Run This Town escrita por Lady Mataresio


Capítulo 5
4 — MP3


Notas iniciais do capítulo

OI PESSOAS LINDAS, NÃO ME MATEM!
Primeiro eu quero agradecer por todo mundo que vem deixando seu feedback nos comentários. Vocês são muuuuuuuuuuuuuuuuito especiais pra mim, sério! O amor de vocês não permite que eu fique louca com os estudos e queira sumir kkkkkkkkkkk Ai gente, sério. Obrigada por tudo mesmo.
Notei que vários leitores sumiram nos últimos capítulos e me senti mal. Algo na história lhes desagradou? Não deixem de me informar suas opiniões, inclusive os comentários construtivos.
E eu peço desculpas por esse atrasão! Foram muitos seminários (que ainda não acabaram) e provas, além da correria com o nosso spinoff (ainda não conhece? VEM LER! https://fanfiction.com.br/historia/761588/Helium/) para cumprir o desafio do Nyah. Não me matem, okay?
Em especial, quero parabenizar de novo a Infinity Gamora, leitora que fez aniversário no último dia 16. Felicidades querida! Espero que tenha gostado do seu presente. Para quem quiser vê-lo, aqui: https://www.youtube.com/watch?v=djeLIWbWxIU
Agora, que tal irmos para o capítulo? Sem dúvidas é o mais longo da nossa história até aqui. Decidi explicar algumas coisas sobre a Moira e rechear esse capítulo com momentos esperançosos entre nossos personagens. A luta está chegando, mas a união será maior que tudo isso. Romanogers e Lavínia começarão a ter mais destaque a partir daqui.
E bora lá! Boa leitura, anjinhos s2



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03 de abril de 2001. Floresta de Hallerbos, Bélgica.

 

O amanhecer ainda se instalava no céu quando as crianças começaram a correr pelo “carpete de sinos azuis”, brincando entre as árvores e deixando suas risadas serem levadas pela brisa. Os pés descalços da garotinha de seis anos tocavam as flores lilases enquanto ela corria pelo campo, gargalhando com entusiasmo ao tentar fugir do irmão que a perseguia; o garoto, por sua vez, deixava seus negros fios de cabelo ao vento e tentava alcançar a irmã, que se escondia entre os troncos.

— Eu estou ganhando, bobão! — Gritou a menina.

— Você começou a correr antes da mamãe gritar “já”, Wanda. Não fique se achando! — Respondeu o menino no mesmo tom.

Apertando o passo, ele tropeçou em uma pedra quando estava prestes a agarrá-la e colidiu com o corpo dela, fazendo os dois caírem contra a grama verde e o oceano de flores que nasciam ali na primavera. Ambos sequer tentaram conter as risadas, se divertindo com a tamanha inocência da infância.

Pietro Maximoff era doze minutos mais velho do que a irmã gêmea, Wanda, e em sua cabeça isso era uma diferença absurdamente grande — que dava a ele o direito de se intitular “irmão mais velho, mais responsável e que decide tudo”. Os pais das crianças não podiam negar a diferença grotesca de personalidade entre os dois irmãos: enquanto Pietro era hiperativo, impaciente e engraçado, Wanda era mais séria e reservada — mas carregada de teimosia. A irmandade entre eles, no entanto, era uma das mais belas de serem vistas.

A garotinha costumava ter medo das noites tempestuosas e de serpentes, mas o menino sempre se fazia presente para protegê-la do mal; e quanto ele se sentia sozinho ou incapaz, ela era seu porto seguro.

Pietro nunca imaginou que, um dia, eles perderiam tudo o que lhes dava paz.

 

X

 

06 de maio de 2018. Algum local no norte do estado de New York.

Quartel General dos Vingadores.

 

Para cima, para baixo.

A imensidão dos olhos azuis dele acompanhavam o trajeto que a bola de borracha colorida fazia, jogando-a para o alto e a pegando diversas e repetidas vezes. Sob o efeito do mais profundo pesar, as preocupações do jovem já duravam dias e nenhuma resposta chegava até ele. Pietro Maximoff não sabia de muita coisa desde o momento em que abriu os olhos e se deparou com uma figura ruiva desconhecida, mas se lembrava de todo o tempo proporcionado pelo coma de três anos.

Se perguntassem a ele como foi ter tantas balas atravessando sua carne, poderia sentir as mesmas dores enquanto descrevia a situação em poucos detalhes. Desde o incidente com Ultron, ele sabia que estava consciente de alguma forma — mas seus olhos só conseguiam contemplar o escuro. Se lembrava da voz de Lavínia ao conversar com ele nas últimas semanas, de todas as vezes em que Clint Barton passou para contar sobre o filho Nathaniel e, principalmente, do doce timbre de Wanda Maximoff.

Muitas questões mergulhavam no mar de pensamentos que inundavam a cabeça dele. Sabia que uma força sobrenatural nunca sentida antes o trouxera de volta, e que isso tinha relação bem direta com a figura ruiva que vinha conversando com ele nos últimos dias; no entanto, não fazia ideia do que fosse. Apenas se lembrava de ver uma imensidão laranja antes de abrir os olhos e fitar a jovem assustada. Também não entendia o que acontecera para que todos estivessem com semblantes tão devastados.

Acontece que, mais do que a dor das dúvidas não resolvidas, a angústia que o corroía por dentro envolvia a irmã mais nova de nome Wanda Maximoff.

Pietro já desconfiava de que algo ruim acontecera a ela, depois de perguntar sobre o paradeiro da mulher várias vezes para os médicos e não obter resposta alguma. No terceiro dia, quando a assistente social abriu a porta, ele soube. Suas mãos suaram frio, seu coração bateu mais rápido e seus lábios secaram.

Cada palavra que saía da boca daquela mulher era como levar aqueles tiros novamente, um por um. O caminho que ela traçava com as frases decoradas e previsíveis era um só, e ele sabia disso — mas só se abateu de uma vez quando, com todas as letras, ouviu o trágico destino de Wanda. Ela estava morta e ele já não podia defende-la. Acordou tarde demais para proteger a irmã gêmea.

Mesmo que a assistente explicasse que não era definitivo, que ela ficaria bem e que havia modos de reverter o ocorrido, nada impediu o Maximoff de expulsá-la do ambiente médico. Nada o impediu de se soltar dos soros e destruir metade do quarto com sua velocidade sobrenatural, e todos naquela base estavam cientes da situação do velocista — afinal, o grito agoniado que escapou de seus pulmões naquela noite serviu como um aviso.

Um aviso de que a vida nem sempre era um mar de flores, e que precisamos quebrar de maneira árdua as vezes.

Ele jurou que iria livrar a pequena Wanda de todas as tempestades e que sempre estaria lá por ela. Ele era o irmão mais velho e precisava protegê-la.

Mas Pietro Maximoff não era rápido o suficiente. E isso estava o corroendo por dentro.

— Pietro?

Parando para observar a porta do quarto médico, o homem encontrou os tímidos olhos castanho-esverdeados de Lavínia Banner. Com as madeixas loiro-acobreadas presas em um alto rabo de cavalo, deixando alguns fios nas laterais do rosto, ela o olhava de forma questionadora enquanto pressionava os lábios e se apoiava na porta de madeira creme.

O semblante do russo era de pesar. Rodeado por um quarto destroçado pelo ódio, os olhos dele pareciam inchados e suas mãos e braços tinham marcas de arranhões; suas írises azuis encaravam-na fixamente, em um misto de ignorância e melancolia. A verdade é que o luto, esse processo tão delicado que passamos após a morte de quem amamos, é o inferno dentro de uma só mente — e por mais que ele não estivesse consciente no dia em que tudo aconteceu, a Banner sabia que ele sentia a culpa em seus ombros e se condenava pelo ocorrido.

Sem saber se seria bem recebida pelo rapaz, Lavínia entrou e fechou a porta, caminhando até ele e se sentando na maca de lençóis brancos. Balançando os pés ao procurar palavras para confortá-lo, a jovem encarou o rosto cansado de Pietro.

— Cabelo maneiro. — Soltou ela sem pensar, ganhando um olhar curioso dele.

O Maximoff analisou a garota sentada ao seu lado de cima a baixo, procurando um único traço que demonstrasse ironia ou deboche da parte dela — mas não havia nada além de uma mulher nervosa que só queria conversar.

— Obrigado. — Respondeu somente, sendo direto ao mesmo tempo em que evitava parecer arrogante.

Sem saber como prosseguir com aquela conversa, Lavínia pegou o objeto que tinha em mãos e estendeu-o para ele. Os olhos de Pietro encontraram-se com o MP3 azul que ela tinha em mãos, acompanhado de um par de fones de ouvido preto e um meio sorriso nos lábios coral dela. O rapaz pegou o aparelho e navegou pelas músicas da playlist, reconhecendo o nome da maior parte das bandas e canções.

— Quando eu tomei a liberdade de ler as cartas da Wanda, acabei descobrindo que você também é fã de música indie. — Lavínia comentou, dando de ombros ao receber um olhar confuso dele. — Então eu pensei que você ia gostar de escutar um pouco pra colocar a mente no lugar... Funciona comigo, ao menos.

Apontando para alguns títulos no MP3, ela continuou:

— Aí tem Arctic Monkeys, Florence and The Machine, Birdy, Coldplay... Algumas outras bandas indies e alternativas e, claro, as minhas favoritas do The Neighbourhood... São 60 músicas no total. Talvez não ajude, mas pelo menos são boas. — A Banner encarou os olhos azuis dele. — E... Eu sinto muito.

— Acho que esse é o melhor presente que ganhei nos últimos anos. — Comentou o dono dos cabelos prateados. — Obrigado pelo presente, e bom, eu vou ficar bem qualquer dia desses.

Antes que se levantasse para deixar o recinto, Lavínia fitou o lado esquerdo do fone apontado para ela e o meio sorriso que estampava os lábios de Pietro. Sabia que ele estava quebrado por dentro, mas era a primeira vez que ela notava qualquer esboço de bons sentimentos no rosto do velocista. Um convite para ficar que ela jamais negaria.

Se ajeitando na maca, ela colocou o fone e pôde contemplar a tão bela melodia de The Scientist, da banda Coldplay. Balançando a cabeça lentamente no ritmo da música, a jovem ruiva não notou o olhar de relance que Pietro Maximoff a lançava.

“Nobody said it was easy, no one ever said it would be this hard. Oh, take me back to the start.”

 

X

 

Data ainda desconhecida por ela. Algum lugar entre Vormir e Titan.

 

Por mais que não sangrasse, havia um gosto metálico em sua boca. Seus lábios estavam gelados, sua respiração se mantinha pesada e sua mente navegava em devaneios sobre tudo o que estava acontecendo e, principalmente, sobre onde diabos Peter Quill se enfiara dessa vez.

Algo em seu peito dizia que ele estava em apuros, mas Gamora se recusava a acreditar que algo ruim pudesse ter acontecido com seu teimoso Senhor das Estrelas. Por mais que ele fosse um desastrado encrenqueiro, era um filho da mãe sortudo. E depois de todas as coisas que disseram um para o outro, depois de tantos sentimentos que deixavam de ser aquela coisa implícita que ele tanto dizia, não era possível que Peter simplesmente deixaria a esverdeada sozinha.

Logo em seguida, a filha de Thanos pensou em Nebulosa e no que poderia ter acontecido com ela desde a última vez que se viram. Torcia para que, de alguma forma, ela tivesse impedido Thanos de tornar as coisas piores — juntamente com os Guardiões e Thor — do que já estavam. Não era difícil para Gamora admitir a falta que a irmã fazia e quão grande era seu amor por ela, ainda que as duas se odiassem as vezes. Só precisava saber se ela estava bem.

O Titã Louco também apareceu em seus pensamentos, fazendo suas mãos apertarem o volante com mais força. Depois de tantos reencontros e desencontros, tantas vezes em que ela quis matá-lo, Gamora pensou na única vez em que achou ter tirado a vida dele e estremeceu. Ele poderia quebrá-la infinitas vezes e nunca deixaria de ser uma parte dela. Essa parte estava dolorida dessa vez.

Nunca imaginou que, mesmo diante de tantos atos monstruosos, Thanos seria capaz de tirar sua vida. Quando sentiu seu corpo caindo do imenso penhasco, o grito abafado pela queda disse tudo o que passou por sua mente. De todas as vezes que havia sido pisada por ele, a verdinha nunca se machucou tanto como naquela vez. Mesmo que a amasse, o titã sempre seria psicopata o suficiente para matá-la por poder — e isso a rasgava mais do que colidir com aquelas rochas.

Que espécie de amor era essa?

Do outro lado da nave — essa qual a esverdeada não fazia ideia de onde o homem conseguira —, o deus da trapaça também vagava em pensamentos. Diferentemente de Gamora, Loki sabia exatamente o que havia acontecido com metade do universo: depois de tantos incidentes no passado, quando se aliara a Thanos para tentar ser o rei de Midgard, era de se imaginar que o Titã iria prosseguir com sua ideia macabra de genocídio. Frigga sempre lhe dissera para esquecer o maluco e focar em suas próprias decisões, em seu próprio destino, mas era difícil esquecer tudo o que fazia parte dele.

Thor achava que sabia tudo sobre o irmão, mas não se lembrava nem da metade.

O Laufeyson não podia negar o momento de fraqueza que tomou conta de seus pulmões ao ver Thor prestes a ser esmagado por Thanos, bem à sua frente. Por quase toda a sua vida — que era bem longa —, Loki tentou matar o herdeiro do trono da destruída Asgard mais vezes do que sabia contar. Falhou em todas elas, e salvou o irmão mais novo na única real oportunidade que teve em vê-lo perecer.

Era um covarde ou um irmão mais velho. Dependia do ponto de vista.

— Dois minutos antes de pousarmos em Titã, filho de Odin. — Gamora falou com certa rispidez. Algo no irmão mais velho de Thor Odinson não a agradava, talvez a aura sarcástica parecida com a de Quill ou o fato dele ser um vilão, e ela não tinha nenhum interesse em construir algum tipo de amizade com ele.

— Acelere, então. — Loki respondeu no mesmo tom de arrogância.

 

X

 

06 de maio de 2018. Algum local no norte do estado de New York.

Quartel General dos Vingadores.

 

Os quatro últimos dias eram, de fato, os mais tempestuosos que aquela sede já tinha assistido. Confirmadas as teorias de Stark — de que o clima variava de acordo com o humor do deus do trovão —, a maior parte dos heróis tentava não incomodar o loiro com medo de que as chuvas se tornassem piores. Mas Thor só conseguia ficar em seus aposentos, estático diante das pinturas que outrora foram de alguém familiar.

Mesmo que Bruce Banner revelasse que a autora de tais obras se chamava Moira Laviscount, ele conhecia o verdadeiro nome daquela moça de cor. Lavínia, a purificadora. A mulher que salvou Asgard mais vezes do que Odin podia contar.

Algo em sua mente bloqueava suas memórias profundas sobre a guerreira de cabelos ruivos como folhas laranjas de outono, mas cada relance de momentos que tinha ao tocar aquelas tintas lhe deixava mais próximo da verdade.

Thor nutria grande admiração pela pessoa que era Lavínia de Asgard. Filha de Lótus — que era a melhor valquíria que ele teve a honra de conhecer —, a jovem já era a menina dos olhos de Odin antes mesmo do deus do trovão ter nascido. Ainda em sua infância, o pequeno Thor cresceu vendo as grandiosas batalhas de Asgard onde Lavínia era a rainha da linha de frente; e quando Odin lhe concedeu o privilégio de morar no palácio, conheceu ainda mais a garota corajosa.

Lembrava-se de ter um forte laço com a mulher. Não de ódio e muito menos de romance, mas a ligação mais pura de amizade que o loiro jamais teria com outra pessoa.

As pinturas, por sua vez, criavam certa confusão na mente dele. Em 1990, grande parte dos eventos ali gravados sequer sonhavam em estar acontecendo: a existência de Hulk, a revelação das joias do infinito, o retorno de Hela e, principalmente, o levantar de Thanos. A realidade dos traços feitos pelas tintas retrata não somente lembranças, mas visões do que ela previra que iriam acontecer.

Sabia que faltavam muitos pedaços em sua memória para que aquelas histórias fizessem sentido em sua cabeça, mas Thor jurou para si mesmo que se lembraria. Lembraria dos momentos, das alegrias e das tristezas também — e claro, da pessoa que roubara todas essas partes importantes de sua vida.

Ouvindo a porta se abrir, o loiro levou seus olhos até o físico parado ali. Bruce Banner, o cientista e físico que Thor podia considerar um verdadeiro amigo, estava com um semblante preocupado e com os óculos desajeitados em seu rosto. Os trajes de laboratório finalmente faziam parte dele de novo, e o deus do trovão não pôde deixar de sorrir na presença dele.

— Olá, velho amigo. Entre. — Thor convidou.

Dando um sorriso e mais seis passos receosos, Bruce entrou com seus observadores olhos analisando o lugar. Thor se encontrava no chão, sentado com as pernas cruzadas, ao lado do Pegasus que Moira pintara há tantos anos. Canetas e papeis estavam espalhados pelo chão, provavelmente com anotações do próprio deus — o qual parecia não dormir há dias. Se sentando ao lado do loiro, o físico ajeitou os óculos.

— Nós não conversamos nos últimos dias, mas eu fiquei curioso. — Começou o pai de Lavínia. — Sabe... Eu não entendi muito das coisas que aconteceram naquela época e gostaria que me explicasse o que sabe.

— Não quer conversar com sua filha antes de ter mais respostas, não é? — Thor perguntou, ganhando um aceno de cabeça do homem. — Eu entendo. Minha mãe me disse uma vez que nunca se esquece de algo, não para sempre e não totalmente. Hoje, mais do que nunca, vejo que Frigga nunca falhou nas verdades que dizia.

Apontando para a rainha, que estava retratada em uma das imagens pintadas, Thor sorriu. Sentia falta dela.

— Eu preciso que me explique melhor tudo o que ela te contou.

— Bom... — Banner iniciou. — Ela me contou que não era daqui, desse mundo. Me mostrou as pinturas e disse que todos aqueles deuses eram reais, assim como aqueles eventos que ainda iriam acontecer. Me contou que Thanos, um louco, pretendia destruir tudo o que ambos conhecíamos em um futuro próximo... E que eu podia ajudá-la a mudar isso tudo.

— Mudar? — Questionou Thor.

— É. Quando tivemos nossa última conversa sobre isso, faltavam alguns dias para o nascimento da Lavínia. Ela me contou do homem encapuzado que viria, do sacrifício que teria que fazer e do destino que tinha para nossa filha: terminar de salvar o mundo, coisa que ela tinha começado. — Os olhos de Bruce pareciam entristecidos. — A última vez que eu a vi foi com Lavínia nos braços, me lançando um último sorriso antes de partir para sabe-se lá Deus onde.

— Sua Moira, em Asgard, se chamava Lavínia. — O deus do trovão colocou uma mão no ombro de Bruce. — Majestosa e guerreira de Odin, a menina dos olhos de meu pai. Lavínia já era marechal no campo de batalha antes mesmo do meu nascer. Ah, como ela era inteligente... Teimosa, brava, mas inteligente. Eu quero me lembrar mais, Bruce. E eu irei, lhe prometo isso.

A troca de sorrisos entre homens de mundos tão diferentes, naquele instante, foi uma promessa. Como irmãos, estariam juntos para o que desse e viesse.

Apoiada no parapeito, a mulher de cabelos loiros sentia a brisa da chuva que se dissipava, contemplando o início de uma estrelada madrugada no céu. Seus olhos verdes, perdidos na abóbada celeste noturna, nem chegavam perto de transmitir os tantos sentimentos que passeavam em seu eu.

Natasha Romanoff já estava acostumada com sua mente conturbada e seus dizeres sempre tão realistas, seu raciocínio apurado e sua capacidade de enxergar maldade nas pessoas com um simples primeiro olhar. Mas em Steve Rogers, homem esse que abraçava sua cintura e repousava o queixo em seu ombro, ela não conseguiu ver essa aura maligna.

Viu apenas um homem. Quebrado, cansado, esperançoso. Um milhão de sonhos, lembranças árduas e sentimentos bons em um único par de olhos azuis.

— Você parece preocupado. — Natasha falou.

— E você não está? — Steve respondeu. — Depois de tantas revelações, ainda estou tentando processar o que faremos agora. Thor ainda não saiu do quarto.

— Mas a chuva está indo embora. — A mulher comentou com um meio sorriso. — Se Stark estava mesmo certo, Thor está mais calmo agora.

— É, devo concordar. Mas também lhe devo desculpas por ter adiado nossa conversa dessa vez. — O loiro soltou-se dela e se apoiou na sacada, os olhos azuis fixos nela. — Precisamos resolver tudo isso primeiro.

— Eu sei, tudo bem. — Natasha colocou uma das mãos no ombro dele, acariciando a região com um semblante carinhoso. — Só me prometa uma coisa.

O encontro de olhares do casal pareceu fazer as estrelas brilharem ainda mais.

— Você não vai tirar essa barba. — A loira falou com um tom autoritário, fazendo Steve rir alto.

— Podemos fazer um trato? — Ele disse sorrindo, ganhando a aprovação dela de imediato. — Eu não tiro a barba, tudo bem. Mas por favor, mesmo gostando do seu cabelo loiro... Pinta ele de ruivo de novo.

Dessa vez foi ela quem gargalhou.

Steve e Natasha eram diferentes em muitas coisas. A própria maneira de rir era uma delas: enquanto ele não se importava em demonstrar felicidade, a risada dela era sempre mais modesta e reservada. Suas almas, em contrapartida, ainda se atraíam de forma igual.

— Negócio fechado. — Concordou a mulher. — Eu estava doida pra fazer isso.

Rogers selou seus lábios aos dela de forma suave, abraçando sua cintura e sentindo as mãos dela nas laterais de seu rosto. Steve sabia que tempestades estavam por vir — não somente no céu —, mas negar o que sentia por Romanoff estava fora de cogitação. Sempre estava.

Eles eram como café e leite. Ela tirava o sono dele, e ele a deixava menos amarga.

De repente, um clarão no céu fez com que eles se separassem. Segundos depois, uma nave vermelha colidiu com os gramados verdes do quartel general dos Vingadores — e em algum lugar de seu coração, Steve Rogers soube.

Era Tony Stark.


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Notas finais do capítulo

É, foi isso!
Vale ressaltar que é muito importante que vocês façam a leitura das notas, para terem mais noção das coisas que veem acontecendo.
E aí? Quem era a mamis da Lavs, afinal? Gamora e Loki estão indo para onde? TONY FINALMENTE VOLTOU É ISSO MESMO PRODUÇÃO? Teremos muito da Lavínia e do casal favorito de vocês daqui pra frente, agora que as coisas estão se encaixando. E eu espero meeeeesmo o feedback de vocês s2
Vejo vocês nos comentários! O próximo capítulo está previsto para o próximo dia 9 (09/07/2018). Até breve!
Beijos s2
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