Dragon Ball GT Kai escrita por FagnerLSantos


Capítulo 107
Quando o ego se dissolve por completo! A superação de Kuririn!




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O sentimento era o de flutuar na escuridão, rodeado de gritos de pavor e desespero, não conseguia se mexer, apenas olhava para o nada enquanto Yamcha o vigiava ali, atrás daquele resto de parede onde estava recostado. O guerreiro do deserto o deixou deitado no chão enquanto esperava seu machucado no peito estancar um pouco e então, Kuririn começou a se debater novamente.
— Ah... Aah... Aaaaaaah!
— Droga, ele começou a gritar outra vez. - Yamcha chegou mais perto e colocou a mão em seu ombro, sacudindo-o. - Kuririn, se acalma, eu estou aqui.
— Socorro! Socorro! - ele se debateu mais forte de um lado para o outro, como se quisesse sair correndo dali e não pudesse. - Alguém me tira daqui! Alguém... Por favor...
Kuririn terminou de costas para ele em posição fetal enquanto lágrimas ameaçavam sair de seus olhos assustados.
— Não importa o que eu diga, acho que ele não me ouve. - Yamcha desviou o rosto para trás onde, lá no alto, Tenshinhan e Tambourine lutavam. - O Tenshinhan está muito forte agora, quem sabe se ele vencer esse monstro o Kuririn saia dessa.
A luta estava intensa, o barulho dos impactos ressonava nos céus, seus braços a aplicar socos se cruzavam em grande velocidade. A garra do namekuseijin demônio passou rente ao lado esquerdo da cabeça do triclope a desviar, do mesmo modo em que o punho dele varou ao lado do rosto do inimigo. O contato visual face a face foi inevitável, os olhos profundos de Tenshinhan o intimidaram por um instante, antes de perceber o punho esquerdo dele rumando sua barriga, agarrando-lhe o pulso no último instante e arremessando-o na direção contrária, o perseguindo em voo na sequência e ultrapassando-o a fim de golpeá-lo pelas costas.
— Morra! - o demônio apenas o esperou e cravou suas garras nas costas dele com toda a força, fazendo com que o braço o atravessasse a sair pelo peito.
— Oah... - o triclope vomitou sangue, Tambourine viu Yamcha em choque lá em baixo e quando puxou sua garra de volta, Tenshinhan despencou inerte a deixar um rastro de sangue para trás.
— Isso foi fácil demais... - ele estendeu a mão e disparou uma grande esfera de energia, o varrendo em uma explosão que tragou os arredores. - Hahahahahahaha!
— Cresça Bastão Mágico!
Aquela voz infantil vinda lá de baixo foi uma surpresa, virando-se ele viu o pequeno Goku como quando era criança, de gi vermelho e cauda, a apoiar o bastão no chão e subir ao seu encontro com o auxílio dele.
— Son Goku? Mas o que significa isso?
— Ka... me... ha... me... - reencenando o passado, Tambourine tentou fugir e o pequeno Goku continuou subindo até saltar do bastão e disparar seu ataque na direção de suas costas. - HA!
— De novo não... WHAAH!!! - Tambourine terminou engolido pelo Kamehameha e então tudo escureceu. - Eu... estou morto?
"Não, ainda não..."
A voz de Tenshinhan em sua mente o deixou confuso e então ele sentiu um forte baque na boca do estômago. Sua visão foi clareando e então finalmente entendeu que tudo o que havia visto desde o momento em que encarara Tenshinhan nos olhos não passava de uma ilusão que este construiu em sua cabeça, misturando o presente e um possível futuro com memórias do passado.
— Maldito...
O triclope recuou o punho e depois alternou dois golpes de palma no peito, terminando por mover as mãos e estender o braço esquerdo com a palma semiaberta, mantendo os dedos mindinho e anelar fechados enquanto os outros estavam juntos e levantados. Ele gerou uma pulsação de ki ao golpear o vento, explodindo Tambourine para longe e este tentou reagir com um raio de energia vermelha através de seus olhos que o triclope desviou ascendendo o corpo, fazendo com que o ataque cortasse um prédio ao meio ali atrás.
— Dodonpa! - Tenshinhan aproveitou a brecha e disparou um raio de ki amarelo através de seu dedo indicador, empurrando-o a explodir no chão.
Quando Tambourine ascendeu de volta dos destroços, era possível ver os ferimentos que ele tinha.
— Você é diferente, não sei como conseguiu manipular a minha mente, mas não vai acontecer de novo, eu consigo lutar sem te olhar nos olhos.
— Isso não vai te dar muitas vantagens.
— Como disse?
— O seu nível não é muito diferente do que o Senhor Tao Pai Pai tinha, você é mais forte, é verdade, mas não o suficiente para me vencer, então mesmo que ignore meu terceiro olho, não poderá me derrotar.
— Isso é o que você pensa!
De novo Tambourine disparou um raio de energia pelos olhos, desta vez em linha reta rumo ao peito do seu adversário, mas ele reagiu disparando uma rajada dourada semelhante do seu olho da testa. Deu-se a explosão no encontro dos ataques e antes mesmo da poeira sumir, os dois já tinham se encontrado no meio dela, reiniciando a troca de golpes e nisso, o grupo do Mestre Kame chegou.
— Mestre, o senhor voltou! - Yamcha disse ao vê-lo.
— Como ele está?
— Na mesma.
Yajirobe olhou para o careca deixado no chão com as mãos na cabeça, ainda em posição fetal e disse:
— Depois disso, vocês não podem mais dizer que sou covarde, vejam só como o coitado está, parece um vira-lata acuado. - Chaos lhe deu um soco na nuca em sinal de reprovação. - Au! Qual é a tua? Isso doeu!
Upa se aproximou do monge e colocou a mão em seu ombro.
— Kuririn, consegue me ouvir?
— Aah... Aaaah! Aaaaaaah!
— Não adianta. - disse Yamcha. - Ele não responde, só o que faz é gritar e dizer coisas sem sentido.
— Eu devo ter sido mau e estou no Inferno por ter não ter conseguido impedir que ele levasse a Esfera do Dragão... Está doendo, está doendo! Aaaaaah!
— Parece que o Kuririn está sendo perturbado por um espírito mau, um espírito de uma experiência ruim pela qual passou.
— Um espírito? - Chaos questionou as palavras de Upa.
— Na cultura de vocês é o que chamam de trauma. Mestre Kame, o Kuririn nunca passou por nada que o deixasse muito assustado?
— Bem, o Kuririn sempre teve dificuldade em confiar nas suas habilidades e já morreu várias vezes, mas sempre superou seus medos no final.
— Pois é, mas ele ficou assim depois de ter visto esse monstro chamado Tambourine, não foi?
— Isso, Tambourine foi o responsável pela sua primeira morte, quando ainda era um menino. - pensando na ocasião, ele se deu conta de algo. - Espere, Tambourine é filho de Piccolo Daimaoh e pertence à Família do Mal, o que significa que...
— Significa o que Mestre Kame? - questionou Yamcha quando o viu voltar o rosto na direção da luta.
— Tenshinhan!
Ao ouvir seu nome, o triclope se distraiu e se deixou tomar uma joelhada na barriga, mas revidou com um soco de esquerda, afastando o inimigo e lhe permitindo dar parte de sua atenção ao que o velho queria lhe dizer.
— O que foi Mestre Kame, descobriu alguma coisa?
— Sim, acho que o Kuririn está revivendo um trauma de quando foi morto por esse demônio! Das outras vezes em que ele morreu, a alma dele foi enviada ao Outro Mundo, mas na ocasião da primeira morte, a alma ficou presa no vazio entre este e Outro Mundo, incapaz de descansar em paz. Penso que ele se esqueceu de tudo quando foi revivido, tanto que parecia não se lembrar de ter estado lá quando mencionei que o Goku e o Uub tinham sido mandados para lá e me parece que voltou a se lembrar agora que viu o verdadeiro Tambourine e não consegue mais sair desse trauma sozinho.
— Entendi e o senhor acha que com minhas habilidades eu posso ajudá-lo, não é?
Kame assentiu com a cabeça e então Tambourine se aproximava, limpando o sangue no canto do lábio.
— Heh, então o careca ficou traumatizado com o Abismo?
— Ele era só uma criança quando você o matou e se esse lugar é assim tão angustiante, não me admira que esteja assim, certamente ter sido morto por você foi a pior morte pela qual o Kuririn passou.
— Se está assim tão curioso, te mandarei para lá para que tenha a mesma experiência que ele teve.
— Tolo! - Tenshinhan se enfureceu. - Será que ainda não se deu conta? Não possui poder e nem técnica suficiente para isso!
Ele cobriu seu corpo com uma aura de ki poderosa que abalou a estabilidade de voo do namekuseijin mutante, deixando-o tenso.
— Como pode? Então ele não estava totalmente a sério?! Um mero humano mais forte do que eu, o mais forte dos filhos de Piccolo Daimaoh?!
— Shin Kikoho! - unindo as mãos, o Novo Kikoho foi disparado como uma onda de luz a uma velocidade incrível que o inimigo não teve como desviar, sendo tragado para a explosão que deixou uma vala quadrada no terreno.
— Ele conseguiu? - questionou Yamcha quando a poeira abaixou e revelou o inimigo a ascender novamente, segurando o ombro, com danos nas vestes e queimaduras em seu tronco. - Não pode ser, aquele monstro ainda está vivo?
— Sim, mas ele está ferido. - comentou Kame. - É a oportunidade perfeita para o Tenshinhan finalizá-lo.
O triclope descendia imponente e pairou a olhá-lo de cima, suas mãos se uniram mais uma vez a formar uma pirâmide para o golpe final enquanto o inimigo mantinha a cabeça abaixada.
— Tem alguma coisa a dizer, alguma última palavra? - o demônio permaneceu em silêncio. - Depois deste ataque, você não vai mais espalhar descendentes para matar as pessoas, adeus para sempre demônio.
A energia estava reunida em suas mãos, estava prestes a disparar quando algo o deteve, sem que percebesse, seu terceiro olho lhe revelou flashes do possível futuro que ocorreria se ele eliminasse Tambourine naquele momento, seu corpo parou e a energia reunida se desfez.
— Tenshin? - Chaos percebeu algo estranho com seu amigo quando o inimigo, ao notar aquilo, sorriu erguendo a cabeça.
Tambourine gritou e desferiu um soco direto na barriga, depois lhe arranhou a bochecha direita com suas garras e voltou com a mão em um tapa reverso na outra bochecha, uma joelhada no estômago e por fim agitou asas, subindo um pouco para aplicar um chute de sola de pé que o mandou a cair em diagonal, colidindo bem próximo de onde os outros estavam.
— Ah, Tenshinhan! - exclamou Kame.
Lá no alto, Tambourine estava ofegante:
— Essa foi por pouco... - ele olhou para Kuririn lá em baixo. - Eu deveria aproveitar e recuar, mas não irei sem antes terminar o que eu queria fazer.
O triclope naquele momento se levantava dos escombros, com Yamcha o questionando:
— O que foi que houve? Por que não acabou com ele?
— Não posso fazer isso.
— Não pode? - questionou Chaos enquanto o viu dar a volta e caminhar até eles. - Mas por que não Tenshin?
— Eu consegui ver, se eu o eliminasse, o Kuririn continuaria preso em seu trauma e mesmo que conseguíssemos acordá-lo, ele viveria atormentado pelo medo o resto da vida. Agora entendi o que aquela primeira presciência significava, é o Kuririn quem deve eliminar esse monstro.
— E como raios ele vai fazer isso do jeito que está? - perguntou Yajirobe.
— Vocês não fazem ideia do que o poder despertado do terceiro olho do Tenshinhan é capaz de fazer, apenas confiem nele. - disse o Mestre Kame. - Enquanto isso, vamos nos certificar de que aquele demônio não chegue perto deles até que o Kuririn esteja pronto para lutar.
— Certo! - disse Upa que se moveu seguido pelos demais.

Tenshinhan enquanto isso o ajeitou com as costas no chão e olhou nos olhos opacos dele enquanto o olho em sua testa brilhou. Entrando na mente de Kuririn, o guerreiro se fez em uma imagem de corpo presente na memória passada que ele estava revivendo, a escuridão do Abismo com os vultos das almas em desespero a circular.
— Então esse é o Abismo? - ele virava o rosto à procura de Kuririn. - Mesmo sendo só uma lembrança, dá para sentir todo o sofrimento dessas almas, esse lugar realmente é muito angustiante.
E então ele enxergou o vulto branco diante de si que representava a alma de Kuririn.
— Aaaaaaah! - podia-se ouvir a voz dele vinda daquele vulto, transmitindo agonia, uma dor que parecia não ter fim.
— Kuririn? Posso ver como se sente, mas isso tudo já passou, não deve ficar preso a essa lembrança ruim. - a imagem de Tenshinhan abriu os braços e pulsou seu ki. - Acorde!
No ecoar de seu grito, toda a escuridão se estilhaçou em cacos, dando lugar ao branco de uma luz.
No momento seguinte, Kuririn acordou, levantando o tronco bruscamente a inspirar com força e olhando em volta com os olhos mais vivos, percebeu que voltara a realidade e que o triclope estava ali, a sua esquerda, com aquela aparência levemente diferente da que ele conhecia.
— Tenshinhan? É você mesmo?

Tambourine se aproximava quando parou ao ver a linha formada por Upa, Chaos e Yamcha a sua frente, tendo o Mestre Kame lá atrás, no chão.
— Tch... Mas o que é isso agora?
— Você não vai passar e talvez nem precise que o Kuririn faça alguma coisa, não tem chance contra nós quatro.
— Não Yamcha, lembre-se do que o Tenshinhan disse, é o Kuririn quem deve derrotá-lo, só assim ele vai vencer o seu trauma.
O comentário de Upa intrigou Tambourine:
— Então vocês vão fazer o careca lutar contra mim outra vez? - ele sorriu e cruzou os braços. - Não se preocupem, eu espero.
— O que? - Chaos falou em meio à confusão coletiva.
— Desde o começo o que eu queria aqui era terminar o que comecei.
Tenshinhan tinha explicado a situação a Kuririn, mas mesmo desperto, estava apavorado, suas pernas tremiam e não queriam se levantar.
— Você não entende? Eu não posso fazer isso! E se ele me matar de novo? Shen Long já me reviveu uma vez, não poderei reviver de novo se isso acontecer e terminarei naquele lugar assustador para sempre, eu não quero isso!
— Ouça, só o que fiz foi te separar desse seu passado esquecido, mas isso não durará para sempre. Se você não lutar, essa lembrança vai continuar te perseguindo até te consumir, acredite em mim.
— Mas...
— Ficar assustado e esperar que eu, o Goku ou qualquer outra pessoa faça isso por você não irá te ajudar a se livrar do seu medo. Se deixar vencer sem lutar é uma desonra para qualquer artista marcial, é assim que você deseja proteger a sua esposa e a sua filha?
Kuririn não esperava ouvir aquela pergunta da boca de Tenshinhan, ele ainda não tinha noção de como o pensamento do guerreiro de três olhos sobre a vida tinha mudado e nem do que havia passado recentemente com respeito à Lunch e o peso que carregava por não ter conseguido protegê-la.
— Acha mesmo que posso ganhar? Não está fazendo isso apenas por achar que esse é o melhor futuro possível que você vê para essa luta?
— Não, eu acredito em você, mais do que poder, você sempre teve muito talento para as artes marciais. Me lembro de quando venceu o Chaos daquela vez, eu não esperava que fosse conseguir e você também aprendeu técnicas minhas sem eu ter te ensinado, até melhorou o Taiyoken antes mesmo de mim. Soube até que, pouco antes do Torneio do Poder, você deu um jeito de derrotar o Gohan com ela, o Gohan que horas depois acabou me dando uma surra quando o Goku e eu fizemos uma luta de treino contra ele e o Piccolo, acho até que você tinha se tornado mais forte do que eu naquela época, mesmo eu tendo me dedicado mais. Só que agora, eu estou mais forte outra vez e você não vai me alcançar de novo se ficar aí e deixar que esse trauma de infância domine você.
— Tudo bem, eu vou tentar... - ele fechou o punho. - Não, eu vou conseguir!
Tenshinhan sorriu e acenou com a cabeça e Kuririn acenou de volta, antes de se levantar. Seus primeiros passos ainda não estavam firmes, seu rosto suava, mas de punhos fechados caminhava na intenção de vencer seu maior inimigo no momento: a si mesmo.
— Vejam, aí vem ele. - disse Kame, chamando a atenção de todos a abrir caminho.
— Você conseguiu Tenshin! - Chaos olhou para seu amigo, que sorriu antes voltar ao seu estado normal e ameaçar cair de cansaço. - Tenshin!
Chaos usou sua telecinesia para segurá-lo e depois chegou perto para apoiá-lo pelo ombro.
— Acho que ainda não estou acostumado a manter o poder dos meus olhos despertado por tanto tempo. Se o Kuririn não conseguir, não sei se terei energia para usá-lo novamente.
— Ele vai conseguir, eu confio no carequinha.
— Eu também Chaos, eu também.
Mestre Kame, Yamcha e Upa se afastaram para junto de Tenshinhan, Chaos e Yajirobe, deixando Kuririn sozinho a encarar o inimigo lá no alto.
— Já não está mais com medo de ser morto por mim?
— Para falar a verdade, estou e muito, mas e daí? - ele se colocou em posição de batalha. - Mesmo que eu esteja com um nó na garganta e sentindo a morte cada vez que fecho os olhos, já não sou mais um menino como naquela época, agora sou um homem que já tem até marcas da idade no rosto e irei agir como tal.
— Belas palavras, mas a única oportunidade de me derrotar o seu amigo ali desperdiçou ao abrir mão da luta, deixando eu me recuperar. Só o que conseguirá agora é que eu te mate de novo!
— Pois se for assim, que seja! - Kuririn sorriu para sua surpresa. - Eu irei para o Abismo conformado em saber que pelo menos eu não fugi e lutei até o fim.
Irritado, Tambourine se moveu primeiro e Kuririn respondeu de imediato, os dois foram tão rápidos que deixaram a imagem de um Zanzoken para trás, nos lugares em que estavam parados. Seus corpos se encontraram a golpear um ao outro em rápida velocidade, desaparecendo e reaparecendo por diversas vezes. Kuririn viu uma brecha para um soco no peito, mas seu oponente sumiu e ressurgiu para uma voadora em suas costas, sem sucesso, pois o careca também desapareceu para surgir ao seu lado e balançar a perna com um chute de lhe enterrar a canela no rosto, jogando-o para longe e depois dando início a uma sucessão de socos no tórax.
— (Ugh... Ele está mais confiante do que antes?)
Mesmo sentindo os golpes, Tambourine virou um mortal para trás, atingindo-lhe um chute no queixo, ascendendo para continuar com dois pisões na barriga e quando sua garra desceu para ser cravada no coração, Kuririn esquivou-se para o lado e o golpe o atingiu de raspão no ombro a jorrar sangue. O monge então estendeu as mãos e disparou uma sucessão de esferas de energia que afastou o inimigo com a cadeia de explosões, aliviando a pressão.
— Mas que droga, o Kuririn pode estar mais confiante, mas a diferença de poder deles ainda persiste. Desse jeito, ele não vai conseguir.
Kuririn ouviu o comentário do guerreiro do deserto, levando-o a refletir consigo mesmo.
— (O Yamcha está certo, estou conseguindo segurá-lo, mas se continuar assim... Não, eu não posso deixar que o medo me domine de novo e não é apenas por mim.) - ele olhou para seus amigos lá em baixo que o assistiam. - (Pela primeira vez, todos estão contando comigo, será que é assim que o Goku sempre se sente? É uma grande pressão, mas mesmo assim, eu não penso em perder, a vontade de todos me dá coragem, me impulsiona a me superar e dar mais de mim!)
Kuririn elevou seu ki a cobrir-se em uma aura branca transparente e respirando fundo fechou os olhos, as memórias do Abismo surgiram novamente, mas ele manteve-se tranquilo, mesmo com toda a angústia a sua volta. Sua aura foi se contendo a vaporizar na silhueta de seu corpo, mantendo-se esvoaçante apenas em seus punhos.
— O que está acontecendo? - perguntou Upa. - O ki dele está...
— Hmm... Eu já tinha visto isso daquela vez na Floresta do Terror, será que agora ele vai conseguir aperfeiçoar?
— Mestre, por favor, nos explique. - pediu-lhe Yamcha.
— Vejam, o Kuririn está dissolvendo seu ego, limpando a mente e concentrando todo o seu ki dentro de si, impedindo que ele vaze, é uma técnica que requer muita concentração, mas que resulta em um grande aumento de poder. Acho que o Kuririn não conseguiu mais fazer isso desde aquela vez, mas parece que agora é pra valer, não só está aprendendo como seu ki está bem mais concentrado que antes.
— Então ele alcançou a iluminação através da dissolução do ego, vencendo assim o seu medo? - Tenshinhan sorriu. - Impressionante!
— Viu só Tenshin, você estava certo! - disse Chaos.
Tambourine ainda estava envolto pela nuvem de fumaça do último ataque quando enxergou o novo semblante de Kuririn a não demonstrar emoções.
— Mas o que significa isso?
— Isso? - ele abriu os olhos. - Isso significa que já não tenho mais medo da morte, do Abismo e nem de você.
— Não pode ter se esquecido de tudo tão facilmente, eu vou fazer você se lembrar! - Kuririn não retrocedeu e sério, manteve os olhos firmes no inimigo a avançar. O soco dele em sua bochecha foi sentido, mas mesmo assim não recuou e manteve-se firme para revidar com a esquerda direto nas costelas, fazendo-o cuspir saliva. - (Cah... De onde ele tirou... essa força?)
Um chute de sola o afastou a seguir e novamente disparou esferas de energia continuamente a mover as mãos. Tambourine se protegeu com os braços, mas se perdeu na nuvem de fumaça, achando apenas o punho do monge que veio de cima e o enterrou em seu rosto a quebrar alguns dentes, seguindo de um chute de esquerda a deslocar seu pescoço, lançando-o a rodopiar para trás.
— Caramba, ele realmente está conseguindo! - comentou Yajirobe.
O namekuseijin mutante pairou a arregalar seus olhos marcados em cruz e batendo asas elevou o ki em uma aura escura e transparente, estendendo as mãos para disparar uma grande rajada de energia contínua, o terráqueo foi atingido em cheio, porém...
— Não pode... Não pode ser!
O ataque de fato feriu Kuririn, o lado esquerdo da parte superior do seu gi foi deteriorado, tinha machucados e queimaduras pelo corpo, só que mesmo assim, suportava a tudo inabalado, com a aura a o envolver.
— Eu já disse, não tenho mais medo, não pretendo fugir e não pretendo ser derrotado, mesmo que seus ataques me machuquem ou até mesmo me matem!
Kuririn levantou a mão para o alto, formando um disco de energia e Tambourine o manjava de olhos arregalados, ele olhou para suas mãos e as mesmas estavam tremendo.
— (Não... Eu, o grande Tambourine, estou com medo desse baixinho careca? Não, isso não pode ser possível!)
— Kienzan Rokumaiba!
O disco de energia disparado se dividiu em seis, Tambourine entrou em desespero para esquivá-los e um a um ele conseguiu. Entretanto, o que não esperava aconteceu, Kuririn manipulou dois deles a dar meia volta e atorar suas asas por trás.
— Aaaaaaah! MALDITO!!! - o demônio começou a cair, não conseguia voar sem as asas e então foi dominado pelo pavor, vislumbrando as mãos do careca se juntarem em forma de concha ao lado direito do corpo. - Por favor, eu não quero morrer de novo!
— Todos nós iremos morrer algum dia, a diferença é que seres malignos como você jamais poderão descansar em paz. Isso daqui é por todas as almas que você mandou para sofrerem no Abismo! Kamehame... HA!
— Não... NÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!
O último filho vivo de Piccolo Daimaoh foi pulverizado completamente e o silêncio reinou naquela cidade em ruínas.
— Ele conseguiu! - exclamou Yamcha enquanto que, acalmando seu ki ao seu normal, Kuririn respirou fundo e olhando para seus amigos, sorriu mostrando seu polegar, exatamente como seu amigo Goku teria feito. Em paz consigo mesmo, Kuririn venceu definitivamente seus medos e marcou o fim da ameaça dos descendentes de Piccolo Daimaoh.


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Notas finais do capítulo

Imagem original da arte de capa por SaoDVD, usuário do DeviantART.
Edição e logo de Dragon Ball GT Kai por FagnerLSantos.
Tags do Google: Krillin, No Ego Zone, Mūga no Ryōiki, Selflessness State.

BEHIND THE SCENES #49
A dissolução ou morte do ego é um termo da cultura estética budista que serviu de inspiração para o power-up que Kuririn utilizou neste capítulo, um assunto bem interessante que recomendo que pesquisem sobre para entender melhor. Nós já o vimos oficialmente no Episódio 76 de Dragon Ball Super, de forma que aqui o que foi feito foi basicamente um retcon, reapresentando o power-up como uma versão aperfeiçoada do que vimos no anime, com Kuririn vencendo todas as suas emoções por completo e alcançando a iluminação.
Normalmente, Dragon Ball GT Kai não segue os episódios de transição do Super, já que estão à parte da trama principal que coincide com o mangá e consequentemente com o roteiro padrão feito por Akira Toriyama para ser usado nas duas adaptações. Entretanto, convenhamos que foi uma atitude bem bunda a Toei ter criado um conceito legal como esse e simplesmente ter jogado no lixo depois, então achei que seria uma boa ideia reaproveitá-lo aqui dando uma explicação decente ao invés de criar algo novo do zero.
https://dragonball.fandom.com/wiki/No_Ego_Zone

Dedico este capítulo ao João Santos, vulgo Shiryu de dragão no Nyah! Fanfiction, que gosta muito da história e que por isso já me ajudou e ainda me ajuda na divulgação sem pedir nada em troca (algo pelo que já deixo aqui meu agradecimento), é fã do Kuririn e aguardava ansiosamente por esse capítulo!



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