Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira


Capítulo 6
A pequena




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Jade e Beck já estavam na cidade, como Richard fez questão de informar à noiva com bastante animação, enquanto tomavam uma vitamina no “Vitamina da Hora”, já emendando o convite:

— Meus pais e minha avó convidam para um jantar lá em casa. Falaram que como não fizemos um noivado oficial, gostariam de reunir as duas famílias para oficializar.

— Nossa! Seus pais são mais conservadores que o meu pai. Ele não esconde a contrariedade de morarmos juntos antes do casamento, mas não exigiu um noivado formal.

— O que custa dar essa alegria a eles?

— Embora eu tenha gostado bem mais do seu pedido de casamento com a aliança dentro da taça de champanhe, num restaurante fino, que você só conseguiu pagar no crédito, quando eu quase a engoli num gole grande demais – rindo.

Richard também começou a rir:

— Foi realmente engraçado, meu amor. Mas, eu estou rindo agora. Na hora, fiquei nervoso. Aliás, já estava. Ainda mais ao imaginar ter que te levar para o hospital sufocando no dia que eu planejei para ser tão especial.

— A sorte é que eu sou rápida na cuspida e só te causei um pouco de vergonha.

— Eu jamais sentiria vergonha de você, Belle. Eu me sinto o cara mais sortudo do mundo tendo você ao meu lado, eu quero que todo mundo me veja e olha que nunca gostei muito de olhares.

— Como você consegue ser tão fofo, Rick?

Isabelle puxou o noivo pelo colarinho da camisa para mais perto de si e o beijou. Costela aproximou-se forçando uma tosse:

— Com licença, pombinhos. Gostariam da nossa especial e tradicional vitamina do amor? Por conta da casa.

— Sem essa, Costela. Conheço a história da vitamina do amor por conta da casa. Você só vai cobrar o copo e bem caro, não é mesmo?

— Não tem problema, eu pago – manifestou-se Rick.

— Menos, amor. Vamos nos casar e precisamos economizar. Estamos em início de carreira, não podemos esbanjar com os nossos salários – retrucou Isabelle.

— Apesar da injustiça da sua fala, informo que é tudo por conta da casa, vitamina, copo e canudo. Como vocês vão se casar e me mandaram um convite, é um presente meu. Sem contar que eu conheço seus pais, Isabelle, desde muito jovens, e você, desde bebê, até cuidei de você algumas vezes na casa da sua avó Marissa. Se me permite, já me considero seu tio.

— Oh, Costela! Me desculpa por ter sido injusta – disse a loira, levantando-se e abraçando Costela, que retribuiu o abraço.

— Sabe qual o pagamento que quero? – perguntou ele, olhando para a moça com os olhos cheios de lágrimas – Que você seja muito feliz – abraçando-a mais uma vez.

Richard e Isabelle tomaram a vitamina de morango no copo em formato de coração, com dois canudos e saíram. O rapaz avisou que iria voltar para mansão da avó e passar o dia com os pais e a irmã. Então, a moça seguiu caminhando ao Bushwell, próximo dali.

Quando passou pela pracinha, viu Cris brincando com Ellie. O acelerar do coração foi inevitável, assim como dos passos, a fim de sair logo dali sem ser vista. Mas, Ellie atirou a pequena boneca de pano na sua direção e ela não se conteve em pegar o brinquedo e devolver para menina.

Ellie pegou a boneca e abraçou as pernas de Isabelle, pedindo colo. A loira não resistiu e pegou a pequena, dizendo:

— Não jogue o seu brinquedo assim, você pode perder.

A pequena passava as mãos pelos cabelos de Isabelle e olhando para ela disse:

— Você é muito binita (bonita).

— Você que é muito linda – respondeu a adulta, sorrindo para menina.

Cris, que até então só admirava a cena, manifestou-se:

— Sabia que ela é sua prima, filha?

— Você é? – indagou a pequena olhando para Isabelle.

— Sua mãe é minha prima, então, sim, nós também somos primas.

— Que legal! – disse Ellie abrindo um grande sorriso.

Isabelle deu um beijo na bochecha da pequena e a colocou no colo de Cris, dizendo:

— Eu preciso ir. Tenho que dar um recado importante aos meus pais.

— Binca (brinca) comigo – pediu Ellie, olhando para loira.

Cris propôs:

— Fica um pouco mais e brinca com ela. Estamos na era da tecnologia, você pode dar esse recado aos seus pais pelas mídias eletrônicas.

— Eu conheço muito bem as mídias eletrônicas, sou engenheira nessa área. Há recados que precisam ser passados pessoalmente. Tenho que ir.

Isabelle virou as costas e começou a caminhar para ir embora, mas ouviu os gritos de Ellie, num choro sentido:

— Fica comigo! Binca comigo!

Cris também gritou:

— Pode ser engenheira e toda sabida da sua área de conhecimento, mas não tem coração, não sabe nada de afetos humanos.

Isabelle voltou, furiosa:

— Eu não entendo nada de afetos humanos! Você me traiu com a minha prima, depois de tudo o que vivemos juntos!

— Pelo menos não deixo uma criança chorando. Eu jamais faria ou permitiria uma maldade com uma criança só porque ela faz parte de uma história que me machuca.

— Eu não vou deixar a Ellie chorando por minha causa. Eu gosto dela. Essa criança não tem culpa de nada. É uma vítima. Já teve azar demais tendo por pai um traidor e por mãe aquela cobra.

Isabelle pegou Ellie do colo de Cris e saiu andando. Ele gritou:

— Você está seqüestrando a minha filha?

— Isso não é um seqüestro. Você sabe onde moro. Se ela quer ficar comigo, ela vai. Mas, não sou obrigada a aturar você por causa dela.

Quando Isabelle chegou ao apartamento dos pais com Ellie no colo todos se surpreenderam. Sam indagou:

— Você não roubou a menina para se vingar, né Belinha?

— Claro que não! Que ideia! Ellie quer brincar comigo, então eu a trouxe para brincarmos com as minhas bonecas, lá no meu quarto.

Foi a vez de Freddie perguntar:

— Mabel e Cris sabem disso?

— Cris sabe.

Sam perguntou, desconfiada:

— Você anda falando muito com o Cris?

— Volte e meia esbarro com ele no prédio ou nas redondezas. Afinal, somos vizinhos.

— Até agora não entendi o que ele estava fazendo no seu provador enquanto você experimentava um vestido de noiva – relatou Sam.

Freddie se surpreendeu:

— Cris estava no seu provador?

— Ele me viu entrar na loja e me seguiu, querendo me cumprimentar num momento bem inapropriado. Mas, esperar o quê daquele lá? Sempre foi lesado da cabeça!

— Belinha, eu abençoei seu relacionamento com o Cris uma vez e deu no que deu – iniciou Freddie, sério – Não quero te ver com ele nunca mais. Você bem sabe que não aprovo que você viva como se casada fosse com o Rick sem oficializar a união, mas isso acontecerá muito em breve. Richard é um bom rapaz. Não abra mão dele por alguém que tanto te fez sofrer.

— Eu sei de tudo isso, pai. Não precisa se preocupar. Eu amo o Rick e vou me casar com ele. Mas, não preciso passar a vida odiando o Cris. Ódio é um sentimento que só faz mal, atrasa a vida.

— Nisso ela tem razão – apoiou Sam.

— Bom, eu vou brincar com a Ellie. Mas, antes, quero que saibam que os pais do Rick estão na cidade e convidam para um jantar de oficialização do noivado hoje à noite, na mansão da avó do Rick.

— E você avisa assim em cima da hora? – insurgiu-se Sam.

— Ele só me disse há pouco, mãe.

— Vou ter que me arrumar, ver roupa, dar um jeito no cabelo, localizar Eddie e Nick, que mal chegaram e já sumiram...

— Eles foram ao cinema, amor. Calma que vai dar tempo de tudo – interveio Freddie.

Quando entrou no seu quarto, Isabelle colocou Ellie sobre a sua cama e pegou uma caixa sobre o seu guarda-roupa, na qual guardava suas bonecas favoritas, aquelas que não teve coragem de se desfazer.

Colocou a caixa na frente de Ellie e permitiu que a menina escolhesse as bonecas para brincar e, assim, as duas passaram a tarde, até que Cris apareceu dando leves batidas na porta do quarto:

— Eu acho que a Ellie já brincou bastante com a prima. Eu preciso levá-la, ela tem que tomar banho e jantar.

— Claro – concordou Isabelle.

Cris se aproximou para pegar a filha e não deixou de reparar em Isabelle, que já estava arrumada para o jantar.

 

Ele elogiou:

— Você está muito bonita, quero dizer, ainda mais do que de costume.

— Tenho que caprichar, é o meu jantar de oficialização de noivado, meus sogros esperam por isso.

— Entendo. Então, bom jantar.

— Obrigada.

Quando Cris chegou ao seu apartamento, encontrou Carly, Gibby e Sophie prontos para sair e perguntou:

— Estão chiques, aonde vão?

— É o jantar de noivado da Belinha – respondeu Carly.

— Ah, claro.

Mabel, sentada no sofá, assistindo à televisão, manifestou-se:

— Pra variar, não fomos convidados. Parece que nem fazemos mais parte da família mesmo.

— Fomos convidados para o casamento – retrucou Cris.

— Até agora nem entendi o porquê.

— Você se convidou, amor, no restaurante, não se lembra?

— Eu só queria provocar a minha priminha, não imaginei que ela fosse levar a sério.

Carly, Gibby e Sophie despediram-se e saíram. Mabel emendou a conversa:

— Você tem certeza que Isabelle nos convidou só por causa do que eu disse no restaurante?

— Por que mais seria?

— Ellie passou a tarde com Isabelle depois que vocês se encontraram na pracinha hoje. O quanto têm se visto?

— Pouco. Somos vizinhos, nos vemos por aí, rapidamente.

— Cris, nós temos um pacto. Se você quiser ficar com a Isabelle, é livre para fazê-lo. Mas, para isso, terá que quebrar o nosso pacto. Logo, Ellie não será mais a sua filha!

— Você está me ameaçando, Mabel? Você sabe que Ellie é minha filha independentemente de qualquer coisa! – alterando o tom de voz.

— Não estou te ameaçando, apenas avisando – pegando a filha do colo de Cris e subindo as escadas com a pequena.


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