Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 14
A Investigação


Notas iniciais do capítulo

Olaaa! Espero que gostem do capítulo de hoje ❤



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/759767/chapter/14

Deitada sobre um amontoado de terra, com os olhos embaçados com lágrimas, a criança assistia o show de luzes ao seu redor. O calor insuportável fazia com que a garota sentisse sua consciência se esvaindo.

— Eu encontrei! — Uma voz desconhecida gritava ao longe.

Não demorou muito para que a pequena menina sentisse seu corpo sendo erguido e depois colocado sobre uma superfície macia, instintivamente ela se agarrou ao pescoço do seu salvador.

Aos poucos ela via todo o inferno sendo deixado para trás.

— Está tudo bem agora. Vou te manter segura. — O homem disse de forma carinhosa — Eu me chamo Ivan, qual o seu nome?

Lentamente a garota levantou seu rosto para encarar o autor da voz.

— Eu me chamo Catherine.

Era a única coisa que ela se lembrava. E junto com o rosto e o nome do homem que ela havia acabado de descobrir, era tudo o que sabia no mundo.

Uma pequena coceira no rosto fez com que Catherine retomasse a consciência. Ela costumava ter esse tipo de sonho na infância, mas fazia tempos que havia deixado esse trauma no passado, os eventos em Ita acabaram trazendo de volta essas más lembranças.

— Oi! — Ryu abriu um largo sorriso para a garota — Tem café da manhã.

A bruxa analisou o espaço a sua volta, ela havia dormido a noite no chão e talvez o capim que serviu como colchão tenha sido também o motivo do seu despertar.

— Nozes, castanhas e pinhas. — Ryu apresentou o cardápio.

O olhar de reprovação da garota foi suficiente para ele se explicar:

— A floresta não é muito rica em frutos, eu dei um duro danado para conseguir isso aqui. — Diante da feição insatisfeita da bruxa ele completou — Muitos dos seus chocolates tinham recheio de castanha, sabia disso?

— É, mas normalmente são banhados em caramelo. — Catherine disse com um sorriso leve.

Aquele sorriso foi suficiente para compensar todo o trabalho de Ryu.

— Perdemos tudo na fuga de Ita, nossa comida e objetos pessoais. — Ryu pausou por alguns segundos, tomando fôlego para suportar a reação da garota. — Isso inclui suas roupas e revistas.

— Tudo bem. — A bruxa sorriu — Estamos vivos no fim das contas, é o que importa.

Os olhos de Ryu se arregalaram, aquela resposta madura era a última coisa que ele poderia esperar de Catherine.

Depois daquilo, a garota não disse mais nenhuma palavra, apenas mastigava as castanhas em silêncio. Aquele silêncio foi extremamente incômodo para Ryu, era algo que parecia não combinar com a Catherine que ele conhecia. Foi então que mexendo em seus bolsos, ele encontrou algo que pretendia guardar para mais tarde.

— Tome.

Catherine olhou atentamente para a pequena barra de chocolate que Ryu tinha em suas mãos.

— Pensei que tivéssemos perdido tudo. — A bruxa sussurrou.

— Esse não estava com o Tommy, eu comprei em um restaurante que parei para comer enquanto te procura…

As palavras de Ryu foram interrompidas pelo choro baixinho de Catherine. Algumas gotas de lágrimas pingavam sobre a barra que já estava em suas mãos.

— Me desculpe! — Catherine dizia em meio a soluços — Eu sinto muito mesmo…

— Normalmente se diz “obrigado”. — Ryu sorriu enquanto se aproximava da companheira.

Antes que pudesse alcançar a bruxa, teve seu avanço interrompido pela mão de Catherine, estendida com a palma aberta em sinal de “pare”.

— Quando você estava com a garota bonita você parecia tão feliz! — A voz da menina estava quase incompreensível devido ao choro — Não faz parte do seu trabalho me comprar doces… Por que pensou em mim?

No momento em que ouviu os questionamentos da garota, Ryu sentiu como se sua garganta estivesse travada.

— Por que está me pedindo desculpas? — Ele foi incapaz de respondê-la.

— Por que eu nunca pensei que você poderia se importar comigo, afinal de contas eu sou uma bruxa — Catherine tentava enxugar as lágrimas que caíam sem pausa — Eu te julguei de novo! Como eu fiz quando nos conhecemos… Como fazem sem me conhecer....

Ryu permaneceu em silêncio, isso fez com que Catherine levantasse sua cabeça para se certificar de que estava sendo ouvida. No momento em que os seus olhos encontraram a imagem do garoto, ela pôde ver ele com os braços abertos e com um sorriso no rosto.

A bruxa não hesitou nem por um momento, sabendo a segurança que os braços dele já haviam trazido em uma outra ocasião, ela apenas se acomodou em um abraço apertado.

— Você é importante para mim. — Ryu suspirou — E não é a única bruxa com quem eu me importo.

— Eu sou a mais especial — Catherine murmurou com a cabeça enterrada no peito de Ryu.

— Não se sinta tão incrível assim. — Ryu revirou os olhos enquanto acariciava o cabelo da bruxa.

Ainda perambulando as ruas de Ita, Josh procurava pela mulher ruiva de quem Estevan havia falado.

Não foi muito difícil juntar pistas do paradeiro dela, afinal Ita não era uma cidade conhecida por receber muita gente de fora.

Conversando com alguns habitantes da pequena cidade, ele acabou descobrindo onde a mulher havia se hospedado.

— Não é da nossa política fornecer informações sobre os nossos clientes. — O recepcionista informou.

— É uma investigação importante. — Josh estava nervoso — Preciso saber o nome da garota.

— Se eu ganhasse uma moeda de cobre para cada pessoa que aparece aqui dizendo que está fazendo uma “investigação importante”, não precisaria mais trabalhar — O homem disse com desdém.

Após um longo suspiro, Josh retirou um pequeno distintivo do seu bolso e o deslizou sobre o balcão. No momento em que o recepcionista pôs os olhos no objeto, seu rosto empalideceu.

— Me perdoe senhor! — Ele se curvou — Vou levá-lo ao quarto em que a moça se hospedou.

Depois de cumprido seu objetivo, ele deslizou mais uma vez o distintivo até a borda do balcão em que ele estava mais próximo. Seus olhos fitavam a pomba prateada. Não precisava de muita luz sobre ela para que reluzisse um brilho celestial.

Ele de fato não se orgulhava de usar aquilo para conseguir ser levado a sério, mas em alguns momentos poupava tempo e trabalho.

— Por aqui senhor! — O homem disse de forma educada enquanto destrancava a porta do quarto. — Ela se chama Clarisse Bortoluzzi.

— Bortoluzzi… — Josh murmurou.

— Ela ficou aqui por dois dias e…

— De frente para a praça em que Catherine seria executada. — Uma expressão de desconforto estava estampada no rosto do caçador.

— A Catherine de quem fala por acaso é a bruxa que escapou? — O homem estava curioso.

— Sim. — Josh respondeu um pouco disperso.

— Você está caçando ela?

— Sim, mas focarei nela em outra ocasião— Josh se virou para o homem e sorriu — Nesse momento, estou caçando a Bortoluzzi.

— Ela é uma… uma… bruxa? — A expressão do recepcionista era de pavor.

— Não apenas isso — Josh caminhou para fora do quarto — Clarisse Bortoluzzi é a principal suspeita do incêndio em Ita.

O homem se sentou na cama, para tentar recuperar o fôlego.

— Seu grupo está investigando a praça — O recepcionista comentou enquanto se aproximava da janela — Eles estão atrás da Bortoluzzi também?

Ao ouvir aquelas palavras, a respiração de Josh acelerou.

— Preciso ir.

— Está tudo bem senhor? — O homem se virou para Josh, mas ele já havia desaparecido.

Na praça, o grupo de caçadores interrogavam alguns moradores.

— Quando a fogueira foi acesa as lágrimas do demônio apagaram o fogo da punição! — Um velho conterrâneo contava a sua versão da história.

— Você quer dizer que choveu? — Uma mulher alta, com longos cabelos negros e pele amarelada dizia com desdém.

— Yuki… — Um garoto que estava ao lado dela a repreendeu.

— O que foi Ryan? Qual a probabilidade de não ser apenas coincidência? Chove o tempo todo! Principalmente nessa região. — A mulher dava de ombros — Esses caipiras já devem ter queimado incontáveis humanos por coincidências menores!

Um golpe inesperado no rosto fez com que a garota caísse no chão.

— Tenha mais respeito! — Um homem mais velho que os garotos encarava a menina caída. — Todos os filhos de Deus merecem.

Yuki manteve a cabeça abaixada de modo que o seu cabelo impossibilitava uma boa visão do seu rosto.

— Eu sinto muito… — Ela sussurrou.

— Olhe nos olhos de quem ofendeu e peça perdão! — Tanto a voz quanto a feição do homem eram pesadas e autoritárias.

A expressão escondida de Yuki era de ódio, por pouco não deixou escapar lágrimas pela humilhação

— Me perdoe, senhor. Pretendo melhorar a minha postura, aprendendo com os meus erros. — No momento em que se virou para falar essas palavras, a garota tinha um sorriso inocente nos lábios, diferente de tudo o que ela tinha mostrado até agora.

A expressão do homem que havia repreendido Yuki mudou completamente e ele estendeu a mão para que a garota se apoiasse enquanto se levantava.

— Deus sempre nos dá uma segunda chance. Você fará diferente? — Ele se virou para o morador de Ita.

O velho tremeu, sua expressão era de medo. Jovens falavam bobeiras o tempo todo e ele já havia se acostumado com isso, mas o grupo que acompanhava os Minus tinham uma postura impecável e eram duramente repreendidos por qualquer erro.

— Está tudo bem! — O senhor sorriu um pouco sem graça — Tenho netos que vivem falando asneiras, é coisa da idade.

— Nunca se é jovem demais para se ter dignidade. — O homem disse com um sorriso no rosto.

— Eu avisei para ter cuidado com as palavras… — Ryan sussurrou — O Blanc não gosta dessas coisas.

Yuki permaneceu em silêncio, apesar de sentir queimar o local da pancada em seu rosto, se negou a expressar qualquer sinal de dor.

— Muito obrigada pela ajuda! — Blanc apertou a mão do velho — Vamos trabalhar dia e noite na procura dessa bruxa e ela será julgada pelos seus crimes.

Após se despedirem, Blanc iniciou uma reunião pelo caminho.

— Contate o restante do nono pelotão. Inicie as buscas na região que segue daqui até o santuário do segundo reino, capturem a bruxa do azar viva.

— O nono pelotão inteiro? — Yuki estava inquieta — Para início de conversa o que levou o senhor a vir pessoalmente aqui investigar isso? O que tem demais nessa bruxa do azar? Ela por acaso é algum rank A ou coisa assim?

— Yuki! — Ryan repreendeu — Você não consegue seguir ordens sem encher o mestre de perguntas?

— Não se preocupe, Ryan — Blanc disse de forma carinhosa — Para aprender é necessário questionar.

Yuki sorriu triunfante para o companheiro. Ryan torceu o nariz.

— Se pudéssemos classificar essa bruxa em alguma categoria, certamente seria um SS.

Diante da declaração de Blanc, os dois garotos ficaram de queixo caído.

— Mas notem que eu disse “se pudéssemos”. As dimensões da capacidade daquela bruxa são inimagináveis. — Blanc suspirou.

— ESPERE!

Um homem corria na tentativa de alcançar os cavalos. Yuki sacou uma de suas adagas.

— Yuki — Blanc repreendeu — Tenha paciência.

Assim que o homem se aproximou Blanc desceu do cavalo.

— No que posso ajudar meu caro irmão?

— Uma bruxa se hospedeu no meu hotel. — O homem tentava tomar fôlego — Uma Bortoluzzi!

— Bortoluzzi? — Blanc tinha uma expressão interessada em seu rosto — Fale mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não esqueça de deixar um comentário! Diga o que gostou, o que acha que poderia melhorar... Faça uma autora feliz



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Questão de Sorte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.