24º Capítulo

Decidi enviar-lhe uma sms para tentar meter conversa. Mas já se tinham passado 15 minutos e ela ainda não tinha respondido.

Levantei-me da cama e dirigi-me ao computador, para ir um pouco ao MSN. Reparei que ela estava online. Estive tanto tempo a questionar-me se deveria ir falar com ela ou não , que me admirei de ela não ter saído da net.

Sérgio, feeling good diz:

Olá. Tudo bem?

Nez, so confusing diz:

Tudo e contigo?

Sérgio, feeling good diz:

Bah! Tudo na mesma.
Mandei-te uma sms mas não respondeste?

Nez, so confusing diz:

Desculpa. Não vi. O telemóvel ficou em cima da cama e estava em silêncio. Mas querias falar sobre alguma coisa importante?

Bem… a boa noticia é que ela não me ignorou, apenas não estava ao pé do telemóvel. A má noticia é que não sabia o que lhe responder a esta pergunta sem lhe dizer que estava apaixonado e que a queria comigo. queria que ela fosse comigo e não com o João á festa! Enfim…

Sérgio, feeling good diz:

Nada de especial. Só queria falar contigo. Já sei que amanha vais á festa com o João.

Nez, so confusing diz:

Sim, ele convidou-me. Também já sei que vais com a Mariana. Ela está super contente. J

Já há algum tempo que não andava assim tão feliz.

Sérgio, feeling good diz:

Bem… ainda bem que alguém está feliz né?

Nez, so confusing diz:

Sim. Parece que tudo voltou a ser como devia ser desde o inicio.

Sérgio, feeling good diz:

Se tu o dizes.

-“CLARA! CLARA ANDA CÁ!” – chamei pela minha irmã. Ridículo eu sei. Mas precisava da sua opinião sobre isto.

Passado 5 minutos apareceu ela no meu quarto , com aquela carinha de quem está chateada.

-“Que queres chato?”

-“Vá Clarinha não sejas assim. Vês? Eu estou a falar com ela!” – e apontei para o ecrã onde aparecia a minha janela de conversa.

Um grande sorriso preencheu a cara da minha maninha.

-“Estás? Estás mesmo? Ai mano que bom. Deixa ver.”

E ficámos ali os dois agarrados ao computador a falar com a Inês. A minha mana de vez em quando gritava comigo do género “ Não digas isso!” “ Diz assim!” , ou abraçava-me contente por eu lhe ter dado ouvidos. Mas passado quase uma hora , a Inês disse que ia fazer os tpc e tomar um banho antes de jantar.

Fiquei triste. Adorava falar com ela. E pela primeira vez, ou pela segunda – melhor dizendo - tivemos uma conversa agradável. Fiquei a conhecê-la melhor. Eu simplesmente adorava esta miúda. Sabia perfeitamente o que queria para mim.

O resto da noite correu como todas as outras, com a minha mãe a chamar-me para o jantar – que estava óptimo como sempre. Era estranho não ter o pai á mesa connosco, mas já se tinha passado muito tempo e não queria estar a incomodar a minha mãe com este assunto. Talvez neste verão pudéssemos passar mais tempo com ele. Sei que a Clara ia adorar.

Por muito que ela evitasse falar no pai, eu sei que ela tinha saudades dele. Apesar de ter sido um idiota , não deixava de ser o nosso pai. Mas estava sempre tão ocupado com o trabalho, que era quase impossível falar com ele. E assim passaram quatro anos longe do nosso pai.

Mas não adiantava pensar nesse assunto. Já era um assunto que estava enterrado no passado. Por isso, levantei-me da mesa de jantar e dirigi-me para o meu quarto. Mal caí na cama só me lembro de acordar no dia seguinte.

Hoje é o dia da festa de Natal. Ultimo dia de aulas antes do segundo período. Finalmente um pouco de descanso dos testes e aulas. Mas também férias de Natal são uma seca… sempre a chover.

Na escola não se falava de mais nada senão da festa. Esta associação de estudantes prometia. A do ano passado não fazia nada senão passar musicas nos intervalos.

Ao longe conseguia ver a Mariana a dirigir-se para mim. Discretamente juntei-me ao pessoal que ia para o campo e fui jogar futebol. Não me apetecia nada estar a ouvir aquelas tretas todas outra vez. Ultimamente parecia um disco riscado: “ mal posso esperar por logo á noite!” , “ estou tão contente”. Fogo, só me apetecia mandar calar aquela boca, mas claro que não o fiz. Não queria ser bruto com ela, só porque a sua prima ia á festa com o João e não comigo.

O dia correu como sempre. Fizemos as auto-avaliações, não demos matéria, saímos mais cedo, etc. Almoçei, vi tv, joguei PES 2010, e quando dei por mim já estava atrasado. Fui tomar banho, arranjar-me. Não sabia o que ia vestir. Não sabia se devia ir de fato, ou se devia ir informal. Raios. Limitei-me a vestir umas calças de ganga, os ténis, e um blazer. Também não era nenhuma festa de gala.

Estava a ajeitar a camisa quando tocou o telemóvel. Assim que vi quem era , só me apeteceu atirar o telemóvel contra a parede. Meu Deus que criatura tão chata.

-“Olá Mariana.”

-“Olá Sérgio. Já estás pronto?

-“Sim sim… estava só a acabar aqui uma coisa. Porque? Já estás a ir para a festa?”

-“Bem… na verdade. Eu gostava que me viesses buscar.”

Nem acredito nisto. Isto assim mais parecia um encontro romântico. E eu não queria nada disso com ela. Mas ok. – “Tudo bem. Eu posso ir buscar-te. A que horas?”

-“Bem se estivesses aqui daqui a 15 minutos, ou seja ás 20horas era óptimo!”

-“Ok. Então estou aí ás 20h. até já!” – ia a desligar a chamada, quando ouvi do outro lado da linha alguém a mandar beijinhos. Esperei um momento e acabei por desligar . Não estava para aturar aquilo. Enfim.

Empatei um bocado o tempo em casa. E quando faltava meia hora para ás 20h, saí de casa pronto para ir buscar a Mariana a casa.

Quando lá cheguei dei-lhe um toque no telemóvel e ela desceu. Mas assim que a porta da rua se abriu eu fiquei… wow. Não tinha palavras para o que vi quando a Mariana desceu.

Não queria acreditar no que os meus olhos viam. Estaria a alucinar?