O Funcionário do Fast-Food escrita por Ellaria M Lamora


Capítulo 17
XVII — Silêncios


Notas iniciais do capítulo

i'm back
não me matem pfvr
E CARALHO LYES OBRIGADA PELA RECOMENDAÇÃO, CHOREI, PRINTEI E POSTEI NO MEU ZIPZOP PRA TODO MUNDO VER AAAAAAAAA, FALTEI IMPRIMIR AQUI KKKKKKKKKK OBRIGA XUXU AAAAA ♥



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S I L Ê N C I O S



EM SUA EXISTÊNCIA, Naruto havia reparado que existiam tipos diferentes de silêncios. Haviam aqueles compostos por ruídos, tão desconfortáveis que pareciam deixá-lo surdo, tamanha intensidade e força que carregavam. O mundo caía em violenta inquietação e era comum que se pegasse falando qualquer bobeira desesperada para espantar o clima que a ausência de som trazia, exatamente como se seu cérebro fosse explodir de uma angústia desconhecida.

E, completamente oposto a essa agonia, em algumas raras vezes ele descobria-se preso em um tipo de silêncio encantador. A sua respiração encontrava uma sintonia com o universo e ele relaxava, numa quietude e paz que raramente podia desfrutar. Os membros de seu corpo abandonavam toda a tensão que sempre carregava e os pensamentos, que viviam em constante colapso, simplesmente desapareciam, limpando a mente do Uzumaki e o jogando numa espécie de serenidade acolhedora.

Nesses momentos esporádicos e únicos, tão tranquilos, o rapaz não ficava procurando os porquês de as coisas serem como são. Ele deixava seus conflitos internos e todas as preocupações que sondavam sua mente de lado, apenas apreciando a circunstância usual.

Em situações assim, ele somente fecharia os olhos ou continuaria a fazer o que quer que fosse. Em momentos assim, ele esqueceria do mundo e não tomaria a percepção de nada.

Mas com Sasuke tudo era diferente e ele captava tudo.

Com os dedos entrelaçados e deixando que as pele se tocassem — o branco se misturando com o âmbar —, permitindo que os olhos contemplassem o outro e, assistidos pelos girassóis estonteantes, Naruto percebeu que o singular rapaz era uma das raras pessoas que lhe forneciam o segundo silêncio, deixando-o confortável ao ponto de as palavras não serem necessárias. Ele não precisava preencher o ambiente com constatações óbvias, só para fugir da inquietação, no entanto — se quisesse — encontraria em Sasuke o melhor ouvinte, que apreciaria tudo o que quisesse falar. Ele sempre o acolhia de sua própria forma razinza e era difícil para Naruto fechar os olhos, perdendo-se em seus próprios pensamentos, já que o Uchiha parecia ter uma força de atração gigantesca e sobrava ao Uzumaki encará-lo, observando como os olhos tão escuros o fitavam com atenção, ou como a orelha dele era tão fina e pequena. Ele via-se encantado por cada detalhe e era difícil não observar o estudante, gravando tudo o que pudesse em sua memória, em seus dedos, deixando que a imagem dele respirando tão serenamente pudesse aquecer seu coração.

Os girassóis continuavam a impor toda sua austeridade, quando o fã da Lady Gaga se deitou de lado e moveu-se, liberando espaço na cama. Sasuke ergueu uma das sobrancelhas, denunciando sua confusão e Naruto, sem dizer nenhuma palavra, apenas o puxou para perto. Os corpos se tocaram quando o Uchiha procurou uma posição confortável, tentando não fazer o pateta cair da cama. Eles lutaram contra o fino lençol e os fios que mediam todos os sinais vitais do paciente, reclamando baixinho e rindo da dificuldade.

— Você precisa parar de comer tanto e emagrecer — Naruto sussurrou em determinado momento, tomando a consciência de que sua fala estava embolada pelo cansaço e remédios, soando tão falha que parecia estar arranhada.

— Eu?!

— Sim, ué. Eu que fui internado por não me alimentar direito.

— E você acha que eu como direito?

— Quem que sempre posta fotos em diferentes padarias mesmo? Hm...  Não sei, talvez seja um cara rabugento, resmungão, perfeccionista, que estuda Direito e tenha por volta de um metro e oitenta. — Brincou, o empurrando para o lado — Definitivamente, parece alguém que conheço. — Concluiu lhe lançando um olhar birrento.

— Vou cair! — Exclamou com as sobrancelhas finas franzidas e recebendo de Naruto uma risada fraca — Seu idiota, dessa forma vamos cair toda hora. — Grunhiu, o puxando para perto, estreitado o espaço entre os dois e abrigando o corpo dele debaixo de um braço, deixando a cabeça do Uzumaki repousar em seu peito.

O funcionário do fast-food fechou as pálpebras quando os dedos daquele ranzinza começaram a afagar seus fios dourados e o calor de seu corpo começou a se espalhar para o do próprio Uzumaki. Confortável, Naruto sequer percebeu o sorriso que despontou em sua boca quando ele envolveu o Uchiha com sua mão livre, segurando-o pela cintura.

— Melhor? — Sasuke perguntou e Naruto assentiu — Viu? Só tenho ideias boas.

— Não se ache tanto.

— Estou apenas falando a verdade.

Naruto riu do amor próprio dele e permitiu que o silêncio acolhedor crescesse novamente entre eles, deixando-se embalar em uma espécie de paz adorável que os sons dos batimentos cardíacos do Uchiha produziam. As mãos de Sasuke continuavam a acariciar o topo de sua cabeça, afagando carinhosamente as mechas claras, brincando com o lóbulo de sua orelha e tateando com doçura as bochechas, sentindo sua textura e o quão quentes estavam naquele momento.

— Você precisa se cuidar. — Sussurrou gentilmente e o Uzumaki viu-se enlaçado protetoramente pelos dois braços dele.

— Eu tento. — Confessou, afundando o rosto na roupa que ele usava e percebendo que era uma das suas blusas que tinha emprestado para o desgraçado na noite anterior. De repente, viu-se refletindo que não se importaria se o cheiro do Uchiha ficasse na peça e, quem sabe, até apreciasse isso.

— Só tentar não é suficiente, Naruto. — Disse tão sério que assustou o menino — Desculpe. — Pediu suspirando, exausto, quando o rapaz levantou a cabeça e o fitou — É que o Iruka ficou tão preocupado... — A Naruto, pareceu que ele lutava contra as palavras.

— Sasuke...

— Eu também fiquei preocupado. — Declarou subitamente — Muito. Não sabia o que fazer, fiquei em estado de choque. Você estava ali na minha frente, apagado, E eu, que prometi te proteger, não podia fazer nada.

— Ei, está tudo bem agora.

— Eu sei, mas...

— Não se preocupa, rabugento. —  Sussurrou dócil, fornecendo a ele um de seus sorrisos suaves, não notando o quanto aquilo fazia efeito no Uchiha, que ficou o encarando sem conseguir desviar os olhos — A anemia não vai me matar tão facilmente. Vai por mim, se eu morrer por algo tão idiota assim, é capaz do tio Iruka me reviver só para me matar de novo.

Sasuke o fitou, analisando sua expressão, procurando por qualquer indício de mentira em sua fala. Naruto sustentou o sorriso, descobrindo-se calmo e tão sincero como nunca havia sido antes e suspirou aliviado, quando o corpo do Uchiha relaxou e ele assentiu, decidindo confiar no rapaz em sua frente. No entanto, o Uzumaki não deixou escapar a sombra angustiada que, tão logo apareceu, sumiu, nos olhos daquele estudante.

Os dois voltaram ao abraço normal e o funcionário do fast-food foi surpreendido com um riso anasalado, contido, por parte do estudante ranzinza.

— O que foi?

— Nada.

— Não me faça te bater, Uchiha. Desembucha.

— Só estava pensando em uma coisa.

Naruto o socou no peito e o Uchiha arquejou.

— Era só uma ideia idiota, dobe. — Defendeu-se.

— Eu também tenho uma ideia idiota: que tal sair daqui e me deixar dormir, já que não quer me contar do que está rindo?

Observando a expressão birrenta de Sasuke, foi inevitável ao Uzumaki não gargalhar — o som meigo preenchendo o ambiente tão apático, trazendo uma aura agradável para aquele quarto — e Naruto percebeu que não conseguia ficar bravo de verdade com aquele homem tão rabugento. Apertou o abraço, enlaçando o corpo dele com firmeza. Perguntou-se como poderia zangar-se com alguém que era tão transparente consigo, demonstrando tão rapidamente seu desagrado com a simples menção de afastar-se do loiro. Sorriu, de verdade, afundando seu rosto na curva do seu pescoço, agradecendo internamente por ele estar ali, lhe fazendo esquecer da catástrofe que se tornara sua vida, tornando o momento mais leve, mais agradável de se suportar.

— Alguém já te falou que suas bochechas inflam quando você está bravo? — O funcionário do fast-food questionou, não conseguindo conter a risada que escapou ao visualizar rapidamente as sobrancelhas dele franzirem-se — Parece uma criança cheia de birra. A sua mãe deve ter sofrido contigo na infância, hein?

— Idiota.

— É bonito de se ver. — Declarou, deixando que o cabelo escondesse as emoções que seus olhos carregavam e o escarlate que reluzia em suas bochechas — Está tudo bem se não quiser falar...  — As palavras embolaram-se em sua língua quando as pálpebras se fecharam e ele aninhou-se ao Uchiha — Mas você pode continuar o que estava fazendo?

Ele sentiu o coração de Sasuke palpitar com mais força, quando o moreno assentiu. Os dedos esbranquiçados voltaram então aos fios dourados e Naruto relaxou ali, entregando-se novamente a paz que ele trazia.

Naruto começava a cochilar, embalado pelo carinho do amigo, quando este quebrou o silêncio. A voz, sussurrada e incerta, trazia um sentimento de ternura.

— Estava pensando no quanto você ama cafés, Naruto. — Revelou, apertando-o contra si — E queria saber se você gostaria de conhecer a minha coleção de copos.

— Coleção de copos?

— Promete que não vai rir?

— Prometo.

Sasuke bufou.

— É idiota, mas basicamente coleciono copos de cafés das padarias que vou. Os usuais. Temáticos. De eventos. Se o café foi colocado no copo e ele é bonito, se a experiência foi boa, se me foi importante....

— Você o guarda. — Naruto concluiu com um sorrisinho bobo — Isso é fofo, Sasuke.

— Usurontokashi! — Rosnou, sabendo que rubro cobria suas bochechas.

— Eu adoraria conhecer sua coleção. — Disse com sinceridade, apertando a cintura dele e tentando esconder o quanto aquilo o tinha deixado feliz, afinal eram poucas as pessoas que se importavam em fazer planos para o futuro que o envolvessem — Espero que um dos copos do Ichiraku estejam por lá! Caso contrário, irei desfazer nossa amizade agora mesmo.

— É claro que tem um lá, idiota! Como poderia fazer isso com o Ichiraku? A primeira coisa que fiz depois que você me levou lá, foi voltar e garantir um deles.

A surpresa deixou o dono dos olhos cor-de-céu mudo.

— Quando sair daqui, irei te mostrar ela então. — O Uchiha sussurrou sem-graça, destinando sua atenção para o teto branco. Naruto concordou com um aceno de cabeça e fechou os olhos, deixando que o cansaço o vencesse, embora também estivesse profundamente feliz.

Sasuke remexeu-se na cama, retirando do bolso da calça o celular. Imaginando que ele estava mandando mensagens para alguém ou vendo alguma coisa sobre a faculdade, o Uzumaki procurou não se importar ou bisbilhotar sua privacidade, ocupando-se em não ceder aos efeitos dos remédios e embarcar num cochilo pesado.

Qual foi sua surpresa quando os acordes de uma melódica guitarra começaram a soar baixinho, acompanhados em seguida pela voz carregada de emoção da mulher que ele mais admirava: Lady Gaga. A letra de You And I o fez arregalar os olhos tão vivos e azulados, direcionando-os para o Uchiha, que somente levantou os ombros.

— Imaginei que pudesse estar odiando o silêncio desse hospital. — O estudante de direito desconversou quando a voz potente declarava que não nunca iria embora — Um pouco de música não faz mal. Eu acho.

— As enfermeiras vão te matar. — Naruto brincou, risonho.

— Quem se importa? Um fã de Lady Gaga estará feliz.

A risada pura de Naruto camuflou-se na música e ele aninhou-se mais ao Uchiha. As mãos grandes e quente do amigo o acolheram, aquecendo-o e destinando ao rapaz dos cabelos cor-de-sol todo o zelo que Sasuke acreditava que ele merecia. As pontas dos dedos brincaram em por cima das roupas, em suas costas, puxando-o para mais perto. A respiração tornou-se pesada, quando as pontas de seus narizes se encontraram.

Naquele ponto, o Uzumaki perdeu-se dentro das órbitas negras de Sasuke.

Ele imaginara que se isso viesse a acontecer, iria sentir medo e ficaria com vergonha da intensidade que o olhar do amigo carregava. Sasuke sempre era ranzinza, impaciente e arrogante com tudo e todos. Entretanto, ali estava uma expressão nova a qual o funcionário do fast-food descobriu-se fascinado.

O estudante de direito o fitava com admiração.

Ele podia enxergar a hesitação de Sasuke, mas — acima de tudo — descobria também que aquele rapaz carregava uma paciência absurda, como se ele estivesse preparado para seguir o ritmo do amigo. Não iria além se Naruto não quisesse. Somado a isso, as írises negras transbordavam numa devoção genuína e os cantos dos lábios erguiam-se levemente. Sem sarcasmos. Sem escárnios. Havia somente a pureza do momento. O interesse em estar ao lado de Naruto e a felicidade por isso.  

— E você me disse: há algo especial sobre esse lugar. — O loiro recitou num sussurro, acompanhando o refrão da música, permitindo que as pálpebras se fechassem, inclinando a cabeça num sorriso tímido.

Não demorou para que os lábios macios de Sasuke encontrassem os seus.

Envolvido por sua música favorita e assistido pelos girassóis mais belos que já tivera o prazer de ver, Naruto descobriu que começava a nutrir sentimentos por Uchiha Sasuke. Ali, naquele hospital apático, sentindo o calor do corpo do estudante tão orgulhoso e arrogante, ele descobriu sua outra parte: calma, atenciosa e gentil, afinal era dessa forma que Sasuke o beijava. A doçura de seu beijo enchia o coração de Naruto de um sentimento caloroso. A preocupação em não machucá-lo, a atenção que destinava aos carinhos em seus cabelos e o cuidado em não assustar o loiro o surpreenderam de um jeito muito bom, enquanto o aroma tão único do Uchiha começava a pertencer a si.

No fim, não soube por quanto se beijaram e tampouco importou-se com isso.

Afinal, o mundo deixara de ser preto e branco.

Naruto tinha descoberto que  também era digno da felicidade.     


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Notas finais do capítulo

quem é vivo sempre aparece, não é?
me perdoem, por favor. não quero tornar esse espaço um local de lamúrias e lamentos, mas esses meses foram insuportáveis. basicamente não sei como sobrevivi a esse ano, já que um milhão de coisas aconteceram (ctz que tô vivendo numa espécie de purgatório k k k trist). mas, o fato é que eu estive num bloqueio fodido decorrente das coisas que rolaram. entre elas, inclusive, está o fato de que meu cachorro faleceu e não pude fazer nada para ajudar. isso me atormenta todos os dias e provavelmente sentirei a falta dele até o último dia da minha vida (até fiz uma tatuagem pra homenagear ele, E DÓI PRA CARALHO, TOMEM CUIDADO QUANDO FOREM FAZER, OK? NÃO COMAM CHOCOLATE, CARNE DE PORCO E NADA DO TIPO!!!). Enfim, um zilhão de coisas aconteceram e por isso peço a compreensão. não atrasei a história por capricho, mas eu não tinha mais psicológico. cheguei num ponto que não aguentava mais e precisei de muita ajuda pra poder me reerguer.
então fica aqui meu adendo: cuidem-se. cuidem da sua saúde física e psicológica. cuidem de quem tá perto de vocês. de quem é importante para vocês. se cuidem. isso é importante.

ademais, sobre a história:
tinha comentado que o Gaara iria aparecer nesse capítulo, mas aff gente, os personagens criaram vida e enfiar nosso xuxuzinho cabeça de tomate aqui iria atrapalhar esse momento lindo deles. acho que o sasuke basicamente se impôs pra não dar pro Gaara ser inserido kjjj (marcando território, é claro). e é isto, naruto começou a perceber que vai gostar do sasuke (SIFUDEU OTÁRIO) e quanto ao sasuke... acho que ele já tá deixando bem óbvio que ama o nosso bbzinho loiro, né? KKASDPAKSDOPKASD
mas aproveitem a paz, gaara vem no próximo capítulo e vamos saber mais sobre a recaída dele, sobre o que ele viveu com o Naruto, sobre a vida loka deles do passado.

E fica meu profundo agradecimento por toda a compreensão de vocês, por sempre voltarem aqui, expondo o quanto vocês se importam com essa história. sempre friso que ela me dá forças pra continuar a aguentar as barras que passo e, por isso, só posso agradecer por não me deixarem esquecer o quanto vocês gostam dela, o quanto ela é importante para mim. obrigada por todo mundo que ficou, por todo mundo que dá uma chance, por tudo. meus sinceros obrigadas, de todo o meu coração ♥



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