22º Capítulo

Quando dei por mim já estava a dirigir-me a ele com um grande sorriso na cara , igual ao que ele me transmitia.

-“Pronta?” – perguntou ele.

-“Sim! Mostra-me lá Tavira.”

Ele levou-me a um jardim lindo… era amplo e muito verde… colorido por flores amarelas, brancas, cor-de-rosa, etc. Era absolutamente lindo. Parecia que estava no campo. Inspirei o ar puro e, instintivamente, sorri. Sentia-me feliz. Tanta beleza junta. Este jardim lindo , e eu acompanhada de Sérgio. Lindo!

Senti algo no meu cabelo ,e depressa me afastei assustada. Podia ser um bicho.

-“Calma… Só te queria oferecer esta flor.” – disse ele , colocando-a no meu cabelo – “ ‘tás linda!” – sorriu ele. Perante tal beleza , não consegui evitar e sorri também. Só podia ser um sonho.

-“O-Obrigada!” – agradeci-lhe pela flor –“ Queres que te ofereça uma também? Não tenho nada para te dar…” – ele sorriu meio torto.

-“Acho que passo.Obrigado!” – e começou a rir.

Continuámos a passear pelo jardim passando por um lago cheio de cisnes, tão lindo. Começava a perguntar-me se isto ainda podia ficar melhor?

-“Estás a gostar?” – perguntou ele parando de andar e virando-se para mim.

-“Eu...” – os olhos dele olhavam para mim e eu sabia que já não estava a conseguir pensar como deve ser.  Já estava a vaguear no seu azul profundo.

-“Inês?! Estás bem?” – ele abanava-me suavemente os ombros , para me tirar deste transe.

-“Oh… desculpa! Que vergonha.” – tenho sempre que estragar tudo é incrível.

-“Não faz mal. Parece que não estavas aqui…” – disse ele brincando comigo.

E assim ele se esqueceu da pergunta que me tinha feito e continuámos a passear.

-“S-Sé-Sérgio…?”

-“Sim?”

-“Porque me convidaste para passear contigo?”

Preparava-se para me responder , quando ouvimos um som que parecia rasgar o céu. Assustei-me. Sentindo-me mais protegida assim que ele me abraçou.

-“É só uma trovoada. Não precisas de ter medo!”.

Mas a trovoada não vinha sozinha. Pois imediatamente começou a chover , estragando toda a beleza do jardim e afastando os cisnes.

-“Anda!” – sentí uma descarga eléctrica assim que a sua mão agarrou a minha, obrigando-me a segui-lo a correr para nos abrigarmos da chuva.

Fomos para de baixo da casa do escorrega. Estava encharcada e, agora, com frio.

-“Bem… isto não estava nos meus planos.”- disse ele  dando o seu sorriso torto. Será possível que até numa tarde chuvosa e trovejante ele conseguia ser mais lindo?

Mais um trovejar… eu não gostava nada de trovoadas. Deixava-me inquieta e, sim… assustavam-me!

-“Tens medo?” – perguntou ele meio a rir.

Não consegui responder. Queria mostrar-lhe que era corajosa e que não era uma simples trovoada que me iria assustar. Mas sabe-se que isso não era verdade.

-“Ah…” – ele percebeu –“Não precisas de ter medo Inês. Aqui estamos seguros” – e puxou-me mais para si. O que agradeci no meu interior. Estava com frio.

-“Sé-Sérgio… N- Não chegaste a di-dizer porque é –é que me convidaste pa- para passe – passear contigo..” – os meus lábios tremiam do frio que estava a sentir .

-“Eu… eu quero estar contigo. Precisava de estar contigo…”

-“Po- porquê?”

-“Eu gosto de ti Inês. Desde que te vi que não te consigo tirar da minha cabeça. Estás sempre presente. E… depois aquele beijo. Eu pensei que a partir desse dia tudo fosse mudar, mas tu afastaste-me. Não conseguia perceber. Depois vejo-te com o João, todos os dias…” – desviou o olhar, despenteando o cabelo – “ Eu tenho de saber se sentes o mesmo que eu Inês? Sem mentiras, sem desculpas. Queres o mesmo que eu?

-“Sérgio… eu acho que não devíamos ter esta conversa.”

-“Porquê?!”- perguntou ele impaciente e confuso.

-“Porque… Tu convidaste a minha prima para ir contigo. Não me convidaste a mim. Se gostas assim tanto de mim porque convidar a minha prima e não eu?”

-“Estás com ciúmes?”

-“Não! Quer dizer…não é nada disso. Mas se gostasses de mim convidavas-me a mim e ias comigo.”

-“Da mesma maneira que vais com o João? Gostas dele Inês? Então e os nossos beijos? Não significaram nada? Gostas dele?”

-“Não… Não é nada disso. EU GOSTO DE TI SÉRGIO! Eu gosto de ti… eu senti a tua falta… a falta dos teus lábios… do teu abraço… tudo.”

Então , no segundo seguinte, eu sentia os seus lábios contra os meus novamente. Sentia o seu sabor outra vez. Sorri de felicidade. Tê-lo ali comigo acabava com todos os problemas. Não me importava ele ir com a minha prima. Agora eu sei que ele gosta é de mim. Estava no auge da minha felicidade.

Ali estávamos nós á chuva, eu colada no seu abraço a percorrer os seus lábios com a minha língua. Ele puxou-me para o seu colo e entre beijos disse-me algo que há muito queria ouvir.