Seis meses se passaram e a harmonia e o amor do casal Katherine Beckett Castle e Richard Castle cresciam a cada dia e a rotina doméstica tomou o seu curso natural.

O incidente com o Michael Hummer ficou no passado, contudo, para evitar novos episódios constrangedores, ele nunca mais foi convidado para participar de reuniões da família Castle.

Flynn já estava completamente adaptado à família, aos amigos e à nova cidade. Kate e Rick o levavam sempre para Boston para matar a saudade do Nick e da Alice, pois os amava muito e, por sentir saudade, falava muito neles. Com o consentimento de Kate e do Castle, o Nick sugeriu que o menino os chamassem de “tio Nick” e “tia Alice” e o menino achou bacana.

Flynn fora matriculado em uma creche maravilhosa perto de casa, muito bem recomendada por amigos e pedagogos.

Castle começara a escrever seu novo livro, voltando também a atuar no seu escritório de investigação, agora somente com a Hayley, já que a Alexis aceitara o convite e fora trabalhar com o Comissário da NYPD, Roy Montgomery, em uma atividade para a qual ela se preparara, com esmero, nas suas duas Pós-Graduações.

Kate continuava a frequentar as sessões com o Dr. Burke e ele já suspendera os medicamentos e lhe dera permissão médica para o retorno ao trabalho.

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A creche frequentada por Flynn fazia parte de uma das melhores escolas de Manhattan, onde estudavam os filhos dos ricos e famosos, onde a instrução, a formação e segurança do estudante estavam em primeiro lugar, portanto, tanto Kate quanto Castle poderiam trabalhar despreocupados.

Quando o Dr. Burke avisou a Kate que o tratamento continuaria com apenas uma sessão semanal, mas que ela já estava apta a retornar ao trabalho, o Comissário Montgomery a convocou para uma reunião onde ficou decidido que ela reassumiria como Capitã da 12ª Delegacia e que o Michael Hummer seria transferido, sem qualquer transtorno pessoal ou profissional, para uma nova delegacia que ele próprio havia escolhido, onde assumiria a mesma função, ou seja, Capitão do Distrito.

Como qualquer policial que fica afastado, não importando o motivo, Kate passou por uma avaliação especial de competência profissional, inclusive tiro, dentre outras, e foi aprovada com louvor.

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Aquela segunda-feira estava linda em Nova York e o Castle já tinha levado o filho para a creche e retornara rapidamente ao loft a fim de estar presente no momento em que sua esposa saísse para o seu primeiro dia de trabalho.

Kate já estava pronta e belíssima!

Mesmo tendo escolhido sua roupa na véspera, ela estava indecisa devido a ansiedade de retornar ao trabalho depois de mais de três anos ausente. Ela usava um terninho na cor bege, com uma echarpe de seda com estampa de onça que dava um charmoso laço no pescoço.  

O blazer marcava sua cintura fina e a saia era justa e ia até o joelho, deixando aparente as longas e lindas pernas torneadas. Usava um scarpin preto salto agulha que alongava ainda mais sua silhueta esguia e perfeita.

O cabelo estava solto e os suaves cachos que Kate modelara naquela manhã, cascateavam pelos ombros. A maquiagem estava suave e primorosa. Seus olhos verdes, como sempre, estavam emoldurados por longos cílios e realçados com um grosso traço de delineador negro nas pálpebras superiores. Nos lábios, usava o tradicional batom nude, sem brilho.

Castle adentrou o closet e constatou que sua esposa estava tensa e logo viu que o melhor a fazer seria deixa-la leve e nada melhor do que provocá-la e nisso ele era expert.

— Hey, mocinha, a senhora tem mesmo que ir trabalhar assim tão bonita? – Ele lhe entregou um chá de camomila fumegante que ela aceitou. – Acho que um jeans e um blazer negro com uma botina ou mesmo um tênis, ficariam ótimos...

— Ah, Rick! Você é um amor! – Kate foi até o marido e lhe deu um selinho e sorriu diante da tentativa dele em alegrá-la, mas rapidamente gemeu em sinal de tensão – Estou tão nervosa! – Ela deu um pequeno gole no chá, mas logo depositou a xícara na cômoda ao lado e neste momento Castle a abraçou pela cintura e a confortou.

— Você está nervosa? Não sei porque, Beckett... Ãããnnhh!!! Veja bem... Você não precisa ficar tensa, meu amor, pois você trabalhou lá por muitos e muitos anos e o último ano, inclusive, como Capitã do Distrito. Lá você ouviu milhares de depoimentos e botou atrás das grades mais criminosos do que você possa calcular. Como você mesma disse uma vez, ali é a sua casa. As paredes ali te conhecem, Kate. Então, meu amor, afaste esse pânico porque o Prefeito, o Comissário e seu pessoal confiam completamente em você e te respeitam por tudo que você sempre foi e sempre vai ser. Portanto, ânimo, garota!

Castle ainda mantinha a esposa presa pela cintura. Ela circulou o pescoço dele com os braços e, ficando nas ponta dos pés, ela deu um monte de selinho nele – Oh, meu Deus! Nada com ter um marido charmoso, bonitão, apaixonado, carinhoso e que sempre me diz coisas lindas e animadoras para me fortalecer. – Kate lhe deu outro selinho – Te amo! – Kate se afastou, se mirou novamente no espelho, fixou os olhos no marido, respirou fundo – Pronto! Estou pronta! Vamos!?

— Como assim, “Vamos!?”, Beckett... – ele indagou.

— Ah... – Kate revirou os olhos e entortou a boca em sinal de deboche – Fácil, Castle. Vamos para a Delegacia. Simples assim.

— Mas eu não vou com você...

— Richard Castle! – Kate voltou a ficar tensa – Você sempre foi o meu parceiro e não vai ser hoje que você vai me abandonar... Justo agora que eu estou assim... tensa...

— Mas Kate, eu era seu parceiro quando você era Detetive e saía para cumprir diligências, investigar os casos na rua, mas como Capitã, meu amor, você vai fazer serviço burocrático interno. Então, eu iria ficar fazendo o que lá na Delegacia?

— Ãããhhnn... – Kate ficou pensativa – Você vai ficar me apoiando, falando suas teorias loucas que eu adoro e que ajudam muito... Vai também ficar me divertindo e... – Ela fez uma nova pausa – levando para mim o café mais gostoso do mundo. – Kate concluiu com expressão de menina peralta – Meu amor, você só não conseguiu me acompanhar nos casos quando a Gates te expulsou de lá, você se lembra, porque você demonstrou ser amigo do pessoal da máfia..., mas depois, quando você me salvou do sequestro do Jerry Tysson e da Dra. Kelly Newman porque eles iam me matar, você conseguiu voltar com honras. – Kate sorriu e deu uma piscada de olho para ele, seduzindo-o – Além do que, amor, sua esposa é a Capitã... Ah, tem mais... Durante todo o ano em que eu fui Capitã, você me ajudou a investigar muitos casos, você está lembrado, Sr. Castle, e muitas vezes até saíamos em diligência com os meninos.

— Mas que horas eu vou escrever meus livros, eihm?

— Você sempre me acompanhou nos casos e nunca deixou de escrever seus livros, Castle... – ela contra-argumentou.

— Só que agora eu tenho menos tempo livre, porque temos um filhinho que eu quero aproveitar ao máximo quando ele não estiver na creche e eu não estiver no escritório de investigação com a Hayley. – Castle justificou.

— Nem sei mais o que dizer, Rick... Estou aflita! Por favor, amor, encontre um tempo para fazer tudo isso e para ficar comigo no Distrito. Nestes três anos em que não trabalhei no 12º Distrito, muitas coisas aconteceram na minha vida... Eu e você fomos ameaçados de morte; eu desapareci da sua vida com medo de te matarem; eu casei com o Nick, um homem por quem eu não tinha amor; eu fui sequestrada e torturada; eu fiquei três longos anos sem te ver; fiquei um ano sem ver o nosso filho e neste ano eu não sabia se vocês dois estavam vivos... Eu estou te pedindo... Pelo menos neste período inicial... Eu tenho certeza que esse meu medo é só porque é o meu primeiro dia... Depois vou ficar bem.

O discurso angustiado de Kate causou arrepios no Castle e ele tinha que tirar da cabeça da esposa aqueles pensamentos macabros do passado, bem assim tentar estripar o pavor e quase pessimismo de enfrentar o futuro e um novo dia de trabalho.

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O Dr. Burke chamara o Castle para conversar em particular sobre o problema de saúde emocional de Kate. O médico o aconselhou a trata-la como sempre a tratou, ou seja, com muito carinho, leveza e humor saudável, mas sem proteção. Dissera ainda que esse medo do retorno ao trabalho seria somente nos primeiros dias e que depois ela iria ver que tudo de ruim ficou no passado e que novos casos e novos criminosos apareceriam e que ela seria forte e competente o bastante para saber lidar com todos eles. Com o passar dos dias, ela voltaria a confiar em si mesma como uma excelente policial.

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— Você quer que eu vá porque, Kate? Quero que pense e responda: Alternativa “A”, porque precisa da minha ajuda na solução dos casos. Alternativa “B”, porque está com medo de enfrentar a Delegacia ou Alternativa “C”, simplesmente porque quer desfilar ao meu lado... O Escritor Charmoso, Inteligente e Bonitão, eihm, meu amor? – Ele zoou.

Castle atingiu seu objetivo, pois Kate riu muito daquelas alternativas que ele lhe dera.

— Sendo bem franca, Castle, a resposta certa é a alternativa “A”, a alternativa “B” e a alternativa “C”... ou seja, todas as alternativas estão corretas, amor – ela sorriu – As três coisas... Rick, o Dr. Bruke disse que talvez eu passasse por esse medo e eu disse a ele que eu me sentiria mais segura se você fosse comigo e ele não se opôs, até porque você tem permissão do Prefeito e do Montgomery para frequentar a Delegacia e eu, como Capitã, também te autorizo... Eu disse a ele que com certeza depois eu ficaria mais fortalecida e ele também concordou.

— Ah, então quer dizer que depois você vai me descartar, é isso mesmo que eu entendi, Capitã? – Castle fez charme e Kate riu da expressão de carente que ele fez.

— Jamais eu vou te descartar, amor. Jamais! Você é essencial em todos os momentos da minha vida. Todos! Todos mesmo. Acredite.

— Então, pensando bem, só vou na condição de você mudar a escrita daquela placa de identificação da sua mesa..., de Capitão Katherine Beckett, para Capitão Katherine Castle ou Capitão Katherine Beckett Castle... Como preferir. A escolha é sua!

— Feito! – Kate comemorou e aplaudiu.

— Sério!? – Ele ficou surpreso com a resposta imediata da esposa – Eu estava brincando, Kate... Eu já tinha decidido que iria contigo, mesmo se você não concordasse em mandar fazer uma nova plaquinha com seu nome...

— Hoje mesmo eu vou solicitar minha nova plaquinha. Vai ser assim: “Capitã Katherine Castle”.

— Que tal a senhora conservar o “Beckett”, pois é o seu nome mais conhecido.

— Ok! Tudo bem! Então vai ser, “Capitã Katherine Beckett-Castle”. Então, vamos?

— Vamos, mas antes eu quero te dar um presente. – Ele tirou do bolso uma caixinha de veludo azul própria para jóia.

Quando Kate abriu a pequena embalagem ela ficou pasma. Era uma corrente grossa em ouro branco e um pingente tipo medalha, também em ouro branco, com a fotografia da sua família, Rick, ela, o Flynn é a Alexis e no verso estava esculpida a palavra mais significativa e marcante da vida deles: “Always!”

Kate depositou a caixinha na bancada ao lado e, comovida, apreciava a joia e então se ergueu nas pontas dos pés e deu um monte de selinho no marido – É lindo, meu amor! Obrigada!

Ele retirou a joia das mãos da esposa e a pendurou no pescoço dela.

— Esta roupa não deixa seu presente aparecer, amor, mas a imagem da nossa família está aqui. – ela tocou no seu coração.

Kate olhou-se no espelho, ficou contente e confiante com a imagem refletida – Agora estou realmente pronta para trabalhar. Vamos? – Ela estava visivelmente menos tensa e mais encorajada a enfrentar seu primeiro dia de expediente.

— Vamos! Kate, como você ainda está sem a sua viatura, vou pedir um taxi... Ou melhor, vamos no meu carro.

Ambos se dirigiram à porta do loft e saíram para darem início a uma nova jornada.

Continua...