Dusk Till Dawn escrita por dracromalfoy


Capítulo 9
Capítulo Nove




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DUSK TILL DAWN

Capítulo IX

 

JAMES POTTER

 

Sirius colocou mais duas caixas de papelão no chão do meu quarto ao mesmo tempo em que minha mãe entrou com cookies para comermos. Estávamos, desde o começo da semana, organizando minhas coisas para a viagem, já que iríamos para Argentina no próximo final de semana.

— Eu ainda não me conformo com isso. – Disse minha mãe, colocando o prato em cima da escrivaninha e cruzando os braços. Sua expressão era totalmente rígida. – Eu realmente nunca pensei que você, James Potter, iria abandonar sua mãe para ir para a Argentina.

Revirei os olhos e fui até ela abraçá-la.

— Eu nunca faria isso, Sra. Potter. – brinquei, sabendo que ela odiava ser chamada de senhora. – Virei buscar você e meu pai daqui uns anos.

Minha mãe fez uma careta e apertou minha bochecha, fazendo Sirius rir de deboche.

— E então? – Começou Sirius. Olhei para ele fingindo que não sabia o rumo daquela conversa. Desde meu término com Lily, Sirius me dera espaço e não falara nada sobre aquilo. Uma hora ou outra iria acontecer. – Acabou mesmo?

— Aparentemente.

— Você está indo para Argentina porque realmente quer, ou por causa dessa coisa com a Evans? – Ele perguntou, calmamente, enquanto enfiava mais um cookie na boca já cheia.

— Você realmente está me perguntando isso? – soltei, quase ofendido.

Sirius deu de ombros e voltou a comer, sem me responder imediatamente.

— Eu só não quero que daqui alguns meses você se sinta... arrependido de ter terminado com ela ou de ter ido para...

— Ela terminou comigo primeiro. – Cortei-o, pensativo. – Na verdade, nós chegamos a essa conclusão, de certa forma. Não vou me arrepender, Sirius. Ela estava decidido, pediu para que eu mudasse o número do meu celular, hoje cedo vi que me excluiu do Facebook. – Sentei-me ao lado de Sirius e coloquei um cookie na boca, totalmente infeliz.

— Isso é ridículo. – Sirius declarou de boca cheia. – Vocês eram tão... Feitos um pro outro.

Fiz uma careta. Sirius sempre fora o tipo de cara que fugia de relacionamentos e, na sua visão, todos deveriam seguir o seu exemplo. Nunca, nos anos e anos de amizades que temos, eu o vi gostar de alguém romanticamente. Ele era uma pessoa muito verdadeira, tinha amigos e era leal a cada um deles, porque amizade era tudo. Por esse motivo, ele ficara extremamente inconformado quando comecei a namorar Lily. Ele achava que, possivelmente, eu esqueceria na nossa amizade por causa de uma “garota qualquer”. Obviamente que ele dissera isso da boca pra fora, ele adorava Lily.

Eu ainda não acreditava que estava realmente empacotando minhas coisas, prestes a partir para Argentina. Se, há alguns meses, alguém me dissesse que eu deixaria Hogsmeade com dezoito anos, sem Lily, sem meus pais, apenas com minhas coisas e – ainda mais – para outro país, eu provavelmente iria rir. Nunca imaginaria algo daquela proporção acontecendo.

Apesar de todas as preocupações e todos os pensamentos acerca daquele momento, o pior de todos ainda tinha a ver com Lily Evans. Eu a amava. Muito. Lembrava-me de cada momento especial que tivemos, desde quando eu percebi, finalmente, há dois anos, que estava apaixonado. Lembrava-me da jornada incansável que foi até ela ceder ao medo e me aceitar na sua vida. Um dos momentos mais felizes da minha vida, sim. Namoramos por dois anos, tivemos discussões, mas nunca chegamos a ter uma ruptura de verdade, até meses atrás, quando ela decidiu ir para Nova Haven.

Eu pensei que fosse conseguir, pensei que falar com ela por ligações seria suficiente – ou, pelo menos, fingi que fosse – e que a distância era apenas mais um pequeno problema rotineiro.

Bem, olhe onde acabamos.

Eu não queria esquecê-la, tinha tantas memórias incríveis, tantos momentos... Não seria capaz de fazê-lo, mesmo sabendo que seria o mais sensato.

— Emmeline estava falando de ir com a gente. – Sirius afirmou, tirando-me dos meus devaneios. – Para Argentina.

Hesitei por alguns segundos.

— Sirius, se formos levar todo mundo junto, teremos que voltar daqui alguns meses por não darmos conta das despesas. Não acho uma boa ideia.

— Emmeline é rica, James. Ela tem dinheiro mais dinheiro que todos nós juntos.

— Não mais que você, Black. – James sorriu para si mesmo. Sirius odiava que tocasse no assunto de sua família, mesmo que indiretamente.

— Eu diria que sou o que menos tem, considerando a... Bem, situação.

No dia em que Sirius decidiu seguir carreira artística com seus quadros – que eram lindos e de muito bom gosto – os Black decidiram, simultaneamente, que Sirius não merecia mais o respeito ou amor deles, se é que um dia já o possuíra. A família dele era o pior tipo que existia: conservadores, preconceituosos e arrogantes ao extremo.

— Por que ela iria querer ir junto, afinal? – perguntei, curioso. Eu conhecia Emmeline desde a infância, assim como Sirius, Remus, Lily e Hestia.

— Você sabe como ela é, James. Aposto que é temporário. Ela não sabe o que quer da vida, essa é a verdade.

— E você sabe? Tirando os quadros e a galeria.

Sirius me olhou ofendido.

— Os quadros e a galeria são o que eu quero no momento e daqui em diante. – Afirmou ele, com certeza. – O que mais eu poderia querer?

Fiquei em silêncio, pensando no que eu queria. Faculdade? Talvez daqui alguns anos. Uma carreira política? Definitivamente não. Trabalhar com Sirius nos investimentos da galeria? Bem, por ora, sim. Mas, a longo prazo, o que eu queria? Um casamento? Filhos? Eu sempre quisera filhos, mas estes estavam fora de questão. No futuro, talvez, mas nem essa perspectiva eu tinha mais.

— Cara, a sua vida não se resume a pensar o que quer da vida, no futuro. – Disse Sirius, como se lesse meus pensamentos. – Ficar pensando no futuro e esquecer o que estamos vivendo agora... Humpf, isso é besteira. Emmeline faz bem, sabe? De viver o agora, deveríamos seguir o exemplo dela.

— Não faz sentido não pensar no futuro – pensei alto, coçando a nuca. – Estamos vivendo pra ele.

— Você está igualzinho à Evans. – Sirius fez uma careta, deitando na minha cama que estava perfeitamente arrumada. – Você era mais despreocupado antes dela aparecer. Toda certinha, andando na linha, planejando mil vezes antes de fazer qualquer coisa. Ah, que saudade do velho Prongs.

***

— As caixas já estão todas no porta-malas, Prongs. – Anunciou Remus. Ouvi a porta bater com força antes de seus passos se aproximarem da porta de entrada da casa de campo. A famosa casa dos Potter. – É realmente necessário levar tanta coisa? Estou levando uma mala pequena apenas.

Remus, Sirius, Emmeline, Hestia e eu embarcaríamos no dia seguinte. Iríamos até Londres, onde ficaríamos num hotel perto do aeroporto para podermos ir para a Argentina no outro dia.

— Eu tenho um apego emocional com todas essas coisas aí dentro, Lupin. – Declarei, colocando minha mochila nas costas. – Acho que vou pagar pelo excesso de bagagem.

— Você acha? — Remus riu, encostando-se no carro com os braços cruzados. – Eu tenho certeza disso, James. Quero ver onde vamos colocar tudo isso. A casa que vamos ficar não é tão grande quanto parece.

Ignorei seu comentário quando o carro luxuoso de Emmeline estacionou no gramado de frente para minha casa. Hestia estava junto dela e as duas vestiam-se como se estivessem prontas para acampar.

— Dia. – Cumprimentou Remus, beijando Hestia no rosto e acenando para Emme, que tirava os óculos de sol com um sorriso. – Animadas?

— Yep. – Respondeu Emme. – Estamos com bastante bagagem, espero que não se importem.

— Hestia, eu avisei que...

— Não temos lugar para colocar tanta coisa – completou Hestia, revirando os olhos. – Eu sei, babe. Vamos nos desfazendo das coisas conforme o tempo vai passando, é melhor do que chegar lá na America Latina e perceber que esquecemos algo importante.

Emmeline riu, concordando.

— Aliás, eu consigo ver daqui o carro de vocês lotado de caixas, onde vocês vão colocar tudo isso? – Emmeline apontou para o porta-malas demasiadamente cheio.

— Isso tudo é do Potter. – Disse Remus, apontando para mim com quase desgosto. – Minhas coisas estão no banco de trás e, para vocês saberem, são em menor quantidade.

— E onde está o Black?

— Estamos esperando por ele também. – Remus suspirou fundo, encarando o seu relógio. – Enquanto ele não vem. Hestia e eu vamos no meu carro, James você vai com a Emmeline. Sirius vai com o dele. – Concordei com a cabeça, encarando Emme, que me lançou um sorriso. – Meu pai vai buscar meu carro em Londres amanhã cedo, o que vai fazer com o seu, Vance?

— Doar para alguém. – Ela disse. Remus arregalou os olhos e eu apenas ri. – Obviamente meu pai também irá buscar, Lupin.

— Falando em carros – começou Hestia, chegando mais perto do namorado. – Como vamos fazer na Argentina sem nenhum automóvel?

— James vendeu o carro dele. – Explicou Remus, fazendo eu me contorcer desconfortável. – E vai comprar outro carro na Argentina. Pesquisamos um pouco e o dinheiro deve dar.

— James vendeu seu Porsche? – Emmeline gargalhou alto. – Eu estou muito impressionada. Parabéns, Jay!

Todos sabiam do meu apego pelo meu antigo carro. Quando eu digo antigo, eu digo antigo mesmo. O carro já estava quase na meia vida, mas eu não trocava por nada. Era uma memória do meu avô, que quase no fim da vida decidira comprar um carro novo para ele, que, mais tarde, ficara para mim. Vendê-lo havia sido um sacrifício pelo bem maior, eu precisava do dinheiro para comprar outro, até porque, duvidada muito que o velho carro aguentaria uma viagem da Europa até o America.

— E o dinheiro vai dar pra comprar outro carro? Ele não parecia valer muita coisa... – Disse Hestia, inocentemente.

— Um mais simples. – Bufei, frustrado. – Sirius vai comprar uma moto com o que sobrou da venda do carro dele.

— O que você quer dizer com “o que sobrou?” – indagou Emme. – Sirius tinha um carro muito bom.

— Tem, ainda. Os compradores vão encontrá-lo hoje em Londres para fazer a negociação. Mas, basicamente, ele financiou boa parte da casa que vamos ficar na Argentina.

A verdade era que essa viagem já estava sendo planejada por Remus e Sirius há muito tempo, desde que saíra o resultado do concurso que dera ao meu amigo um investimento para montar sua galeria e ainda divulgá-la. Eu participara de boa parte do processo, mas não dera certeza de que iria, porque eu tinha Lily. Eu não queria ir para a Argentina daquele modo.

Embora a distância entre Argentina e Nova Haven fosse menor, isso dificultaria muito para ambos. Lily não viajaria para a Argentina sendo que sua mãe morava em Hogsmeade. Eu não iria até Nova Haven para vê-la, sendo que também tinha a minha família para visitar. Poderíamos marcar de viajarmos no mesmo dia, mas não chegamos a pensar nisso no meio de toda a confusão. Nem mesmo daria certo.

E, assim, Remus e Sirius planejavam com entusiasmo sobre a viagem enquanto eu apenas participava de metade de tudo aquilo. Metade do meu coração com eles, com o que poderíamos construir, e, a outra metade, com Lily Evans.

Sirius vendera seu carro para financiar uma parte da casa que moraríamos, meu pai pagou outra parte e a família de Remus e Hestia a outra parte. Ter onde morar era uma garantia caso as coisas entre a galeria não desse certo. Remus guardara muito dinheiro para a faculdade, essa era sua garantia, eu tinha meus pais, que poderiam me ajudar. Por fim, quando decidimos que Emmeline também iria, seus pais nos deram dinheiro para o hotel em Londres e para mobiliar a casa. E isso provava que os Vance tinham muito dinheiro e que aquilo era apenas uma pequena ajuda que não faria diferença nenhuma para eles.

Sirius finalmente chegou, trazendo consigo uma quantidade alarmante de bagagem, que fizera Remus ter um surto com o amigo.

— Nós não vamos ter onde DORMIR, SIRIUS BLACK! – Ele suspirou fundo, mexendo nos cabelos. Hestia e Emmeline trocaram risadinhas enquanto Sirius levantava as mãos em forma de rendição. – Eu quero ver o que vamos fazer, eu quero ver!

— Remus, você precisa transar. Isso sim. – Respondeu Sirius, de forma séria.

Hestia parecia prestes a se enfiar num buraco, assim como Remus.

— Acho que está na hora de ir, certo? – Alertei, pensando na briga que aquilo causaria. – Então vamos, vamos, vamos.

Com entusiasmo, entramos todos nos respectivos carros. Emmeline parecia animada para dirigir sua BMW pela última vez.

Já no meio da estrada em direção a Londres, tirei uma foto e enviei para Lily. Não sabia se ela realmente tinha mudado de número.

“Vou sentir sua falta, mas... Me deseje boa sorte?”

Eu não esperava uma resposta. Mesmo se ela não tivesse mudado o número realmente, não responderia. Lily havia sido clara quando dissera que era melhor assim, sem contato nenhum. Enviei a mensagem por impulso, mas sabendo que ela jamais leria ou responderia.

Bloqueei o celular e engatei uma conversa descontraída com Emmeline sobre a Argentina e as poucas coisas que sabíamos sobre o lugar. Ela, inclusive, me contou que era fluente em espanhol, coisa que eu nunca imaginara.

Já se passar vinte minutos quando meu celular vibrou.

“Boa sorte xx”

 


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