Parker escrita por Fofura


Capítulo 16
A pequena Becca está crescendo


Notas iniciais do capítulo

Misericórdia gente kkkkkk foram 10 meses mesmo sem atualizar? Desculpaaaa, eu provavelmente estou falando aqui sozinha pq não deve ter mais leitor nenhum kkkkkk rindo de nervoso
Mas enfim, eu disse que não ia abandonar a história e não vou u.u demora, mas eu sempre volto :)
Boa leitura pra quem ainda estiver aqui ♥



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O ensaio urbano tema skatista estava ficando lindo. Ben levou-as até uma pista de skate que gostava de ir pra fazerem as fotos lá, e a mãe dele ficou de olho em Rebecca. Não foi esforço nenhum pra ela já que a moça se encantou pela menina e adorava ficar com ela no colo.

Depois das fotos na pista, eles foram pras ruas. Rayle fotografou o garoto na estrada, em paredes de grafite, containers coloridos e enferrujados, e até dentro de um fliperama já que ele adorava video games.

Tinha como ficar mais divertido? Sim. As aulas de Rayle que Ben fez questão de lembrar.

— Pronta pra arrebentar?- ele incentivou.

— Pra me arrebentar? Com certeza.

Deb, a mãe de Ben, caiu na gargalhada.

— Vamos lá. Pra começar você tem que ver qual lado fica melhor pra você, se é com o corpo virado pra esquerda ou pra direita.

— Meu Deus, tem até isso?

— É, pra saber como fica melhor de controlar. Eu, por exemplo, manobro melhor virado pra esquerda.

— E como eu sei?

— Bom, primeiro você tem que conseguir ficar em pé nele. Sobe.- ele a puxou devagar.

— Calma lá, tem que ter toda uma preparação. Eu vou cair.

Deb sorriu segurando Rebecca que queria porque queria descer pra andar também. “Queite! Queite!” ela repetia.

— Não vai cair. Tenta ficar pisando no meio, não pisa nas pontas senão vai tombar. Vai, segura no meu ombro.

Rayle abraçou o pescoço dele quando o skate escorregou de seu pé. Ben deu risada.

— Posso segurar sua cintura pra te ajudar a se equilibrar?

— Olha lá hein, Ben. Sou muito velha pra você.- riu fazendo-o rir também. — Pode segurar, mas pelo amor de Deus, não me deixa cair. Seria um vexame uma mulher de 30 anos cair de um skate em praça pública.

Deb novamente deu risada.

— É simples, vamos lá. Apoia no meu ombro e não se joga pra frente, senão você vai cair.

— Ok.- ela respirou fundo.

Ben foi conduzindo ela até a esquina desse jeito, depois voltou segurando suas mãos.

— Minhas pernas tremeram o tempo todo, Ben.- ela deu risada descendo do skate.

— Vamos assim mais uma vez. Se você conseguir se equilibrar bem, acho que já vai conseguir remar.

— Mas não é barco, meu anjo.- Ben sorriu e bateu a mão na testa. Rayle riu. — Desculpa, piada ruim. Vamos lá.

Rayle foi mais uma vez segurando as mãos de Ben e nessa segunda vez perdeu mais o medo de cair.

— Mandou bem!- ele elogiou.

Rebecca começou a chorar querendo ir também e não parou até conseguir.

— Oh menina chata!

Rayle teve que a segurar em cima do objeto. Quase morreu de amores com as gargalhadas que ela dava.

Não resistiu em bater fotos dela também enquanto Ben brincava com ela. O menino nunca tinha feito um ensaio e disse que foi muito divertido.

Ben a ensinou a remar enquanto voltavam pra casa. Ela travou e escorregou algumas vezes, mas até que foi bem.

Foi coisa de alguns fins de semana até Rayle pegar a manha e já conseguir andar sozinha sem cair nas curvas. Até lá essas quedas lhe renderam vários arranhões e hematomas, mesmo com protetores nos joelhos e cotovelos. Rayle era mestre em cair das coisas, inclusive, já tinha caído da bicicleta com Rebecca na cesta. As duas ficaram de cama depois.

Parker podia lançar um livro com todas as coisas vergonhosas e embaraçosas que passou sendo mãe, ela até brincava com isso. Mas se tinha uma coisa que ela nunca colocaria no livro era como teve que ir parar no hospital porque Becca quase arrancou um pedaço de seu seio. “Malditos dentinhos” ela dizia. Quando começaram a crescer, Rebecca queria morder tudo o que via pela frente, e mordeu tanto a mãe que foi cedo pra mamadeira.

Quando Becca completou quatro anos, ganhou seu próprio skate e aprendeu a ficar em cima dele bem mais rápido que a mãe. Mas Rayle não deixava ela ficar andando por aí com ele, principalmente sozinha, pois ainda era muito pequena e tinha medo dela se machucar. Então quando estavam em casa, tudo o que Becca fazia era sentada no skate. Ela "lia", desenhava, brincava, tudo no skate.

Rayle ensinava o básico pra ela em casa, pois era péssima em estudos. Assim que a escolinha não ficou tão cara, Rayle a colocou lá. Era mais fácil trabalhar sem ter que olhá-la, mas sentia muita falta de sua princesinha. No primeiro dia de aula foi Rebecca chorando de um lado e Rayle do outro.

Tom e Jerry ligavam com freqüência pra saber como elas estavam. E numa tarde de quinta feira, Parker teve uma surpresa. Tom tinha viajado pra São Francisco e ia passar um tempo lá. Fez surpresa e alugou um apartamento próximo de onde suas amigas moravam.

Rebecca era o serzinho mais feliz quando chegou da creche e viu o tio Thomas na sala com a mãe. O encheu de beijos e abraços. Adorava ele.

Com Thomas de volta perto dela, Rayle tinha não só companhia, mas ajuda também. Tom levava Becca pra escola com o maior prazer, ficava com ela quando Rayle não podia e de quebra ainda fotografava as duas pro seu novo portfólio. Rayle ajudava com os ensaios dele e ele com os dela. Becca se divertia com os dois, e eles com ela.

Certo dia, Rayle estava com Tom na cozinha preparando o almoço e Becca brincava solta pela casa.

— Está muito silêncio lá pra dentro, você não acha?

Assim que o amigo disse isso, ouviram a voz de Becca se aproximando. Ela apareceu na cozinha com um objeto rosa na mão.

— Mamãe, o que é ichu?

Rayle gelou e pigarreou. Tom se segurou pra não rir. Como ela explicaria isso?

— Isso, ham… É um… vibrador, filha.

Vibadro?- pronunciou errado em querer. — Pla qui é?

Rayle não demorou muito pra bolar uma resposta.

— É tipo um… despertador. Eu coloco debaixo do travesseiro, ele vibra e... e eu acordo.

Tom deixou escapar um barulho da garganta enquanto segurava a risada.

— Ah.- a pequena voltou a olhar para o objeto.

— Mas é muito frágil, não pode ficar mexendo nele, deixa a mamãe guardar.- pegou o objeto da mão da criança enquanto ela esquecia e ia brincar com outra coisa.

Quando Rebecca saiu de vista, Thomas soltou a risada que segurava.

— Você disse que não ia mentir pra sua filha.

— Eu não menti…- ela olhou pro lado com a sobrancelha erguida. — De fato é um despertador.

Tom gargalhou.

Essa não foi a primeira vez e nem a última que Parker se encontrou numa situação embaraçosa com a filha.

Rebecca aprontava todas e fazia a mãe rir e ficar preocupada ao mesmo tempo. Numa tarde de terça, dia de folga, Rayle ia para a casa de Tommy e ia passar no mercado antes pra comprar algumas besteiras.

Becca estava dentro do carrinho de compras enquanto Rayle falava no celular com Jerry sobre um cliente babaca, que cancelou o ensaio depois que Rayle já tinha comprado e montado todo o cenário pra fotografar a filha dele. Data, horário, cenário, forma de pagamento, já estava tudo certo. Rayle disse que ele teria que pagar pelo menos o que ela gastou com as coisas e ele se recusou, mesmo tendo cancelado no dia da sessão de fotos.

— Caramba! Não foi nem com antecedência que ele cancelou. Foi bem no dia!

— Pois é, eu fiquei muito fula! Como assim, cara?! Ele não me explicou o motivo de cancelar, não quis remarcar, nem nada.- Rayle falava enquanto colocava um pacote de salgadinho no carrinho já advertindo Rebecca: — Não abre!

Já aconteceu umas duas vezes de Rayle levá-la pro mercado e ela pegar um pacote e abrir fazendo Rayle ter que comprar.

— Muito sem educação aquele cara, Jerry. Muita falta de consideração e respeito. Sério, aquele otário vai ver só quando eu processar ele.

Ok, Rayle teve que desligar, pois já ia passar no caixa, e o que aconteceu lá foi surpreendente.

A fotógrafa chegou na casa do amigo chorando de rir. Quando foi questionada do porquê, quase não conseguiu contar.

— Eu estava na fila do caixa com a Becca…- riu. — E um cara não quis deixar eu passar na frente mesmo sendo caixa preferencial…- riu mais um pouco. — Aí…- tentou respirar. — Aí eu comentei com a mulher de trás que ele era muito mal educado, e a Becca…- fez o barulhinho de porco. —… xingou ele de otário.

Tom ficou de boca aberta e também riu.

— Eu juro…- e ria. — Eu juro que não ensinei isso pra ela… Ela deve ter… ai caralho…- riu mais ainda com a mão na barriga. — Ela deve ter me escutado dizer no telefone.

— E como…- Tom interrompeu a fala com uma risada. — Como ele reagiu?

— Ele e eu arregalamos o olho, ele não esperava ser xingado por uma criança de quatro anos. Aí eu briguei com ela, falei que não podia, que era feio… mas no fundo eu gostei.- riu de novo. — Ele não podia reclamar de falta de educação da criança, seria hipocrisia.

Rayle ligou novamente para Jerry pra contar, mas dessa vez em chamada de vídeo no computador. Jerry adorou, disse que não servia pra ser pai porque ele ia concordar com a criança, não ia dar esporro nenhum. A conversa fluiu, e de repente:

— Rayle, tu não sabe! Acredita que Thomas terminou um namoro de dois meses com uma menina e não contou pra gente??

— Com uma menina??- perguntou confusa. — Thomas nera gay??

— Ao que parece é bi.

Rayle olhou pro amigo do lado.

— Ai, gente! Deu vontade, eu fui. Não contei pra vocês porque... Ah, não sei.

— Relaxa.- Rayle riu com a preocupação dele com o que eles iam achar disso. — Não fez nada de errado.

— É, ninguém está te julgando.- sorriu Jerry. — Não precisava ter escondido.- Tom corou um pouco. — Mas é o seguinte… agora que a gente sabe que ele gosta e está solteiro, cuidado com o charme, Rayle.- brincou.

A fotógrafa deu risada e Tom riu de nervoso.

— Nada a ver, Jerry.- disse ele.

~  ☺  ~

— Mamãe! Mamãe!- Rebecca veio correndo do quarto apavorada.

— O que foi, meu amor?- Rayle ficou preocupada e tratou de secar as mãos rapidamente já que estava mexendo com água, enquanto uma Rebecca de cinco anos grudava em sua perna e abanava seu vestido.

— Tem sangue, mamãe! Sangue no banhelo!- ela dizia assustada.

Rayle achou que ela tinha se machucado e procurou cortes em seus braços e pernas, mas nada achou.

— Sangue onde?

— No lixo, mamãe.

— Por que estava mexendo no lixo, filha?

— Não tava mexendo, fui jogá o papel e vi.

Rayle então se deu conta de que o sangue que ela viu no lixo era seu sangue menstrual. Sorriu. Foi por descuido que ela viu.

— Tudo bem, meu amor, o sangue é meu.

— Onde machucô, mamãe?

Rayle achou fofo e voltou a sorrir. A pegou no colo e lhe deu um beijo.

— Não machuquei, meu amor, isso acontece todo mês. Você ainda é muito novinha pra entender. Mas está tudo bem com a mamãe, tá?- acariciou o rostinho assustado dela. — É normal, acontece com todas as mulheres.

— Todas sanglam?- seus olhos arregalaram.

— Todas sangram.- Rayle sorriu por conta disso. — Mas não dói. Só dói um pouquinho a barriga, mas com um remedinho passa.

Rayle sabia que certas cólicas não passavam só com um remedinho, mas queria poupá-la da preocupação por enquanto.

Na noite daquele mesmo dia, Rayle estava trocando o absorvente quando Rebecca entrou no banheiro.

— É daí que sai??

Rayle sorriu e disse que sim.

Rebecca fez uma careta.

— Ai! É fidido!

Rayle gargalhou e quase caiu do vaso ao ouvir isso.

— Pior que é verdade. Isso aqui é uma desgraça.

— Que nojo.- ela então saiu correndo e Rayle continuou rindo até a barriga doer.

~  ☺  ~

Com seus seis aninhos, Rebecca entrou na primeira série e chegou entusiasmada em casa, contando que logo no primeiro dia de aula tinha feito uma amiguinha.

Rebecca não tinha dificuldade em fazer amigos, se enturmava com todo mundo, era difícil ela ficar perto de uma pessoa só, estava sempre na multidão. Mas dessa vez foi diferente.

Conheceu Amy, uma garotinha dos cabelos castanhos escuros e olhos da mesma cor, introvertida, bem tímida, que sempre brincava sozinha. Becca tinha se aproximado dela justamente para brincar com ela e não deixá-la sozinha.

— É muito ruim brincar sozinha, mamãe, eu já tentei.- foi o que aquele pingo de gente explicou para Parker.

Amy ficou surpresa de alguém querer brincar com ela e super aceitou a amizade de Becca, mesmo relutante por ser tímida.

As semanas se passaram e elas viraram amigas inseparáveis. Queriam fazer tudo juntas, ir na casa da outra pra brincar, e é claro que a mãe de Amy não se importou, já que era a primeira amiga que sua filha fazia.

Thomas amou conhecer Amy também e as vezes levava as duas para sua casa pra brincar, assistir desenhos, e saía com elas pro parquinho também pra Rayle conseguir trabalhar, já que os pedidos de ensaios estavam aumentando finalmente. Rayle estava conseguindo quinze ensaios por mês.

Era raro cancelarem, foi algo que realmente não aconteceu mais, e Rayle ficava cada dia mais conhecida no bairro, até na cidade. Estava indo aos poucos, um passinho de cada vez.

Aconteceu de uma cliente adiar o ensaio pro mês seguinte por problemas de saúde e Rayle resolveu usar esse dia pra sair com Becca e tomar sorvete.

Eram férias da escolinha e Amy tinha viajado com a família. Rebecca ficou triste e Parker quase não conseguiu tirá-la de casa.

— Oh meu amor…- Rayle acariciou os cabelos loiros dela. — Se anima. Logo a Amy está de volta.- Becca suspirou dizendo que sabia disso. — Cadê o sorriso da mamãe?

— Aqui que não tá.- disse a pequena apontando pro próprio rosto ao responder.

Rayle abriu a boca chocada.

— Debochada! Tem dedo do teu tio nisso aí, né?!

Rebecca começou a rir e Rayle fez cócegas fazendo-a rir mais ainda.

— Não pode responder a mamãe assim.- a trouxe para seu colo. — Mas foi engraçado.- e as duas riram.

Becca se divertia com a mãe, e por um momento esqueceu da partida de Amy.

— Mamãe, a gente vai tirar foto hoje? Eu quero usar minha roupa nova.

Rayle sorriu. Havia comprado uma jardineira pra ela e Becca queria porque queria fotografar usando ela.

— É, acho que dá pra pra encaixar você na minha agenda, minha modelo favorita!- Rayle a apertou em seu colo e a encheu de beijos.

Rebecca riu e lhe deu um beijo na bochecha também.

— O que acha? Floricultura ou campo de flores?

Becca semicerrou os olhos fingindo pensar e as duas disseram juntas:

— Os dois! Haha!

Voltaram pra casa pra pegar a jardineira e a câmera. Rayle gostava de tirar foto com o celular, mas a imagem ficava com pouca qualidade, e ela usava muito as fotos da filha em portifólio, então tinham que ter uma boa qualidade de imagem.

Becca quis pegar o skate também e pegou um boné que ganhou de Ben, um que não cabia mais nele. A menina adorou e sempre que a mãe a deixava brincar com o skate, ela usava o boné, pra trás ainda por cima.

Tom dizia que Rebecca tinha muito estilo, Rayle que comprava as roupas, mas ela quem montava as combinações. Jerry concordava sempre. Se tinha uma coisa que entendia mais que fotografia, era moda e looks.

Tiraram umas fotos no skate primeiro na rua, depois voltaram pra casa pra ela colocar a jardineira. Rayle colocou mais umas duas peças na mochila, outro sapato, alguns acessórios como chapéus e tiaras, e garrafa de água, além de câmera e objetiva. Pegaram a bicicleta e foram direto pra floricultura.

O dono já conhecia Parker e a filha, adorava as duas e sempre deixava elas fotografarem lá, inclusive, não só por gostar delas, mas também porque depois que Rayle fotografou lá, ela divulgou o lugar e mais gente ia lá comprar plantas e flores. Então a fotógrafa deixou a loja um pouco mais famosa.

A dona da banca de jornal da mesma calçada se animava quando via Rayle e Rebecca por lá, pois adorava ver os ensaios das duas. De Thomas também, aliás.

Rayle viu que lá havia uma cesta, igual o material das de piquenique, e teve a ideia de usá-la.

Rebecca adorou. Encheu de flores que gostava, alguns arranjos que já estavam prontos.

Fizeram várias e várias fotos na floricultura e assim que saíram de lá, foram direto para o campo de flores, o mesmo que Rayle fotografava com Sara.

Bateu uma saudade tão grande quando chegou lá sem ela, que deu até vontade de chorar. Já tinha um tempo que não fazia isso.

— Mamãe?- Parker olhou pra baixo ao ouvir a voz da filha, ela já tinha descido da bicicleta e questionou a mãe já que ela não fez o mesmo. — Que foi?

— Nada.- ela sorriu fingindo estar bem e desceu da bike. — Tudo bem, amor. Vamos lá! Quer ir nas tulipas primeiro?

— Aham!- Rebecca então correu com a mãe atrás.

Rayle fez várias fotos da filha sorrindo, fazendo caretas, segurando as flores, correndo nas flores, pulando, sentada, deitada, foi uma variedade de poses.

Uma ideia de foto de costas surgiu e ambas abriram a mochila pra pegar uma blusinha amarela de Becca pra ela trocar. Rayle trocou o look dela e as duas correram pro campo de cosmos amarelos.

— Vou colocar algumas no seu cabelo, meu amor, vem cá.

Rayle arrumou a filha e bateu as fotos, depois mudou de ângulo e bateu mais duas.

— Mamãe, deixa eu tirar uma de você?

— Pelo amor de Deus, toma cuidado com isso.

Rebecca sorriu e de fato tomou muito cuidado ao segurar a câmera da mãe. Rayle fez a pose que a filha pediu, colocou a mão na cintura e deu seu melhor sorriso.

— Nossa.- sorriu ao ver o resultado. — Mirou na cabeça e acertou no dedo… do pé.

Rebecca caiu na risada ao ver a foto e com o que a mãe disse.

Durante toda a sessão de fotos, Rayle tentava não pensar em sua amiga, mas a falta que ela fazia doía muito. Queria a amizade dela de volta, queria ter a força que ela lhe passava, queria que ela pudesse ver sua filha crescendo. Fez de tudo para que Becca não notasse sua tristeza, mas durante a noite foi inevitável.

Rebecca acordou com os soluços da mãe na sala. Chegou de mansinho para não assustá-la na escuridão e quando a viu encharcando a almofada com lágrimas, sentiu seu pequeno coração doer. Nunca tinha visto sua mãe chorar. Ela sempre fazia de tudo pra ficar alegre perto dela. E por mais que fosse novinha, sabia que todo mundo chorava, até os adultos. Eles também se machucavam e eles também sentiam medo.

— Mamãe?

Rayle não queria que Rebecca a visse daquele jeito, queria parar de chorar e dizer que estava bem, que não era nada… mas não conseguiu. Nem parar de chorar, nem dizer nada.

Rebecca ficou preocupada.

— Mamãe, por que tá chorando?

Rayle só conseguiu segurar a mão dela e soluçar. Fazia muito, muito tempo que não chorava assim, que não botava tudo pra fora. Não só pela ausência de Sara, mas por tudo o que passou até ali. Sempre tentava se manter forte, mas sempre que se guarda tanto, uma hora não há mais espaço e você precisa esvaziar.

Viu que a filha estava assustada e tentou parar mais uma vez, secou as lágrimas inutilmente e respirou fundo.

— Des-desculpa amor. Está tudo bem, eu só…- soluçou. — E-estou… com um pouquinho de dor… Só isso…- tentou secar as lágrimas mais uma vez.

Rebecca simplesmente subiu no sofá, sentou de frente pra ela e tocou seu peito, bem no lado esquerdo onde ficava o coração.

— É aqui?

Parker simplesmente não resistiu a pergunta da filha e deixou que mais lágrimas caíssem, assentindo ao mesmo tempo que dizia “é”, com a voz embargada. Rebecca não fez nada, apenas deixou que sua mãe deitasse em seu colo. Mesmo sem entender o porquê dela estar chorando, queria que ela ficasse bem. Então como ela sempre lhe dava colo quando chorava e ficava melhor, imaginou que se fizesse o mesmo por ela ia ajudar.

Rayle não achou que chorar no colo de sua filha de seis anos ajudaria, mas era isso, seu alicerce agora era uma miniatura sua. Era tudo o que tinha e tudo o que precisava.


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Notas finais do capítulo

Ohh mdss :'( que dózinha da Ray...
Se ainda tem alguém aqui, diz pra mim: o que achou? Resumi um pouquinho do crescimento da Becca porque senão eu ia ficar aqui escrevendo por mais 10 meses hsuahsasjhk
Abraço de urso e até o próximo :3



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