Eu não queria ser um super-herói escrita por Maga Clari


Capítulo 3
Omelete de aranha




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 Olha, eu não queria ter deixado você subir na minha moto.

Correção: na moto do meu irmão.

Tudo bem que você ficou muito mais atraente depois de ter colocado uma jaqueta de couro como as nossas.

Mas é que a moto não era minha, ela pertencia ao deus da guerra, sabe como é.

Eu não queria ser meio-sangue. E eu juro que planejava te contar desde o princípio, mas seria um pouco estranho eu, do nada, vir e dizer: “Oi, Parker, eu sou filha de Zeus”. Então, quando você me viu naquela esquina, tudo que consegui falar foi:

— Nem se atreva.

— O quê?!

— Nem se atreva a subir nessa moto.

Então você ficou me olhando esquisito, como se eu fosse uma maluca. Aí veio a risadinha. Aquela risadinha irritante de moleque com puberdade tardia.

— Estou falando sério, Parker. E de onde você brotou, afinal?

— Ah, Punk… — você encostou-se no muro de uma mercearia, procurando seu charme inexistente — Um mágico não revela seus truques.

— Mágico?

— Eu não diria que sou máááágico. Mas algo por aí.

— Sei.

— Ei, ei, ei, ei! Aonde você vai?

— Embora..?

Eu já estava colocando o capacete e ligando o motor. Então sorri. Do modo mais sarcástico que consegui. Só que você subiu na moto antes que eu percebesse. Você gargalhava de prazer, como se houvesse ganhado o dia. Já eu… Ah, eu estava puta da vida contigo. De verdade.

— Peter Parker! Eu ordeno que saia da minha moto agora! Anda, anda, anda!

— Ordena? — você continuou gargalhando — Como assim ordena?

— Sai! — tornei a mandar, ainda mais secamente — Agora!

— Ah, poxa, está tão legal! Nunca andei de moto antes!

— Você tem três segundos antes de eu arremessá-lo fora!

— Até parece…

— Três…

— Pensei que nosso relacionamento valesse alguma coisa, Punk.

— Dois…

— Aliás, pensando melhor, não é que seria legal um pouco mais de adrenalina? 

— Um!

Nessa hora, não só cantei pneu pela rodovia, mas o meu mano em pessoa (ou seria em divindade?) apareceu em outra motocicleta, olhando-o de cima à baixo. Ou melhor, olhando desafiadoramente o  seu corpo caído no meio da pista, como um belo omelete de pré-adolescente.

Ah, como eu adoro meu irmãozão Ares!


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