Castle escrita por Romanoff Rogers


Capítulo 46
XLVI - Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

HEYYYYYYYY guereiros, desculpem pela demora. Espero que estejam quietinhos em casa hihi.
Boa leituraaa



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Tu choraste em presença da morte?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
— Gonçalves Dias


Steve

— Você claramente está com medo. - eu disse, e Natasha riu.

— Precisa de muita coisa para me deixar com medo.

— Você está com medo de perder de novo. - provoquei e ela olhou para mim daquele jeito ameaçador que fazia muitos homens tremerem, mas eu não conseguia mais que achar fofo.

— Eu vou te derrubar desse cavalo. - sorri, vitorioso por ter conseguido irrita-la e continuamos a seguir o caminho na praia, eu em cima do Romanogers e ela na Princesa.

Resolvemos ir ver a vila, administrada pelo pai de Bucky, como governador do estado. Não duvidava da capacidade de Nolan, mas ninguém sabia que estávamos ali, mesmo.

Era o que achávamos, até Natasha tirar a espada do coldre, alerta.

— O que foi? - perguntei, saindo da distração que eu me encontrava.

— Eu ouvi algo. - olhei ao redor. Estávamos perto da entrada da vila, na areia cheia de dunas cobertas por algumas plantas e de frente para o enorme paredão de pedra que dava fim a baía.

Ouvi algo também, chegando a conclusão de que ela estava certa. Caminhamos devagar em direção ao som estranho, parando atrás de uma duna. Natasha desceu do cavalo com sangue nos olhos, escalando-a sem dificuldade.

Assim que ergueu a cabeça se revelando para quem quer que estivesse ali, ouvi gritos infantis, seguidos de meia dúzia de crianças que saíram correndo e gritando assustadas.

Natasha olhou para mim, esperando certamente meu olhar reprovador que mirava nela naquele instante.

— Estamos em guerra, Steve. - ela escorregou o morro de areia, se levantando e limpou a roupa.

— São crianças, Natasha. - ela bufou, subindo de volta na princesa.

— Jura?

— Precisamos pedir desculpa. - eu disse, e Natasha jogou a cabeça para trás.

— São crianças!

— São seus súditos! - reclamei, tocando o Romanogers para seguir até onde as crianças correram. - Vamos, Romanoff.

— Okay, Romanoff. - ela concordou, me fazendo sorrir.

Seguimos pela trilha aberta na mata praiana, que dava perto do portão principal da vila. Contornamos até chegar nele e entramos. Eu esperava algo discreto, mas os cabelos de Natasha chamaram atenção assim que colocamos os pés na vila.

As pessoas cochichavam, olhando para nós com admiração e Natasha não estava muito feliz. Vi um homem alto e com cabelos grisalhos vindo em nossa direção e desci do cavalo, levando Natasha a fazer o mesmo.

— Majestades. - ele fez uma reverência, que respondemos. - É um prazer tê-los aqui. Sou Lorde Thomas Smith, o prefeito.

— É um prazer. - cumprimentei-o com um aperto de mão, e ele beijou a mão de Natasha.

— Achei que ninguém sabia que estávamos aqui. - Natasha disse, com um sorrisinho perfeitamente forçado normal dela.

— Tentamos esconder a informação, mas não foi possível, peço desculpas, majestade.

— Entendo. - porém aquilo não era nada bom. Uma garotinha loira muito pequena se escondeu atrás do Lorde Thomas, e percebi que era uma das que Natasha assustou. - Quem é essa garotinha?

— Amália, querida, faça uma reverência ao rei e a rainha já. - ele mandou, e a garotinha respondeu. Sorri para ela, devolvendo a reverência. - É minha filha.

— Bem, milady, pedimos desculpas por termos assustado você e seus amigos na praia. - ofereci a mão a ela, que a segurou abrindo um sorriso. Ela parecia ter uns três anos de idade, e me pediu colo que dei de bom grado.

Peguei a garotinha em meus braços, sorrindo e olhei para Natasha.

— Quantos anos você tem, Amália? - perguntei.

— Quatro, mas eu sou pequena. - ela disse, corando.

— Bem, a rainha é pequena também, mas não conte a ela. - ela riu, olhando para Natasha que manteve o sorriso irritado no rosto.

Mais crianças vieram ao meu encontro, algumas garotas apreciando o vestido de Natasha e ela finalmente sorriu verdadeiramente, conversando com elas.

Thomas começou um tour pela vila, e comprimentos pessoas de todas as idades, muito felizes por estarmos ali. Amália tinha me adotado e não saiu do meu colo o tempo todo. Natasha viu uma garotinha ruiva sentada na porta da igreja com sua mãe, ambas muito simples, e assim que viu Natasha a garota se iluminou.

Observei Natasha ir até ela e sentar do seu lado, sorrindo para a garotinha animada. Ela conversou algo com a mãe, e Natasha tirou seus cordões e colocou na garotinha.

Vi ela dizer que ela estava uma princesa, e a menininha a abraçou. Me perdi na fofura do momento, completamente encantado e quando Natasha voltou não consegui esconder meus olhos brilhando, e ganhei um tapinha por isso.

— O que? - ela perguntou, vermelha.

— Você não é igual ao seu pai. Nunca diga isso. - eu disse, e ela sorriu. Passei o braço ao redor dela, com Amália no outro.

Thomas nos convenceu a parar para almoçar. Paguei dois pratos de comida dando gorjeta a mais, e nos sentamos com Thomas e algumas pessoas e conversamos com eles. Natasha parecia ter gostado finalmente da ideia, arrumando amizade com uma garota morena que parecia ser adolescente e estava grávida.

O lugar era uma taberna grande, que fora arrumada para nossa chegada, provavelmente, e algumas pessoas dançavam o folk celta que era tocado por alguns músicos.

— Quer dançar? - perguntei, e Natasha obviamente assentiu. Nunca vi ela recusar uma dança.

Nos levantamos, indo até algumas das pessoas no centro e dançamos juntos. Olhei para ela, que devolveu meu sorriso, feliz.

— Eu te amo. - murmurei enquanto ela veio até mim, e a rodei pelo salão.

— Eu também. - ela sorriu, rodando novamente. Dançamos mais uma música e logo nos sentamos. Bebi com Thomas, ele me contava algumas coisas e até me alertou sobre outras. Ouvi assentindo como um aprendizado, e percebi que era um homem bem sensato. Novamente Amália agarrou no meu pescoço e não queria soltar mais.

Mas logo precisávamos ir. Saímos da taverna, acenando para as pessoas remanescentes e andamos no pátio central cheio de pessoas fazendo as mais variadas atividades. Me perdi de Natasha por um tempo enquanto conversava com alguns soldados.

E de repente tive um vislumbre dos cabelos ruivos de Natasha entrando em um beco entre duas casas de madeira grande.

— Me deem licença. - disse, tendo que deixar o tenente falando sozinho e andei pelas reverências com um sorriso preocupado, chegando até lá o mais rápido possível.

Natasha fitava três cadáveres mortos dentro do beco, semi cobertos por um pano. Suas peles estavam com manchas pretas cheias de pus necrosando, mortas provavelmente a algumas horas. Quando percebi o que aquilo era, puxei Natasha com urgência para longe dali.

— Natasha! Você está louca? - olhei para seus olhos que aparentemente saiam de transe, e ela olhou para mim. - Você não encostou, não é?

— N-Não. - ela respondeu, engolindo em seco.

— Não se entra em becos desconhecidos com corpos de pessoas mortas por doença, Natasha.

— Desculpe. - ela murmurou, e percebi que estava nervoso. Suspirei.

— Você está bem? - perguntei e ela assentiu.

— Majestades? - ouvi a voz do Lord Thomas, e olhamos para ele. Ele viu o beco e associou os acontecimentos. - Oh.

— O que causou a morte deles?

— Não sabemos. O legista acha que é uma doença. - respondeu.

— A quanto tempo morreram? - perguntei.

— O primeiro foi a dois dias. E logo surgiram mais dois. Morreram em treze horas, mais ou menos. - ele suspirou. - Os corpos começaram a necrosar vivos.

Olhei para Natasha, que estava tão preocupada quanto eu.

— Bem, descubram o que é. E enterre esses corpos, ninguém pode toca-los. Pode ser contagioso.

— Sim, majestade. - ele assentiu.

— Precisamos ir. - Natasha disse, e nos despedimos dele. Montamos nos cavalos, todos ficaram nas calçadas dando tchau a medida que saíamos da vila.

Amália acenava para mim com a mãozinha pequena e sorri, prometendo que um dia voltaria para vê-la. Natasha estava quieta, então presumi que era por causa da imagem aterrorizante dos corpos. E aquilo me preocupou imensamente.

(...)

Natasha

Senti o corpo de Steve em meus braços se agitando e abri os olhos. Assim que acordei de fato percebi que ele se debatia, gemendo palavras que não entendi o que eram. Me sentei segurando seu rosto.

— Steve, é um pesadelo. Rogers, acorda. - o sacudi, preocupada e ele finalmente abriu os olhos, tendo um espasmo e se levantou completamente, cambaleando pela sala até bater de costas contra uma estante. - Steve!

Levantei, indo até o loiro de olhos fechados que tinha a respiração ofegante. Toquei seu rosto tentando acalma-lo.

— Ei, está tudo bem. Está tudo bem.

— Estou bem. - ele murmurou, abrindo os olhos e tentou me afastar.

— Não está, Steve.

Dei espaço para ele, que se sentou no banco do piano preto na sala e colocou a cabeça entre as mãos. Depois de alguns minutos ele ergueu o corpo, já menos pálido e olhou para mim. Fui até ele, me ajoelhando e o abracei.

— O que foi dessa vez?

— A mesma coisa de sempre. - ele respondeu, desviando os olhos para a blusa dele que eu usava. Isso o fez sorrir.

— Não sorria, fica melhor em mim que em você.

— Isso é uma inegável verdade. - eu sorri e beijei sua bochecha. - Aproveitando que está sentado aí, toca uma música para mim.

Steve bufou, se virando de frente para o piano e eu me levantei, sorrindo e sentei em cima do instrumento musical.

— A que você sempre toca para mim, desde o funeral dos Starks. - pedi, animada e ele me observava com um sorrisinho.

— Antes tenho que fazer uma revelação. Eu escrevi aquela música. Para você.

Minha boca caiu. Steve escreveu a canção mais romântica do mundo. Para mim.

— Mentira.

— Não é. - ele riu, vermelho e abri um sorriso gigantesco. - Nunca tive coragem de contar. Mas agora que estamos casados parece um bom momento.

— Você acha? - perguntei, tentando segurar a emoção mas meus olhos se encheram de lágrimas. Steve abriu a tampa das teclas, analisando-as, e tocou a primeira nota e eu comecei a cantar.

The Moon Song - Scarlett Johansson

   

I'm lying on the moon
My dear, I'll be there soon
It's a quiet and starry place
Time's we're swallowed up
In space we're here a million miles away

Eu estou deitada na lua
Meu bem, logo estarei lá
É um lugar tranquilo e estrelado
Acabamos ficando sobrecarregados
No espaço, estamos a um milhão de quilômetros de distância

Olhei para Steve, que tinha os olhos azuis bem concentrados nas notas, mas mesmo assim ele os levantou e sorriu para mim.

There's things I wish I knew
There's no thing I'd keep from you
It's a dark and shiny place
But with you my dear
I'm safe and we're a million miles away

Não há nada que eu esconderia de você
É um lugar escuro e cintilante
Mas com você, meu bem
Estou segura e estamos a um milhão de quilômetros de distância...

Suspirei tentando despistar as lágrimas, mas foi em vão e limpei duas que escorriam, sorrindo. Steve se levantou, vindo até mim e abraçou minha cintura o suficiente para unir nossos corações.

— Não chora. - ele pediu, sorrindo e eu revirei os olhos.

— Quem está chorando? Eu não estou chorando. - Steve beijou minha bochecha, deixando o rosto perto do meu e o gesto me deixou nas nuvens. Eu sorria igual a uma idiota.

— Nós estávamos deitados vendo as estrelas um dia antes de eu partir de volta pra Roger e eu pensei nisso por tanto tempo. Então escrevi "The Moon Song" e tocava sempre que ficava com saudade. - suspirei, abrindo um sorrisinho. - Ficávamos sempre a tantos quilômetros que pareciam um milhão.

— Você era muito fofo. - beijei seus lábios brevemente, arrancando uma careta indignada do seu rosto.

— Eu era?

— Você ainda é, não se preocupe. - passei os braços ao redor do seu pescoço, trazendo-o mais para perto. - Mas agora você é mais coisas também.

— Tipo o que? - ele sorriu, apertando minha cintura com as mãos.

— Gostoso e me tira completamente o juízo. - ele sorriu, movimentando as mãos na barra da minha blusa.

— Acho que isso é melhor que fofo. - eu ri, sentindo seus dedos tocando a pele debaixo da camisa dele que eu usava.

— Eu gosto dos dois.

Segurei seu rosto unindo nossos lábios num beijo intenso, seu corpo pendendo para frente e me apertando mais contra si. Nossas línguas acariciando uma a outra árduamente, servindo de álcool para meu fogo e o alastrando para todo lado.

Ele desceu os beijos para meu pescoço enquanto eu arranhava seu pescoço e soltei gemidos de prazer a medida que ele tocava partes sensíveis com a mão e a boca. Suas mãos alcançaram a barra da minha camisa, tirando-a completamente.

— Eu quero tentar algo. - ele murmurou, beijando meu pescoço uma última vez antes de deitar meu corpo completamente nu em cima do piano negro. - Fecha os olhos.

Obedeci, e logo senti seus labios beijando meus seios delicadamente, me fazendo arrepiar e depois foi descendo pela minha barriga até parar em minha intimidade. Ah Deus. Assim que ele tocou os lábios em mim eu gemi alto, segurando forte no piano.

Sua língua me invadiu, me fazendo contorcer enquanto gemia. Sua língua subindo e descendo, explorando partes desconhecidas que me faziam delirar e gemer descontroladamente.

— Steve... - murmurei, sentindo-o aumentar a velocidade e introduzir um dedo, que logo virou dois e me faziam delirar. Eu estava literalmente escorrendo e implorava por mais, incentivando meu corpo em sua direção. - Rogers, por favor...

— O que você quer? - abri os olhos, fitando seu sorrisinho. Desgraçado.

— Quero você. Dentro de mim. Ou eu vou levantar daqui e te dar um soco! - gritei, irritada e ouvi um riso.

— Mandona. - ele disse, e ouvi seu zíper abrindo. Esperei impaciente e só fiquei felizinha quando senti seu membro tocando minha entrada, me fazendo arfar. Ele me torturou por mais alguns segundos enquanto eu gemia, e finalmente senti o que queria.

Ele começou as estocadas devagar, logo aumentando a velocidade e no final eu estava completamente desorientada, delirando e gemendo seu nome. As ondas de prazer me derrubaram novamrnte enquanto meu corpo contorcia em cima do piano e senti ele me acompanhar, logo nós dois acabados.

(...)

Steve

— Ai, Steve, para! - Natasha riu, se debatendo enquanto eu fazia cócegas nela. Sua risada é meu terceiro som preferido no mundo. - Steve, para porra!

Levei um tapa na cabeça, que me fez parar de fazer cócegas nela e me encolhi, rindo.

— Não tem graça. - ela murmurou, irritada e me batendo de novo. Segurei seus braços, o que a fez hábilmente esticar o pé na cama para me chutar. Desviei, deitando e puxei seus braços juntos.

Natasha tentou me imobilizar, mas inverti as posições. Ela não se deu por vencida, usando o pé me empurrou para fora da cama mas eu a trouxe junto. Ela caiu em cima de mim, rindo e eu tentei não gemer de dor.

— Eu ganhei. - ela sorriu.

— É, ganhou mesmo. - minha fala dolorida arrancou uma risada dela.

Ouvimos batidas firmes e cadenciadas na porta, e Natasha franziu o cenho. Não estava na hora da checagem matinal. Os soldados foram ordenados a não nos perturbarem a menos que o mundo estivesse caindo.

Descemos as escadas rápido e apreensivos, Natasha com a mão na minha. Abri a porta, dando de cara com Scott. Na hora soube que algo estava acontecendo.

— Nossa você cresceu?

— Queria dizer que estou feliz em te ver, mas não estou. - eu disse e dei espaço para ele entrar. Os outros guardas permaneceram na porta, a postos. Scott fez uma reverência a Natasha.

— Minha rainha.

— Oi, Scott. - ela se sentou na cama e eu fiquei ao seu lado.

— São más notícias, não são? - perguntei e ele abaixou a cabeça.

— Wanda está bem? - Natasha perguntou.

— Sim. Os problemas são outros. Vocês precisam retornar imediatamente a Roger. - ele disse, sério e tentando arrumar um jeito de desembuchar sob meu olhar petrificado. - Tony está avançando rapidamente com as tropas. Chegou até o estado de Catlam.

— Está escoando as topas? - perguntei, preocupado e com as engrenagens funcionando a mil em minha cabeça.

— Não. Elas estão permanecendo. Catlam foi conquistada, rei Steve.

Fechei os olhos por alguns instantes, controlando minha respiração. Merda. Merda, merda, merda!

— Ele enviou essa carta a você. - ele me estendeu um envelope lacrado com o selo de Stark. O rasguei com urgência, lendo o bilhete de poucas palavras.

"Eu vou tomar tudo que é meu por direito. - Zemo"

Olhei para Natasha paralizado. Ela me fitou séria, e vi sua mandíbula se trancar.

— Ele está usando o selo do rei. Tony caiu. - ela disse, e fechei os olhos novamente. Meu Deus.

— E tem mais coisa. Uma carta do seu pai. - Scott deu a Natasha um envelope grande e ela suspirou revirando os olhos. Cheguei perto dela para ler também.

"Natasha,

As coisas estão ficando ruins. Há uma doença se espalhando. É mortal e extremamente contagiosa. Vai consumir os três reinos de dentro para fora se não nos unirmos e cortarmos esse mal pela raiz.

Sim, estou falando dele. Se eu estiver certo, e eu sempre estou, ele tem dedo nisso. Provavelmente há um plano por trás dessa guerra, e pode começar a rezar se ele conseguir o que quer.

E perdão, os próximos acontecimentos serão necessários.

Do rei de Romanoff."

— É o que vimos na vila. - eu disse, e Natasha ainda fitava o papel. - Se chegou em Romanoff...

— Peste Negra. - ela murmurou.

— É uma lenda de Romanoff. - Natasha levantou os olhos para mim. - Uma praga dos bruxos que faz a pele ficar preta, os dedos cairem.

— O que? - Scott murmurou.

— A lenda diz que um feiticeiro foi atacado e se vingou lançando a praga num continente inteiro. - ela engoliu em seco. - Ninguém sobreviveu.

— Meu Deus.

— E o que ele quis dizer com isso? - ela apontou para o último parágrafo.

— Se você não sabe, imagina eu. - mordi as unhas enquanto pensava.

— O que vamos fazer? - Natasha perguntou, e olhei para o chão.

Ele girava. O teto fechava em cima de mim e senti meu corpo inteiro formigar. Meu Deus. Vivemos o paraíso por dias e agora o inferno tinha chegado.

Me levantei, indo até as escadas e num segundo as subi. Passei pela porta do sótão e depois subi as escadas para o telhado. Sentei lá, observando o mar lá emvaixo e o céu.

Repassei a situação milhares de vezes em minha cabeça. Milhares de estratégias, pensamentos suicidas, medidas profiláticas, modos de manter todos vivos.

— Você vai pular? - ouvi a voz de Natasha. Me senti envergonhado por ter saído correndo. Você é um rei ou uma criança, Steve Rogers?

— Eu pensei nisso.

— É um ataque de pânico, Steve. - neguei com a cabeça, fechando os olhos.

— Não é.

— Rogers, deixa de ser idiota. - ela se sentou ao meu lado, passando um braço ao redor do meus ombros e uniu a testa com a minha.

Instantaneamente me senti mais calmo. Natasha é meu Norte, definitivamente. Ela tem o poder de acabar com qualquer tempestade dentro de mim. Queria dar restart nessa semana maravilhosa e sumir com ela pra sempre.

— Desculpe termos que ir mais cedo.

— Não é sua culpa. Foi a melhor semana da minha vida. - ela sorriu, beijando minha bochecha. Fiquei em silêncio pensando e sabia que ela fazia a mesma coisa. - Nós vamos pegar Catlam de volta.

— Espero que sim. - murmurei. Permanecemos alguns segundos em silêncio, pensando.

— Steve. - olhei para Natasha, e ela tinha os olhos cheios de lágrimas. Esperei-a continuar, tenso. - Eu toquei nos corpos. Pra tirar o lençol e ver o que era.

Fechei os olhos, suspirando e tentei ficar calmo.

— Steve... - ela murmurou, derrubando lágrimas. Abracei-a, mantendo seu rosto perto do meu.

— Vai ficar tudo bem. - acariciei seus cabelos enquanto ela chorava nervosa, tentando acalma-la. - Eu prometo.

Fizemos as malas e me preparei para dar adeus a esse paraíso.

(...)

Natasha

Olhei para trás, observando o mar uma última vez. Suspirei, sentando ao lado de Steve na carruagem e a porta se fechou. Observei seu rosto tenso. Ele não dormiu nem um pouquinho.

Ficou a noite inteira de frente para aquela escrivaninha desenhando coisas de guerra, fazendo anotações, planos. Eu não sabia onde começava meu dever e onde terminava a privacidade de Steve então deixei ele sozinho absorvendo as informações enquanto pensava sozinha deitada naquela cama.

A situação estava muito ruim. E tudo só tendia a piorar com o passar do tempo. E eu estava certa. Dormi o resto do caminho, acordei sentindo Steve me chamando.

— Nat. - Steve me sacudiu. Ele estava sério, agitado e nervoso. Pisquei, ficando alerta e vi que já estávamos no castelo, na capital.

— O que foi?

Steve respirou fundo, provavelmente pensando no melhor jeito de me dar uma notícia terrível. A adrenalina em mim começou a subir enquanto meu coração começou a bater rápido.

— Bucky foi atacado, está em estado grave. - ele disse, completamente desorientado e sem saber o que fazer. Não conseguir dizer nada, só ouvia aquelas palavras entorpecidas. Não percebi de início o que aquilo significava. - Pegaram ele. Meu tio mandou executa-lo. Agora.

Todo meu corpo estava dormente. Um zunido alto ecoou em meus ouvidos, me sentia prestes a desmaiar. Neguei com a cabeça.

— Eu sinto muito.

— Não. - murmurei, me agitando na carruagem. Meus olhos estavam cheios de lágrimas e as mãos tremiam. - Steve. Não. Não, não, não, por favor. - choraminguei, desesperada.

— Sinto muito. - ele repetiu, franzindo as sobrancelhas com dor.

Suas palavras foram o necessário para eu me lançar contra ele, empurrando seu corpo violentamente e saí num pulo.

— Natasha!

Montei no primeiro cavalo que vi, me jogando em cima dele. As lágrimas tinham congelado com a adrenalina. Isso era novo para mim e parecia que eu nunca acostumaria a chorar de novo. Meu coração batia tão forte e o medo se instalou em mim tão profundamente que eu me reduzi a completo pânico.

Por favor. Por favor. Por favor.

Era só o que eu conseguia pedir. Estava implorando a quem quer que estivesse me ouvindo. Por favor.

O cavalo estava ofegante mas eu a cada minuto fazia ele ir mais rápido. Errei o caminho da praça algumas vezes e quase atropelei algumas pessoas, mal sabia o que estava fazendo, só tinha uma certeza.

Eu tenho que salva-loEle sempre me salva. Eu tenho que salva-lo. Eu tenho.

Assim que vi a multidão puxei as redeas do cavalo, que relinchou alto, erguendo as patas da frente. Haviam centenas de pessoas naquela praça e todas elas olharam para mim.

Assim como ele. Em cima do palanque, os olhos sérios e indecifráveis sairam do chão e pararam em mim. Ele pareceu ficar triste derrepente. Se não estava triste por morrer, ficou porque eu o veria morrer.

Todos me encaravam, esperando. Mas o executor que conduzia a cerimônia continuou a preparar tudo enquanto incitava o ódio nos camponeses. Eu saltei do cavalo, com as lagrimas correndo sem controle ao ver aquela cena. Não. Meu peito ardia mas mesmo assim comecei a correr com toda minha força, desviando astutamente de toda a multidão enorme ali.

— CLINT! - berrei, chorando, enquanto cambaleava meio as pessoas. Ele parou de me olhar, agora seus olhos voltaram ao chão. Ele estava machucado e vestido de preto. - CLINT! - toda vez que seu nome saia de minha boca seus olhos fechavam mais forte. O pânico me consumia por intriro. Deus, eu tinha que salva-lo.

— ESSE HOMEM PROMOVEU UM ATAQUE AO CASTELO, PARA MATAR UM NOBRE! ELE MERECE NADA MENOS QUE A MORTE! - o executor gritou, e todos gritaram em resposta, apoiando.

— NÃO, CLINT! CLINT! - continuei correndo, finalmente chegando perto do palanque.

Ele já estava ajoelhado de frente o pedaço de pedra no chão e o carrasco encapuzado segurava um machado gigantesco.

Chutei um soldado com toda minha força, jogando-o no chão, e desviei de outro, socando-o em seguida. Mais vieram mas derrubei todos eles. 
Corri até o palco de madeira, subindo as escadas e me joguei de frente para meu amigo.

— Clint - choraminguei mais, perdendo todo o pouco controle que eu ainda tinha. - Eu vou te tirar daqui, eu vou te tirar daqui, Clint, eu vou... te tirar. - solucei mais, agarrando sua roupa para puxa-lo.

Mas ele nem se mexeu. Continuei tentando puxa-lo para sair dali enquanto ofegava meio aos soluços. Encarei-o, com os olhos desesperados úmidos.

— Tasha. - ele disse, calmo. - Tudo bem.

— Não, Clint, não está nada bem! - chorei mais, sentindo uma dor insuportável. Eu estava demoronando. Tentava me erguer para tira-lo dali, salva-lo, mas eu era incapaz disso. - Olha pra mim!

— Não quero que você olhe. Não pode ser sua última visão de mim. Por favor. - ele disse, e eu neguei com a cabeça. - Ouça. Natasha, presta atenção.

Obedeci, olhando-o com os olhos cheios de lágrimas.

— Volo está com a meu filho. Salve ele.

— O que? - eu murmurei, engolindo em seco, completamente em choque.

— Tirem ela daqui! - o homem velho gritou novamente, irritado com a cena, e os camponeses falavam altos, tentando entender o que acontecia.

— Não! - gritei. - Clint!

Mãos me puxaram, me arrastando para baixo e eu tentei esperniar, gritando e chorando sem controle. Algo me atingiu na tempora esquerda e senti sangue escorrendo. Não me importei, continuei me debatendo tentando me livrar dos homens que faziam todo esforço do mundo para me segurar.

— TIREM SUAS MÃOS DELA! - a voz de Steve ecoou, e na mesma hora as mãos me largaram. Encarei Steve, desesperada para que ele fizesse algo.

— Não deixa ela ver! - Clint gritou para Steve, que me agarrou pela cintura para longe das escadas. Esperniei, chorando e ele me virou para si.

— NÃO, Steve, Steve, Clint, não! - berrei, tentando me soltar dele mas tudo que eu conseguia fazer era chorar mais.

E depois, foi tudo em câmera lenta. No segundo seguinte ouvi a lâmina cortar os ares e depois, carne. O barulho oco e horrível de uma cabeça rolando foi tudo que pude ouvir. Eu arfei, tapando a boca com as duas mãos. Meu coração pareceu morrer e minhas lágrimas congelaram.

Steve me abraçou com força quando eu murchei, soluçando tanto que não conseguia respirar. Eu sentia uma dor insuportável em todos os lugares, mas o coração doia mais.

Não consegui salva-lo.

Não consegui salva-lo.

Não consegui salva-lo.

Filho?! Puta merda.

Ele acariciou minhas costas enquanto estava sem forças nenhuma, apenas chorei incessantemente, encolhida em seus braços. Ouvi a multidão sussurrando, já se dissipando devagar mas meus soluços não deram trégua.

— Nat... Precisamos...

Empurrei ele de novo, só que dessa vez com toda minha força e ele cambaleou para trás, sendo amparado pelo corrimão de madeira.

— Você não fez NADA! NADA, ROGERS, VOCÊ NÃO FEZ NADA! - abracei o corpo, tentando me manter parada no lugar mas eu já cambaleava. Steve tentou se aproximar para me segurar mas eu dispensei, virando para trás. Vi o sangue pingando do palanque, escorrendo como um rio. E depois um homem ergueu sua cabeça nos braços.

Não vi mais nada que não fosse a moita onde vomintei.

Fiquei de joelhos, abraçada ao meu corpo, chorando atrás daquele palanque. Steve ficou sério, me encarando com uma expressão sombria.

Ele não fez nada. Ele deixou Clint morrer.

Essas palavras fizeram meu coração doer mais ainda.

E doeu ainda mais quando no segundo seguinte eu percebi algo que não valia de nada mais: eu amava Clint. Do meu jeito. Ele sempre me salvava. Ele sempre estava comigo naquele reino sombrio que chamo de casa. Sempre cuidava de mim mesmo quando eu não era capaz. E eu nunca consegui proge-lo, nem do meu pai, nem do seu pai, nem da morte.

Acho que apaguei, porque tudo ficou escuro como Roger naquele momento.


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Notas finais do capítulo

desculpa. :

COMENTEMMMM FAVORITEMMMMM E RECOMENDEMMMM
bjs até a próximaaaa



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