12º Capítulo

Tinha acabado de jantar, quando fui para o meu quarto. Quer dizer, acho que não posso dizer que jantei, estava tão distraída nos meus pensamentos que nem tinha fome para comer. Apenas brinquei com a comida que estava no prato. A minha tia perguntou-me se estava doente ou se me estava a sentir mal para não comer. Pelo que levei uma garfada á boca para lhe demonstrar que estava bem.

Quem não tirou os olhos de mim por um segundo foi a Mariana. Será que ela se estava a aperceber de alguma coisa? Será que a Carolina lhe disse que eu lhe pedi o contacto do Sérgio? Não, a Carolina nunca faria isso.

Limitei-me a levantar o prato da mesa e a dar as boas noites e a dirigir-me para o meu quarto.

Ainda pensei em ligar á Ana, mas ela ainda devia estar meia adoentada e não a queria deixar nervosa com os meus problemas. Decidi concentrar-me nos T.P.C que tinha para amanhã. Assim iria fazer algo de útil e não pensaria mais nisto.
Passado meia hora já os tinha feito e revisto, e revisto outra vez. Decididamente não foi uma grande ideia. Mas o que haveria de fazer? Não podia falar com ele sem que conversa fosse dar ao assunto que eu mais temia.

Limitei-me a arrumar os meus cadernos, vestir o meu pijama e tratar da minha higiene pessoal. 

Já deitada na minha cama, não conseguia dormir. Destapava-me depois tapava-me, virava a almofada, olhava para o tecto. Não conseguia dormir. Porquê? Sentia-me ansiosa, nervosa, sentia que iria acontecer algo, mas não sabia o quê. E isso deixava-me perturbada. Fui buscar o meu mp3 para tentar adormecer. Consegui á medida que ouvia a música: “Lifehouse- Broken”, os meus olhos já imploravam para fechar e descansarem finalmente. Não resisti.

Versão do Sérgio

Sérgio, feeling good diz:

Não. Eu agora estou a falar de outra coisa… ‘tou a falar do beijo que houve entre nós Inês. Foi … nunca me tinha acontecido assim. Tu és diferente Inês. Eu preciso de saber se concordas comigo.

Nez, so confusing diz:

Sérgio a minha tia está a chamar-nos para jantar. Vou sair da net, falamos depois ok? Beijo* Boa noite

Sérgio, feeling good diz:

Espera não vás. Diz-me o que sentiste.

Reparei que ela já tinha saído quando escrevi, por isso apaguei.

Grande sorte a minha. Finalmente ela tinha vindo falar comigo, elogiou-me e tudo, e quando falei sobre o beijo de hoje, ela teve que ir.

Deitei-me na cama. Só queria relembrar a tarde de hoje. A forma como ela me fez sentir. O corpo dela junto ao meu, o sabor dos lábios dela…

-“Mano? Não ouviste a mãe a chamar? Vamos jantar!” – reclamou a minha irmã.

-“Quê?” – perguntei , despertando do meus pensamentos.

-“Ai mano. Anda jantar!” – disse-me ela já sem paciência, puxando-me pelo braço e bufando. Devia estar cheia de fome.

-“Tem calma Clarinha. Não ouvi.”

-“Pois pois. Estavas a pensar nela?” – perguntou-me ela com um sorriso maroto, sentando-se ao pé de mim na cama.

-“Que disseste?” – perguntei arregalando os olhos, com a pergunta que ela me fez.

-“Oh mano eu já reparei como olhas para ela. Gostas dela não gostas?” – perguntou-me fazendo festinhas no meu cabelo.

-“És muito espertinha és. Mas, sim. Sim, gosto dela!” – disse-lhe a sorrir.

-“Então se gostas dela… qual é o problema?” – perguntou ela. Sempre muito simples a minha maninha. Via-se logo que ainda tinha 16 anos.

-“Oh mana… se fosse assim tão simples.” – sorri-lhe e abracei-a. Ela não era a típica irmã mais nova , não era irritante nem mimada. Ela era como uma melhor amiga para mim, sempre falámos sobre tudo. Sempre lhe disse que estaria aqui para o que ela precisasse, e que a adorava muito.

-“Vais ver que vai correr tudo bem mano. Sinto que vocês vão ser muito felizes os dois!” – disse-me ela com o seu maior sorriso, levantando-se num salto, da cama.

-“Eu quero que sim! Com tanta confiança e apoio…” – disse-lhe.
-“Mas mano… para resultar tens de ser tu mesmo ok? Ela é diferente mano. Não te armes em parvo e não estragarás tudo.” – disse-me ela , agora olhando-me séria.
-“Ok maninha. Consultaste a tua bola de cristal? Esse aviso foi um pouco sinistro. Buuh!” – disse-lhe desatando-me a rir.

-“És um parvo mano. Vá vamos jantar, estou cheia de fome!” – e praticamente levou-me de arrasto até á sala de jantar. Adoro-a!