa realidade de que Ben, era mesmo um tirano.

(...)

A sexta-feira estava se encerrando e, Rey se sentia aliviada, por ter acabado todos os protocolos e petições, que agora jaziam na mesa de Armitage Hux. Ao fechar a porta da sala do ruivo ranzinza deu um suspiro alto de alivio. Nesse momento a estagiária leva um grande susto, ao notar que havia plateia para assistir o alívio de sua descarga emocional. E Ben se aproxima de modo lento e assertivo em direção da moça, um tanto quanto apreensiva, como que querendo se esquivar daquele encontro. Então o homem taciturno quebra o silencio.

— Semana agitada não? –Falou olhando a jovem a sua frente tentando desvendar o que se passava na mente da garota. E prosseguiu –Tive uma leve impressão de que a senhorita essa semana estava se esquivando de mim. –Falou de modo acusatório. E a garota o olhou de maneira perturbadoramente desconfiada. Então tornou a falar de modo brando para não afugentar a jovem de semblante confuso.

— O que você faz para relaxar depois de uma semana como essa? –A olhava de maneira intensa que deixava Rey intrincada. Esse homem era capaz de mexer com todos os sentidos e os deixava contraditórios, então respondeu:

— Eu vou a faculdade. –Disse num tom baixo. –Hoje tenho aula, mas terei duas aulas vagas nos horários finais. –Mordeu os lábios por ter dito isso, saiu de sua boca quase automaticamente, eram essas contradições que Ben Solo despertava na garota, a razão a chamava para se afastar de tal tentação enquanto que a emoção, gritava para estar cada vez mais perto desse homem irritantemente complexo e perigoso. E o comentário da garota não passou despercebido pelo homem a sua frente. Então ele aproveitou o ensejo e disse.

—Ok! Então irei te buscar lá, e a gente vê para onde iremos depois. –Ele falou com tanta convicção que Rey ficou perplexa ao se dar conta que havia assentido de modo positivo. Queria ter dado outra resposta, mas ele a abalava de modo intenso. E a Ben só restava esta oportunidade de fazer a garota se sentir mais confortável, e tentar descobrir o que havia acontecido com ela para ficar tão fria e distante dele.      


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