Cheguei em casa tomei um banho quente e fui deitar. Já eram 8:30, um pouco cedo pra dormir, e eu tava morrendo de fome, e também com muita preguiça de preparar algo pra comer. Mesmo cansada eu ia sair pra comer algo numa lanchonete que havia aqui perto. E de novo não era nem preciso eu pegar o carro, eu ia a pé mesmo.

Coloquei uma blusa preta com mangas compridas, uma calça skinny e uma botinha sem salto, deixei o cabelo solto mesmo. Peguei as chaves, a carteira e o celular e desci.

  - Boa noite Peter – cumprimentei o porteiro.

 - Boa noite srta. Bella, tudo bem? 

  -Tudo ótimo e você?

  - Tudo indo na mesma - ele respondeu com uma cara de tédio. 

  - Eu imagino - eu disse sorrindo – Tchau Peter. 

   - Tchau srta. Bella. Divirta-se. 

   - Obrigada.

Fui caminhando até a lanchonete.

O bom de Los Angeles, é que tudo o que você precisa fica perto de casa. Haviam pubs, boates, puteiros, lojas de conveniência, lojas de peças de carro, até loja de roupa 24 hrs. A Alice e a Rose que iriam gostar dessa última. Vai entender, tem louco pra tudo.

Cheguei na lanchonete, me sentei numa mesa que já era bem conhecida. Todas as noites que venho aqui me sento nessa mesa.

A Jonhy's Food era uma daquelas lanchonetes estilo anos 50, que tinham aquelas mesinhas com bancos acolchoados em volta, toda decorada com vinis, e fotos de cantores da época. As garçonetes com suas saias rodadas e na maioria das vezes em cima de patins.

Eu já era bem conhecida por aqui, todas as atendentes me conheciam, algumas até eram minhas clientes.

  - Boa noite Bella, vai querer o de sempre? - perguntou Kate vindo deslizando no seu patins em minha direção. 

   - Com certeza Kate - eu disse sorrindo pra ela. 

  - Saindo um x-burger de carne com uma porção de batatas fritas e um suco de melancia com maçã – ela disse gritando assim que saiu.

Era incrível a coordenação motora e o equilíbrio que a Kate tinha em cima dos patins. A primeira vez em que eu fui tentar andar de patins eu tinha 6 anos, e me resultou em uma noite na emergência e um braço quebrado. (n/a: isso aconteceu de verdade comigo)

Depois que meu pedido chegou eu comi devagar olhando pela janela de vidro. Eu fitava o nada, era bom ficar inerte por um tempo, esquecer toda aquela confusão lá fora. Esquecer a crise financeira, a erupção do vulcão que ninguém sabe pronunciar o nome, o vazamento de petróleo no Golfo do México, os terremotos, enfim, esquecer de tudo.

Terminei de comer, paguei a conta e sai caminhando de volta pra casa, quer dizer, eu tava mais pra me arrastar mesmo. Comi tanto que não consigo nem andar.

Todos os dias eu passava pelos mesmos lugares, mas nunca tinha percebido um barzinho que ficava à umas três quadras do meu prédio. Passei na frente e escutei uma voz cantando lá dentro, a voz era linda, confesso que fiquei hipnotizada.

Então resolvi entrar.