Eu, Ela e o Bebê escrita por Lara


Capítulo 13
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Oi Cupcakes ♥! Desculpe a demora para atualizar, mas tive que fazer um monte de coisas para minha mãe nesses últimos dias e não consegui tempo para completar o capítulo. Eu realmente espero que tenham tido um bom dia das mães e que gostem desse capítulo que era para ter saído ontem em homenagem ao dia.

Muito obrigada Bruninha, Titânia, Marluci, Pequena Rosa, Juliana Lorena, Fatyph22, Renataafonso, Nanda, Patty, Lari, Aninha, FLAT, Isabelle e kaialasilva pelos comentários maravilhosos que eu não vou demorar a responder. Boa leitura...



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Capítulo XII – Revelações

 

“Os seres humanos vivem dando prova de que o amor é passageiro, até mesmo inexistente. Conheço poucas pessoas que conseguem viver um grande amor, desses que duram e mantêm a chama acesa por muito tempo.”

Azul da Cor do Mar – Marina Carvalho

 

A fumaça vinda da xícara de café a minha frente subia suavemente, trazendo consigo o agradável aroma da manhã. Pessoas iam e viam do lado de fora da cafeteria, apressados, correndo da fina chuva que caia pela cidade. Eu observava o cenário, perdido no caos que estava meus pensamentos. Algo parecia diferente no modo como o mundo seguia seu fluxo. O céu não parecia mais tão nublado como eu diria algum tempo atrás. As conversas paralelas que aconteciam ao meu lado não pareciam mais tão incomodas assim, apesar de ainda serem seis horas da manhã. No fim, talvez meus colegas de trabalho estivessem corretos. Talvez, quem estava diferente diante do mundo fosse eu.

Tomo um gole de meu café e suspiro, agradando-me do sabor levemente amargo. Meu melhor amigo não demora a aparecer com um grande copo de café e seu típico mau humor matinal, após ter sido acordado tão cedo. Ele se senta de frente para mim e me observa, pacientemente. Ele me conhecia bem o suficiente para saber que algo havia acontecido e que eu precisava de um tempo para organizar as palavras embaralhadas em minha mente, antes de revelar tudo a ele de maneira clara e objetiva. Tommy, apesar de brincalhão, nunca gostou de enrolação e, assim como eu, preferia ir direto ao ponto. Sem rodeios e gaguejos.

Um suspiro abandona seus lábios quando experimenta o líquido de coloração escura em seu copo de isopor. Mais uma vez, o olhar questionador de meu melhor amigo recai sobre mim. Ele analisa meus movimentos e reações, tentando entender o que se passava em minha mente, o que era um mistério até mesmo para mim. Desde que eu havia saído da casa de Felicity, após ela finalmente experimentar seu tão desejado frango assado ao suco de laranja com um copo grande de limonada, eu não sabia exatamente o que pensar.

Nós havíamos nos beijado. E eu até mesmo diria que foi algo do momento, porque eu havia me emocionado bastante com a escolha do nome de sua filha, mas havia um pequeno detalhe que fazia minha teoria ir por água abaixo. Não nos beijamos somente uma vez. Mesmo sem conversarmos sobre o que havia acontecido anteriormente em sua cozinha, Felicity se despediu de mim com mais um beijo e agiu como se aquela ação fosse a mais natural possível. Eu não sabia dizer o que aquele gesto significava. Ela também gosta de mim? Ela se sente atraída por mim assim como eu me sinto por ela? Meus sentimentos são recíprocos? Perguntas como essa rodeavam a minha mente, enquanto dirigia de volta a minha casa em plena cinco e meia da manhã.

— O que você aprontou dessa vez? - Questiona Tommy, no momento em que eu o encaro. Ele parecia ter notado que eu já havia reorganizado meus pensamentos.

— O que te leva a pensar que eu aprontei alguma coisa? - Retruco, cruzando os braços.

— Você está com a mesma expressão no rosto de quando você bebeu demais, dormiu com a Sara e a Laurel pegou vocês dois na cama dela. - Responde, dando de ombros. Ele pega seu copo e toma um generoso gole de seu café. - Desesperado, aflito, agitado e confuso. Mas, diferente daquela vez, você também parece um pouco feliz. Então, suponho que não seja algo tão ruim assim.

— Eu não sei se odeio ou se gosto do fato de você me conhecer tão bem. - Comento e ele ri, assentindo levemente. - Mas de fato, aconteceu uma coisa. 

— E pelo seu sorriso nesse momento, eu aposto que tem a ver com Felicity Smoak. - Supõe Tommy, que ao ver o meu espanto, ri e me encara com interesse. - E pelo visto, eu estou certo. Você finalmente se confessou para ela?

— Como assim finalmente? E quem te disse que eu gosto dela desse jeito? - Pergunto um pouco envergonhado com a forma como meu melhor amigo me encarava. Ele ri ainda mais, divertindo-se com a minha expressão desconcertada.

— Você se esqueceu de que eu sou o seu melhor amigo? Não precisou você me dizer nada para que eu entendesse o que se passa nesse coração que você insiste em ignorar. Apesar de dizer que nunca vai se apaixonar e evitar seus sentimentos, assim que Felicity apareceu você começou a mudar. - Conta o outro, dando um sorriso compreensivo. - Confesso que no começo, eu fiquei um pouco chateado por você recusar todos os meus pedidos para sair comigo para as festas. Mas, quando passei a observar seu comportamento e como você parecia feliz quando estava com Felicity, eu meio que entendi o que se passava com você. 

— Você entendeu? - Repito, suspirando em seguida. - Já que parece que pelo menos um de nós dois conseguiu entender, por que você não me explica o que se passa comigo?

— Que tal você me dizer primeiro o que foi que aconteceu para te deixar tão atordoado assim? - Sugere e eu balanço a cabeça, concordando, enquanto termino de tomar o meu café. 

— Nós nos beijamos. - Confesso e Tommy abre um grande sorriso, animado. - Mais de uma vez.

— E por que essa cara de desespero? Até parece que você é um adolescente sem qualquer experiência com mulheres. - Meu melhor amigo me encarava divertido e eu sabia que ele estava se segurando para não me provocar ainda mais. Ele respira fundo e me encara com paciência. - O que te preocupa tanto?

— Eu não sei. Quer dizer, eu sei, mas não sei e...

— Oliver, calma. Respira fundo e organiza as ideias. - Pede Tommy, lançando-me um olhar encorajador. - Desse jeito eu não vou entender nada. 

E assim como ele havia pedido, eu respiro fundo e solto o ar lentamente pela boca. Enquanto isso, Tommy termina o seu café e levanta a mão para pedir algo para o atendente que estava próximo de nós. 

— Traz mais dois copos grandes de café puro e quatro donuts com cobertura de chocolate, por favor. E você quer mais alguma coisa? - Questiona Tommy e eu balanço a cabeça, negando. - Somente isso.

— Claro. Eu já volto com seus pedidos. - O atendente se retira e ficamos sozinhos mais uma vez. O rapaz não demora muito para aparecer com os nossos pedidos. Nervoso, pego o copo de café e sinto minha boca salivar, desejando um pouco daquela bebida forte para me acalmar.

— Eu gosto da Felicity. Muito mais do que eu deveria gostar. – Confesso, colocando o copo sobre a mesa. Observo as pessoas conversando na cafeteria, perdidas em seus próprios mundos. – Mas eu não sei se posso esperar o mesmo de Felicity. Ela ficou viúva há pouco tempo e está grávida. A vida dela ainda está muito ligada ao falecido marido.

— Em outras palavras, você está com medo de se entregar e acabar se machucando. – Resume Tommy, dando um fraco sorriso. Balanço a cabeça, concordando. Ele bebe um pouco de café e me encara com seriedade. – Mas não acho que esse seja de fato seu maior receio. Você na verdade tem medo do que pode acontecer a Felicity e a bebê. Não te culpo. Você parou de querer se ligar emocionalmente a mulheres desde a morte de sua mãe e de sua irmã. E agora, depois de vinte anos, aparece uma mulher totalmente diferente das mulheres que fazem o seu tipo, grávida e que te atraí de diversas formas. É normal se sentir assustado.

— A bebê vai se chamar Thea. – Revelo e meu melhor amigo me olha surpreso. – Ela disse que deseja que a bebê possa ser a cura que precisamos para nossos corações.

— Uau! Vocês são tão melosos. – Comenta Tommy, rindo surpreso. Em seguida ele me olha divertido. – E você ainda tem dúvidas de que ela gosta de você? Eu sabia que você era lerdo, mas não imaginei que fosse tanto. E eu aqui pensando que ela houvesse te rejeitado ou algo assim.

— Mas...

— Ela te ama, Oliver. Felicity vai nomear a filha dela com o nome da pessoa que você mais amou e cuidou em sua vida. – Interrompe meu melhor amigo, antes que eu o contrariasse.

— Ela só quis me agradecer por estar ajudando desde o início. – Respondo, inseguro demais para acreditar que meus sentimentos são realmente correspondidos por Felicity. E meu melhor amigo tem razão quanto ao fato do meu medo do que pode acontecer as duas. Eu jamais me perdoaria ou suportaria perder mais duas pessoas importantes para mim.

— Agradecer? – Tommy ri, incrédulo. – Não seja burro! Se ela quisesse somente te agradecer ou homenagear por simplesmente está ajudando com a gravidez, teria colocado o nome da criança de Olivia. Muito mais lógico e mais a cara dela. Mas não foi isso que ela fez!

— Então você acha mesmo que...

— Eu realmente estou começando a perder a paciência com você. – Tommy me interrompe mais uma vez. Ele respira fundo e leva a mão a testa, frustrado. Em seguida, meu melhor amigo se aproxima de mim e me olha com intensidade. – Oliver, o nome Thea possui um significado muito maior para você do que qualquer outro nome e Felicity sabe disso. Ela representa o curto momento da sua vida em que você foi feliz e experimentou o que é amar alguém. Mesmo sendo tão novo, você cuidou e se doou por completo para garantir que sua irmã sobrevivesse...

— E no fim, eu não fui capaz de fazer isso. – Respondo e o café parece se tornar um pouco mais amargo no momento em que eu bebo mais um gole.

— Você já parou para pensar que talvez essa seja a chance de você se perdoar pelo que aconteceu? A culpa não foi sua. Ninguém podia fazer nada pela sua mãe e irmã. Nem mesmo você. – Afirma o homem a minha frente, dando um fraco sorriso. – Abrace essa oportunidade, Oliver. E assim como Felicity disse, permita que essa criança seja a cura que você tanto precisa para cicatrizar esse coração tão machucado.

— Quem é você e o que fez com o meu melhor amigo, que é um imaturo e ama a farra? – Brinco e Tommy ri, concordando.

— A vida está me fazendo ver que ela é curta demais para perdermos tempo sofrendo por suposições e medos sem sentido. – Responde, dando um suspiro pesado em seguida. Olho para outro, preocupado.

— O que aconteceu? – Pergunto e vendo que ele tentaria fugir, levanto a mão e balanço a cabeça, negando. – Eu te conheço bem. Já faz algum tempo que eu percebi que você vem agindo estranho. Na verdade, acho que desde um pouco antes de nossa aposta. O que houve, Tommy? O que você queria tanto ganhar que te deixou tão obcecado por essa aposta?

O outro encara o copo de isopor com café dentro e passa a rodear a boca dele, pensativo. Observo Tommy, atento as suas ações. Ele estava tenso e triste. Eu via que o brilho animado e bobo de seus olhos já não se faziam mais presentes. Alguma coisa muito ruim estava acontecendo, no entanto, ele continuava a atuar, a fingir que estava tudo bem. Essa era uma das maiores especialidades de meu melhor amigo e desde que nos conhecemos, essa atitude sempre me preocupou. Diferente de mim, Tommy não era fácil de ler e nunca revelava seus sentimentos com facilidade.

— Meu avô está doente. – Responde e bebe um pouco de café. – Ele está com uma infecção no fígado e vai precisar de um transplante, mas não há nenhuma garantia que ele sobreviva. Por estar muito fraco e debilitado, a cirurgia é arriscada também. Então fazendo ou não, ele pode acabar morrendo. Minha família decidiu que era melhor arriscar a cirurgia, mas não encontramos ninguém na família que seja compatível para doar um pedaço do fígado. Então, nossa opção foi recorrer a pessoas que conhecemos.

— E o que você me pediria caso eu perdesse a aposta era doar um pedaço do meu fígado para o seu avô? – Suponho e Tommy balança a cabeça, concordando. Suspiro.  – Por que não me disse isso antes?

— Bem, você detesta meu avô e eu não queria te obrigar a doar uma parte do seu fígado, caso fosse compatível com o meu avô, apenas por ser seu melhor amigo. Pareceu mais fácil dizer que você fez isso porque perdeu a droga de uma aposta. – Tommy ri, amargurado. – Mas parando para pensar, isso foi a atitude mais burra e infantil que já tive em minha vida em um momento de desespero, Eu sei que isso foi uma idiotice e acabei te colocando em uma situação complicada. E lamento ter me aproveitado de Felicity, mas, de certa forma, também não me arrependo. Depois de tudo, acho que posso dizer que tive uma parcela de responsabilidade de unir vocês dois. Se não fosse a aposta, vocês não teriam entrado naquele elevador juntos e se aproximado tanto. E talvez eu não estaria aqui, em plena quinta-feira, seis e meia da manhã, ouvindo sobre suas inseguranças quanto a experimentar seu primeiro amor.

— Eu detesto seu avô por ter maltratado você a sua vida toda, mas isso não significa que eu não teria te ajudado. Você é o meu melhor amigo, Tommy. É a minha única família, atualmente. Esteve ao meu lado durante todos esses anos e me ajudou a levantar, quando o maldito do meu pai fez de tudo para me destruir. Então você não me obrigaria a nada. – Afirmo e ele sorri agradecido.

— Obrigado. – Responde Tommy, terminando de tomar o restante do café que havia em seu copo. – Mas isso não importa mais. Milagrosamente, os medicamentos começaram a fazer efeito e parece que não será mais necessário a cirurgia. Meu avô continua sem condições físicas para fazê-la, então estamos aliviados. O estado dele ainda é sério, mas...

— Mas ele é teimoso e ruim demais para ser vencido por uma infecção no fígado. – Complemento e ele concorda, dando de ombros. Pego um donuts e dou uma mordida grandiosa. Após engolir, volto a encarar Tommy. – De qualquer forma, acho que preciso ir buscar a Felicity em casa. Como eu tive que atrás de um frango assado em plena três horas da manhã e ela ficou acordada até o amanhecer, é possível que ela acabe se atrasando.

— Frango assado? – Pergunta Tommy, confuso. Balanço a cabeça, concordando. – Às três da manhã?

— Acho que foi um dos tão famosos desejos de grávida. – Respondo, dando de ombros. – Eu tive que ir até o outro lado da cidade, procurando algum mercado aberto nesse horário para comprar um frango e fazer o bendito frango assado ao suco de laranja.

— Mesmo sem ter nenhuma certeza de que estão juntos, vocês ainda agem como um casal. E depois você ainda me pergunta como é que eu sabia que você estava apaixonado por ela. – Comenta Tommy, rindo. – E eu tenho a impressão de que esses desejos estranhos de grávida da Felicity estão apenas começando.

Suspiro e começo a ri, nervoso, sabendo que meu melhor amigo estava certo. Pego meu celular e disco o número que já se tornou tão conhecido por mim. Apesar de ainda estar nervoso pelo que havia acontecido mais cedo, eu não podia ficar agindo como um adolescente imaturo e inexperiente. Então, ignorando a minha segurança, levo o aparelho ao ouvido, esperando ser atendido.

— Alô? – A voz suave de Felicity soa do outro lado da linha.

— Oi Felicity. Você precisa que eu te busque? – Pergunto, sentindo a garganta um pouco seca.

— Não vai ser necessário. O tio Alec deixou tia Sabrina no trabalho e aproveitou para passar aqui em casa e me dar uma carona. Já estamos quase chegando. – Afirma a loira.

— Tudo bem. Então até daqui a pouco. – Despeço-me, observando o olhar curioso de meu melhor amigo sobre mim.

— Até. – Após dizer isso, Felicity desliga o celular e eu encaro a tela do meu aparelho por um tempo antes de voltar a minha atenção a Tommy mais uma vez.

— Você vai ter que ir buscá-la? – Pergunta o outro, comendo um pouco de seu donuts. - Uau! Esses donuts estão realmente deliciosos.

— Não. - Respondo, pegando mais um donuts. De fato, ele estava realmente saboroso. - Parece que o Alec foi buscá-la em casa, então eu não preciso ir. 

E assim, terminamos de tomar nosso café da manhã, em meio a conversas banais. Eu realmente estava grato por Tommy não me questionar mais sobre a minha relação com Felicity. Talvez ele soubesse que eu precisava de um tempo para pensar em nossa conversa. Por outro lado, eu já me sentia muito mais calmo e confiante para acreditar que poderia arriscar um relacionamento sério com Felicity. Como meu melhor amigo havia ressaltado algumas vezes, não era como se estivéssemos agindo diferentes a um casal. Nós estamos sempre juntos, eu participo de todos os seus exames, conseguimos conversar sobre qualquer assunto com a mesma naturalidade de um casal que está junto há anos e eu realmente gosto dessa situação.

Após pagar nossa conta, Tommy e eu seguimos para o prédio do jornal que ficava do outro lado da rua. Nós tínhamos muito trabalho a fazer e eu precisava continuar minha investigação sobre Bruce e seus comparsas. No entanto, antes que entrássemos no grandioso edifício, encontramos uma pessoa bastante conhecida por nós. Com seu vestido vermelho colado um pouco acima do joelho, salto alto preto, óculos de sol, joias douradas e o batom tão escarlate quanto o vestido, Donna encarava a entrada do local com a expressão distante e preocupada. Ela parecia hesitante em entrar no prédio e eu desconfiava que ela temia atrapalhar ou chatear a filha.

— Donna! - Cumprimento a mulher, que desvia o olhar para nós e abre um grande sorriso.

— Oliver, querido! - A mulher se aproxima de mim, me abraça e dá um beijo em cada bochecha. Ela então se vira para Tommy e faz o mesmo que fez comigo. - Oi querido. Como vocês estão?

— Melhor agora que nos encontramos com você. Está linda como sempre! - Galanteia Tommy, arrancando uma gargalhada divertida de Donna.

— Eu realmente amo vocês. São sempre tão adoráveis e lindos. Se eu fosse mais nova, já teria me casado com um de vocês. - Afirma a loira, sorrindo, enquanto retira os óculos de sol do rosto. 

— Isso com certeza seria uma honra. - Respondo, sorrindo. - Por que não entramos e tomamos um pouco de café enquanto você nos conta como anda a vida?

— Eu não sei. - Fala Donna, dando um sorriso hesitante. - A bolinho já chegou? Não quero que ela fique constrangida...

— E por que ela ficaria constrangida pela presença da mãe radiante que ela tem? Ela ainda não chegou, mas tenho certeza que ficará feliz em te ver. Então, poderia nos dar o presente de termos a sua companhia? - Pergunto e ela abre um sorriso agradecido e comovido.

— Obrigada, querido. Eu realmente espero que minha filha não demore a perceber o bom rapaz que você é. Não vejo a hora de ter você como meu genro. - Afirma Donna e Tommy ri, olhando malicioso para mim.

— Talvez não demore tanto assim para que isso aconteça. - Comenta Tommy, fazendo Donna o encarar curiosa. – A bolinho está...

— Cala a boca, Tommy. - Digo, constrangido, interrompendo a fala de meu melhor amigo. – E se a Felicity ao menos imaginar que você está chamando ela de bolinho, você realmente vai souber graves consequências. Então, fica quieto e fecha essa boca grande.

— Não, não. Pode abrir a boca e me contar tudo, Tommy. Eu quero saber de tudo o que você sabe! - Fala Donna, pegando no braço de meu melhor amigo. Ela o puxa para dentro do prédio e inicia uma conversa animada com Tommy, que respondia a tudo com ainda mais entusiasmado.

Sem alternativa, sigo aos dois, um pouco mais atrás. Eu realmente esperava que Felicity tivesse uma boa reação ao ver a mãe. Apesar de o relacionamento delas terem melhorado consideravelmente, Felicity ainda se sentia receosa em se aproximar de Donna. Os traumas do passado somado com os preconceitos do falecido marido, disfarçado de opiniões trouxeram grandes estragos na ligação mãe e filha, então eu entendia a cautela de minha colega de trabalho. Mas, eu também desejava que tudo pudesse ser resolvido o mais breve possível. Ainda mais agora que Felicity será mãe. É um bom momento para deixar as brigas e desavenças para trás e começar uma nova fase em suas vidas.

E enquanto Tommy e Donna compartilhavam informações sobre a minha vida pessoal, como meu melhor amigo havia nomeado aquele momento em que falavam sobre a minha vida como duas senhoras fofoqueiras, eu procurava pistas que pudessem me levar a identidade de Bruce, mas nada parecia fazer sentido. O que um ator de filmes eróticos e um grande empresário no ramo de tecnologia teriam em comum com um assassino em busca de vingança e que me conhece desde que eu era criança? E por que seu nome não me remete a nada?

— Bom dia! - A voz animada de Alec me desperta de meus pensamentos. Desvio o olhar da tela do computador para meu chefe que entrava o departamento com Felicity ao seu lado. Meus companheiros de trabalham para o que estavam fazendo e cumprimentam o chefe. - Oliver, na minha sala agora!

— Uau! O que você aprontou? Alec parece bem sério. - Comenta John e eu o encaro confuso.

— Nada que eu me lembre. - Afirmo e ele parece ficar ainda mais curioso. 

— Tio Alec! - Felicity repreende o tio e o encara surpresa. 

— Se você brigar com o meu futuro genro, irmãozinho, eu você vai se ver comigo! - Exclama Donna, aparecendo de repente. Um coro de risos e provocações ecoam pelo departamento e o rosto de Felicity se torna tão vermelho quanto um tomate.

— Mãe! - Felicity repreende a mulher e todos os olhares de meus colegas de trabalham se voltam para mim. Eu não sabia como reagir diante da atenção que eu recebia.

— Donna? O que está fazendo aqui? - Questiona Alec, confuso. - E desde quando Oliver é seu futuro genro? Por acaso... Oliver!

— Não é nada disso. tio Alec. - Felicity toma a frente, ainda envergonhada pela situação que acontecia no meio da sala do departamento de investigação do jornal. - Quer saber, vamos para sua sala, tio Alec, e eu explico tudo. - Todos permanecem parados, enquanto eu ainda recebia toda a atenção do setor. - Vamos mãe, tio Alec e Oliver!

Mais risinhos maliciosos se espalham pela sala. Tommy sorri e me lança um olhar significativo. E somente pela forma como ele ria, eu sabia que ele estava pensando naquilo como uma reunião de família. Suspiro, cansado, e acabo seguindo para a sala de Alec. Ao passar por Felicity, ela me olha preocupada e eu apenas dou um leve sorriso para que ela se acalmasse. Ainda que um pouco tenso pela forma mortífera com a qual Alec me encarava, eu estava bem diante da situação. 

Alec e Donna vêm logo atrás com Felicity. Assim que entramos na sala, Felicity fecha a porta e solta o ar que estava preso em seus pulmões. Ela então encara a mãe e o tio com repreensão, expondo a sua insatisfação. Eu, por outro lado, apenas sigo até a cafeteira, onde eu pego um pouco de café e me sento em uma das cadeiras. Ignorando os olhares trocados entre os três, dou um pequeno gole em meu café, mas engasgo assim que ouço as palavras de meu chefe.

— Oliver é o pai do seu bebê? - Alec encarava a sobrinha com seriedade. Eu me levanto e começo a tossir. Volto minha atenção para a família que exibiam expressões diferentes para aquela pergunta. Felicity olhava assustada para o tio, Alec tinha o olhar duro e sério, enquanto Donna encarava a filha surpresa.

— Não! - Nega Felicity, suspirando cansada. - Tio Alec, poderia parar de tornar a situação ainda mais complicada do que já está?

— O quê? Bebê? Minha bolinho está grávida? - Questiona Donna, aproximando-se de Felicity. Ela encara a barriga de Felicity com atenção e leva a mão, tocando no lugar. As lágrimas se formam nos olhos da mais velha que encara a filha com esperança. - Isso é verdade?

A expressão de Felicity suaviza ao encarar os olhos emocionados e amorosos de Donna. Um sorriso discreto se abre nos lábios da loira mais nova e ela balança a cabeça, concordando. No mesmo instante, Donna abre um grande sorriso e abraça a filha. Felicity fica tensa e estática no início, mas aos poucos vai cedendo ao contato e corresponde ao abraço. A mais velha permite que as lágrimas desçam pelo rosto, sem se importar com maquiagem e ri, animada. Ela realmente estava feliz com a notícia.

— Sim, mãe. Eu estou grávida de uma menininha. - Responde Felicity, parecendo se segurar para não chorar junto com a mãe. - Ela vai se chamar Thea. 

— Thea? - Repete Donna, afastando-se da filha para acariciar a barriga que já exibia os quatro meses de gestação. - Que nome adorável.

— Thea? Assim como a irmã de Oliver? - Pergunta Alec, encarando-me surpreso. Troco alguns olhares com Felicity, que ri e balança a cabeça, concordando. - Você engravidou a minha sobrinha, Oliver?

— Oliver é o pai da Thea? - Pergunta Donna, rindo ainda mais. - Eu estou tão feliz por isso! Parece que meu desejo se tornou realidade! Eu vou ser avó e o pai do bebê é um Deus Grego! Bolinho, você realmente ganhou na loteria!

— Não, Donna! Oliver ser o pai da bebê não é uma boa notícia. - Afirma Alec, preocupado e insatisfeito. - Ele pode querer abandonar a criança e...

— É isso que você pensa de mim, Alec? Que eu sou um babaca que foge das próprias responsabilidades? - Pergunto, decepcionado pela forma que meu chefe estava agindo. Felicity ameaça falar, mas eu a encaro sério e balanço a cabeça, em um pedido mudo para que ela não se envolvesse naquele momento. Ao se dar conta do que havia dito, Alec me encara culpado.

— Não, Oliver. Eu só... - Alec suspira, e leva as mãos aos rostos. Depois de um tempo, ele volta a me encarar, arrependido. - Me desculpa, Oliver. Eu sei que você não é assim. É só que não sei bem como reagir a essa notícia e conversamos antes sobre o fato de você não querer se envolver em nenhum relacionamento sério. Eu só disse um monte de bobagens. Você é uma boa pessoa e é responsável. 

— Eu não sou o pai da Thea. Pelo menos não o biológico. - Respondo, encarando Felicity. Ela me encara surpresa, mas sorri discreto em seguida, parecendo entender o significado das minhas palavras. Donna nos observava com um brilhoso orgulhoso em seus olhos. - Mas se Felicity estivesse grávida de mim, eu jamais a fugiria. Você sabe os meus motivos para evitar me ligar a uma única mulher, mas eu não sou um moleque. Eu sou um homem que assumo minhas responsabilidades.

— Eu estou grávida de quatro meses, tio Alec. Eu nem mesmo conhecia Oliver. Acho que esse foi o último presente que Ray me deixou antes de morrer. - Conta Felicity, sentando-se no sofá da sala do tio. Donna se senta ao seu lado e eu volto a me sentar na cadeira que estava antes. Alec suspira e vai para sua mesa. Assim que todos estão acomodados, Felicity continua: - Quando Oliver e eu ficamos presos no elevador, eu passei mal e ele cuidou de mim. Ficou ao meu lado inclusive no hospital e estava comigo quando o médico revelou que eu estava grávida. Desde então, Oliver é quem tem me ajudado a lidar com essa novidade. Se não fosse por ele, eu acho que já teria enlouquecido. 

— Obrigada, Oliver. - Agradece Donna, pegando a mão da filha. Elas entrelaçam os dedos, em uma cumplicidade maternal. Felicity parece feliz e Donna estava ainda mais radiante. Como eu imaginava, a gravidez de Felicity era o motivo que elas tanto precisavam para se unirem.

— Acredite em mim. A pessoa que mais deveria estar grato nessa situação sou eu. - Confesso e suspiro, sorrindo em seguida. Viro-me para Alec, ficando sério mais uma vez. - De qualquer forma, você disse que queria falar comigo. 

— Sinto muito pelas minhas palavras, Oliver. Eu agi por impulso e te acusei de algo sem ter nenhuma prova. Obrigado por cuidar de Felicity. - Responde Alec e ao ver o arrependimento em seus olhos, suspiro novamente. Não era como se eu conseguisse ficar com raiva de meu chefe por muito tempo. Ele é quase como um pai para mim. 

— Tudo bem. - Respondo com sinceridade. Alec sorri agradecido e suspira aliviado. - Meu coração é bondoso demais para ficar com raiva de você apenas por suas acusações injustas contra minha pessoa. 

Nós começamos a ri, aliviando o clima pesado que estava no local. Meu celular começa a tocar. Pego o aparelho em meu bolso e vejo mais um número desconhecido me ligando. Encaro Felicity no mesmo instante e pela minha seriedade, ela parece entender o que estava acontecendo. Ela se levanta e se aproxima de mim. Os outros dois presentes na sala nos encaram confusos.

— Atende. no viva-voz - Pede Felicity, pegando um bloco de notas que havia na mesa do tio e uma caneta.

— Alô. - Atendo assim como Felicity havia pedido e, mais uma vez, coloco o celular para gravar a ligação.

— Revilo! Quanto tempo, não é mesmo? Eu já estava com saudades. - Fala Bruce no outro lado da linha e eu posso sentir a ironia em seu tom de voz. - Depois de nosso épico encontro, eu confesso que fiquei muito empolgado para saber o seu potencial. 

— Por que está fazendo isso, Bruce? Eu não entendo os seus motivos para matar essas pessoas de maneira aleatória. - Digo e ele gargalha do outro lado da linha. 

— Você continua insistindo que eu estou matando aleatoriamente. Você não está pensando da maneira correta, Revilo. - Afirma o homem, rindo mais uma vez. - Sabe, eu realmente gosto de você. Quando criança, você era o único da sua família que parecia ser um humano de verdade. Era adorável como você parecia acreditar tanto nas pessoas. É uma pena que eu não fui capaz de permanecer ao seu lado por muito tempo. Uma pena aquele maldito traidor ter matado as pessoas que eu amava. Você não merecia ter visto o que viu, Revilo.

— O que quer dizer com isso? – Pergunto, confuso. Felicity e eu nos encarávamos, enquanto o som de trens ao fundo ecoa mais uma vez. Aquele barulho me dava a sensação de nostalgia. Era como se eu estivesse prestes a me lembrar de algo, mas ainda havia alguma coisa que me impedia.

Vá para o Edifício New Century. Você vai ter mais uma matéria surpreendente que vai te trazer o destaque que você merece. — Afirma Bruce, soando perigoso. – Até breve, pequeno Revilo.

E sem que me desse a chance de responder, Bruce desliga o celular. Levanto-me no mesmo instante, enquanto Felicity corre para fora da sala de Alec. Meu chefe e sua irmã mais velha nos encaram preocupados, mas não havia tempo para explicações. Com um rápido aceno e uma promessa de que eu entraria em contato em breve, sigo o mesmo caminho que minha colega de trabalho fez para pegar a chave do carro e meus materiais de trabalho.

Tommy, vamos! – Felicity apressa meu melhor amigo, assim que me ver pegar minha bolsa em cima da minha mesa.

— Eu já estou indo! – Respondo o outro, enquanto recolhia as câmeras que estavam carregando no momento.

E guiados pela adrenalina, nós três nos dirigimos para meu carro rumo ao edifício mencionado por Bruce. Não havia tempo e dessa vez, eu não deixaria que mais um crime brutal fosse cometido pelo assassino e seus três comparsas. Independente do que estava por vir, eu não descansarei enquanto não colocar um ponto final nessa história de vingança e destruição.


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Notas finais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! O que acharam? Apesar de mais tranquilo, esse capítulo trouxe algumas dicas importantes que vão contribuir para os nossos protagonistas descobrirem quem realmente é Bruce Wright. O próximo capítulo teremos um pouco mais do nosso vilão. Espero que goste. E participem dos meus grupos de leitores. Os links estão logo abaixo. Beijocas ♥!

Cupcakes da Lara: https://www.facebook.com/groups/677328449023646
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