He Is My Captain escrita por Airi


Capítulo 16
A Fuga.


Notas iniciais do capítulo

E ae pessoal! hahahaha, dessa vez eu não demorei muito vai, pelo amor, festas acabam com a gnt e eu admito, fui viajar e so estou com internet agora, podendo colocar o proximo capitulo! ah, eu não consegui responder as reviews do pessoa, não sei, o Nyah simplesmente travou algumas coisas aqui, mas queria agradecer, além de todos os que mandaram comentarios maravilhos, as leitoras: nara, shimiko,DarkLuna e Little J (a mais nova leitora). Gente, não sabe o quão feliz fiquei ao ler esses comentarios tão cheios de vida e animação, é o que me inspira a cada dia para continuar essa fic, e as outras que ainda preciso atualizar.
Alias, para aqueles que queriam uma historia nova, estou postando hoje mesmo, apenas avisando, não sei se vão gostar, espero que sim. Mas sem mais delongas, vamos ao que interessa, e só mais uma coisa: Amo vocês! De coração.
Airi. ♥



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 Começamos a olhar por todos os lados da cela onde nos encontrávamos, para achar uma brecha. Estava difícil, nem sinal de guardas por ali, ou algum lugar para guardar as chaves. Nada.

- Eles não são tão burros quanto imaginei – disse calma, analisando o recinto.

- Como? – Henry perguntou distraído com algo.

 Quando me virei, um tanto quanto curiosa, ele estava olhando pela pequena janelinha, na ponta dos pés, parecendo se interessar momentaneamente por algo. Curiosa, me aproximei para ver a onde seus olhos cor do mar miravam, mas tive certa dificuldade para conseguir enxergar, por ser mais baixinha que ele.

 Olhando melhor, após um tempo, vi um par de pernas finos, com uma roupa bem chamativa. Mesmo que só visse a barra do vestido, dava para perceber que não era uma moça de boa índole, afinal, era preto, com as bordas vermelhas, e na parte da frente curto, mostrando suas pernas.

 Esperai.

 Eu preocupada em sair e ele vendo mulher?

- Henry – disse baixo, chamando sua atenção – seu – continuei baixo, antes de berrar a ultima palavra – IDIOTA!

 Não demorou muito para minha mão estar fechada num punho firme e enterrada em sua bochecha esquerda, enquanto ele voava para trás, com carinha de cão sem dono, quase que como inocente, falando manhoso para mim, massageando a área atingida.

- Mary, porque fez isso?

- Pare de se fazer se sonso seu imbecil! – continuei a berrar – Temos muito trabalho pela frente e você fica olhando as pernas alheias que passam na rua?

- E que pernas... – Henry tornou a dizer, sonhador.

 O soquei novamente.

 O bom é que o barulho da discussão chamou a atenção de um dos guardas que se aproximou curioso, vendo a cena, que era eu com um dos pés, em cima de Henry, empurrando sua barriga para baixo, sem dó e nem piedade.

 Pelo amor, tínhamos acabado de chegar a um bom acordo, íamos conviver novamente juntos após um grande tempo afastados e ele mostrou que amadureceu, pelo menos um pouco, e depois me manda uma dessas? É para socar um individuo imbecil como este, mas é natural, ou ele não se chamaria Henry Morgan.

- O que está acontecendo aqui? – o oficial berrou um pouco longe, bem mal educado.

 Neste momento me ocorreu uma ideia brilhante, aquele pensamento que lhe vem como um flesh na cabeça e você na mesma hora admite que foi a melhor ideia que já teve até hoje. Um sorriso malicioso se abriu em meus lábios, enquanto eu me afastava de Henry, segurava a barra da saia, a levantando um pouco e me aproximava da grade.

- Ele – apontei para Henry – Está me perturbando muito.

 O guarda riu e se aproximou com o mesmo sorriso que o meu, encarando minhas pernas descobertas.

Eca. Esse homem gordo, barbudo e nojento está tentando mesmo tocar nas minhas pernas?

- E o que quer que eu faça pela moça? – ele respondeu com malicia, agora olhando em meus olhos.

 O primeiro sentimento que senti foi repudio e depois me veio a razão. Eu precisava que ele abrisse aquela grade grossa de metal para que conseguissemos escapar, mas meus instintos femininos me mandavam ficar longe, porque aquilo era encrenca, mas não! Eu sou uma pirata não sou? Preciso ser forte e dominar o meu nojo, como fiz durante este ano.

- Gostaria muito, mas muito – disse com a voz baixa, o chamando com o dedo indicador, sussurrando em seu ouvido – trocar de cela.

- Sabe que isso lhe custa um preço... não sabe – ele disse me olhando novamente de cima a baixo - ...mocinha.

 Dei um sorriso amarelo, acenando a cabeça.

 O homem pareceu convencido e se afastou, dizendo que ia pegar as chaves e logo estaria de volta e todo animado, ele se foi por alguns instantes, me dando tempo de explicar o plano a Henry, não antes de ter um ataque de nervosismo.

- Que nojo – falei baixo

 Porém Henry estava já de pé, atrás de mim, o suficientemente próximo para escutar e até sentir meu corpo se arrepiar de repudio. Escutei o rindo e me virei.

- Engraçadinho – disse nervosa – Já entendeu o plano, ou quer que eu desenhe?

- O charme feminino sempre pega o homem desprevenido – ele concluiu, me olhando.

 O olhar de Henry sempre me irrita, mas o que especialmente dá conta do recado é sempre este, que me olha com cobiça, como se estive tirando cada pedacinho da minha roupa. Eu sei que já havia passado uma noite com ele, mas mesmo assim, ainda me sentia desconfortável com aqueles olhos passando por minhas curvas, desenhando lentamente meu corpo, como se ele estivesse se lembrando daquela noite, onde vira tudo.

 Balancei a cabeça e esperei com uma resposta, o encarando com ares sérios, cruzando os braços.

- E então? – insisti

- Entendi Mary – ele respondeu, pela primeira vez, cansado – Quero logo sair daqui, não fiz nada.

- Nada para este rei né – completei – Para o resto da sociedade você fez um belo estrago, pelo que sei.

- Você também – ele retrucou.

- Ora seu...

 Naquele momento o guarda entrou no recinto e eu fiz o que mais gosto de fazer em momentos como este, voltei a dar um soco bem dado em Henry, que caiu para trás, de inicio sem entender e depois se deixando ficar no chão, como se estivesse desacordado.

- Demorei tanto assim? – o guarda comentou divertido – Este ai voltou a lhe importunar muito?

- Sabe como é, o charme feminino – comentei calma, puxando novamente minha saia para cima.

 Aquele homem rechonchudo pareceu gostar do meu charme improvisado, talvez parecesse mais natural, admito que nunca usei este tipo de tática para fugir, sempre fui adepta a espada cravada no meu oponente enquanto eu fugia, mas aquela situação era bem diferente das de sempre, alias, estar com Henry sempre provocava isso, além de confusão, situações incomuns ou não vividas por mim.

 Voltei a me concentrar no homem, balançando os quadris impaciente, enquanto ele abria a porta para mim. Isso, só mais um pouco e eu posso sair dessa porcaria, pegar Carlos e ver qual será o resto da minha vida.

 Ele demorou a abrir, como se estivesse fazendo uma espécie de jogo comigo, vendo que eu estava impaciente, sorrindo para ele. Os segundos me torturaram até que vi a porta se abrindo e ele me puxando para fora, com voracidade.

 Acabei indo de cara com ele, ficando a centímetros de seu rosto e num ato repulsivo me joguei para trás, tentando manter a calma, sorrindo, enquanto sentia a mão do guarda passar pela minha cintura e meu corpo todo se estremecer de raiva, mas ele riu alto, como se estivesse pensando que eu tinha gostado daquilo.

- Temos algum tempo até a troca de turno, então – ele continuou – podemos nos divertir.

- C-claro – disse meio incerta, me virando de costas para ele – Vai me por num lugar melhor que este, não vai?

 Alguém poderia me explicar porque minha voz parecia com um miado de um gato quando está no cio? Até eu estou me sentindo uma vaca, mas TUDO BEM, tudo pela sobrevivência. É a gente aprende essas coisas quando se é pirata e é mulher, mas mesmo assim, não deixa de ser uma das coisas mais grotescas que estou fazendo na vida.

 Ele pareceu gostar quando fiz isso, então continuei, descendo até o chão, vendo a expressão de choque e desejo nos olhos do, já de pé, Henry, que me olhavam. Tinha gostado daquilo, admito, me sentir desejada assim por aqueles olhos cor do mar flamejantes, porém, me sentia mal por estar me insinuando, claramente, a ele naquele momento.

 Virei por um momento para olhar o rosto do homem que estava completamente animado com a situação e estava de olhos fechados. Como ele estava animado desde que abrira a porta e Henry, antes, parecia desacordado, o burro deixou o portão aberto, então, enquanto ainda me esfregava nele, chamei Henry com um das mãos, gesticulando para que ele corresse e me ajudasse.

 Demorou um pouco para o bobão se mexer, mas voltou a realidade, até que rápido, e veio até mim, como um gatinho, a passos leves porém bem afastados, para ganhar espaço e saiu, vindo para trás do guarda o pegando pelo pescoço.

 Não demorou muito até escutar um barulho como se algo estivesse se quebrando e então me virei, vendo o corpo mole do homem ao chão, sem vida. Henry havia o matado?

 Pasma, olhei para cima, vendo a expressão de ódio nos olhos de Henry, que se dirigiam claramente a mim naquele momento. Fingi não olhar e tentei disfarçar a surpresa, mas nunca havia visto ele matar sem necessidade, mesmo que esse fosse o meu desejo o tempo todo enquanto aquele nojento me tocava.

- Vamos – comentei baixo – Eles vão demorar um pouco para sentir nossa falta.

 Henry concordou em silencio e começamos a andar até chegar numa sala familiar, onde tínhamos esperado algumas horas mais cedo para ir para a “prisão” do castelo. Respirei fundo, tentando pensar em por onde ir, quando dois guardas aparecerem a nossa frente, de inicio um pouco confusos e depois pegando suas armas, que felizmente, não eram de fogo.

 Fui a primeira a me aproximar para enfrenta-los, não vendo Henry, mas segundos depois ele estava ao meu lado, cuidando do outro guarda enquanto eu puxava uma faca escondida em minha bota e lhe dava um golpe certeiro no estomago, o que o fez cair desacordado no chão.

 Quando terminei o guarda que Henry ficou encarregado já estava no chão e ele, com olhar de vitória, coçando seu belo e empinado nariz de Capitão. É, ele era bom naquilo que havia escolhido ser, assim, me permiti alguns segundos admira-lo em ação, enquanto ele cuidava de outro que provavelmente escutara o barulho.

- Por aqui! – Henry gritou do outro lado da sala – Achei uma porta Mary!

 Agora ele parecia uma criança novamente. Sorri rapidamente antes de ir a seu encontro e entrar pela porta. Corremos alguns corredores, viramos em outros, e subimos algumas escadas até estarmos na parte de cima.

- Porque viemos para cá? – perguntei intrigada.

- Você não quer pegar o menino? – Henry perguntou curioso – Vi a dor em seus olhos quando achou que o tinha perdido. Se apegou a ele, não é mesmo?

 Henry estava certo, porém a surpresa havia tomado conta de mim totalmente. Ele sabia tanto assim de minha pessoa que podia ler minha mente? Meu coração, já acelerado pela correria, começou a dar aquelas palpitações de aviso, e senti que ia vacilar num momento tão importante quanto este. Então, apenas balancei a cabeça e perguntei o obvio.

- Onde será que fica o quarto dele?

- Terceira porta a direita

 Uma voz atrás de nos soou fraca.

 Levei um susto e pulei, olhando para trás, mas me aliviando rapidamente ao ver que era um rosto conhecido, a muito tempo não visto. Mercedes.

- Como sabe? – Henry perguntou surpreso.

- Vim te buscar – ela comentou, ignorando a pergunta.

 Seguimos Mercedes pelo corredor vazio e viramos. No meio do trajeto não pude deixar de lhe tocar o ombro, num gesto amoroso, o que a levou a dizer palavras que me fizeram sorrir como uma criança animada.

- Também senti sua falta mocinha.

 Não demorou muito para que eu já estivesse lá dentro do quarto, correndo na direção de Carlos, que ao ver-me, correu ao meu encontro e me abraçou fortemente.

- Mary! – ele dizia baixinho, com lagrimas nos olhos – Me leve com você.

- É para isso que estamos aqui baixinho – comentei calma, o puxando para meu colo.

 Este momento fora rápido, já que não queríamos correr perigo.

 Particularmente falando me sentia completa agora, cercada por pessoas que eu amava e muito. Mercedes, Carlos e... Henry. O olhei de canto e vi que ele estava tão empenhando quanto eu de sair daquele lugar, seu semblante serio e atencioso me mostrava isso.

 No meio do caminho acabei me lembrando da ultima vez que nos vimos, e não tinha sido nada bom. Ainda precisava pergunta-lo o porquê daquela despedida tão estranha, e a historia de nossos pais, mas agora não importava muito, se não saíssemos vivos daqui, nada mais importaria.

  Mas outra coisa que não demorou foi para encontrarmos mais guardas, quando já estávamos próximos da saída e dessa vez eles estávamos acompanhados de seu querido (hipócrita) rei, que a essa altura era normal já ter sido avisado sobre nossa fuga. Ninguém era tão burro assim.

 Paramos, olhando para a quantidade absurda de guardas e a expressão de vitória do reizinho, que parou de sorrir ao ver que estava com Carlos em meus braços.

- Devolva meu filho! – ele berrou furioso.

- Não me faça rir! – disse sarcástica, o protegendo com a mão – Esse menino prefere ficar comigo, me considera mais do que você, acha mesmo que vou deixa-lo com uma idiota como você que nem deve dar atenção a ele?

- Não diga como criar o meu filho!

 Nesse instante o homem se aproximou furioso contra mim, que estava alguns passos a frente de Henry e Mercedes. O medo tomou conta de mim, eu não queria perder Carlos, mas qualquer movimente brusco eu podia machuca-lo. Fique parada, apenas esperando que ele viesse, apertando meu pequeno contra o corpo o mais forte que podia, enquanto o mesmo me apertava com suas mãos pequenas.

 Antes que ele chegasse a mim, vi uma mão segurar lhe o braço, num movimento brusco e raivoso.

- Você não toca mais nela – Henry disse irritado – Nunca mais.

 O meu Capitão estava transtornado? Eu podia ver a ira em seus olhos, e me lembrei de suas palavras enquanto estávamos trancados. Ele não tinha suportado o fato de eu ter levado aquele tapa na cara e o homem que o fizera estava a nossa frente, a ponto de fazer de novo.

 Mercedes me puxou para trás aos poucos, e os guardas se aproximaram lentamente. Estes por sua vez, tinham armas de fogo, mas não queriam atirar com o seu rei a milímetros do meliante, logico. Um tiro errado poderia ser a morte do rei e a desgraça a quem o tivesse feito e ninguém queria ser o primeiro a tentar.

 Henry, com um movimento rápido, virou o rei e o colocou de costas para ele, ainda puxando seu braço com muita força, como se quisesse quebra-lo, com os olhos flamejando vingança e um sarcasmo puro e sombrio em sua voz, enquanto ele “negociava” com os demais presentes na sala.

- Vamos embora com o menino, e seu rei não sofre nenhum arranhão.

- Não o escutem fa—

- Cale-se! – Henry berrou em sua orelha, puxando ainda mais seu braço – É muito fácil quebrar esse seu braço sujo, senhor, portanto, fique quieto a menos que não queiria sentir dor.

 A palavra dor saia com tanta vontade de sua boca que senti os pelos de minha nuca se arrepiarem, enquanto via o verdadeiro Capitão Henry Morgan em ação. Então era assim que ele era para ser o mais procurado? Era justo agora. Mesmo achando estranho não ver medo em seus olhos como sempre, era assim que eu queria que ele fosse, corajoso, destemido, mas espero que não perca a cabeça.

- Okay – o rei disse vencido – Vão.

- Vão? – Henry disse sarcástico – Você vem conosco. Vamos  Mary, Mercedes.

 Ele chamou e logo estávamos prontas, a seu lado. Também, com aquele comando forte, o que poderíamos fazer a não ser obedecer?

 Fomos andando vagarosamente até a entrada, sendo monitorados por todos os guardas, que estavam com suas armas apontadas para nós. Qualquer passo em falso, um tiro disparado e cada um por si.

 Porém as coisas não ocorreram assim.

 Henry se aproximou de mim, firme, gesticulando a frase: “Quando eu soltar, corra”

 O sague passou a fluir mais rápido pelo meu corpo e eu voltei a apertar Carlos nos braços, e assim que vi Henry largar o rei e se despedir parecendo um galã, comecei a correr como nunca havia corrido na vida e de forma mais sensata já havia colocado Carlos no chão, ele tinha aproximadamente 8 anos, era pesado e podia correr. Assim ficaria mais fácil.

 Os guardas vieram atrás de nós cidade a fora, atirando para todos os lados, o que me irritou um pouco, em ver que com a população, eles não tinham o menor cuidado, atiravam e quem estivesse no caminho não tinha importância. Mesmo que eu tivesse sangue frio, ele estaria fervendo de ódio como está no momento, a situação é completamente irritante.

 Por sorte, eles se perderam em um dos becos que entramos e pudemos parar para descansar, exaustos da corrida até, o que parecia ser, o centro comercial.

- Carlos, você está bem? – perguntei subitamente.

- Sim, obrigado Titia Mary – ele disse alegre, respirando fundo.

- E vocês? – perguntei igualmente preocupada.

 Mercedes fez um sinal com as mãos para que eu não me preocupasse e Henry sorriu calorosamente, fazendo minhas bochechas arderem um pouco, enquanto sorria de volta, aliviada.

 O trajeto de lá até o porto fora rápido, o problema estava quando chegamos lá. Os navios ainda estavam um ao lado do outro e eu parei, sentindo o sangue gelar, olhando para Carlos e depois para Henry, que me olhava esperançoso, possivelmente esperando que eu cumprisse com o nosso acordo feito a poucas horas.

 Matt veio a meu encontro, parando aquele momento um pouco. Uffa.

- Mary! Vocês estão bem? – ele perguntou preocupado

- Estamos, e vocês?

- Tivemos alguns problemas – ele respondeu – mas tudo ocorreu bem no final. Já podemos ir? Vejo que trouxe nosso baixinho de volta.

 O sorriso de Matt me contagiou, fazendo-me sorrir por um breve momento, vendo Carlos correr para seus braços, feliz em vê-lo. E agora era o momento de dizer que os planos iam mudar.

- Matt – disse com a voz fraca, quase falhando.

- Sim? – ele perguntou curioso, me olhando.

 Virei o rosto para Henry, que me encarava esperançoso e muito ansioso por minhas palavras, assim como Matt, então, me virei, respirando fundo, com grande decepção do que estava fazendo e proferi as palavras em tom calmo.

- Arrume o pessoal, vamos voltar para o barco deste idiota.

 Logo após dizer aquelas palavras dei alguns tapinhas nas costas de Henry, que fez cara de desentendido, ao contrario de Matt, que gargalhava, soltando Carlos, colocando uma das mãos no rosto, como se não conseguisse conter o riso.

- Como eu sabia que isso ia acontecer? – ele dizia docemente – Tudo já está preparado, já abandonamos o barco, alias, eu e mais uns três. O resto ficou, se recusou a servir Henry.

 Surpresa, acabei no riso também, enquanto ia para o barco ao lado de Matt e Carlos, com Henry a nossa frente, ao lado de Mercedes. Escutei dois gritos agudos e presumi que fossem de Carly e Katherine. Suspirei, então elas ainda estavam por ali? Algumas coisas simplesmente nunca mudam, tenho que me conformar com isso.

 Nos aproximamos da tripulação, ainda confusa, olhando para mim e para Matt, com Carlos grudado em nós.

- BEBE!

 Escutei Katherine falar com emoção e correr até mim, me agarrando e enfiando no meio de seus peitos, enquanto continuava emotiva.

- Não acredito que voltou para nós!

- Também senti saudades Katherine – respondi baixo, me afastando.

 O pessoal começou a rir e me senti em casa, acolhida. Só então que percebi o quanto tinha sentido falta daquele barco, daquele ambiente tão familiar para mim.

 Olhei de relance para Carly, que apenas sorriu docemente ao ver que eu tinha retornado, é logico que ela não estava nenhum pouco feliz e já estava arquitetando alguma coisa, mas desta vez seria diferente, eu teria algumas cartas na manga, então: “Pode vir”. Pensei com gosto, enquanto sorria.

- Interrompendo a festa.

  Escutei a voz de Henry e todos pararam de gritar animados, prestando atenção nele.

- Apresento-lhes nossa nova Co-Capitã Mary Bonnie e claro, o bom e velho Matt e o mais novo tripulante Carlos!

 As palavras passaram rapidamente por mim, trazendo novamente aquela surpresa estranhamente gostosa. Ele tinha me nomeado Co-Capitã, porém, não consegui fazer nada a não ser sorrir no momento e depois ser puxada por Mercedes, enquanto os tripulantes fechavam tudo para começarmos nossa viagem no mar. Chegando na cozinha, senti o abraço quente e confortável de mãe de Mercedes.

- Fiquei tão feliz em saber que voltaria – comentou chorosa – Sentimos muito sua falta, não sabe o quanto.

- Igualmente Mercedes e você sabe disso.

- Você veio para ficar, não é? – perguntou preocupada.

- Por mim, sim. Mas nunca sabemos o que os mares planejam, não posso confirmar nada.

 Já estavam todos dormindo quando finalmente consegui sair de lá de dentro e seguir para fora, vendo Henry lá em cima, guiando o timão bravamente, distraído e o melhor: Bem humorado. Me certificando de que não tinha ninguém rondando o barco, me aproximei dele, começando a conversa com um assunto leve.

- Co- Capitã? – falei com um tom divertido na voz

 Henry não pareceu se assustar com minha presença.

- Não gostou? Achei que seria uma boa posição para você, afinal, te tirei de uma posição alta.

- Desde quando você é justo comigo? – perguntei sarcástica.

- Desde quando aprendi que assim é mais divertido – ele respondeu no mesmo tom – Ver você assim, surpresa, é divertido.

 Nossos olhos passaram a se encontrar naquele momento e sorrimos. Nada poderia substituir aquele momento pacifico em nossas vidas. Ele tocou levemente minha mão, e não a tirei dali, aquilo era apenas um gesto de afeto comum entre pessoas, ninguém iria pensar nada se aparecesse do nada. Me afundei mais uma vez naqueles olhos cor do mar em pensamentos profundos, me perguntando se algum dia iria deixa-lo novamente. As lagrimas contidas todos esses anos queriam sair e saíram, após escutar aquela frase vinda tão calma, por entre as ondas do mar, sentindo seu abraço inesperado e quente me envolver, enquanto ele me apertava contra si, repousando as mãos em minha cintura. Aquelas eram as três palavras que eu mais desejei ouvir de voltar aquela tripulação, naquele lugar, naquelas braços: Sentia sua falta.

 Amanhã seria outro dia, e provavelmente eu não poderia aproveitar seus braços quentes a minha volta, então, simplesmente retribui o abraço com toda a força que tinha, me entregando de corpo e alma aquele gesto pequeno e significante, apertando minhas mãos sobre as costas largas de Henry, enquanto pronunciava as mesmas palavras, afundando meu rosto em seu pescoço.


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Notas finais do capítulo

E então? A boa noticia é que o priximo capitulo está pronto, mas claro que não vou postar agora, daqui a dois dias eu posto, lhes prometo ! (:
Beijos e boas ferias pessoal!
OBS: Dessa vez respondo UM por UM dos reviews, faço questão e_e