En El Medio escrita por Marylin C


Capítulo 3
III. shake hands like you're supposed to




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PARTE 3. shake hands like you're supposed to

Rafael tinha os punhos cerrados tremendo, o olhar castanho brilhante de raiva dirigida ao homem de cabelos ruivos que arrumava uma sacola de viagem e o olhava com o canto do olho. Hector tentava ao máximo manter a calma diante daquela expressão que tomava o rosto de seu marido, quando seu desejo era simplesmente abraçá-lo e deixá-lo fazer o que bem entendesse para que aquela raiva passasse. Mas as coisas não eram tão simples, e ele não podia fazer isso. Não daquela vez.

— Você pode me encarar o quanto quiser, Rafa. — comentou, surpreso por sua voz não estar saindo tremida. — Essa é minha decisão final.

— E eu… Eu não tenho nenhum tipo de chance de argumentar contra essa decisão?! — ele praticamente cuspiu as palavras, os nós de seus dedos já esbranquiçados tamanha a força que fazia. Hector virou-se para olhá-lo diretamente, o olhar acinzentado tão suave quanto decidido, a bolsa pendurada em um ombro.

— Dessa vez não, me perdoe. Eu vou atrás de Agustina com o Mestre Nate, Maren e mais alguns membros do Conselho. Você fica, toma conta de Felipe e ajuda Julio e Mestre Louis a reconstruírem o castelo. — o ruivo pontuou, incisivo.

— Por que diabos eu não posso ir?! — Rafael cruzou os braços, furioso. Hector suspirou, já cansado de discutir aquele mesmo tópico havia várias horas.

— Porque é perigoso. Você viu o que aconteceu comigo, mesmo eu tendo todos esses poderes. — mostrou as marcas de queimadura em seus braços, fazendo o marido torcer o rosto levemente. Lembrava-se bem de como tinha encontrado o amor de sua vida: desacordado, as chamas lambendo seus braços como se estivessem vivas. Ele teria morrido se não tivesse sido resgatado a tempo.

— É justamente por isso que eu preciso ir! Quem vai… — e Hector interrompeu Rafael, em um acesso de irritação:

— Eu não preciso ser protegido o tempo todo, droga! Eu sou o filho do Vento!

Aquelas palavras foram como um soco na face do homem de cabelos castanhos. Ele bufou, incrédulo. Então abriu um sorriso sem humor, erguendo o queixo ao sibilar:

— Então você não precisa de mim, é isso? Não precisa de mim na sua porcaria de mundo só porque tem seus poderes?

— Não, Rafa, eu… — Hector tentou replicar, de olhos arregalados. Aquilo não estava indo nada bem.

— Tudo bem, vá então. Eu fico aqui, batendo palmas da calçada. — Rafael disse, os olhos castanhos refletindo o brilho frio da mágoa, e saiu da tenda onde os dois se encontravam. O filho do Vento caiu sentado no chão, escondendo o rosto nas mãos com um gemido de frustração. Odiava quando aquilo acontecia.

 

***

anos antes

 

Por que ele era obrigado a usar gravata naquele tribunal, era algo que Rafael nunca iria entender. Geralmente fazia seu trabalho usando camisa de botão, mas odiava categoricamente gravatas. Não que tivesse algo na lei que o fizesse usar aquilo, mas o juiz daquele tribunal tinha mania de implicar com ele. Portanto preferia usar a droga da gravata a ter um caso prejudicado em qualquer grau porque não estava usando ‘vestimenta adequada’. A gravata o sufocava e pinicava, e ele mal podia esperar pelo fim daquela sessão que ainda nem começara. O homem em quem ele tinha aplicado a condução coercitiva, que em termos não-oficiais significava ‘arrastar alguém para testemunhar, mesmo que a pessoa se recusasse’ estava nervosamente de pé ao seu lado, e ele reprimiu um revirar de olhos. Tinha certeza que sua expressão estava fechada e nem um pouco amigável, mas ele não a suavizaria só para deixar os outros mais confortáveis. Foi isso que decidiu, até o agente da CNI encarregado do caso chegar e o deixar boquiaberto.

Rafael nunca teve muita coisa contra os agentes da Inteligência além do fato de serem geralmente engravatados metidos a espertos, e podia reconhecê-los de longe por causa do jeito familiar e cheio de si com que vestiam seus ternos bem alinhados. Foi por isso que reconheceu a profissão do rapaz que sentou-se no banco fora da sala do tribunal, alguns metros à sua frente, mas o sorriso que ele tinha no rosto enquanto falava ao telefone desestabilizou completamente sua careta mal-humorada. Era um daqueles sorrisos de orelha a orelha, de genuíno prazer com sua situação no mundo e com quem conversava, que fez o Oficial de cabelos castanhos ofegar. Rapidamente voltou-se para a mulher encarregada de chamar as testemunhas, que se encostava à porta ao seu lado conferindo a lista, e sussurrou-lhe:

— Quem é aquele ruivo da CNI que vai testemunhar? E por que ele é tão lindo?

A moça ergueu uma sobrancelha, , e passou os olhos pela lista para então replicar:

— O nome é Hector Martinez. E ele é lindo mesmo.

— Martinez? O mais jovem agente da Inteligência? — Rafael indagou, impressionado. — O que resolveu todas aquelas situações de reféns e aqueles homicídios em Madrid?

— Esse mesmo. Acho que foi transferido para cá para servir de consultor para a polícia de Barcelona. — ela comentou, com um sorriso sugestivo que ele escolheu ignorar, antes de acrescentar — O rumor é que ele é bissexual e está solteiro.

— Como você sabe tanto da vida de todo mundo, Paula? — ele perguntou, tentando manter a face séria quando sua vontade de sorrir com aquela informação era enorme.

— Eu ouço por aí. — Paula deu de ombros e resolveu entrar para verificar se estavam todos prontos, não sem antes olhar para trás, diretamente nos olhos de Rafael, e alfinetar — Você podia sorrir, sabe? Não vai conseguir ninguém com essa careta feia.

Rafael revirou os olhos, mas não deixou de sorrir ao notar, com o canto do olho, que o homem ruivo desligara o celular e agora discretamente o analisava. Ele começou a pensar qual a melhor maneira de iniciar uma conversa, mas o homem ao seu lado acho que seria uma boa ideia tentar escapar correndo justamente naquele momento, já que o Oficial de Justiça estava distraído.

Por pouco não segurou-lhe o braço, e ele tinha começado a correr quando o homem tropeçou em um pé casualmente colocado no caminho, se desequilibrando tempo suficiente para que Rafael conseguisse agarrá-lo.

— Por que faz isso consigo mesmo, senhor Arturo? — perguntou em tom jocoso enquanto trazia o homem de volta ao lugar junto à porta. Obrigou-o a sentar-se ao lado do agente ruivo, que tinha uma expressão divertida no olhar acinzentado, antes de se virar para ele e sorrir — Obrigado pela ajuda. Me poupou uma corrida.

— Não foi nada. É realmente irritante quando eles tentam fugir assim. — O policial que acompanhava o Oficial de Justiça ofereceu um par de algemas para Rafael, que acenou com a cabeça como se desse permissão, e ele colocou um lado delas num dos pulsos de Arturo e o outro no braço do banco de madeira. O agente se levantou e estendeu a mão — Sou Hector Martinez, muito prazer.

— Rafael Delfino. — Rafael apertou a mão oferecida com um sorriso. — Você deve ser o primeiro da Inteligência que não se apresenta como “agente”. — comentou com uma pequena risada. Hector deu de ombros, um sorriso bem-humorado em sua expressão.

— Aprendi que o título de agente deve ser usado quando preciso reforçar minha posição de algum jeito, então só uso com a polícia e possíveis suspeitos. — ele ergueu uma sobrancelha — E como sabe que sou da CNI?

— Só vocês se sentem tão à vontade usando terno. — como Hector não desfazia a expressão divertidamente desconfiada, ele resolveu render-se — Tudo bem, eu perguntei à minha colega se ela sabia quem você era.

— Por quê?

— Porque o seu sorriso me desestabilizou completamente. — Rafael deu de ombros, como se aquilo fosse simples e óbvio, mas riu internamente do quão subitamente vermelho Hector ficara. Adorável.

— Eu… — ele só pôde sorrir, constrangido, antes de limpar a garganta e tentar se recompor. — Bom, obrigado.

— E então? O que o agente mais promissor da CNI faz em Barcelona? — Rafael indagou, ao que o rapaz ruivo deu de ombros.

— Estou servindo de consultor para a polícia daqui, mas acho que ele quiseram apenas se livrar de mim em Madrid.

— Por que alguém ia querer se livrar de você? — o tom que imbuiu em sua voz deixava claro o quão achava absurda aquela ideia. Hector riu.

— Acho que estou fazendo sucesso demais.

— Sua humildade me espanta. — o Oficial de Justiça comentou, divertido, e arriscou tocar-lhe o braço. A expressão descontraída do rapaz se desfez, uma máscara de frieza tomando conta do rosto alvo salpicado de sardas ao afastar-se do toque.

— Preciso entrar. — disse simplesmente, adentrando a sala do tribunal sem dirigir-lhe outro olhar. Rafael franziu a teste, sem entender o que tinha acontecido.

— Não sabia? A CNI não aceita viadinhos como você. — Arturo comentou, com uma risada irônica. Rafael ergueu uma sobrancelha, segurando-se para não socar o homem, e assobiou para o policial que o acompanhava.

— Você ouviu isso, Rui? — ele indagou, inocentemente, para o homem de cabelos loiros que se pôs ao seu lado.

— Ouvi sim. O senhor quer que eu o prenda? — Rui sorriu.

— Como é?! — Arturo perguntou, indignado.

— Sim. Leve-o à delegacia depois de testemunhar. — Rafael virou-se, incapaz de encarar o homem que arrastara para o tribunal sem querer dar-lhe um soco na cara. — Por desacato à autoridade e crime flagrante de homofobia. E faça questão de entregar o relatório nas mãos do consultor da CNI presente. — piscou para Rui, que riu.

— Sim, senhor.

Rafael voltou a encostar-se na parede, refletindo sobre o que tinha dado errado com Hector. Ele não falara ou fizera nada demais, fizera? Talvez ele só fosse muito sensível ao toque… De todo modo, deveria pedir desculpas depois.

***

 

Hector caminhava sobre o ar, seguindo o grupo que tinha sido designado para ir atrás de Agustina enquanto tentava não lançar olhares furtivos e longos para o castelo que desaparecia a cada passo que ele dava. Mestre Nate ia à frente, em um cavalo que cavalgava sobre o vento com ajuda da mágica de Maren enquanto utilizava-se de um feitiço de rastreamento para guiar a comitiva para onde a mulher que causara todos aqueles problemas estava se dirigindo. A própria rainha corria ao lado do cavalo, conversando animadamente com o animal. Atrás dos dois, um homem muito alto de cabelos longos amarrados em uma trança soltava espirais coloridas com os dedos e uma moça de pele azul ria dele. O filho do Vento tentou, mas não conseguiu lembrar-se dos nomes deles de jeito nenhum.

O vento assobiava em seus ouvidos e bagunçava seus cabelos, e ele adorava aquela sensação. Mas o aperto no peito que sempre sentia ao ir embora depois de uma briga o impedia de aproveitar a vista ao seu redor, os quilômetros e quilômetros de florestas e pequenos vilarejos do reino de Ikla. A moça pareceu notar seu desconforto, provavelmente estampado em sua testa com a expressão desgostosa de sua face, e desacelerou o ritmo para caminhar ao lado dele.

— Aconteceu algo, Mestre Hector? — ela indagou, faiscando seus olhos anormalmente purpúreos na direção dele.

— Estou bem… — ele fez uma pausa, indicando que ela deveria completar com seu nome. Ela sorriu e ergueu uma sobrancelha:

— Hipólita. E eu não acredito nisso, com todo o respeito.

— Bom, Hipólita, não há nada que possamos fazer sobre minha situação no momento. — Hector deu de ombros, olhando por cima do ombro tristemente na direção da Estrela do Norte. Ela seguiu o olhar dele, analisando-o pensativa antes de comentar:

— Discutiu com seu marido, correto?

— Como sabe?

— Eu o vi saindo irritado da tenda que os dois dividiam, mais cedo. — Hipólita explicou, tirando parte dos fios do cabelo também purpúreo de sua face. — Ele não parecia nem um pouco contente.

— E não estava. Mas isso ocorre por causa da soma de sua preocupação para comigo ao temperamento tempestuoso dele. — Hector respondeu, calmamente. Fez uma pausa ao sentir o arrependimento corroer-lhe o interior. — Acrescente a minha capacidade de meter os pés pelas mãos e falar a coisa errada na hora errada e temos aí uma tempestade.

— É sempre assim?

— Nós melhoramos com o tempo de relacionamento. — ele soltou uma risada sem humor — Mas acho que a situação atual nos deixou nervosos. E nervosismo leva a erros.

— Acha que vai resolver isso quando voltarmos com Agustina para o castelo? — ela perguntou, curiosa.

— Até lá, a raiva de Rafael será substituída pela preocupação e pelo remorso de não ter se despedido decentemente de mim. E meu arrependimento será substituído pela mais pura saudade. — ele sorriu. — Então ficará tudo bem.

— Gosto de estudar as relações de casais antigos. — Hipólita comentou, com uma pequena risada. — São sempre interessantes.

— Imagino que sim. — Hector riu, dessa vez verdadeiramente. Só ele sabia o quanto já sentia falta de seu Rafa. Mesmo que tivesse que viajar frequentemente por causa do trabalho, nunca se acostumara com a distância. Até na época de namoro, tinha sido assim. Nenhum dos dois conseguia desgrudar-se um do outro.

Ele conseguiria voltar para a casa, para os braços dele, ileso, dessa vez? Apenas a possibilidade de não fazê-lo dava-lhe vontade de dar meia volta e desistir de tudo. Mas sabia que não podia. O sangue que corria em suas veias, o sangue de seu pai, o encobria da responsabilidade pelo que acontecia naquele mundo, e sua própria índole o impedia de fugir, mesmo que quisesse. E devia admitir que estava curioso com os motivos que Agustina possivelmente teria para ter feito as coisas que fez.

— Vamos descer! — Mestre Nate anunciou, fechando as mãos para quebrar o feitiço — Ela cruzou o oceano, devemos fazê-lo amanhã.

Hector franziu a testa. Por que ela…?

Então entendeu. E realmente começou a ficar preocupado.

 

***

anos antes

 

Depois daquela sessão de julgamento, Rafael acompanhou Rui e o agora preso Arturo até a delegacia para prestar queixa. Não gostava do homem, e estava muito contente por ter algo para pensar além do agente de cabelos ruivos da CNI cujo sorriso não conseguia tirar da cabeça. Ele escapulira muito rápido do tribunal, e o Oficial de Justiça não conseguiu interceptá-lo para pedir desculpas.

— Estou realmente frustrado com isso. — ele comentou com Rui, enquanto preenchia os papéis de queixa. O policial de cabelos loiros tinha presenciado toda a interação entre ele e Hector, e tinha algemado Arturo e o deixado em um banco ao seguir para sua mesa junto com seu amigo Oficial.

— A reação dele foi bem estranha. — admitiu, e depois supôs — Talvez ele tenha tido algum tipo de trauma com toques ou sei lá. Não gosto muito de pensar na vida amorosa do Agente Martinez, você sabe.

— É, ele é seu superior. Imagino que seja estranho mesmo. — Rafael riu, mas ficou pensativo. Talvez tenha um trauma mesmo. Assinou o último dos papéis e os arrumou sobre a mesa antes de se levantar. — Queria vê-lo de novo, para pedir desculpas e consertar algum mal entendido que…

— ‘Tá aí sua oportunidade, Rafa. — Rui interrompeu, indicando com a cabeça o homem ruivo que acabara de atravessar a porta da delegacia. Hector notou que o Oficial o olhava e enrubesceu mais uma vez, mas ele se dirigiu aos dois com um olhar de interrogação.

— O que fazem aqui? Seu expediente acabou, Rui. — comentou, dirigindo um pequeno sorriso para Rafael. O policial deu de ombros, passando os papéis que Rafa tinha acabado de redigir ao seu superior.

— Era uma denúncia urgente, agente Martinez. — explicou — Achei que não faria mal reportá-la de uma vez, já que foi um flagrante.

Hector leu papel por papel, tentando não admirar-se com a caligrafia elegante de Rafael, e riu levemente ao chegar ao final dela. Então olhou para o reclamante de cabelos castanhos com firmeza:

— Vou garantir que essa denúncia seja executada. Podemos conversar? — pediu, ao que o Oficial aquiesceu com um aceno de cabeça. Os dois se despediram de Rui e foram andando para fora da delegacia, Hector tendo colocado os papéis de volta na mesa do policial. Quando estavam na rua, o pôr-do-sol acentuando o rubro dos cabelos do agente, ele segurou o braço de Rafael delicadamente para fazê-lo parar de andar. — Queria te pedir desculpas pelo que aconteceu mais cedo. Não foi muito educado da minha parte.

— Está tudo bem. — Rafael pôs a mão por cima da do rapaz, que repousava em seu braço. Dirigiu-lhe um olhar intenso, que foi respondido com um de curiosidade. Então sorriu. — Por que você não me paga um jantar e explica o porquê de ter agido daquele jeito?

Hector riu, tirando a mão do braço do Oficial somente para entrelaçar seus dedos.

— Acho justo.

***

 

— Eu ainda não compreendi. Por que é tão preocupante que ela tenha atravessado o oceano? — Hipólita indagou, terminando de assar as raízes que trouxera para não ter que comer carne. O feiticeiro de cabelos longos colocava suco em algumas canecas, enquanto Mestre Nate erguia as tendas com gestos firmes das mãos. Hector ajudava Maren a assar um pedaço da carne que tinham trazido do castelo, já que teriam que comê-la antes que apodrecesse, e tinha a mente ocupada por todas as possibilidades do que Agustina podia fazer caso chegasse ao seu destino. Foi o feiticeiro de cabelos presos que respondeu a mulher de pele azul:

— Acontece, Hipólita, que Agustina é metade fada. Se ela resolver pedir auxílio ao Reino de Eloa ou ter feito todas aquelas atrocidades contra o Conselho dos Magos a mando da Rainha, nunca poderemos julgá-la em nossos termos. — ele entregou-lhe uma das canecas cheias, e ela franziu a testa.

— Mas, Mestre Helia, pensei que os filhos de Eloa tinham uma relação pacífica com o Conselho.

— Não passa de uma paz fria. Eles gostam de nós tanto quanto gostamos deles. — Hector explicou, virando a carne no fogo. Mestre Helia dirigiu um olhar frio ao filho do Vento.

— Tente não pensar em si mesmo como um membro oficial do Conselho, Mestre Hector. — falou, a voz feita para atingi-lo como uma faca. — Todos lembram-se que a última vez que você esteve aqui, era pouco mais que uma criança.

— Hector é tão membro do Conselho quanto você, Mestre Helia. — Maren utilizou-se de seu tom de comando para replicar asperamente. — Ele resolveu nossos problemas com sua visão de fora, e seu sangue o dá tanto direito a um lugar em nosso Conselho como qualquer um.

— Lembre-se de não deixar seus relacionamentos pessoais interferirem em seu julgamento. — Mestre Nate acrescentou, erguendo uma sobrancelha. Hipólita arregalou os olhos para o homem, que a dirigiu um sorriso culpado.

— Você contou a ele, Hipólita? — Mestre Helia a perguntou. — Minha própria aprendiz, traindo-me dessa forma? — a mudança de tom em sua voz indicou que aquela era uma brincadeira, o que fez a mulher rir.

— Não sou mais sua aprendiz, Mestre Helia. E não devemos manter segredos do Alto Conselho dos Magos, devemos?

— Sinto que perdi algo. — Hector comentou, ao que Maren solidariezou-se.

— A dona do coração de Mestre Helia é uma fada. — explicou — Uma jiit, inclusive.

— Aquele grupo de filhos de Eloa que ficam isolados do mundo para desenvolver pesquisas científicas? — o homem ruivo perguntou.

— Esse mesmo. E peço perdão pelo meu comentário anterior, Mestre Hector. Meu julgamento foi realmente nublado pelas minhas relações. — Helia disse, fazendo Hector sorrir.

— Sem problemas. Eu peço desculpas pelo comentário que o ofendeu, Mestre Helia. — e então voltou a ficar sério — Agora temos mais assuntos a resolver. Quais as chances da Rainha realmente ter mandado Agustina fazer aquilo tudo?

O homem de cabelos longos e negros parou para pensar por alguns segundos. Depois, fez uma careta. Então foi Maren quem concluiu, enrolando um de seus cachos nervosamente entre os dedos:

— Muita.


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