19º Capítulo

-“Sim… todos…todos tivemos saudades de te ver no jogos Sérgio!” – apressou-se a Ana a disfarçar –“Não é a mesma coisa sem o capitão não é?!” – disse ela gesticulando. Não pude deixar de olhar para ela agradecida. Será que ele se tinha apercebido da minha recaída? Espero que não!

-“Obrigada! Mal posso esperar para voltar ao campo.” – disse ele todo sorridente. Que sorriso lindo ele tinha, nunca tinha visto dentes tão perfeitos. Notava-se que estava entusiasmando por já não andar com as muletas nem ter o gesso na sua perna.

Eu queria continuar a falar com ele. Nem acredito que ele me tinha falado, que me tinha sorrido… estava tão feliz.

-“ Grupo seguinte por favor!” – disse a professora olhando para nós. Estava um pouco nervosa . Não me sentia muito á vontade a falar á frente de tanta gente, e ainda para mais, para pessoas novas – a minha nova turma.

-“Ana eu não consigo. Vou me engasgar.” – disse-lhe já tremendo por todo o lado. As minhas mãos simplesmente não conseguiam estar quietas. Então , eu senti. Um calor confortável apoderou-se das minhas mãos acalmando-as. Sérgio estava a segurar as minhas mãos para que estas não tremessem tanto.

Virei-me instintivamente na sua direcção ,o que fez com que ficássemos muito perto. Ainda mais nervosa fiquei de estar tão perto dele , novamente.

-“Vai correr tudo bem! Tu és óptima. Vais conseguir apresentar isto na boa. Não tremas ok? Vai correr tudo bem!” – murmurou . Aposto como a Ana não conseguiu ouvir, de tão baixo que ele falou. Mas eu ouvi ,pois estava mesmo perto dele. Tão perto que o meu corpo chamava pelo dele, pelo seu calor e toque. E sem mais demoras, acariciou-me a face. Como ele fazia. Senti-me nas nuvens. Era capaz de ficar ali para sempre. Uma simples carícia da sua mão quente e macia, levou-me ás nuvens.

-“ Podem começar meninos!” – disse a professora, tirando-me dos meus devaneios.

A apresentação correu super bem. Talvez se devesse a ele , e ás suas palavras. Os colegas aplaudiram e a professora também. O que nos fez sorrir de satisfação. Faltavam cinco minutos para tocar , e eu ainda queria agradecer ao Sérgio.  Fui ao seu encontro, quando reparo que já alguém estava a falar com ele.

Parece que mais alguém se tinha lembrado de ir ter com o Sérgio. A Mariana já lá estava a dar em cima dele.  Vê-la abraçá-lo deixou-me esquisita. Não queria que mais ninguém lhe tocasse assim. Ela simplesmente não tirava as mãos de cima dele. Tocava-lhe no cabelo, no braço, toda cheia de sorrisos…Senti-me a ferver. Mas não fiz nada. Peguei na minha mochila e ia sair quando sinto uns braços á minha volta.

-“Inês posso falar contigo?” – perguntava o João um pouco mais sério do que é habitual. Estranhei…

-“Claro João. Diz lá!” – incentivei-o.

-“Ahh… aãh… Estiveste muito bem na apresentação do trabalho? O vosso tema era mesmo curtido…” – disse ele meio engasgado. Algo me dizia que não era bem isso que ele tinha para falar comigo.

-“Obrigada!” – respondi sorrindo , sentindo-me orgulhosa de mim –“ o vosso trabalho também estava óptimo. Na verdade acho que todos os trabalhos foram excelentes”.

-“Oh.. yah!” – foi a única coisa que ele conseguiu dizer. Ele preparava-se para dizer alguma coisa, quando ouvi o toque para a saída. Olhei para a Ana que já vinha na minha direcção com a sua mala e a minha. Comecei a dirigir-me na sua direcção quando, senti um aperto forte no braço.

-“AU!” – foi a única coisa que me saiu. Aquilo foi um pouco forte de mais.

-“Desculpa!...” – mal ouvi a sua voz voltei-me na sua direcção.

-“Fogo João, MAGOASTE-ME! Para que foi isso?” – perguntei um pouco irritada assim que percebi que era ele…Outra vez!

-“Des- Desculpa Inês.” – mal vi a sua cara de cachorro abandonado, arrependi-me logo de falar com ele desta maneira tão agressiva.

-“Não. Desculpa peço eu. Que queres? Deve ser importante para me aleijares.” – disse-lhe a rir. Tinha que lhe arrancar um sorriso, nem que fosse com a piada mais seca do mundo. O que era bastante habitual em mim.

-“Pois… desculpa lá isso.” – e riu-se. Consegui! Eu não queria ver o meu mais recente amigo triste. Sim o João era mesmo meu amigo. Nunca imaginei… ficar amiga do melhor amigo do Sérgio. Se fosse outra situação, isto seria perfeito para me aproximar do Sérgio. Mas também se fosse outra situação, não seria amiga do João hoje, porque nunca me teria chateado com a minha prima. Só problemas! – pensei para mim.

-“Inês não vens?” – perguntou-me a Ana já aborrecida de estar a segurar a minha mala, se calhar estava um pouco pesada (mala de raparigas – já se sabe como é.)

-“Ãhn… Eu..”

-“Ana eu preciso de falar com a Inês. Não te importas de ir andando que já vamos ter contigo?” – pediu-lhe o João, nem me deixando terminar a minha frase. Mas que raio se passava de tão importante que ele não me podia falar depois?

Ela saiu deixando a mala comigo – ok estava mesmo pesada! Mal ela ma deu , deixei-a cair, não estava á espera daquele peso todo.

-“Mas o que é que tens assim de tão importante para falar comigo?” – perguntei já impaciente.

-“Não é bem falar… é mais um pedido.” – Oh Meu Deus! Será que a Ana tinha razão? Será que o João gostava de mim? Não! Não podia ser, ele é meu amigo. Apenas isso! Nem pensar…