Tanabata escrita por Sonne


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Ok, a ideia era fazer um drable baseado em uma imagem, eu vi a imagem e quis fazer algo. Faz assim, muito, muito tempo que eu não escrevo algo, então tô saindo um pouco da casinha com algo que eu não costumo fazer (oneshot...).
Ficou um pouco confuso no fim porque eu não consegui ter a imagem de algo certinho e perfeitinho e sim esses dois se atropelando e... Bem, eh isto. Espero que gostem.
Críticas construtivas são sempre bem-vindas ♥



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Uchiha Sasuke não gostava de festivais. Também não gostava de nada que fosse clichê e remetesse ao romance- Não, ele preferia ser claro, direto, sem muito frufru ou esperar de uma data especial para coisas do tipo. Sempre seguiu essa mesma linha de pensamento, e esse fora o único motivo de passar quase todo o final do ensino médio adiando o dia em que se declararia para seu melhor amigo.

Podia ser um dia qualquer, em um lugar qualquer, quando a oportunidade lhe surgisse. Isso foi o que sempre acreditou. A oportunidade, porém, parecia nunca chegar. E com o final do último ano chegando e a certeza que iam para lugares separados, sabia que as chances eram cada vez menores. Se fosse ser realista, sabia que a chance de qualquer coisa acontecer entre os dois era nula- Naruto era o tipo de cara sempre rodeado de pessoas e, por mais que fosse bissexual, sempre se referia à Sasuke como quase um irmão, fora o fato de que estavam prestes à entrar na faculdade, onde festas e contatinhos eram certamente esperados.

Mesmo assim, não queria terminar o ensino médio guardando aquele sentimento para si. E, em uma última medida desesperada (mesmo que parecesse tão calmo como em qualquer outro dia), acabou convidando Naruto para o Tanabata Matsuri. Era só mais um festival estúpido cheio de pessoas pra todo lado, e só de pensar nisso já sentia o estômago dando voltas. Mas era uma chance boa demais para desperdiçar. Ou ao menos era disso que Karin o havia convencido.

Encarando a yukata azul-marinho que sua mãe havia separado para essa ocasião com tanto carinho, sentia o arrependimento se agarrar em cada célula de seu corpo. Era um festival (e um com uma história estúpida e melosa por trás), e ele estaria a sós com Naruto. Isso por si só já deveria ser suspeito, mas sabia que o loiro era denso demais para entender como algo além de dois amigos passeando pela cidade.

Suspirou.

Já eram quase sete da noite, e havia combinado de se encontrar às oito e meia para assistir a queima de fogos. Se desse pra trás agora, seria assombrado com o fantasma da declaração que nunca aconteceu e o eterno sentimento de ‘e se...’.

—---

Às oito e doze, Sasuke chegou na frente do templo. Estava adiantado, obviamente, mas era apenas por costume. Nada ligado ao fato de que estava quase fazendo um buraco no chão do quarto de tanto andar em círculos. Pegou o celular em uma tentativa inútil de se distrair, checando novamente as mensagens trocadas com Karin.

A amiga estaria andando pelo festival para caso precisasse de alguma coisa (e havia o ameaçado de ela mesma se declarar por ele, caso nada fosse feito), mas não andaria com os dois. Oito e treze. Seu coração deu um tropeço violento, a ansiedade formando nós em sua garganta. O quão estúpido e não característico era se sentir assim? Já havia perdido a conta de quantas vezes se repreendera mentalmente por ser tão—

“Hey, teme!”

A voz rouca (que não era mais tão esganiçada como quando eram jovens, graças à Deus) fez com que o Uchiha se assustasse e derrubasse o celular no chão em meio à vários xingamentos baixos, o que arrancou uma risada do loiro.

“Não chegue por trás das pessoas assim, do nada, idiota!” Brigou mesmo que não se sentisse assim tão bravo, e se virou para poder ficar de frente para Naruto.

E foi tudo que Sasuke podia enxergar. As vestes de um tom azul claro contrastavam com a pele levemente bronzeada e com os fios loiros que estavam, como sempre, despenteados. Combinavam com os olhos de Naruto, e mesmo que fosse algo tão... simples, Sasuke sentiu o coração bater mais rápido. Naruto estava lindo.

Por um segundo, Naruto o encarou de volta, e ele se sentiu nu. Era quase como se ele pudesse enxergar tudo que se passava por sua mente, e seu rosto ficou sério. Mas não durou muito, e logo os olhos azuis se fecharam em um sorriso largo, e Sasuke pode enxergar que não era só Naruto que estava ali. Atrás do loiro seguiam alguns dos colegas de sala, e o moreno percebeu com desgosto que Sakura também estava ali.

“Eu acabei chamando alguns dos nossos amigos, já que você disse que ia ser um festival legal. Fica melhor com todo mundo, né?”

Naruto era, realmente, o cara mais estúpido do mundo, e Sasuke se odiava por ter se apaixonado justo por ele. Mas respirou fundo e respondeu com um “Hn”, virando de costas e começando a andar por entre as barracas, sem nem mesmo esperar os outros. Aquela com certeza não seria a noite em que se declararia.

—---

A cidade estava barulhenta. Sasuke enviou mensagens pra Karin contando o que havia acontecido e a amiga se juntou ao grupo (para que pelo menos não ficasse assim tão deslocado). Além de Sakura, Naruto tinha feito o favor de convidar todas as pessoas que Sasuke considerava irritante.

O que era para ser uma lembrança entre os dois estava se tornando dor de cabeça, com Ino gritando com Kiba por ser um nojento, Sakura tentando chamar sua atenção para que pudessem fazer algo só os dois o tempo todo e a Hyuuga em silência, o que acabava por fazer Naruto tentar conversar mais com ela para ela se enturmar.

E é claro que a oportunista parecia feliz com aquilo.

Visitou algumas barracas atrás do grupo à contra gosto, mas não fez nada do que estava planejado. Obvio que não tinha imaginado um encontro onde os dois pescariam e trocariam balões de água, onde pegaria um bicho de pelúcia para Naruto na barraca de tiro ao alvo para que lembrassem sempre daquele dia.

Claro que não.

Sasuke não pensava nessas coisas.

Mas isso não significava que não se corroía por dentro ao assistir o idiota pegando um balãozinho de água para Hinata, ou tentando ganhar um bichinho de pelúcia para Sakura- mesmo que ela tivesse feito bico dizendo que não queria ganhar aquilo dele.

“Eu deveria dar um soco nele por ser tão idiota.” Karin esbravejou ao seu lado, fazendo Sasuke balançar a cabeça.

“Era obvio que ele ia chamar mais pessoas. Você não deveria estar tão surpresa. Seu primo é um cabeça oca, não é?”

“Ele vai ouvir poucas e boas por causa disso, ah, se vai!”

“Karin.” Sasuke chamou e esperou que os outros continuassem a andar para que voltasse a falar. “Eu vou pra casa. Esquece essa história, okay?”

“Mas Sasuke...”

“Talvez outro dia.” Ele deu de ombros. Sabia que não consegueria falar nada, não hoje, e nem o semblante triste da ruiva o faria mudar de ideia.

“Mas você...”

“A gente vai entrar na faculdade esse ano. Talvez isso seja só um aviso divino de que isso só ia dar mais merda e estragar nossa amizade. Com o tempo eu esqueço.”

Ela queria falar algo, mas sabia que não ia conseguir o convencer do contrário.

“A gente se vê por aí.”

“Ei, teme, onde pensa que ‘tá indo?”

Ótimo.

Sasuke olhou para o caminho por onde os colegas haviam seguido e viu que Naruto estava parado, ali, e parecia irritado.

“Já vai embora? Você nem comeu nada ainda!”

“Eu vou comer em casa.”

Naruto grunhiu, e Sasuke estreitou os olhos em uma demonstração clara de mal-humor.

“Você come depois.” Em passadas largas, o loiro se aproximou e segurou seu pulso. “Vem, os fogos já vão começar.”

“Naruto, eu não quero-”

“Depois disso você pode ir embora.” Deu uma puxada fraca. “Mas vem.”

Tinha alguma coisa no tom de Naruto que fazia com que Sasuke dificilmente conseguisse dizer não para ele. E naquele momento, aquilo parecia mais forte. Estava cansado e irritado, não queria ficar mais ali naquele mundarel de gente. Mas não disse mais nada e se deixou seguir Naruto pelo caminho que levava ao mirante, onde as pessoas se reuniam para assistir a queima de fogos.

Se perguntado, Sasuke diria que só cedeu pois teria mais dor de cabeça com Naruto se fosse embora.

Naruto se espremia entre as pessoas e não deixava de segurar no pulso de Sasuke. O Uchiha, por sua vez, estava incomodado de passar encostando por tanta gente, mas o loiro não parava. Provavelmente já tinha um lugar em mente. Viu então os outros colegas próximos à grade de proteção, provavelmente o melhor lugar para assistir o espetáculo. Ao redor, podia ouvir os murmurinhos animados das pessoas e o anúncio da queima de fogos que ocorreria logo.

Apoiou os cotovelos na madeira da proteção, deixando de prestar atenção ao seu redor. Era uma noite de céu claro, comum durante o verão. Naruto se apoiou ao seu lado, novamente com um sorriso largo no rosto.

Se Sasuke tivesse olhado ao redor, perceberia que os colegas já não estavam mais ali.

“Você não parece muito animado.” Naruto jogou no ar, vendo que os olhos negros do Uchiha voltavam à encarar o céu.

“Não gosto de festivais.”

“Mas foi você que me chamou.” Sasuke mordeu a língua, se xingando mentalmente pelo deslize. “Não imaginei que ia ficar tão emburrado se eu chamasse todo mundo. Eu só achei que ia ser bacana se a gente pudesse curtir todo mundo junto.”

“Não tem problema nenhum. Eu também chamei uma amiga, se você não percebeu.”

“Ah...” Ele percebeu a mudança na postura do loiro, que coçou a nuca como se envergonhado de algo. “Então... Ah, droga, acho que eu pensei besteira!”

Sasuke franziu o cenho. “Como assim besteira?”

“É que você me chamou e... Quer saber, esquece!”

“Fala logo, Naruto!”

“Eu gosto de você.”

O primeiro fogo explodiu no céu, chamando a atenção das pessoas e fazendo o volume da conversa aumentar. Sasuke arregalou os olhos, sentindo o ar preso na garganta.

“Eu achei que você só tinha me chamado por chamar, e fiquei com medo de falar alguma coisa que fosse estragar nossa amizade, então acabei chamando o pessoal pra poder não falar nada. Mas aí, quando eu te vi na entrada, e vi que você não gostou de ter todo mundo, eu pensei que, talvez... Talvez você quisesse que fosse só nós dois. Já era tarde, porque já tava todo mundo ali, e eu vi que tinha feito besteira, mas então... Droga, eu não sei, eu não tô conseguindo pensar, você pode por favor falar algo?”

Os fogos continuaram estourando em diversas cores, e Sasuke se perdeu assistindo o espetáculo pelo reflexo dos olhos azuis-claro. O coração parecia que ia saltar do peito, e ele estava totalmente perdido. Naruto ainda tinha uma das mãos no cabelo, uma expressão entre a aflição e o desespero. E aquilo era tão estupidamente clichê e Sasuke só conseguia se sentir ainda mais e mais engolido pela situação ao seu redor.

Agindo no automático que esticou uma das mãos e a colocou sobre a de Naruto que ainda estava na proteção de madeira que ficava ao redor do mirante. E sentir o calor da mão dele foi tão real que serviu de impulso para que ele acordasse.

Estranhamente, se sentiu calmo. Quase como se uma peça de tetris tivesse se encaixado no lugar certo para que seu nervosismo e ansiedade desaparessessem.

“Eu não sei o que falar.” Soltou, e então deixou uma risada baixa escapar. “Eu tinha tudo planejado, mas daí você apareceu com um monte de gente e ficou a noite toda sem nem falar comigo, então eu achei melhor desistir de falar qualquer coisa. Aí você vem, fala isso, e eu... Eu só não sei.”

“Eu entendi errado, então?”

“Não.” O moreno balançou a cabeça. “Eu... Acho que eu ia me declarar hoje. Ou pelo menos tentar.”

Alívio tomou conta da expressão do Uzumaki. “Okay, ótimo, então... Desculpa?”

“Pelo quê?” Uma sobrancelha negra se ergueu.

“Por ter chamado mais gente. E ter meio que estragado o clima. Eu fiz meio sem pensar.”

“Como sempre.”

“Ei, seu idiota, eu ‘tô aqui abrindo meu coração pra você, que por sinal não disse nada ainda, e é assim que você—!”

Foi por impulso que Sasuke deu um passo pra frente e colou os lábios nos de Naruto. Os fogos começavam a ficar mais espaçados já que a queima se aproximava do fim, mas beijar Naruto parecia mais intenso e explosivo do que todo aquele show. Os lábios se moviam devagar, como se estivessem se conhecendo novamente em um beijo lento, carregado de toda aquela emoção que nenhum deles conseguia colocar em palavras.

Quando se separaram, Naruto encostou a testa na dele, soltando uma risada.

“Isso deu tudo tão... Errado.”

“Você não soube criar o clima certo pra uma declaração, agora não adianta reclamar.”

“Ei, eu tentei, okay!” O loiro fez um bico. “Foi de última hora, mas eu pedi até pra todo mundo sair de perto! Mas aí você me desencorajou dizendo que era só pra ser uma coisa de amigo, e eu desisti, mas aí você me fez falar... E pelo menos eu tentei!”

“Você estragou meus planos primeiro, então...”

“E como você tinha planejado fazer, então, espertão?”

“Não sei.” Respondeu sincero. “Eu só tinha planejado até a parte de chamar pra você sair. Aí eu ia esperar a oportunidade certa.”

“Que plano porco, Sasuke. Nem parece o cara perfeccionista que eu conheço. E o que você ia falar?”

“Que eu gosto de você.” Foi tão inesperado— mesmo que respondesse a pergunta que havia feito- que Naruto sentiu o rosto corar por completo. “Que eu tento te dizer isso desde o segundo ano do ensino médio, esperando a oportunidade certa, mas ela nunca chegava. E que eu só queria que você soubesse, porque eu sabia que você não sentia a mesma coisa por mim, mas eu tava cansado de guardar isso. E que, se possível, as coisas entre a gente não ficassem estranhas por causa disso. Acho que era isso.”

O loiro o encarou por longos segundos, antes de novamente encostar os lábios contra os finos do Uchiha em um beijo rápido. “Eu acho que nós somos dois idiotas. A gente podia estar fazendo isso há um tempão!”

“Antes tarde do que nunca, não é?”

Naruto riu, se sentindo extremamente leve, e beijou Sasuke novamente. Dessa vez, porém, o beijo foi mais longo, como queria ter feito desde o começo (e vários anos atrás). O beijou com mais vontade, partindo os lábios para que pudesse com a língua experimentar mais e mais de Sasuke, que segurava em seu ombro como se precisasse daquilo para se apoiar. Podia ouvir, de longe, assovios vindos dos amigos, e foi só por isso que se separou à contra-gosto, sem deixar de segurar no outro.

A noção de que por tanto tempo havia escondido os sentimentos que tinha pelo melhor amigo agora lhe parecia estúpida, mesmo que Sasuke também não tivesse deixado espaço para ele pensar que havia chance alguma.

Mas estava tudo bem. Mesmo que tivesse acontecido do jeito mais desengonçado possível, estava bem. Saber que era correspondido fazia o peito se encher de um sentimento bom, quentinho, e ele não resistiu em enrolar os braços ao redor de Sasuke em um abraço apertado, esfregando a bochecha contra a dele.

Estava feliz com aquele momento, e era isso que importava.


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Notas finais do capítulo

gente é sério se alguém tiver alguma crítica etc (principalmente sobre o final corrido) eu tô aceitando viu
bjs ♥



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