Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira


Capítulo 26
O "show" da Melanie




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O advogado que defendia Cris foi sucinto na sua exposição, focando no fato de que o estudo psicológico demonstrou que Ellie é apegada à Cris e que ele sempre foi muito presente na vida da menina, de modo que um ruptura nesse momento poderia desencadear traumas psicológicos irreversíveis para o futuro.

Na sequência, Melanie reforçou a verdade biológica e afirmou que Cris induziu Mabel a permitir o registro da filha dele num momento em que ela estava vulnerável.

— Protesto – disse Doug – Não há prova nenhuma disso!

A Juíza indagou à Melanie:

— A Doutora tem como provar o que alega?

— Tenho atestados dos psiquiatras que sempre a trataram e as provas testemunhais.

— Então prossiga.

Melanie prosseguiu afirmando que a filha sempre foi frágil emocionalmente e que acabou grávida ainda adolescente e ao pedir um conselho a Cris, a quem tinha como irmão, em razão do casamento do seu pai com a mãe adotiva do rapaz, acabou sendo convencida de que o melhor a fazer era deixar ele assumir a criança, que em seguida casou-se com ela, mas, quando reencontrou a namorada de infância, resolveu pôr fim ao relacionamento, mesmo consciente do estado de depressão da esposa, valendo-se novamente da sua fraqueza para lhe tirar a filha.

Cris cochichou para o advogado:

— Desse jeito pareço um monstro e aproveitador.

Doug respondeu:

— Acalme-se, estamos só começando. Ela pode falar o que quiser, mas tem que provas. Temos as nossas testemunhas que abonam o seu bom caráter.

Quando Melanie terminou, a Juíza determinou que Doug começasse a chamar as testemunhas. A primeira foi Carly.

Doug fazia perguntas quanto ao cotidiano de Cris com a filha, demonstrando o quanto era um pai presente e cuidadoso.

Depois, Melanie assumiu a palavra e começou a deixar Carly nervosa:

— A senhora sabia que seu filho não era o paio biológico de Elena?

— Não sabia até pouco tempo.

— A gravidez de Mabel foi o motivo determinante para o casamento dele com ela?

— Eu acredito que sim.

— A relação de Cris e Mabel antes disso era como de irmãos?

— Eu acreditava que sim, mas, eu mesma vi os dois dormindo juntos.

— Não pode ter sido uma armação arquitetada pelo seu filho para forçar o casamento e o reconhecimento de paternidade?

— Eu não acredito que meu filho faria isso.

— A senhora não conhece realmente o seu filho.

Doug falou:

— Protesto! A advogada não pode expor opiniões pessoais.

A Juíza concordou:

— Protesto deferido.

Em seguida, Gibby foi ouvido e mais uma vez Melanie fez perguntas que o levaram a afirmar que forçou o casamento de Mabel com Cris após saber da gravidez.

Foi a vez de Isabelle. Doug iniciou:

— A senhora é a companheira do senhor Cristopher e madrasta de Elena, certo?

— Certo.

— É verdade que doou a sua medula óssea para a menor, porque a mãe dela estava internada numa clínica psiquiátrica e incomunicável no período?

— Sim, é verdade.

— A senhora Mabel lhe agradeceu pelo seu nobre gesto depois?

— Não senhor, pelo contrário.

— Pode dar mais detalhes?

— Ela invadiu o quarto do hospital no qual eu me recuperava do procedimento cirúrgico e proferiu agressões verbais, afirmando que eu não deveria ter me metido e feito a doação, que eu teria feito isso só para bancar a heroína.

— Então, ela não demonstrou nenhuma preocupação com a saúde da filha?

— Não.

Melanie protestou por se tratar de uma opinião pessoal e a Juíza deferiu. Doug fez mais algumas perguntas sobre o dia-a-dia de Isabelle, Cris e Ellie e encerrou.

Ato contínuo, Melanie passou a fazer as perguntas para a sobrinha:

— Você afirmou ser a companheira de Cristopher e madrasta de Elena, mas, porque não contou que também é a prima da Mabel?

— Porque ninguém me perguntou.

— Ou por que sente vergonha de ter roubado o marido da sua prima, criada com você durante alguns anos como irmã?

— Não sinto vergonha de nada, porque não tirei marido de ninguém, o casamento deles já havia acabado. Além disso, Cristopher era meu namorado quando ela se casou com ele. Se alguém roubou algo ou interferiu num relacionamento, esse alguém não fui eu.

— Como Vossa Excelência pode perceber, a testemunha tem questões pessoais contra a minha cliente, o que a torna suspeita, de modo que seu depoimento não pode ser levado em consideração, até porque as afirmações contra a minha cliente são tendenciosas e mentirosas.

A Juíza respondeu:

— Vou avaliar a prova oral produzida pela senhora Isabelle Puckett Benson dentro de todo o contexto da prova, já que não vejo elementos no momento para acolher a suspeição.

Em seguida, a professora de Elena testemunhou, informando a Doug que Cristopher e Isabelle sempre se fizeram muito presentes no colégio e que nunca viu Mabel lá.

Melanie contra-atacou perguntando:

— A senhorita já chegou a pensar que Isabelle era a mãe de Elena em vez de Mabel?

— Cheguei sim.

— Com base em quê?

— Isabelle sempre estava no Colégio e defendia a menina com unhas e dentes, como só uma mãe é capaz de fazer.

— Alguma vez chegou a afirmar para a Isabelle ou diante da Isabelle que ela era a mãe da Ellie sem que ela tenha desmentido?

— Sim, uma vez, quando os ânimos se exaltaram um pouco. Começaram a aparecer manchas roxas na menina e Isabelle pensou que ela estava sendo agredida no Colégio. Eu afirmei que não, mas ela duvidou. Cheguei a afirmar que eu poderia culpar os pais também, me referindo a ela e ao senhor Cristopher.

— Ela não esclareceu que não era a mãe?

— Não, mas também não afirmou que era.

— Isabelle poderia ter desfeito o equívoco. Mas, o manteve, porque deseja ser a mãe de Elena. Assim como Cristopher, ela não quer permitir à Mabel o seu direito de ser mãe, coloca-se entre elas, quer parecer mais mãe que a própria mãe à menina. Os exames psicológicos atestam isso. Elena chegou a se referir à Isabelle como mãe. Vossa Excelência deve ter visto isso nos pareceres das psicólogas.

— Sim, eu vi – confirmou a Juíza – A doutora tem mais testemunhas?

— Eu tenho mais uma. A última arrolada. Já terminei com a professora, pode fazê-la entrar.

Quando a última testemunha entrou no recinto, Isabelle sentiu que seu coração iria sair pela boca, era Richard!

 


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