Os dias foram passando e Helena foi ficando cansada da rotina, percebia que agora não tinha quase preocupação nenhuma, a todo momento que precisava era só chamar alguma de suas acompanhantes e seria atendida. Ela quase não via William, ele se ocupava todo o tempo de questões políticas, ainda mais agora que ficou sabendo que Darius estava vindo para encontra-lo. Eles só se viam mesmo a noite, quando ficavam juntos, mas ele parecia tão cansado que as vezes eles apenas conversavam e dormiam juntos.

— Amanhã precisarei fazer uma viagem...

— Viagem? Pra onde? – perguntou Helena se arrastando na cama para se aproximar ainda mais de seu marido.

— Preciso resolver algumas questões...

— você irá encontrar com Darius?

— sim

— Pensei que ele viesse até aqui

— Recebi emissários dele, me dizendo que não se arriscaria vindo até aqui e marcamos de nos encontrar, ainda não entendo o que ele possa querer comigo

— E se for uma emboscada?

— Estarei preparado, não se preocupe, eu não tenho medo dele.

— Mas eu tenho medo por você, não quero te perder – disse beijando-lhe a testa

— Não se preocupe Helena eu sei me virar, não demorarei, será por pouco tempo um ou dois dias no máximo.

Helena não gostou dessa viagem, mas sabia que era necessário, William sonhava com este dia e ela não poderia fazer nada. Mas o que deixava a aflita era o fato de estar sozinha com Sephora. Ela a perseguia com o olhar, desde o casamento, não havia tido tempo para conversar com ela, mas também não fazia diferença, sabia que ela a desprezada.

William partiu logo pela manhã, ele não havia se despedido. Ela se sentiu mal por isto, mas pensou que talvez ele tivesse esquecido. Logo quando ele saiu, Sephora veio até ela.

— Percebi que não é tão ingênua quanto pareceu ser no baile.

— E porque achou que eu parecia ingênua?

— Talvez, com este jeito de camponesa sua, meu irmão que é o ingênuo aqui, me enganei.

— Não, ele não é!

— Você ainda não conhece o meu irmão, quando você realmente se der conta vai se arrepender de ter casado com ele

— Por que não volta para seu aposento Sephora! Você já está me importunando

Ela se aproximou dela a encarando, havia ódio em seu olhar.

— Devia ter se casado com aquele homem, você jamais será feliz com William, farei de tudo para que ele perceba que este casamento é um erro

— Não ouse interferir no meu casamento!

— E fará o que comigo? Não se esqueça que eu sou da realeza, enquanto você é apenas uma mulher desprezível que se aproveitou da ignorância do meu irmão para colocar as mãos neste trono, eu sou a princesa, legitima herdeira.

— E eu sou sua rainha – disse Helena furiosa

Sephora não disse nada, apenas se retirou deixando Helena estressada. Ela ficou pensando nas palavras de sua cunhada e não conseguia acreditar que uma pessoa podia ser tão desprezível, sentiu pena dela, por ser uma pessoa ruim.

Helena se retirou para o seu quarto onde ficou o dia todo. Não quis receber ninguém. Exceto quando uma de suas acompanhantes avisou que Leonel estava querendo vê-la.

Ela se assustou, mas logo arrumou-se e foi encontra-lo, ele estava esperando por ela e logo quando a viu abriu um sorriso.

— Helena, nossa... – ele fez cara de espanto

— o que foi?

— Você está.... diferente.

— Diferente como?

— Está ainda mais bela – disse ele a cumprimentando dando um beijo em sua mão – devo chama-la de minha rainha?

— Ah deixa disso e me dê um abraço – ela disse o abraçando – senti muito sua falta, eu lhe devo desculpas pela forma como William o tratou, mas acho que ele ficou com medo de solta-lo e você fazer algo imprudente

— E faria – disse sério – mas não foi por isto que vim, queria saber como está, já faz quase um mês que não tenho notícias.

— Peço desculpas por isto, eu não sabia como restabelecer o contato com você novamente – eles começaram a caminhar

— Podia ter me enviado uma carta ou até mesmo pedido para me chamar

— Eu achei que me odiava

— Eu? Claro que não Helena, onde já se viu.

— Então não está com raiva de mim? – disse ela olhando para ele

— Claro que não, eu já te disse, eu a amo suficiente para entender que você não ia ser feliz com o nosso casamento então preferi deixa-la ir.

— Eu realmente sinto muito, tudo aconteceu tão rápido, no primeiro momento houve aquela confusão no baile e no outro William já estava me procurando por todo o reino e prendendo você e o papai. Por falar nisso como ele está?

— Sthepan? Bem... ocupado como sempre. Mas aparentemente está bem.

— você tem o ajudado?

— sim, claro.

— Fico feliz que tudo esteja bem

— E você? Gostando da vida de casada?

— Sim – ela fez uma cara de triste

— o que foi?

— nada.... – disse ela se sentando em um banco

— Eu sei que tem alguma coisa, pode me contar – disse Leonel sentando ao lado dela

— É que estou entediada, apenas isto

— sei...

— é sério Leonel, é que tudo agora é tão restrito e William partiu me deixando aqui com aquela cobra... Ainda bem que você apareceu, eu estava realmente pensando que meu dia ia ser chato de novo.

— Que cobra? – disse ele rindo – espero que não seja a princesa

— Ela mesma! – disse ela bufando

— Mulheres... – ele ria – aposto que William deixou vocês sozinhas um segundo e já estavam brigando

— O pior você não sabe! Ela me ameaçou você acredita?

— Te ameaçou? Não!... jura?

— Serio, vejo que será muito ruim a convivência com ela. Ela acha que eu estou querendo roubar o trono dela, ela nem tem direito a nada...

— Bem, se vocês não tiverem filhos, tecnicamente o trono passa para ela

— Não penso em ter filhos agora, quero aproveitar, tem tanta coisa que quero fazer... tantos lugares a conhecer.

— você ainda é muito nova, mas o que mais você quer fazer?

— ainda não sei ao certo, mas espero descobrir logo

— Não acho que irá conseguir ir pra muito longe sendo rainha

— Não sou prisioneira

— Será que não? Olhe ao seu redor Helena e perceba...você está cercada por guardas, não há como sair sem ser notada.

Leonel tinha razão. Helena se sentia abatida e percebia que muita coisa havia mudado. Sem seu amado as coisas lá eram chatas e entediantes. Ela sabia que jamais conseguiria ter uma vida normal. Mesmo sendo rainha, estava sendo vigiada de perto. E foi assim que Sephora conseguiu se aproveitar da inocência de Helena, para começar a sua vingança contra ela.

Leonel estava saindo, pegou a mão de Helena e deu lhe um beijo, despedindo. Helena sorriu para ele, feliz pelo amigo ter vindo fazer uma visita, ela sabia que ele se preocupa verdadeiramente com ela. Sephora apareceu naquele momento fingindo espanto.

— Eu realmente me enganei você não é ingênua! - Logo Helena olhou pra trás assustada com a frase. E seu rosto ficou vermelho. Leonel decidiu ficar, pois sabia que Helena talvez iria precisar dele – Você é oportunista!

— Como se atreve a falar assim com a rainha! – disse Leonel bravo

— Deixe ela Leonel, não me importo com o que ela tem a dizer – disse Helena

— Como se atreve você a me interromper! Deixe só o meu irmão saber que Helena tem recebido visitas enquanto ele está fora, ainda mais do ex noivo de sua esposa.

— Como pode ser tão maldosa Sephora? Não percebe que entre mim e Leonel só há um laço de amizade?

— Eu não tenho que perceber nada, mas tente explicar isto ao meu irmão quando ele souber – disse Sephora se retirando.

Helena se entristeceu, pois sabia que no fundo Sephora tinha razão, mesmo Leonel sendo seu único e melhor amigo, ela não poderia recebe-lo quando William está longe e ter feito isto foi um erro, pois ela sabia que seu marido poderia ficar chateado com ela. Ela também percebeu que Leonel tinha razão, ela estava sendo vigiada a todo tempo e estaria sozinha. Pois se William proibisse de Leonel voltar a vê-la ela não teria nenhum amigo próximo.

Enquanto isto William havia acabado de entrar na tenda em que foi preparada para receber os dois reis. Darius já estava lá. Junto com ele alguns comodantes. Mas William não estava sozinho, levou consigo seus melhores soldados, além é claro de Demétrios.

Darius ao vê-lo se levantou de onde estava sentado e caminhou até ele. Eles se encararam olho a olho. O clima ficou tenso e em um segundo todos já haviam sacados as suas espadas.

— Pensei que se esconderia covardemente atrás de seu novo brinquedinho – disse Darius

— esse novo brinquedinho meu querido Primo... é o que você tanto deseja ter.

— Não se preocupe William eu vim aqui para deixar bem claro minhas intenções como rei.

— Rei? Rei do quê? Daquele lixo de terra que chama de reino?

— Seu pai veio desse lixo de reino

— Não mencione o nome do meu pai! – disse William estreitando o espaço entre os dois

— Seu pai quem começou a guerra! Não eu!

— Mas foi o seu pai que nos expulsou!

— Porque seu pai o traiu e você sabe disso!

— Seu pai não merecia a coroa!

— E você não merece está! – Darius estava praticamente peito-a-peito

— Eu te falei pra ficar longe!

— Eu não vou ficar longe, este trono é meu por direito!

— Então tente... estou esperando ansiosamente por este momento

— Eu não vim aqui pra isto, não agora...

Eles se encararam por um momento e depois relaxaram quando Darius se afastou voltando a se sentar.

— Então me diga para que se arriscou vindo até aqui se não é pra tomar o meu trono.

— Porque tenho coisas mais importantes a me preocupar além de seu ato infantil

— Não vou me ofender com suas palavras, mas me senti curioso sobre o que o faria cruzar o mar e engolir seu orgulho para vir até aqui

— a peste!

William se assustou, seu rosto passou do vermelho ao pálido. Ele puxou a cadeira mais próximo e se sentou.

— Fale! Você conseguiu a minha atenção...