Sessão Especial escrita por perkhanbeth


Capítulo 1
Sessão Especial


Notas iniciais do capítulo

Olaaaar, estou de volta com mais uma fanfic desse casal maravilhoso que é Percabeth!
Essa fanfic tem uma leve inspiração no filme Simplesmente Amor (Love Actually) então tem um spoiler, então se você não gosta disso recomendo não ler. Além disso, se passa na época do natal, eu pensei em esperar até lá para postar, mas não ia aguentar por isso estou aqui hahaha
Boa leitura!



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Sexta-feira, 22 de dezembro

15:45

Percy nunca tinha ficado tão animado em ouvir o sinal tocar indicando o final da última aula do ano. Ele recolheu seus matérias o mais rápido que pode, sem se preocupar em colocar o cachecol ou as luvas, e se despediu de Rachel, sua melhor amiga, com um aceno rápido. A garota deu risada da animação do amigo, nunca tinha visto ele assim antes, nem mesmo quando ganhou o campeonato de natação do colégio.

O emprego de meio período de Percy ficava a menos de quinze minutos a pé da Goode High School, colégio onde ele cursava o último ano, mas naquele dia em especial Percy fez o percurso em cinco minutos, apesar da calçada escorregaria por causa da neve comum no final de ano nova-iorquino.

— Percy? Nossa cara, você chegou cedo hoje – exclamou Grover, seu supervisor e grande amigo – Aah hoje é o grande dia, né?

Percy assentiu nervoso torcendo as mãos, de repente toda a animação foi embora e o medo tomou conta. E se desse errado? Como ele iria lidar com a situação?

— Relaxa cara, tenho certeza que vai dar tudo certo – Grover disse como se tivesse lido seus pensamentos e colocando a mão em seu ombro, em seguida ele balançou a cabeça dando risada – Não acredito que você vai fazer mesmo isso.

— É o único jeito.

Grover deu risada mais uma vez e mandou Percy ir para os fundos se trocar, o turno dele naquela noite seria na bilheteria, até 17h30, horário da sessão especial em que ele estaria liberado para realizar o seu plano.

Quando tinha 14 anos, Percy decidiu que queria começar a trabalhar para ajudar sua mãe, já que ela o criava sozinha após o pai dele ter sumido do mapa. No começo, Sally foi contra a ideia de seu menino trabalhar tão cedo, ela mesma havia começado a trabalhar com mais ou menos aquela idade e sabia o quão difícil era, mas no final eles acabaram fazendo um trato: Percy poderia trabalhar desde que conseguisse manter suas notas – que já não eram das melhores por causa da dislexia e do TDAH – e ficaria com metade do dinheiro para gastar com o que quisesse e a outra metade seria guardada em sua poupança para a faculdade.

Foi assim que Percy arranjou um emprego no Olympus, um cinema pequeno, mas aconchegante, a algumas quadras de sua escola e que aceitou que o rapaz trabalhasse apenas nos horários livres durante a semana e um final de semana a cada quinze dias.

Foi no Olympus que Percy conheceu Annabeth. O tio de Annabeth, Apolo, é o dono do cinema e a menina cresceu assistindo os mais diversos filmes naquele lugar, como tempo a garota admitiu ser uma cinéfila e continuou a frequentar constantemente o cinema do tio, por isso todas as sextas-feiras Annabeth aparecia para as sessões especiais do Olympus, que consiste em sessões de filmes em que as pessoas compram o ingresso para o filme sabendo apenas qual o gênero do filme.

Desde a primeira vez que a vi em sua primeira semana de trabalho dois anos antes, Percy não conseguia parar de pensar nela e os dias que ela surpreendentemente aparecia no cinema porque algum filme em cartaz a interessa eram os melhores para Percy porque ele não teve que esperar até a sexta para ver aqueles olhos cinzentos novamente.

Mesmo sendo sobrinha do dono, nenhum funcionário, além de Thalia, meia-irmã do dono do cinema – Zeus, o pai deles, não era o mais fiel dos maridos – que cuida do local quando o irmão não está, sabia muita coisa sobre Annabeth, já que ela nunca parava para conversar antes ou depois dos filmes, e como Thalia nunca foi com a cara de Percy, ele nunca teve coragem de perguntar sobre a loira para a chefe, então Percy apenas a observava todas as sextas-feiras enquanto comprava o seu ingresso, uma pipoca pequena e um refrigerante antes das sessões, sem ter coragem de falar mais do que duas palavras com ela.

Isso até um mês antes. Na terceira semana de novembro, Annabeth apareceu no Olympus todos os dias e assistiu cada um dos filmes em cartaz, mas na sexta-feira, ao contrário do esperado, ela não assistiu à sessão especial.

— Mudança na rotina? – perguntou Percy quando a garota saiu da sala 6, onde havia acabado de terminar uma sessão de uma comédia romântica qualquer. Ele não fazia ideia da onde tinha tirado coragem para falar com ela.

— Desculpe? – perguntou sem entender.

Percy apontou para a sala 1, onde ainda estava passando o filme especial da semana.

— Você sempre assiste à sessão especial às sextas, mas hoje você preferiu a comédia romântica.

— Acho que até a mais durona das garotas pode ter um fraco por romance algumas vezes – disse desviando os olhos.

Percy assentiu mesmo sem entender muito bem o que ela quis dizer e começou a se afastar para limpar a sala já vazia.

— Na verdade, eu não assisti ao especial da semana porque consegui arrancar do meu tio qual seria o filme e descobri que já tinha assistido então preferi assistir esse romance bobo – disse impedindo que ele se afastasse. Percy percebeu pelo tom de sua voz que ela parecia envergonhada.

Percy deu de ombros.

— Não acho que seja bobo.

— Não? – perguntou desconfiada.

— Minha mãe me criou sozinha e é escritora, algumas vezes ela escreve romances e quando ela está sem inspiração costuma fazer uma sessão de comédias românticas, assim ela pode se inspirar, ver os clichês que ela deve evitar e continuar a escrever, então eu sempre acabava assistindo junto com ela. Alguns dos meus filmes favoritos são comédias românticas – admitiu – Só não conta pro Grover, senão ele vai me encher o saco por nunca ter visto Velozes e Furiosos e adorar Uma Linda Mulher.

Annabeth deu risada e Percy sorriu, nunca tinha visto ela dar risada e ficou muito feliz de poder ser o causador de seu riso.

— Eu sei como você se sente – disse finalmente olhando-o nos olhos – Eu assisto a muitos filmes, quase todos os filmes que você possa imaginar, não sei se você percebeu – foi a vez do dono dos olhos verdes dar risada – Mas o meu filme favorito de todos é Simplesmente Amor, a cena do Andrew Lincoln se declarando para Keira Kinghtley com cartazes na noite de Natal é a minha favorita de todas, choro todas as vezes.

Os olhos cinza da loira ficaram ainda mais brilhantes ao falar do filme e Percy sentiu seu coração disparar. O encanto do rapaz foi quebrado pelo celular da loira, que começou a tocar.

— Ahn, eu acho que tenho que ir – disse olhando o celular, mas sem atender – Até mais.

Annabeth acenou e começou a se afastar.

— Até – foi o que Percy respondeu, mas ela já estava longe demais para ouvir.

Desde então, Percy não tem pensado em outra coisa além de Annabeth e o seu filme favorito, ele nunca tinha assistido, mas fez questão de comprar o DVD e assistir diversas vezes até decorar as falas. Quando dezembro começou, Percy passou a importunar Grover para o filme que fosse passado na sexta-feira antes do Natal fosse Simplesmente Amor e contou o seu plano para ele, demorou alguns dias, mas o moreno conseguiu convencer o melhor amigo a conversar com Apolo e encomendarem o filme.

Percy planejou tudo cuidadosamente e contou os dias até aquele dia. Ele nunca tinha feito nada do tipo, mas aquela garota, com aqueles olhos que ele nunca imaginou que fossem possíveis serem reais, que não saia da sua cabeça a mais de dois anos, mesmo sem saber nada sobre ela, ela valia a pena o risco, pelo menos ele achava que valia.

O seu turno na bilheteria demorou para passar e parecia que a cada minuto que passava a neve caia com mais força do lado de fora. Casais iam e vinham do cinema e Percy podia imagina-lo junto com Annabeth, brigando para escolher qual filme assistiram, comprando o maior balde de pipoca, andando de mãos dadas pelo corredor e sentados lado a lado nas poltronas de estofado gasto.

17:00

O garoto trabalhou no automático até as cinco horas da tarde, horário em que eles começavam a vender os ingressos para a sessão especial, que foi quando o movimento aumentou, apesar da neve estar cada vez mais forte, e ele ficou alerta para a chegada da loira, que sempre chegava vinte minutos antes do começo da sessão.

17:20

Ela estava atrasada. Ela nunca se atrasava. E ela também nunca perdeu uma sexta-feira, mesmo quando não assistia à sessão especial, ela sempre aparecia às sextas.

Apesar do frio, as mãos de Percy suavam e tremiam. Ela não podia simplesmente não aparecer no dia em que ele mais queria vê-la.

17:25

Ela não viria.

17:29

Ele já havia desistido, todos os seus planos e seus esforços haviam ido por água abaixo. Ele encarava as mãos decepcionado e odiando a si mesmo por não ter tomado nenhuma atitude antes.

17:30

— Uma para a sessão especial, por favor – Percy levantou os olhos ao ouvir o pedido e lá estava ela, uma touca vermelha cobrindo os cachos loiros, o seu nariz e suas bochechas estavam rosadas e ela estava ofegante, como se tivesse corrido uma maratona para chegar até ali.

O moreno não conseguiu conter seu sorriso e entregou o ingresso para a loira. O ingresso dela já estava separado desde o começo da tarde.

— Já vai começar – disse com um sorriso.

— Sem pipoca hoje – respondeu com um meio sorriso e saindo correndo até a sala 1.

Percy esperou a garota entrar na sala e também saiu correndo, pegando os cartazes e jogando a chave da cabine para Grover no balcão da lanchonete. O mais velho deu risada e desejou boa sorte antes do mais novo entrar na sala 1.

Percy se esgueirou até a primeira fileira e se sentou para esperar até a sua hora.

O filme transcorreu normalmente, com algumas risadas da plateia e Percy teve que se segurar para não repetir todas as suas falas preferidas junto com os atores. Conforme a hora em que ele teria que entrar em cena se aproximava, ele ficava mais agitado, suas pernas tremiam e seus cabelos estavam mais bagunçados do que a juba de um leão de tanto passar as mãos.

Quando o personagem de Andrew Lincoln apareceu na tela pronto para se declarar para Keira Kinghtley, Percy se levantou correndo e se posicionou na frente da tela, as luzes do cinema ficaram um pouco mais fortes, apenas o suficiente para que pudessem ler os cartazes do rapaz. O moreno localizou a loira na penúltima fileira e ela parecia surpresa em vê-lo ali.

Em suas costas, Andrew Lincoln dizia através de cartazes que era apaixonado pela mulher do melhor amigo. Percy podia ver que ela não estava prestando atenção no filme e sim em seus cartazes, que diziam:

COM SORTE, NO ANO QUE VEM,

EU VOU ESTAR NA FACULDADE

VOU CONHECER PESSOAS DIFERENTES

MAS, AGORA, QUERO LHE DIZER

COM MUITAS ESPERANÇAS E PLANOS

SÓ PORQUE É NATAL

(E NO NATAL A GENTE FALA A VERDADE)

É VOCÊ QUE EU QUERO

E MESMO SEM SABER MUITO SOBRE VOCÊ

PARA MIM, VOCÊ É PERFEITA

E SE VOCÊ PERMITIR, QUERO SABER TUDO SOBRE VOCÊ

E ESTAR AO SEU LADO HOJE, AMANHÃ, ANO QUE VEM

SE VOCÊ ACEITA, VENHA ME DESEJAR FELIZ NATAL

 

As luzes voltaram a se apagar quando Keira e Andrew se beijaram na tela, Percy se afastou e saiu da sala com o coração batendo acelerado. Ele conseguiu.

O moreno imaginou que ela esperaria até o final do filme para vir falar com ele, mas, poucos segundos depois de ter passado pelas portas da sala 1, ele viu uma cabeleira loira cacheada sair correndo da sala.

— Oi – foi tudo que ele conseguiu dizer. Em nenhum dos seus sonhos, imaginou que teria uma reação imediata como aquela.

— Oi – ela abriu o sorriso mais encantador que ele já tinha visto na vida, fazendo o seu coração dar um pulo dentro do peito – Acho que eu nunca perguntei o seu nome, mas o meu é...

— Annabeth – Percy disse – Eu sei, bom é basicamente tudo que eu sei sobre você, além de que você é prima da Thalia, é doida por cinema e ama Simplesmente Amor.

Annabeth sentiu seu rosto esquentar e ela teve que se esforçar para sustentar o olhar do rapaz.

— Eu sou o Percy – disse estendendo a mão.

A loira apertou a mão dele e só com o toque dele sentiu algo que nunca tinha sentido antes, parecia que suas mãos tinham sido feitas uma para a outra.

— Bom, Percy... Feliz Natal!

Percy abriu o maior sorriso de sua vida e se aproximou da garota.

— Feliz Natal, Annabeth.

Eles ficaram se olhando e sorrindo.

— Pelo amor dos deuses, se beijem logo – eles ouviram Thalia falando.

Foi então que eles perceberam que o saguão do Olympus estava lotado, todos que estavam na sala 1 haviam saído para saber o final daquela história de amor e todos os funcionários do cinema também observavam o casal.

O rosto de Annabeth ficou vermelho como a sua touca e Percy a achou mais linda ainda. Ele colocou a mão em seu rosto e se aproximou, encostando os seus lábios.

Ele finalmente estava beijando a garota dos seus sonhos. Natal, definitivamente, era a melhor época do ano.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Espero que tenham gostado :D



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