Charging Ranger escrita por Nanahoshi, Heisenberg24


Capítulo 3
Capítulo 2 - Dia de encomenda e de catar sucata


Notas iniciais do capítulo

EU VOOOOOOOLTEEEEEEEEEI!!! Gente do céu vcs n sabem a novela que foi pra escrever esse capítulo. Juro pra vocês que esse capítulo deve ter tido NO MÍNIMO 7 versões diferentes (eu desisti de contar pq eu já tava chorando de tanto apagar 3k de palavras de uma vez), e quem acabou salvando a pátria no final foi a maravilhosa Heisenberg (como sempre, sem essa mulher eu não vivo).
Pra vocês terem uma noção, esse e o próximo capítulo eram pra ser um apenas, mas eu e a Heisenberg tivemos que parar e dar uma boa pensada nos rumos da história devido a algumas análises e novas ideias que tivemos. Essa é de longe a fanfic com que eu estou tendo mais cuidado, porque a Cendi é a OC em que eu mais sou apaixonada, e quero que a história dela seja autêntica, assim como todos os outros personagens que farão parte dela. Todas as cenas estão sendo pensadas cirurgicamente (eu nunca tinha planejado cenas tão detalhadamente: eu só colocava cenas chave e ia preenchendo entre elas) e o resultado, meus amores, garanto que não vai decepcionar vocês. Além disso, graças a IW e a algumas infos dos próximos filmes da fase nova da Marvel, a história foi reprogramada de uma forma que vocês nem fazem ideia. Pode-se dizer que agora a história será divida em três fases principais (com a chance de aparecer outras), mas eu não vou dar uma de Tom Holland e sair soltando spoiler loucamente UAHSUAHUSHUHSHH Confiem na gente que O NEGÓCIO VAI DAR MT BOM!

UM PEDIDO ESPECIAL
Eu peço encarecidamente você meu leitor/minha leitora maravilhosa que você leia as notas FINAIS desse capítulo pois eu trarei uma surpresinha e dois convites especiais *u*
Bom, como sei que tá todo mundo querer chutar a minha boca por ter demorado tanto pra atualizar, MANDEM VER E APROVEITEM O CAPÍTULO!!
P.S.: recomendo as músicas que são mencionadas no capítulo



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— Então, você quer que eu te passe os conteúdos atrasados de álgebra?

Cendi sorriu, os olhos brilhando de gratidão.

— Seria fantástico, Ned! Eu realmente perdi muita matéria por ter entrado com um mês de atraso. Se eu pegar o que perdi, talvez não apanhe tanto nas provas. Mas é claro, só se não for atrapalhar. No dia seguinte te devolvo. Vou escanear.

Ned deu um sorrisinho. Os dois caminhavam calmamente pelo corredor apinhado de alunos depois do fim das aulas, acompanhados de um silencioso e irrequieto Peter Parker. Ele andava olhando fixamente para seus tênis, e vez ou outra lançava olhares furtivos para Ned e, principalmente, para Cendi. Ned balançou a cabeça:

— Não vai atrapalhar não. Eu posso trazer pra você amanhã.

— Nossa! Obrigada mesmo, Ned! – disse a garota tentando expressar toda a gratidão que sentia. Mal podia acreditar que tinha encontrado uma pessoa que realmente iria ajudá-la na escola, e ainda estava em sua segunda semana de aula. Talvez se encaixar numa escola de Ensino Médio não fosse tão difícil quanto pensara que fosse.

Estavam passando pelo corredor maior que levava à entrada principal da escola. Cendi diminuiu o passo até parar e virou-se para os dois colegas.

— Eu vou indo então. Obrigada mesmo por hoje, Ned – ela olhou para Peter, que ainda mantinha uma atitude arisca. Mesmo assim, a garota deu um sorrisinho divertido e grato para ele. – Peter.

— Oi? Oi? O quê? – ele se agitou assim que escutou seu nome, virando a cabeça para os lados. Quando topou com o sorrisinho de Cendi, sua expressão ficou um pouco acanhada e, lentamente ele disse – Desculpe, eu-eu-eu não escutei. O que você... t-t-tava dizendo?

A garota deu uma risadinha diante do nervosismo de Peter.

— Eu só tava agradecendo. Por conversarem comigo hoje.

— Ah! – ele parecia realmente desconcertado com a fala de Cendi. Ele balançou as mãos duas vezes diante do corpo, segurou as alças de sua mochila e deu seu típico sorriso que espalhava seus lábios apertados. – Não foi nada.

Nesse instante eles ouviram um coro de gargalhadas acima do zumbido da multidão ao redor deles. Cendi girou o pescoço quase que imediatamente, procurando a origem do som. Já Ned sequer reagiu, e Peter olhou na diagonal para baixo, como se torcesse para não ser visto. Ao dar meia volta, Cendi viu um buraco aberto em meio ao mar de alunos. Uma rodinha de cinco estudantes altos e com caras debochadas cercava um garoto pequeno e atarracado. Usava camisa social amarela, calças puxadas para cima e um cinto lustroso bem destacado. Tinha o cabelo preto liso quase totalmente pregado no crânio, e apoiado no nariz, trazia um par de óculos bem redondos.  Um deles, que tinha feições indianas e a pele quase da mesma tonalidade que a de Cendi, adiantou-se até o menino e bateu em sua cabeça com alguma coisa. Demorou alguns segundos para que a garota decifrasse o que era o estranho objeto: um drone.

— Você vai pensar duas vezes... soltando essa coisa pelo corredor. – Cendi apurou os ouvidos para escutar o garoto que segurava o drone. – Você... deixou cego, cara. E aí o que... fazer?

Cendi deu um passo inconsciente na direção do grupo. Nesse instante ela viu um outro se adiantar dar um tapa nas mãos do garoto assustado. Um barulho alto de plástico e metal batendo contra o chão se juntou à cacofonia do corredor. O grupo caiu na gargalhada. A testa de Cendi se vincou numa expressão irritada. Aquilo não deveria estar acontecendo dentro de uma escola, certo? Mesmo que não tivesse frequentado muitas em sua vida, lera as regras antes de ingressar, e recebera um esboço do que encontraria pelos relatos de Séfora. Pegar sem permissão ou quebrar as coisas dos outros estava na sessão de coisas cabíveis de punição. Ela deu outro passo, a mente ainda confusa entre chamar um professor ou intervir por si mesma. Porém, antes que desse mais um passo, uma mão segurou seu ombro. Ela se virou e deu de cara com Ned balançando a cabeça.

— Não mexe com isso não, Cendi. É fria.

— Por quê?

Nesse instante, tanto Ned quanto Peter ergueram as cabeças e fizeram uma expressão de desgosto misturado com resignação enquanto encaravam o garoto que ainda agitava o drone no ar.

— Porque é o Flash – explicou Ned dando de ombros. – Digamos que ele meio que sabe sair impune. E se ele te marcar, sua vida vai ser um inferno – e dizendo isso, olhou resignado para Peter, que devolveu com um olhar resignado e compreensivo.

Nem um pouco satisfeita, Cendi voltou a olhar para a rodinha. O menino esticara a mão para tentar pegar o drone, mas nesse instante, Flash fez um gesto exagerado de arremesso e jogou-o rente ao chão, no meio do corredor apinhado de alunos andando de um lado para o outro. Cendi sentiu um desconforto na boca do estômago, pois imaginou uma de suas criações sendo tratada daquela forma. Foi esse pensamento que a moveu para frente, mas sem se esquecer do aviso fresco de Ned de não se meter com Flash. Tentando ao máximo parecer só mais uma transeunte, a garota avançou até onde vira o drone parar e abaixou-se rapidamente pegando-o e colocando diante da barriga. Tão despercebida quanto avançara, recuou até onde Ned e Peter a encaravam de olhos arregalados.

— Você é louca! – exclamou Ned o mais alto que o sussurro lhe permitiu.

Peter encarou-a, incrédulo.

— Só vou devolver o drone – disse ela com tranquilidade. – E sim, vou esperar esse Flash e companhia limitada saírem. Vocês podem ir se quiserem. – Cendi deu uma olhada nervosa para os lados. – Estamos atrapalhando o fluxo parados aqui no meio.

Ned e Peter pareceram despertar de um transe e olharam em volta também.

— Ah, então a gente se vê amanhã – disse Ned num tom hesitante. Não sabia se deveria esperar para ver o que Cendi ia fazer. – Eu vou trazer meu caderno. E, vai por mim: não deixa o Flash te ver com esse drone.

— Valeu Ned. Vou tomar cuidado.

Peter mediu Cendi de cima a baixo rapidamente e deu uma rápida olhada na direção do grupo de valentões. Depois, apertando os lábios num meio sorriso meio sem jeito, ergueu uma das mãos num aceno imóvel e disse:

— Até amanhã.

A garota sorriu, devolveu o aceno e se afastou na direção da parede para sair do fluxo de estudantes. Peter e Ned seguiram para fora do prédio, e a toda hora o primeiro lançava olhares nervosos por cima do ombro. Quando estavam numa área bem afastada onde era possível ver com clareza quem estava em volta, Peter puxou Ned para perto num gesto brusco.

— Ela não é quem está dizendo que é, Ned. – disse Peter num tom urgente.

— O quê... Espera. Como assim? – perguntou Ned estreitando os olhos de forma confusa para o amigo.

— Na hora do almoço eu mandei uma mensagem para o Happy, o cara que eu te contei que é meio que representante do Sr. Stark. Perguntei se havia programas de estágio normais nas Indústrias Stark, e ele disse que não.

Ned estacou e fez uma expressão pensativa, ainda com os olhos estreitos. Peter olhou num ar de súplica para o amigo, insistindo que ele tomasse sua hipótese como verdadeira pelo menos para ponderar.

— Ok... – fez Ned devagar. – Ok, ok, ok. Então... Quem você acha que ela é?

Peter abriu a boca para falar, mas tornou a fechá-la. Franziu a testa e olhou intrigado do chão para os lados.

— Eu não sei. – ele disse num tom frustrado depois de um curto momento de silêncio. – Mas é muito estranho ela ter se referido ao Sr. Stark daquele jeito. E ainda alegado que estagiou com ele.

— Peter, não se esqueça que você é um “estagiário” do Sr. Stark. E você não quis que eu contasse nada sobre o seu estágio para ninguém.

Peter olhou acusadoramente para Ned, que balançou a cabeça, gesticulando com as mãos.

— O meu ponto é que ela pode estar mentindo pelo mesmo motivo que você sempre mente.

Peter fez uma careta que misturava desconfiança e incredulidade: a testa franzida, as sobrancelhas abaixadas e os olhos correndo de um lado para o outro, enquanto raciocinava. Depois de uma pausa, perguntou:

— Você realmente acha que ela é tipo... uma super-heroína...? – entretanto, antes que Ned respondesse, Peter estalou os dedos e apontou para o amigo. – Ou ela pode simplesmente ser uma fã obcecada do Sr. Stark. Tipo, daquelas que quer se associar à pessoa de qualquer forma.

Ned inclinou a cabeça para um lado e olhou cético para Peter.

— Isso não faz muito sentido. Se ela fosse realmente uma fã enlouquecida do Sr. Stark, ela teria desandado a perguntar coisas pra você. Não ia parar de falar um segundo sobre o assunto... Sobre a primeira opção... Eu não faço ideia, mas não podemos esquecer que ela disse que ia montar o próprio Megazord.

Peter apertou os lábios, claramente frustrado.

— Mas cara, – continuou Ned falando de forma franca – desencana disso por enquanto. A Cendi é legal. Pode até começar a andar com a gente para dividir esse fardo de “perdedores”.

Peter fez uma careta para Ned.

— Fora que se você continuar com isso, – retomou Ned ignorando a cara feia de Peter – vai acabar ficando mais paranoico do que já é.

***

Demorou cerca de mais três minutos para que deixassem o pobre garoto em paz. Quando o grupo se dispersou, Cendi espiou sobre a multidão e viu o estudante correr desesperado para onde vira seu drone ser arremessado. Viu-o se abaixar quase rente ao chão, virando freneticamente a cabeça para todos os lados, e isso lhe rendeu alguns chutes e empurrões para que se levantasse e saísse dali. Sentindo-se um pouquinho nervosa, Cendi deslizou entre os alunos até o local onde ele estava e parou bem diante de suas mãos apoiadas no chão. Ele encarou suas canelas por um instante e depois ergueu a cabeça. Quando viu o drone são e salvo na mão de Cendi, soltou uma exclamação de alívio e alegria.

— Graças à Força! – ele se colocou de pé e segurou o drone. O gesto foi delicado, mas ansioso, o que fez a garota soltá-lo imediatamente. Ele o puxou para si. – Tá inteiro, nossa... – Seus olhos finalmente se desviaram para a salvadora de sua preciosa máquina voadora e ele pareceu engasgar, dando dois passos para trás. Cendi olhou-o preocupada e perguntou:

— Você tá bem?

O menino se empertigou, abraçando o drone com mais força e se afastando um pouco mais. Cendi arqueou as sobrancelhas numa expressão perdida e ainda preocupada. Foi aí que o garoto percebeu que ele precisava falar alguma coisa.

— V-Você... V-Voc-cê é u-uma garot-ta.

Cendi espremeu os olhos e franziu as sobrancelhas. Não sabia muito o que ele queria dizer com aquilo nem o que responder. 

— Ahm... Acho que sim...?

— Ok... – ele respondeu com a voz quase arfante. Estava tentando se acalmar. – Ok, ok...

Ele ajeitou os óculos nervosamente e tentou se endireitar, mas continuou agarrado no drone como se fosse a boia de um salva-vidas. Por fim, desviou os olhos para o chão e disse:

— M-Muit-to o-obrigad-do p-por peg-gar meu d-drone. – ele deu uma rápida olhadela para Cendi, depois tornou a desviar os olhos para o chão. – Muit-to ob-brigado mesm-mo.

A garota sorriu e balançou a cabeça.

— Não tem de quê. Só toma cuidado pra não usar o drone perto demais daquele cara.

Ele assentiu freneticamente e deu um passo para o lado.

— Eu vou... – ele começou a dizer, mas antes de concluir a frase, deu a volta por Cendi e saiu correndo, tropeçando e trombando com todas as pessoas que entraram em seu caminho.

A garota observou-o desaparecer entre a massa de alunos confusa e um tanto chateada. Tinha aprendido que ser gentil e fazer pequenos favores facilitaria o aparecimento de amizades. Mas sua gentileza havia afugentado o menino como se tivesse visto uma assombração. O que ela tinha feito de errado?

***

Quando Cendi bateu a porta do Aston e jogou a mochila no banco detrás, a lembrança de que tinha a tarde livre para fazer o que quisesse acertou-a em cheio, fazendo seu desânimo com episódio com o garoto do drone evaporar. Eufórica, a garota colocou a chave na ignição e girou-a o suficiente para que os controles e o rádio ligassem. Ao som de “Rather Be”, Cendi começou a balançar a cabeça enquanto esticava os braços para empurrar o banco do carona para trás. Ao fazê-lo, encontrou o que queria: entre as barras de metal que o mantinham no lugar, havia uma caixa de papelão retangular chata o suficiente para caber com folga ali embaixo. Com cuidado, Cendi a trouxe para o colo e abriu, apoiando um dos lados no volante. Um sorriso orgulhoso preencheu seu rosto ao ver um maço de folhas A3 brancas ali. Olhou uma por uma, conferindo se todas estavam brancas. Ao terminar, olhou para o cantinho direito inferior da caixa. Um cilindro pequeno, de no máximo três centímetros de comprimento, estava bem escondidinho ali, preso a uma corrente de chaveiro. A garota o pegou e girou com os dedos até encontrar um pequeno botão. Apontou o cilindro para o papel e apertou-o, e uma luz laranja formou um pequeno círculo sobre a superfície, que agora não estava mais totalmente branca. Alargando o sorriso, Cendi varreu as folhas com a luz, conferindo seu conteúdo.

— Tudo certinho. – disse baixinho quando conferiu a última folha. Organizou o maço de novo e tornou a iluminar a primeira folha. – Mountain Blaster 4... Dessa vez eu termino você, amiguinho.  

Satisfeita, a garota voltou a fechar a caixa e abriu o porta-luvas para pegar um rolo de fita adesiva para lacrá-la.

— Acho que isso dá – disse para si mesma quando concluiu o serviço. – O T.J. vai colocar o resto dos lacres de segurança.

Bateu duas vezes com os dedos na caixa e colocou-a sobre o banco do carona, para depois abaixar-se novamente para guardar a fita e pegar sua agenda. Colocou-a sobre o volante e folheou-a, parando numa data de pouco menos de um mês atrás.

— Nossa faz tanto tempo assim que eu levei brinquedos!? Tsc, que decepção... – Cendi balançou a cabeça e fechou a agenda. – Ah, mas é hoje mesmo que eu resolvo esse problema!

A garota deu a partida no carro e, nesse instante, começou a tocar “Let’s Groove”.

— Uou! – comemorou Cendi batendo algumas palmas no ritmo da música. – Ah! Eu amo essa música!

O Aston deslizou para fora da vaga onde estivera estacionado enquanto a garota entrava numa sessão bastante animada de karaokê. Quando o carro alcançou a rua e Cendi pode afundar mais o pé no acelerador, agitou-se e comemorou:

— Eeeba! Hoje é dia de encomendas e de catar sucataaa!

***

Peter suspirou entediado enquanto balançava os pés. Estava sentado na beira do terraço de um prédio vigiando o caoticamente pacato fluxo de carros e pessoas. Já dera três voltas pela vizinhança e absolutamente nada estava acontecendo. Voltou a usar o zoom de sua máscara para perscrutar melhor a multidão ali embaixo, talvez buscando um sorrateiro batedor de carteiras, mas tudo estava odiosamente tranquilo. O tédio deixara sua cabeça desocupada, e logo Peter começou a prestar atenção demais em seu estômago vazio. Por mais que gostasse de deixar o sanduíche do Delmar para o fim do dia enquanto passava o relatório para Happy, estava morto de fome e sem muito ânimo para ficar de tocaia. Talvez devesse tirar uma tarde de folga e fazer algo que não fazia há algum tempo. Talvez ligasse para o Ned para começarem a montar a Estrela da Morte de Lego...

Deixando que a fome o vencesse, Peter correu até onde tinha deixado sua mochila e pegou o sanduíche, voltando a se empoleirar no terraço de um prédio onde pudesse comer vigiando a rua. Subiu um pouco a máscara e mordeu o sanduíche lentamente, deixando sua mente devagar nas possibilidades do que iria fazer. Quase pegou o celular para ligar para Ned, mas não estava tão animado para montar a Estrela. Girou a cabeça de um lado para o outro, até que, de onde estava, visualizou a entrada de um beco lotado de sacos de lixo. Lixo...

Peter soltou uma exclamação abafada pelo pedaço enorme de sanduíche que colocara na boca. Desde que começara seu “estágio”, quase não tivera tempo de ir em ferros-velhos procurar eletrônicos para consertar ou sucata para montar outros. Na verdade, mal se lembrava da última vez que o fizera. Teria sido no fatídico dia que Stark aparecera em sua casa para leva-lo a Berlim? O garoto balançou a cabeça e começou a morder o resto do sanduíche com pressa. Quando terminou, ajeitou a máscara e colocou-se de pé. Talvez estivesse precisando disso. Precisava distrair a cabeça da ansiedade que sentia há quase dois meses esperando um contato do Sr. Stark. Ned estava certo. Ele se tornara paranoico. E ainda havia a questão de Cendi, que querendo ou não, colocara uma pulga atrás de sua orelha que ficaria ali por muito tempo. Precisava muito encher sua cabeça com outra coisa, algo familiar que o relaxasse. E quem sabe, talvez, T.J. estivesse com um bom estoque de sucata eletrônica. Seria uma boa ir procurar algumas coisas por lá. Peter tornou a descer até o beco onde deixara sua mochila, pegou-a e colocou-se a caminho do ferro-velho dos Varletes, que ficava num subúrbio relativamente afastado de Nova York. Saltando sobre os prédios, demorou menos de quinze minutos para alcançar o ferro-velho, mas desceu um pouco antes. Enfiou-se num beco entre alguns prédios baixos e guardou o uniforme, colocando-o cuidadosamente no fundo da mochila e cobrindo-o com seus pertences escolares. Conferiu a rua e saiu ao ver que não havia ninguém por perto. Teve de caminhar mais quinhentos metros para chegar a entrada no ferro-velho, um terreno consideravelmente vasto lotado de montes e montes de sucata. Peter deu um sorrisinho. Estava em casa.

Ao passar pelo arco enferrujado da entrada, viu mais adiante um carro prateado que parecia ser muito caro estacionado ao lado de uma pilha de peças bastante empoeiradas. Peter franziu o cenho. Quem é que tinha um carro daquele e vinha para um ferro-velho? Ficou parado encarando o carro por alguns instantes, depois deu de ombros e seguiu para os montes de sucata. Sabia que T.J. e o velho Adam mantinham os eletrônicos em enormes prateleiras de latão mais para o fundo. Ouviu um burburinho de vozes familiar. Provavelmente deveriam estar descarregando alguma coisa em algum ponto do enorme labirinto de sucata. Passou decidido por dois montes que pareciam ser feitos de peças de máquinas agrícolas, e mais adiante, um amontoado de peças que pareciam ser de carros. Ao passar por ali, no entanto, um retângulo preto lhe chamou a atenção. Olhou uma vez, depois olhou de novo. Não... Será mesmo? Entortando as sobrancelhas numa mistura de ceticismo e expectativa, Peter se aproximou do monte de sucata e segurou o aparelho retangular preto.

— Não brinca! – exclamou erguendo um PlayStation 2 inteirinho na altura dos olhos e girando-o nas mãos. – Isso aqui tá quase novo! E deveria estar na sessão de eletrônicos.

Peter dedicou alguns minutos fazendo uma análise do estado do aparelho, e concluiu que, se não funcionasse, deveria ser um defeito simples em algum componente interno. Decidiu então dar mais uma vasculhada naquela pilha, pois podia ser possivelmente uma das que os Varletes não tivessem mandado separar ainda. Dito e feito: Peter achou entre a mistura aleatória um pedaço de um Macintosh Classic, um processador 486 Pentium, um teclado para Windows e um walkman. Fez uma avaliação do que encontrara quase pulando de alegria e decidiu que ia levar tudo. Amontoou seus achados próximo à pilha grande, mas permaneceu com o PlayStation e o walkman presos nos braços. Eram os que estavam inteiros e em melhor estado. Não ia correr o risco, mesmo que mínimo, de deixá-los dando sopa enquanto fosse procurar um dos Varletes para negociar o preço. Vasculhou mais um pouco, mas como não encontrou nada interessante, decidiu seguir logo para a central do ferro-velho. Deu a volta na pilha em que estivera vasculhando ainda distraído com os dois aparelhos que levava nas mãos. De repente, seu sexto sentido fez todos os pelos de seu corpo se arrepiarem, mas um tanto tarde demais. Peter de um passo e sentiu sua canela esbarrando em alguma coisa. Seu corpo emborcou para frente, e por uma fração de segundo ele achou que ia se estatelar de cara no chão. Entretanto, seus reflexos de aranha forçaram seu centro de gravidade para trás, o suficiente para que ele se reequilibrasse dando um passo na diagonal, sobre o vulto que estava em seu caminho. Entretanto, o reequilíbrio não foi tão perfeito, ele acabou tendo que girar e parou agachado sobre uma perna, a outra esticada quase rente à coisa que quase o tinha derrubado.

— Minha Nossa Senhora! – exclamou uma voz feminina ligeiramente familiar. – Deus do céu, desculpa!

Peter encarou a garota a sua frente que girou e ergueu os braços, agitando-os de forma estabanada, para depois cobrir a boca nervosamente com uma delas. A pele achocolatada e o cabelo escuro repicado já seriam inconfundíveis por não fazer mais de três horas que ele os havia visto. Mas o que confirmou sua identidade foi a gritante estampa dos Mighty Morphin Power Rangers de sua camiseta.

— Meu Deus! – Cendi seguiu se desculpando – Eu não devia ter ficado agachada aqui desse jeito. Mil perdões, me desc... – sua voz foi sumindo a medida que ela avaliava a vítima de seu descuido. Por fim, suas sobrancelhas subiram numa expressão de surpresa agradável assim que o reconheceu – Eita! É você, Peter?


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Notas finais do capítulo

E aí meus amores??? Cês gostaram? Valeu a demora? Juro pra vocês que, como a história foi reformulada e organizada bem minuciosamente, pouco provável que eu demore a atualizar de novo a não ser q um monstro chamado TCC me engula. Mas até agora estou me saindo bem contra ele (cendi me emprestou o morfador dela -q)

AGORA VAMOS AOS CONFORMES
Eis uma surpresinha: eu gostaria de saber se você, minha leitora/meu leitor divônico gostaria que eu fizesse uma sessão nas notas finais no próximo capítulo revelando gradativamente o processo de "making off" da fanfic. Isso vai incluir uma série de curiosidades sobre todos os personagens, as inspirações, as referências, os easter eggs e um monte de estratégias que eu uso para criar tudo na fic. Além de dar uma profundidade e uma proximidade de vocês maior com a história e os personagens (vocês não fazem ideia da quantidade de referências nostálgicas que eu usei e vou usar), possa ser que isso ajude vocês no making off da própria histórias de vocês (por isso q eu amo conversar sobre processo criativo com autores). Se voocês quiserem que eu faça essa sensação, deixem nos comentários ou me mandem mensagem mesmo inbox ou lá no face mesmo :D Mas não deixem de me falar que vocês querem, hein?
CONVITE ESPECIAL
Bom, em cima desse lance das curiosidades, já trago uma: eu jamais havia expandido e detalhado o background de uma história e seus personagens tanto quanto essa. E algumas dessas informações, necessárias para embasar a história mas não obrigatoriamente explicitadas e contadas na história, estou usando de base para escrever oneshots e shortfics correlacionadas a CR.
Até agora, existem duas : a história de amor entre os pais da Cendi que vocês conheceram no prólogo e uma oneshot que era uma das ideias que eu tinha para o prólogo da história, e ele foca na relação da Cendi com a Séfora, sua irmã mais velha. Entretanto, apenas a história entre Minerva e Arion está publicada. o prologo alternativo será postado na semana que vem. Se vocÊs quiserem conhecer mais sobre esse casal, que de longe foi um dos mais fofos e shippáveis que eu criei, vocês podem conferir a história no link:
https://fanfiction.com.br/historia/761779/Entre_estrelas_e_engrenagens/
E fiquem ligados que semana que vem tem a oneshot.
Para quem leu minha tagarelice até aqui, muito obrigada mesmo do fundo do coração *u* Obrigada por apoiar meu projeto, por me dar seu amor preciosíssimo de leitor e por não desistir de mim mesmo sendo uma autora mega confusa e inconstante. Pode apostar que você tem um lugar especial guardado no meu coração sofridíneo de escritora. Um beijão da Nana-chan e até semana que vem *u* (ou talvez mais cedo pq eu vou atualizar a fic da Minerva e do Arion ainda essa semana).



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