Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira
O advogado que defendia Cris foi sucinto na sua exposição, focando no fato de que o estudo psicológico demonstrou que Ellie é apegada à Cris e que ele sempre foi muito presente na vida da menina, de modo que um ruptura nesse momento poderia desencadear traumas psicológicos irreversíveis para o futuro.
Na sequência, Melanie reforçou a verdade biológica e afirmou que Cris induziu Mabel a permitir o registro da filha dele num momento em que ela estava vulnerável.
— Protesto – disse Doug – Não há prova nenhuma disso!
A Juíza indagou à Melanie:
— A Doutora tem como provar o que alega?
— Tenho atestados dos psiquiatras que sempre a trataram e as provas testemunhais.
— Então prossiga.
Melanie prosseguiu afirmando que a filha sempre foi frágil emocionalmente e que acabou grávida ainda adolescente e ao pedir um conselho a Cris, a quem tinha como irmão, em razão do casamento do seu pai com a mãe adotiva do rapaz, acabou sendo convencida de que o melhor a fazer era deixar ele assumir a criança, que em seguida casou-se com ela, mas, quando reencontrou a namorada de infância, resolveu pôr fim ao relacionamento, mesmo consciente do estado de depressão da esposa, valendo-se novamente da sua fraqueza para lhe tirar a filha.
Cris cochichou para o advogado:
— Desse jeito pareço um monstro e aproveitador.
Doug respondeu:
— Acalme-se, estamos só começando. Ela pode falar o que quiser, mas tem que provas. Temos as nossas testemunhas que abonam o seu bom caráter.
Quando Melanie terminou, a Juíza determinou que Doug começasse a chamar as testemunhas. A primeira foi Carly.
Doug fazia perguntas quanto ao cotidiano de Cris com a filha, demonstrando o quanto era um pai presente e cuidadoso.
Depois, Melanie assumiu a palavra e começou a deixar Carly nervosa:
— A senhora sabia que seu filho não era o paio biológico de Elena?
— Não sabia até pouco tempo.
— A gravidez de Mabel foi o motivo determinante para o casamento dele com ela?
— Eu acredito que sim.
— A relação de Cris e Mabel antes disso era como de irmãos?
— Eu acreditava que sim, mas, eu mesma vi os dois dormindo juntos.
— Não pode ter sido uma armação arquitetada pelo seu filho para forçar o casamento e o reconhecimento de paternidade?
— Eu não acredito que meu filho faria isso.
— A senhora não conhece realmente o seu filho.
Doug falou:
— Protesto! A advogada não pode expor opiniões pessoais.
A Juíza concordou:
— Protesto deferido.
Em seguida, Gibby foi ouvido e mais uma vez Melanie fez perguntas que o levaram a afirmar que forçou o casamento de Mabel com Cris após saber da gravidez.
Foi a vez de Isabelle. Doug iniciou:
— A senhora é a companheira do senhor Cristopher e madrasta de Elena, certo?
— Certo.
— É verdade que doou a sua medula óssea para a menor, porque a mãe dela estava internada numa clínica psiquiátrica e incomunicável no período?
— Sim, é verdade.
— A senhora Mabel lhe agradeceu pelo seu nobre gesto depois?
— Não senhor, pelo contrário.
— Pode dar mais detalhes?
— Ela invadiu o quarto do hospital no qual eu me recuperava do procedimento cirúrgico e proferiu agressões verbais, afirmando que eu não deveria ter me metido e feito a doação, que eu teria feito isso só para bancar a heroína.
— Então, ela não demonstrou nenhuma preocupação com a saúde da filha?
— Não.
Melanie protestou por se tratar de uma opinião pessoal e a Juíza deferiu. Doug fez mais algumas perguntas sobre o dia-a-dia de Isabelle, Cris e Ellie e encerrou.
Ato contínuo, Melanie passou a fazer as perguntas para a sobrinha:
— Você afirmou ser a companheira de Cristopher e madrasta de Elena, mas, porque não contou que também é a prima da Mabel?
— Porque ninguém me perguntou.
— Ou por que sente vergonha de ter roubado o marido da sua prima, criada com você durante alguns anos como irmã?
— Não sinto vergonha de nada, porque não tirei marido de ninguém, o casamento deles já havia acabado. Além disso, Cristopher era meu namorado quando ela se casou com ele. Se alguém roubou algo ou interferiu num relacionamento, esse alguém não fui eu.
— Como Vossa Excelência pode perceber, a testemunha tem questões pessoais contra a minha cliente, o que a torna suspeita, de modo que seu depoimento não pode ser levado em consideração, até porque as afirmações contra a minha cliente são tendenciosas e mentirosas.
A Juíza respondeu:
— Vou avaliar a prova oral produzida pela senhora Isabelle Puckett Benson dentro de todo o contexto da prova, já que não vejo elementos no momento para acolher a suspeição.
Em seguida, a professora de Elena testemunhou, informando a Doug que Cristopher e Isabelle sempre se fizeram muito presentes no colégio e que nunca viu Mabel lá.
Melanie contra-atacou perguntando:
— A senhorita já chegou a pensar que Isabelle era a mãe de Elena em vez de Mabel?
— Cheguei sim.
— Com base em quê?
— Isabelle sempre estava no Colégio e defendia a menina com unhas e dentes, como só uma mãe é capaz de fazer.
— Alguma vez chegou a afirmar para a Isabelle ou diante da Isabelle que ela era a mãe da Ellie sem que ela tenha desmentido?
— Sim, uma vez, quando os ânimos se exaltaram um pouco. Começaram a aparecer manchas roxas na menina e Isabelle pensou que ela estava sendo agredida no Colégio. Eu afirmei que não, mas ela duvidou. Cheguei a afirmar que eu poderia culpar os pais também, me referindo a ela e ao senhor Cristopher.
— Ela não esclareceu que não era a mãe?
— Não, mas também não afirmou que era.
— Isabelle poderia ter desfeito o equívoco. Mas, o manteve, porque deseja ser a mãe de Elena. Assim como Cristopher, ela não quer permitir à Mabel o seu direito de ser mãe, coloca-se entre elas, quer parecer mais mãe que a própria mãe à menina. Os exames psicológicos atestam isso. Elena chegou a se referir à Isabelle como mãe. Vossa Excelência deve ter visto isso nos pareceres das psicólogas.
— Sim, eu vi – confirmou a Juíza – A doutora tem mais testemunhas?
— Eu tenho mais uma. A última arrolada. Já terminei com a professora, pode fazê-la entrar.
Quando a última testemunha entrou no recinto, Isabelle sentiu que seu coração iria sair pela boca, era Richard!
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!