Castle escrita por Romanoff Rogers


Capítulo 12
XII - Copos de vidro




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Seu espírito nunca morrerá
Adeus, eu fui em busca do meu trono no topo— Imagine Dragons, Warriors 

 

 

 

Tony


Foi como se um choque percorresse meu corpo. Levantei num impulso, já caindo para o chão, completamente atordoado. Rapidamente me desenrolei dos lençóis e cambaleei até a sacada. Abri as portas, e me joguei contra a murada, sendo aparado pela mesma.

Senti a brisa da noite batendo contra meu rosto e tudo foi se acalmando. Minha consciência voltando e meu coração diminuindo o ritmo. Pesadelo. A palavra atravessa meu cérebro como um tiro, e fico irritado por ter perdido o controle por isso.

Tirei meu roupão e joguei-o dentro do quarto, e esfreguei o rosto demoradamente. Droga. Eu sonhei com Bucky. Sonhos rabiscados e confusos, mas eu via Bucky correndo pela noite, e depois meus pais morrendo. Acordava com a sensação de desespero de ser jogado de um penhasco. Acidente terrível.

Fechei os olhos para mergulhar mais no sonho. Zemo disse que eu tinha que interpreta-los até todo o sangue de revelação ser espirrado contra minha cara. Disse também que haveriam dicas do que fazer.

Lembro de uma criança de olhos azuis me encarando com sua mãe, vi Clint Barton, Joseph Rogers, o amuleto da minha mãe, Bucky, e me pergunto se tudo está terrivelmente conectado. Nada sobre Steve e Natasha.

Imaginei o mapa do continente e lembro de ter visto a palavra "Surgut" circulada em vermelho no mapa Romanoff.

Surgut. 

Quando me vi já estava de roupão e coroa cruzando os corredores meia luz e cheio de guardas. A noite as patrulhas eram tão intensas quanto de dia, fiz questão. E agora, andando em direção ao conselho, me pareceu uma coisa sensata a se fazer. E era engraçado vê-los acordando da soleca quando meus passos firmes no chão ecoavam. 

  - Reúna o conselho de guerra agora mesmo. - ordenei ao guarda na porta, que fez uma reverência e saiu correndo.

Entrei e acendi as velas, pegando um livro na seção "Romanoff" e vi Surgut num dos títulos. Li as primeiras páginas esperando todo o conselho chegar e ignorei suas reverencias. "Surgut, estado III de Romanoff, cercado por Molotov, a capital, Udachn a oeste, Kyzyp e Omsk a sul. 12 vilas grandes e 6° estado mais rico. Patrulhas: fortes." Fechei o livro, erguendo o olhar aos meus conselheiros.

— Vamos atacar Surgut em uma semana.

(...)

Natasha

Os dias passaram sem graça. Eu não tinha utilidade naquele castelo com Steve tão mal. Acho que ele preferia ficar sozinho um pouco, e nos víamos só nas constantes reuniões do conselho de guerra e de gestão de outros assuntos importantes e quando ele vinha comer no meu quarto.
Toda noite ele pedia pras criadas trazerem o jantar para nós no meu quarto. Acho que como em período de luto não haviam jantares, ele não queria comer sozinho e vinha me ver.

Wanda e Bucky estão mais agarrados que nunca. Nunca a vejo sem ele, e acho que ela não se importa. Parece uma adolescente apaixonada e passei a evita-los. Pode se dizer que é ciúmes, mas eu tenho toda razão, ela está agindo como uma idiota. Embora eu tenha percebido que tem algo errado. Ela está mais cansada que o normal.

Meus devaneios depressivos são interrompidos por batidas fortes na porta.

  - O que é? - gritei, e assim que obteve uma resposta Steve entrou no quarto completamente sério e preocupado. Sentei na cama, encarando-o contagiada por seu nervosismo. - O que aconteceu?

  - Tony atacou. - arregalei os olhos com a pergunta na ponta da língua. - Sugurt.

 - Merda. - levantei, seguindo-o até a sala que visitei mais essa semana que todas, e Wanda e Bucky estavam lá.

— Ele vai atacar Molotov em breve. - Wanda falou, preocupada, e Bucky segurou sua mão.

  - Informações. - ordenei a Yelena, que encarava a situação séria. O mensageiro estava ao lado de Hill e Sam.

 - Ele avançou com 100 mil homens na fronteira, passou por 90% do território até parar a 40 milhas da fronteira com Molotov. Perdeu cerca de 6 mil soldados e Steve já ordenou que os soldados de Rogers fossem para lá fazer barreira. Até agora ninguém se mexeu, mas exigem Vossa Alteza para negociar, ou vão avançar até o castelo.

Fechei os olhos, tocando a testa, pensando.

  - Parto em 1h. - olhei para Steve, que travou o maxilar. Sei que ele me quer aqui, mas não vai nem pedir para eu não ir porque não pode, é meu reino. Depois me resolvo com ele, mas agora eu tinha que salvar meu país. 

  - Eu vou também. - Bucky disse, e olhamos para ele.

— Tá maluco? - Wanda gritou com ele, batendo no seu braço.

  - Volo colocou um assassino atrás de você. Fora de cogitação. - Steve cruzou os braços, e James levantou. Ah, ele estava realmente querendo ir.

— Quero que Volo perceba que posso ser útil para e ele, não sou uma ameaça. Quero ajudar na segurança da filha dele, herdeira dele. - geralmente adoro que exaltem minha posição, mas o nervosismo tomava conta de mim. - Além do mais, vou estar no meio de soldados Roger no meio de uma negociação para o reino dele. Ele não vai me atacar.

Steve bufou, e o vi cedendo. Ah não.

  - Okay. É uma boa hora para te apresentar ao General Samuel. - Steve falou, apontando para Sam, que tomou posição de sentido e estufou o peito. - Ele é seu guarda costas.

James examinou-o de cima a baixo.

  - Tá zoando? - perguntou, fuzilando Steve com o olhar.

— Não. Quer ir? Sam vai também.

— Deus, você é o que, meu pai? - perguntou, e Steve ergueu uma sobrancelha. Ele definitivamente não era pai dele, mas sim, seu rei.

Vi os olhos de Wanda se encherem de lágrimas.

  - Eu vou também. - ela disse.

— Nem fodendo. - Eu e Bucky falamos ao mesmo tempo, e depois nos encaramos. - Você não sabe nem segurar uma espada.

Ela ia retrucar, nervosinha, mas Steve interveio.

  - Você tem que dar a ele o colar. Pegue do seu pai se necessário, mas temos que evitar essa guerra. - Steve falou, tocando meu cotovelo, e me senti desconfortável por ele ter feito isso em público.

Apenas o encarei, ainda pensando. Ah, droga, Tony não estava de brincadeira.

Eles voltaram a discutir detalhes que eu já havia pensado e discutido comigo mesma sobre como resolve-los, então deixei-os conversando enquanto eu pensava.

Pessoas que eu me importo:

Wanda. Segura.

Barton. Não sei.

Steve. Seguro.

James. Não.

Tony: riscado da lista.

É uma lista pequena, mas essas pessoas tem um enorme talento para quase morrerem.
Fui pro meu quarto apenas trocar de roupa. Minha armadura era completamente negra. Seu corpete tinha o símbolo Romanoff no peito,  uma corrente unia as ombreiras de ferro e malhas brilhantes cobrindo meus braços até o protetor de pulso amarrado bem firme. A saia era curta com faixas de couro preto em cima da malha de ferro. Minha bota era de ferro preto com detalhes também em prata e cobria minha perna até as coxas.

Meu cabelo estava preso em tranças elaboradas. Meus olhos estavam cheios de sombra preta e minha boca marcada com um forte batom vinho. Eu parecia uma guerreira. Fui até a espada em cima da cama, e toquei sua lâmina. Fiquei encarando-a por alguns minutos, tentando tirar forças do que restou do meu irmão.

Ouvi a porta se abrir e logo reconheci o jeito de andar de Steve. Ele parou do meu lado, apreciando a espada também.

— Era dele?

  - Era. - respondi, sentindo minha voz falhar. Coloquei a espada no lugar, respirando fundo, e me virei para Steve. Vi a expressão preocupada em seu rosto. Eu geralmente ficaria irritada, sei me cuidar MUITO bem. Mas não fiquei. Deixei ele acariciar meu rosto, cedendo ao seu toque. Devagar ele me beijou, e toquei sua bochecha com cuidado e apenas deixei aquele momento acontecer. 

 


Isso logo virou um abraço desesperado, e me vi apertando-o forte com medo de não voltar. Isso nunca acontecia, eu ia para as batalhas pronta para morrer lá, mas hoje não. Tinha um abismo e eu tinha medo dele. Não queria ter medo, mas eu tinha.

 - Volte.

Assenti, respirando fundo. Ainda tínhamos alguns minutos e fiquei ali, abraçada a ele.
Me separei de Steve depois de muito tempo, temendo desistir de ir se ficasse mais. 

— Eu sempre volto. - disse, e ele deu um sorriso nervoso, assentindo.

— Cuida dele pra mim. - pediu, e eu concordei.

  - Cuida dela pra mim. - ele fez o mesmo, encarando meus olhos.

Steve deu alguns passos para trás, me analisando preocupado antes de dar meia volta e me deixar sozinha. Sempre aquele mesmo olhar doce e preocupado. Peguei meu escudo e o capacete que tinha pontas de ferro pretas retorcidas como uma coroa mortal, e saí.

Lá embaixo encontrei Bucky com uma armadura prata que o deixava enorme. O símbolo em seu peito era o de Rogers e seu cabelo estava solto e meio ondulado. Ele estava bonito. Wanda ainda estava de preto, agarrada as mãos dele, e ambos sorriam. Ela viria se despedir de mim ou ia se esquecer, também? Belova estava com uma armadura parecida com a minha, mas muito mais simples e desprotegida para mostrar o decote. Idiota. Um descuido e seu coração seria empalado. Sam também usava uma armadura igual a de Bucky, e a de Hill tinha uma saia parecida com a minha e estava devidamente pronta. Ela parecia uma guerreira formidável.

Desci as escadas com os olhos de todos em mim, e assim que atingi o chão, Wanda me abraçou. Abracei-a também, me esquecendo de qualquer receio. A guerra tirou muito da gente. Um irmão. Ela não suportaria perder outra.

— Você tem que voltar. - ela falou, tentando parecer irritada, mas ouvi um soluço.

— Não chore, bruxinha. Eu não vou dar o privilégio de me matar a alguém. - sorri, beijando sua testa, e ela se afastou de mim, respirando fundo.

  - Okay. Cuida dele. - revirei os olhos e ela me bateu. - Sério! E não morra. Faça o papai devolver aquela coisa.

— Sim, senhora.

  - Okay. Vai logo.

 Fechei a cara, dando meia volta e os acompanhei para a carruagem. Bucky abraçou Steve, e trocaram algumas palavras. Sabia que pediu para ele tomar conta de mim. Ele cumprimentou Sam e Hill. E depois olhei uma última vez para seus olhos azuis preocupados antes de subir na carruagem. Pisquei pra ele, que abriu um sorrisinho e piscou de volta.

Tudo bem, ninguém vai morrer.

(...)

Foi uma viagem novamente, incrivelmente chata, mas muito rápida. Todo o nosso batalhão se mexia extremamente rápido. E assim que chegamos no castelo, tive que colocar o escudo na frente do rosto para não ser atingida por um copo de vidro.

— ALELUIA! Demoraram uma eternidade! Stark já deve estar na minha cama uma hora dessas! - outro copo voou, e eu o parei facilmente.

— Eu cuido disso. - murmurei para eles, que esperaram na porta da sala de jantar. - Me dê o colar para acabarmos logo com isso, seu velho.

Ele jogou dessa vez um garfo e, de novo, eu o joguei longe. Aquele homem é completamente maluco.

  - Ouça. - meu pai agarrou meu braço, me puxando contra si e eu nunca vi seus olhos, verdes como os meus, tão brilhantes e com um toque de desespero. - Você tem que me ouvir Natasha. Stark não pode colocar as mãos nesse colar. Por favor, confie em mim. Você não pode entregar, ou estamos todos perdidos.

Continuei encarando-o, assustada e pensando. Estava totalmente dividida, não sabia o que o colar fazia, não encontramos o tradutor a tempo, mas se Volo Romanoff estava com medo, Tony não podia realmente pegar aquilo. Mas eu sabia que não podia ficar nas mãos de Volo também.

 - Tudo bem. - ele me soltou, e me virei para sair. 

— E não se esqueça, Natasha. - meu pai disse, e me virei. - Romanoffs não sentem.

Engoli em seco, sem responde-lo. Eu sabia exatamente onde encontrar o colar, e ele também sabia que eu sei.

  - Vão para a carruagem, tenho que pegar uma coisa primeiro.

 


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