Capuz Vermelho - 2ª Temporada escrita por L R Rodrigues


Capítulo 16
Último desafio (Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 2x09

Uma explosão de sentimentos e desejos reprimidos... que não deve ser evitada.



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O corredor se estendia por mais cinco quilômetros. Contudo, Rosie, já demonstrando indícios claros de exaustão, enxergava a porta cada vez mais distante. O Guia, por outro lado, emanava a costumeira calma inabalável enquanto flutuava no mesmo ritmo em que chegou. As chamas das tochas pareciam querer se apagar, mas ainda assim iluminavam o local aceitavelmente, cintilando aquelas duas figuras distintas que percorriam. "Não consigo aguentar um segundo a mais de aguardo.", pensou o Guia, reprimindo uma certa ansiedade. "Eu só preciso que ela ponha o talismã no devido lugar e assim eu revelo o desafio. Não deve demorar mais do que dois ou três minutos. Será rápido. Eu serei rápido."

"É óbvio que ele está me escondendo algo. Se não fosse o caso, estaria eufórico e ansioso. Minhas memórias, meu futuro, minha vida, tudo está em jogo!", pensou Rosie, segurando-se para não por aquele ser magérrimo contra a parede e lhe exigir de uma vez por todas as explicações acerca do mistério. "Tudo isso não passa de um jogo pra ele. É! Ele acredita que eu ingenuamente ponha o talismã em algum local de encaixe e, depois, em um passe de mágica, Abamanu surge na minha frente e me mata para em seguida espalhar morte e destruição por onde quer que passe. Eu não vou cair nessa!"

Por fim, aproximaram-se da grande porta dupla de madeira polida. Telecineticamente, o Guia retirou as correntes com o cadeado, destrancando-a. A porta abrira-se com um leve rangido e de um modo como se recebesse convidados de honra. Entraram devagar. Rosie percorria os olhos pela arquitetura rústica do local. Paredes com tijolos meio alaranjados, muito bem quadriculados, o teto bastante alto e abobadado, sustentado por colunas quadradas de pedra e alguns nichos onde jaziam estátuas incognoscíveis. Uma delas, observadas com estranheza pela jovem, tinha um aspecto um tanto sinistro, aparentando ser uma múmia ou demônio de olhos vermelhos com a boca aberta. Rosie assentiu com um "não" rapidamente, ignorando a estátua - se é que de fato era uma.

Com um estrondo, as portas duplas fecharam-se, graças a telecinesia do Guia. Já se viam no centro da enorme sala. Ao longe havia um largo corredor, cujo fim abrigava duas portas separadas que levavam para diferentes lugares. Rosie fixou seus olhos naquelas portas, imaginando que o desafio consistiria na escolha de uma delas. Logo abandonou tal pensamento, assumindo que seria fácil demais para um último desafio. "Não, com certeza não.", pensou, ainda fitando o corredor.

— O que significa isso? - perguntou ela, olhando ao redor. - Não há nada aqui.

— Olhe para trás. - o Guia apontou, meio distante de Rosie.

A jovem voltara-se para uma espécie de mesa redonda de pedra de tamanho médio. Voltou-se para o Guia.

— Sim. Eu já vi. Agora me fale o porque. - disse, exigente.

— Você está com o talismã? - perguntou o Guia, com ar misterioso.

Rosie, guiada pela sensação de pressa que a pergunta lhe oferecera, procurou em seu cinto ou algum bolsos de sua calça rubra apertadíssima pelo objeto. Nada. O encarou friamente.

— Aonde está?

O Guia, exalando uma aura canalha, mostrou o talismã, pois sua mão estava escondida nas costas. Rosie engoliu em seco e esperou por algo que o incriminasse de vez.

— Muito bem... - de repente, erguera a mão e, em um impulso, jogara o objeto no chão fazendo separa novamente as cinco partes.

Rosie observou o ato atônita.

— Mas... o que você fez?! - seu tom de voz ecoou pelo recinto.

— Ora, não pense que estou tentando pôr tudo a perder. - afirmou ele. - Venha até aqui e recolha estas peças.

"Agora essa! Vai ficar enrolando até fazer esgotar minha paciência.", pensou Rosie, reclamando. Obediente, embora extremamente desconfiada, a jovem dirigiu-se até as peças caídas no chão. Andou sem sequer olhar para o Guia, apenas focando nas peças. Pegou-as e enveredou até a mesa redonda de pedra, carregando-as como um pequeno animal desfalecido.

— Agora ponha as quatro partes em cada extremidade do círculo, sendo a quinta na parte central. - ordenou o Guia.

O fazendo, Rosie foi percebendo a maneira como aquele ser decadente ia tentando conduzir as coisas de um modo menos apressado, realmente escondendo sua euforia para o "grande momento".

"Então é isso. Se o último desafio for mesmo na cidade da verdade, então significa que talvez eu recupere minhas memórias quando Abamanu finalmente despertar e condenar a humanidade.", pensou Rosie, mergulhando em um profundo mar de incertezas. Pensou no Relojoeiro e em suas palavras. Sentia uma imensa falta daquele senhor de idade enigmático, embora muito gentil.

As quatro peças do talismã uniram-se em um estranho magnetismo, aparentemente sendo atraídas pela peça central. O artefato estava, novamente, intacto. O preteado do objeto reluziu sobrenaturalmente em um brilho rápido e fugaz, bem como seus detalhes dourados e a safira vermelha no centro. Rosie, mantendo-se alerta, voltou-se para o Guia.

— Bem, terminei. Melhor irmos logo. - disse ela, logo olhando o corredor e as duas portas.

O Guia inclinou a cabeça para um lado, demonstrando-se desentendido.

— Mas é claro que não. O quinto e último desafio será aqui mesmo. - disse, categórico.

Rosie franzira o cenho.

— Como assim? Não tem nada aqui, nada que sirva para me testar! Sei que está escondendo algo, portanto me fale logo de uma vez! - disse ela, elevando o tom de voz. - Havia dito que iríamos até a cidade da verdade e que lá ocorreria o próximo desafio.

— As portas, no presente momento, estão trancadas. - disse o Guia. - Não iremos a lugar algum. Ou pelo menos você não vai.

Rosie sentiu uma vibrante energia operando por trás. Virou-se de repente e deparou-se com o talismã tremendo sobre a "mesa" de pedra, como se estivesse a ponto de se partir novamente. A princípio, esta era a primeira impressão. A jovem olhou confusa para o artefato. "Mas o que é isso?"

De súbito, um raio amarelo desceu do teto caindo sobre o bloco pedregoso. Rosie afastara-se, assustada. Rapidamente, o raio pareceu sugar o talismã, logo em seguida voltando para o ponto de onde veio, levando o objeto.

Rosie virou-se para o Guia, estupefata.

— Eu vou perguntar de novo: O que significa isso? - sua expressão estava em um misto de assombro com fúria. - Para onde o talismã foi levado? Você fez isso?

— Não. - respondeu o Guia, seca e calmamente. - Esta pedra foi criada para transportar materiais de alto valor pertencentes a seres de maior grandeza e poder. Qualquer peça, qualquer artefato que se coloque sobre ela, será levado diretamente a seu proprietário. Neste caso, o talismã já deve se encontrar nas mãos de meu Lorde Abamanu.

— E daí? - perguntou ela, arqueando uma sobrancelha.

— E daí que, como eu havia lhe dito no princípio de nossa jornada, com este fenômeno que acabara de presenciar, o talismã garantirá o retorno dele juntamente com suas tropas.

— E como ficam minhas memórias? - vociferou ela contra o Guia. - Havia prometido que eu iria recupera-las quando tudo isso chegasse ao fim! Por que está parecendo que você abandonou seu propósito?!

Curiosamente, o Guia dera uma risada abafada.

— Mas eu não o abandonei. Eu cumpri boa parte de minha missão.

— Ainda não! - exclamou Rosie. - Falta solicitar à Abamanu que devolva minhas lembranças! Eu exijo isso!

— Você, a partir de agora, não exige mais nada, Rosie. - disse o Guia, imóvel, porém frio. - Suas memórias não foram totalmente perdidas. Você entende a minha língua e sabe fala-la fluentemente. Sabe de conhecimentos básicos como o dia e a noite, a natureza humana com um todo, palavras com diferentes significados, o que é o sol, a lua, a vida, a morte, etc. Mas garanto a você que não nasceu sabendo.

— Claro que não. - disse ela, encarando-o com os braços cruzados, o olhar dilacerante. - Eu tive uma vida e eu quero ela de volta. Sei que Abamanu apenas retirou minhas lembranças de fatos que aconteceram pouco depois de eu nascer até o dia em que fui transportada para aquela floresta. Se quer mesmo terminar logo isso, então me mostre o próximo desafio.

— Está diante dele. - disse o Guia, movendo levemente os braços esqueléticos.

— Você!? - Rosie franziu o cenho novamente e segurou uma risada. - Está brincando, não é?

— Rosie, eu mal consigo aquietar minhas sensações mais intensas. Quero dar um fim nisso tanto quanto você. Mas abrirei o jogo com você: Suas memórias não serão lhe devolvidas se caso morrer neste desafio.

Rosie sentira um latejo na cabeça, algo que parecera prenunciar uma sensação de mal presságio. Confiou ao Relojoeiro sua determinação de ir até o fim naquela tortuosa estrada, repleta de enigmas, mistérios e provações mortíferas Sua expressão furiosa convertera-se em ligeiro temor. Fugir jamais havia sido encarado como uma opção. Afinal, quais caminhos devia-se tomar a fim de escapar daquele engenhoso estratagema? Decerto, o Guia conseguira coloca-la em um terrível beco sem saída. "O desafio é ele? Mas como?", pensou Rosie, irritando-se pelas crescentes dúvidas. "Será que..."

— Hum. - disse ela, rindo baixinho, os olhos fechados. - Mais um enigma, não é?

O Guia riu novamente, só que desta vez o tom adquirindo um escárnio aterrador.

— Esta enganada... de novo. - pousou seus magros pés no chão, para o espanto da jovem. - Não havia prestado atenção no que eu disse? Você pode morrer a qualquer momento.

— Ah, agora finalmente resolveu querer andar. - disse Rosie, fortemente intrigada.

— Estamos no caminho da verdade, então, nada mais justo do que mostra-la a você agora. - disse o Guia, cerrando os punhos.

Um tremor leve foi sentido por Rosie. Obviamente, o epicentro estava abaixo do Guia, como pôde facilmente constatar. A jovem mal piscara observando aquele ser esquelético e cheio de cicatrizes na face sem rosto ganhar uma postura de imponência e agressividade. O tremor elevara-se abruptamente. Ma sentiu sua boca abrir-se lentamente e seus olhos arregalarem-se. "Eu não consigo respirar bem. Que energia, que poder!", pensou ela. No corpo do Guia cresciam protuberâncias que, em frações de segundos, iam se unificando, deixando crescer à medida que moldavam um físico musculoso. Rosie sentiu uma náusea ao testemunhar uma verdadeira montanha viva erguer-se. Aquele finíssimos braços deram lugar a fortes e bem enrijecidos músculos. As pernas fraquíssimas converteram-se em pesados membros que quase afundaram o chão, rachando-o. O corpo todo ganhara robustidade máxima no exato tempo em que um olho humano pisca.

A cabeça, entretanto, permanecia com o mesmo tamanho. Rosie estava paralisada, boquiaberta e trêmula. O Guia batera com os dois pés, um em cada vez, no chão, levantando nuvens de poeira, tal como um pesadíssimo lutador de sumô. A jovem parecia estar com o corpo comprimido pela massante energia liberada pela criatura durante sua transformação. Como se não bastasse o show de horrores, o Guia deixou saírem dois braços de mesmo tamanho nas laterais do corpo onde estavam os rins.

Rosie rangeu os dentes, fazendo força para reaver sua mobilidade. Para deixa-la mais impotente e em desvantagem, o Guia, já satisfeito por ter externado sua real natureza, endureceu os quatro músculos dos braços diante dela, na intenção de exibir todo o poder que neles continha. Uma força arrasadora se criou durante o ato, atingindo Rosie através de uma rajada de vento, poderosa o suficiente para fazer rachar ainda mais o chão. A jovem, ainda imobilizada, não teve como se proteger da enorme demonstração de força do inimigo. Seus cabelos e sua capa esvoaçavam com a força da corrente de vento.

— Ah, seu maldito!! - exclamou ela, semi-cerrando os olhos, furiosa.

— Testemunhe, Rosie! - a voz do Guia estava mais grave e distorcida. - Cumprirei a última parte de minha missão com o orgulho que meu Lorde me fez acreditar ter!

Usou os pesados braços para "lançar" o ar contra todos os lados da sala, o que fez com que Rosie fosse violentamente jogada para trás e batesse as costas em uma parede, além de que danificou as estruturas das colunas de pedra. Rosie tentava se levantar e se reorientar, o capuz quase tomando a sua visão.

O Guia erguera um pouco mais a coluna, mirando a jovem caída. Sua cabeça tomara um aspecto mais másculo, mantendo as cicatrizes. Finalmente andara em direção à ela, os passos deixando rastros de destruição no chão de pedra.

— Serei franco com você: No fundo, vi que tínhamos uma certa conexão. Pode-se dizer que estabelecemos uma relação de amizade, apesar das divergências. - disse ele, caminhando. - Mas não posso deixar que viva para destruir os planos de meu Lorde. Ele, assim como você, possui sonhos. - fez uma pausa, cerrando os punhos. - Só que os sonhos dele são mais preciosos. E não será uma mera humana que impedirá as concretizações deles!

                                                                                   ***

Uma grossa e nervosa mão batera temerariamente em uma porta de uma casa misteriosa. Na abertura pequena e retangular na porta viu-se um par de olhos vermelhos e irritados, vislumbrando a visita, cuja forma assemelhava-se a um gigante lutador de boxe ou segurança carrancudo.

O homem virou-se, tirando os olhos da abertura, para seu chefe.

— É ele, senhor.

— Mande-o entrar. - disse uma voz soturna.

A maçaneta girara, a trança da porta sendo retirada. A porta fora sendo aberta aos poucos. Curiosamente, o homem engatilhava um revólver calibre 42, olhando com certa desconfiança para o visitante em uma análise de cima à baixo a fim de certificar-se se de fato era o sujeito.

O indivíduo em questão era Rufus, segurando seu chapéu com as duas mãos trêmulas. Sua careca reluzia com os raios solares daquele início de manhã. O olhar do homem era incerto e solitário.

— Vai, entra. - disse o subordinado, rispidamente, abrindo-lhe passagem.

Rufus entrara, a robustez de seu corpo quase tomando toda a entrada durante a recepção. Fixara seus olhos exatamente no ponto certo: O jovem homem sentado na cadeira em uma mesa de madeira, quase escondido pela escuridão. Não havia quase nenhuma luz na casa - exceto pelos feixes de luz solar que vinham do teto -, as janelas estavam todas fechadas, com tábuas pequenas pregadas nelas. Um único facho de luz do sol que banhava a entrada da casa fora desfeito quando a porta fechou-se.

— Olá, senhor Rufus. Seja bem-vindo. - disse o homem, que usava uma túnica vermelha com capuz. - Quais são as novidades que tem para mim hoje? - ele se levantara... revelando sua face.

Michael. Emergindo daquela residual escuridão como um fantasma que acabara de sair de seu túmulo. Seu sorriso parecia leve, mas escondia um ar maléfico que só alguém muito desconfiado conseguiria enxergar sem problemas. Sua barba estava mais crescida e seus castanhos cabelos, como sempre, bem penteados e partidos à direita. Dirigiu-se à Rufus.

— Bem... eu... - o assistente de Alexia tentava encontrar as palavras para pedir aquilo. - Com todo o respeito, mas eu tenho percebido que o senhor não tem sido muito claro com suas... declarações.

Michael franziu as sobrancelhas, confuso.

— Como assim, senhor Rufus? Se trata-se da profetisa, eu posso...

— Sim, é isso aí mesmo! - interrompeu ele, apressado. - Por favor, não quero que, por nada nesse mundo, Alexia corra perigo.

— Por acaso desconfia que estejamos pensando em mata-la? - indagou Michael, na tentativa obter uma reação que denunciasse a desconfiança de Rufus diante da aliança que firmou.

Rufus assentiu com um "não" rapidamente, o olhar desesperado.

— Não, claro que não, senhor. - o suor já escorria ela sua grande testa. - Eu apenas quero me certificar de que ela vai ficar segura... nas suas mãos.

— A segurança dela não depende de mim e tampouco é de nossa responsabilidade. - respondeu Michael, friamente. - O que veio me trazer?

Rufus logo tirara do bolso de seu casaco marrom um papel amassado. Entregara-o para Michael, que não demorou para perceber que a mão de seu aliado tremia. Antes de pega-lo, olhou para ele.

— O senhor está bem, senhor Rufus?

Ele assentiu com um sorriso forçado.

— Nunca estive melhor. - mostrara, forçadamente, seus dentes meio amarelados surgindo abaixo de seu bigode. - Este é o endereço que consegui da casa de Charlie. Na última vez que liguei pra lá, Alexia foi quem me atendeu. Disse que a visitaria para matar as saudades hoje mesmo... mas acho que devido à pressa talvez ela não tenha se lembrado e...

— Isso é inútil. - disse Michael, amassando o papel em uma bolinha. Rufus ficara desconcertado.

— Mas... senhor, foi o que me disse para fazer. Consegui tudo de que precisa ao ligar pra lá...

— Acabei de idealizar um novo plano. - disse ele, andando para um lado. - O que não inclui compartilhamento de informações. Em outras palavras, o senhor é a única pessoa com a qual não devo partilhar deste plano. O senhor compreende?

— Sim... perfeitamente. "Droga! Agora não sei como proceder! Se continuo agindo como um cão com o rabo entre as pernas ou pergunto à ele tudo que está me atormentando! Esse plano envolve Alexia? É só o que quero saber!", pensou ele, hesitante em relação a como Michael pode reagir com a pergunta. Rufus já considerara a possibilidade do jovem Grão-Mestre dos Red Wolfs acabar suspeitando de uma suposta traição. Arrepiava-se só de imaginar nas implicações que isto teria.

— Não se preocupe. A profetisa ficará em perfeita segurança. - garantiu Michael, fitando um canto da sala. - No entanto... eu ainda preciso totalizar minha confiança no seu sigilo.

Rufus o olhou com estranheza.

— De que forma, exatamente?

— Seja honesto comigo, senhor Rufus. E serei bem claro. - Michael se virara para ele com uma expressão austera. - O senhor está ou não nos traindo?

O homem engoliu a saliva subitamente. Aquela pergunta dilacerou todas as suas esperanças. Tentara de todos os modos ocultar seu medo, mas parecia que a cada vez que Michael proferia uma frase seu coração disparava a mil e seu desespero tornando-se mais evidente. O filho do ex-mestre de Cerimônias Bernard Von Trask herdara a mesma aura ameaçadora do pai, capaz de fazer um corajoso e rude homem se transformar em algo similar a um animal assustado e submisso.

— Havia dito que compreendia o fato de eu me importar com aqueles jovens amigos... como se fossem meus filhos. - disse ele, esperando qualquer tipo de resposta. - Portanto, senhor, por outro lado, eu prezo pelos suas intenções, sei que quer mais do que tudo que Abamanu torne este mundo um lugar melhor, afinal é isso que vocês esperam e por isso o louvam. - fez uma pausa, tentando saber medir as palavras. - Sei também que pensou que eu poderia estar dividido. E eu realmente fiquei.

— E depois aceitou minha rica proposta. - disse Michael, remoendo o dia em que oferecera à Rufus uma quantia de mais de 20 milhões de euros em troca de informações importantes recolhidas que favorecessem a causa dos Red Wolfs. - Não fico surpreso. Afinal, é um pai de família, merece isso e talvez até mais. O motivo pelo qual eu não paguei os meus contratados foi porque eu pensei unicamente no senhor. Na sua servidão mais do que conveniente.

Rufus achara a oportunidade para desviar o assunto.

— E como vão os seus subordinados? - perguntou depressa.

— Estão confinados no local mais secreto já encontrado por nós. - disse Michael, voltando a ficar diante de Rufus. - Eu me recusei a paga-los pois o que tínhamos era suficiente para investirmos em um carregamento de armas que adquirimos ontem.

— Mas irão trabalhar de graça? - indagou Rufus, incrédulo.

— Eu não ia desperdiçar uma oportunidade pagando-os com o dinheiro que eu usaria para adquirir o arsenal. As armas são a recompensa deles. - disse, em um tom frio e malévolo.

Rufus ficou revoltado por dentro, tamanho era o desdém daquele homem em relação aos assassinos profissionais que contratara para aumentar o exército.

— Preciso que contacte novamente a profetisa. Sabe se eles já foram para a tal viagem?

— Bem... Alexia me disse que, provavelmente, sairão as sete, mas...

Rufus foi interrompido quando Michael deu uma olhada abrupta para o relógio de parede. Marcava 08:10. Voltou-se para Rufus, o olhar intrigado.

— São oito e dez! Se estiver certo, é óbvio que já devem ter ido. O senhor tem mesmo certeza? - encarou-o com autoridade quase que abusiva.

— Era provável que seria neste horário, Alexia não foi muito clara.

"Não muito foi clara, é?", pensou Michael, a desconfiança aumentando como a febre em um corpo. "Não preciso perguntar se está mentindo, por que realmente está!".

— Então porque não pediu mais informações? Deixou que ela fosse tão vaga assim!?

— Ela parecia apressada. - inventou Rufus, nervoso ao extremo. - Eu posso garantir que seria hoje, mas talvez a decisão do horário não cabia à ela. Talvez ainda estejam lá.

— Então é bom que confirme isso e me traga boas notícias. Está dispensado. - disse Michael, virando-se e andando em direção à sua mesa. - Apenas saiba que hoje é um grande dia. Vou estar mobilizando minhas quatro tropas hoje à noite com um método bem especial. - tirara de uma gaveta um grosso e empoeirado livro.

Rufus reconhecera, atônito, o exemplar. "O quê!? Goétia!? Alexia já me falou uma vez deste livro. O que ele vai fazer na noite de hoje? Libertar demônios?", pensou ele, lembrando-se logo de outra funcionalidade do livro: Constar rituais mágicos para fuga, ataque e defesa.

— Ainda está aí!? - perguntou Michael, sem olhar para ele.

Um suspiro pesaroso foi tudo o que o grandalhão pôde fazer antes de deixar o recinto. Curvou-se em uma reverência e virou-se para se dirigir à porta. O homem que o deixara entrar havia desaparecido, mas a porta não estava trancada. Temia que algo assim ocorresse no caso das suspeitas de Michael se confirmarem. Certamente uma ação imprevisível por parte do Grão-Mestre obcecado ocorreria caso Rufus desse sinais ainda mais claros de sua traição. Fechara a porta com cuidado e saiu a passos apressados.

"Só espero que Charlie e os outros ainda estejam lá.", pensou ele, ajeitando firmemente seu casaco e intencionando ir a procura de um telefone. Estava a centenas de quilômetros de Kéup. "Eles devem saber o quanto antes!".

Na casa, Michael olhava por uma fresta na janela, observando o corpulento homem sumir floresta adentro. Sabia exatamente o que fazer em seguida e não fazia muito o seu estilo. Mas era necessário se quisesse confirmar algo.

Ligou para um de seus irmãos de fraternidade.

— Alô? Dwayne, é você?

— Sim, o que é?

— Agora há pouco o nosso estimado aliado, Rufus, me fez uma primeira visita. A primeira e a última. - falou em um tom mecânico e frio. - Como ele possui relações com nossos inimigos, suspeito que ele esteja nos traindo, repassando as informações sobre nós à eles.

— Eu havia avisado à você sobre os riscos. - alertou Dwayne. - O que quer que eu faça?

— Liberte um deles. - ordenou, a fala rápida como uma bala. - Conte o que está acontecendo, dê uma descrição de Rufus e faça com que nosso homem se disfarce de um cidadão comum, quando na verdade irá se passar por um "detetive". Quero que ele siga os passos de Rufus.

— Está bem, armarei tudo imediatamente. Tem sorte de eu estar de folga hoje. Sabe para onde ele foi?

— Se sei!? - Michael deu uma risada rápida e zombeteira. - É óbvio que ele irá para alguma cabine telefônica no centro da cidade para avisar aos seus amigos sobre nossos planos.

— E pelo que parece você tem plena certeza disso. - disse Dwayne, esperando que Michael sentisse o peso do arrependimento. - Talvez já tenha nos entregado.

— Não se preocupe. - assegurou ele. - Ele não é tão esperto. Os músculos e o cérebro parecem não ter o mesmo peso, se é que me entende. Agora vá, agilize. Caso ele venha a demonstrar desconfiança e tentar algo, oriente nosso homem a não hesitar em atirar.

— Tudo bem... - disse Dwayne, meio incerto da decisão do parceiro.

Enquanto colocava o fone de volta no gancho, Michael sorrira, como se cantasse vitória internamente. Por outro lado, ele verdadeiramente sentia-se arrependido da contratação de Rufus para exercer o difícil papel de informante. Apenas dois elementos fortaleciam as suspeitas: O fato de Rufus demonstrar indecisão e medo, parecendo estar dividido, sem saber de qual lado ficar. E sua preocupação incessante com a segurança de Alexia, que era tomada como alvo principal dos Red Wolfs, julgando-a como uma peça fundamental e indispensável para o retorno de Abamanu.

"O reinado absoluto de nosso deus finalmente terá sua retomada triunfal hoje mesmo. Esta noite... a lua irá brilhar de um jeito nunca antes visto!", pensou ele, radiante ao imaginar cada fragmento do momento perfeito.

A vários quilômetros dali, Dwayne Nevill fora bem claro em suas ordens finais:

—  Você deverá ficar ao lado da cabine enquanto ele está lá dentro, fingindo aguarda-lo sair, apressado querendo fazer uma ligação. Se confirmar que ele está mesmo nos traindo, espere até que ele saia e nos ligue. Mas isto somente se caso ele não parecer desconfiado.

O contratado assentiu mecanicamente e saiu pela porta da frente. O esconderijo ficava a alguns metros abaixo daquela escura casa feita de pedra, o local onde ocorrera as angustiantes sessões de iniciações, similarmente como uma gruta. Dwayne o observara por uma brecha na porta para ver se estava indo na direção informada. Seu cabelo loiro partido à esquerda era um item muito indiscreto e certamente chamaria a atenção de alguém com observação apurada. O homem andava a passos rigorosos pelo caminho passando pelo vilarejo vizinho àquela casa. Usava um sobretudo que servia como ótimo agasalho para dias frios, além de um chapéu marrom. Suas botas de couro preto deixavam pegadas no solo arejado.

Desaparecera entre as casas e árvores.

                                                                              ***

Rufus já se encontrava no centro de Croyton, enfurnado em uma cabine telefônica, seus grossos dedos discando o número da casa de Charlie, o qual tivera trabalho para memorizar nos dias que se seguiram. A mão com a qual pegava o fone suava constantemente e ele não parava de olhar um segundo sequer para os lados. Estava chamando, para o aumento de seu desespero.

— Alô? É o Charlie. - sua voz estava trêmula.

— Err... Olá. - respondeu a calma voz do outro lado. - Sim, sou eu. Quem está falando?

— Ahn... aqui é o Rufus. Charlie, onde está a Alexia e os outros? - perguntou, sem demora.

— Ah, senhor Rufus. Bem, infelizmente, não... Eles já foram para a missão, eu já os mandei para que fossem salvar Rosie. Algum problema?

— Todos, meu rapaz. - disse, com enorme pesar. - Quando eles voltarem preciso que repasse pra eles tudo o que vou dizer agora.

Houve uma pausa do outro lado. Charlie parecia estar refletindo sobre a situação na qual o homem se encontrava.

— Senhor Rufus, pode falar.

— Tudo bem... Antes de mais nada, quero que saiba que estive traindo a confiança de vocês... - o homem sentia um imenso aperto no coração. - Eu fiz pelo dinheiro, eu fui egoísta, ganancioso! Eu... trabalho para os Red Wolfs, estes homens cruéis que seguem esse tal monstro chamado Abamanu. São uns nojentos, escórias da humanidade! Eu prezo pela segurança de todos vocês, mas Alexia vem em primeiro lugar! Ela corre um enorme perigo, Charlie. Por favor, não me entenda mal, eu estou amargamente arrependido...

Mais uma pausa no outro lado da linha. Ao que parecia, Charlie estava perplexo e tentando processar as informações de modo que as mesmas fossem assumidas com verdadeiras. Segundos depois, percebeu a verdade dolorosa nas palavras do homem.

— Senhor Rufus, por favor, acalme-se. Eu entendo como está se sentindo... Apenas me conte o que realmente está acontecendo. Eu presumo que tenha agido como informante deles por um bom tempo, portanto deve saber mais do que é obrigado a dizer. Também posso entender que o senhor pode ter sido chantageado.

— Obrigado, Charlie. - gaguejou Rufus, agradecido. - Você entender o meu lado é reconfortante... mas eu não me conformo por Alexia ser alvo destes vermes. Eles estavam recrutando assassinos para formarem um exército, o qual ele chamava de "O Real Exército do Cavaleiro da Noite Eterna".

— Espera. Ele quem? - perguntou Charlie.

— É o filho do antigo Grão-Mestre. Ele se chama Michael. - respondeu Rufus, sem perceber uma sombria figura que se postava ao lado da cabine, paciente. - Além do que eu acabei de dizer, eles torturavam aqueles homens com... ferros de marcar, eu acho, um ritual de iniciação.

O homem o olhava discretamente, o chapéu quase ocultando a parte de seus olhos, com os braços cruzados e fingindo ver as horas em seu relógio de pulso. "Esse filho da mãe...", pensou. "Está cometendo o pior erro da sua vida.".

— Isso. Ruínas Cinzas. - confirmou Rufus. - É para lá que eles pretendem ir. Dizem que é lá o lugar onde Abamanu irá descer dos céus e firmar seu reinado aqui.

— Nós também planejamos ir para lá através dos meus métodos. - revelou Charlie. - Assim que conseguirmos salvar Rosie, vamos acertar os detalhes da viagem. O senhor tem mesmo certeza de que é hoje à noite?

— Absolutamente, Charlie. - assentiu freneticamente, o suor escorrendo pelo seu rosto em várias gotículas. - Se conseguirem chegar lá em segurança, é bom ficarem espertos: Compraram um carregamento de armas ontem e talvez Michael queira usar esse exército contra os inimigos... ou seja, vocês!

— Eu não tenho mais dúvidas, senhor Rufus. - Charlie afirmou, com firmeza. - Os Red Wolfs querem impedir que nós alcancemos proximidade com Mollock, já que queremos impedir que ele se torne o receptáculo de Abamanu.

— Sim, estou sabendo desse tal Mollock. - concordou Rufus, percebendo a presença do homem que esperava do lado de fora. - Alexia já havia me dito que Hector está lá para impedi-lo. Espero que ele esteja bem. - fez uma pausa, sentindo um estranho desconforto, uma fadiga mental acometer-lhe. - Acho que preciso de um descanso. Estou nervoso demais para falar com mais segurança... aliás, eu também não estou seguro.

— Eu imagino. Senhor Rufus, o ideal é que seja o mais cauteloso possível. Se suspeitarem, podem acusa-lo de traição e o ameaçarem de morte. Prometo que não contarei nada à Alexia e nem aos outros sobre sua filiação aos Red Wolfs. Seu segredo está seguro comigo.

— Por enquanto, meu jovem, por enquanto. - parecia querer debulhar-se em lágrimas ali mesmo, tamanho era sua aflição. - A verdade virá à tona, com certeza. Eles merecem saber...

Ambos fizeram uma longa pausa. O assassino disfarçado demonstrava impaciência pela sua postura. O sol da manhã já começara a esquentar suas vestes. Abruptamente, batera forte com a mão na cabine, claramente pedindo para entrar.

— Ei! Falta muito aí, amigo? - perguntou ele, tentando, ao máximo, parecer educado.

Rufus virou o rosto. Havia sobressaltado de susto pelas batidas. A princípio, desconfiou ligeiramente da silhueta do homem, avaliando-o dos pés à cabeça. Entreviu olhos fervorosos por debaixo do chapéu. Em um instante, sentiu uma pontada de tensão lhe invadir pela espinha até os pelos se arrepiarem. "Cacete!", praguejou mentalmente.

— Ahn... Charlie, acho que vou desligar... eu preciso ir.

— Espere, tenho uma dúvida. - disse Charlie, tentando mante-lo na linha. - De que modo os Red Wolfs planejam chegar às Ruínas Cinzas? Obviamente, se fosse por meio de transporte chegariam tarde demais.

— Aí é que está a parte interessante e bizarra. - Rufus agora falava quase aos sussurros. - Eles tem um livro chamado Goétia. Vão usar uma magia que talvez, sei lá, teletransportem eles para lá. É sinistro.

— Sim, eu entendo. Livros de bruxaria já foram comentados no meu tempo na Ordem. Confesso estar surpreso por terem recorrido à métodos tão obscuros.

O homem cruzara os braços, esperando. Parecia resmungar.

— Err... olha, Charlie, melhor eu ir agora. É sério. Há alguém aqui... - seus cochichos estavam quase inaudíveis.

— Alguém? - Charlie atentara-se.

— Sim... suspeito demais. - sua boca aproximou-se do fone, quase beijando-o.

— Então é melhor mesmo que saia daí, já. - aconselhou Charlie, preocupado. - Por favor, senhor Rufus, cuide-se e proteja-se. Chame a polícia se necessário ou carregue uma arma, qualquer coisa que use para se defender. É óbvio que o senhor foi perseguido. - disse o jovem físico, acertando em cheio.

Rufus assentiu, surpreso pela resposta.

— Tudo bem, até mais. - e desligara, sem esperar.

Saiu tranquilamente da cabine, inspirando um ar puro e fresco. Ajeitou seu casaco e o chapéu que cobria sua careca reluzente. Acenou para o homem, permitindo que o mesmo entrasse.

— Pode ir, senhor. Tá liberado. - disse, sorrindo forçadamente.

Entreviu um fulminante olhar no homem enquanto o mesmo entrava na cabine, mas ignorou a impressão. Enveredara-se por um caminho alternativo ao qual inicialmente usara para chegar à casa onde Michael estava, se misturando à multidão de cidadãos ingleses que iam e voltavam pelas ruas. O assassino rapidamente discou o número do Grão-Mestre, furioso.

Logo fora atendido.

— Alô? Senhor Michael? - sua voz era de um tom rouco e frio. - Tenho péssimas e boas notícias.

                                                                             ***

Charlie sentara-se em uma cadeira, dando um suspiro pesado, encostando-se um tanto cansado. Olhou para o nada, devaneando profundamente. A luz dol sol já ocupava boa parte de sua sala através das janelas abertas e uma poeira lenta e cintilante pairava no ar, hipnotizante. O mago do tempo permanecia aturdido com as revelações daquele homem aflito e alvejado pelas mãos cruéis de pessoas que gostariam de mira-los com canos de revolveres.

"Como um pai de família pode se sujeitar a uma proposta com fins maléficos?", pensou ele, ainda em dúvidas com relação ao triste fato. "Alexia ficará arrasada, com certeza. Mas ela deve ser mantida fora do campo de batalha. Os Red Wolfs possuem um interesse nela...". Os pensamentos do jovem iam se interconectando em uma velocidade sem limites. "Alexia é uma vidente... Robert Loub a procurou para resolver um caso de situação financeira na época em que era casado... Loub, na época, era um Red Wolf... Não seria necessário levar a esposa para uma vidente para resolver uma situação como essa... A profecia do retorno de Abamanu... obviamente escrita por um profeta com o dialeto dos deuses... a Bíblia de Abamanu foi traduzida por meu pai, logo os Red Wolfs, infiltrados, pegaram as traduções e as incorporaram no livro que escreveram... se Abamanu escolheu a Terra como ponto de partida... e se há um profeta particular dele, o seu escriba original... então...". Os olhos verdes do rapaz esbugalharam-se em um lampejo súbito.

Levantou-se quase pulando. Estava em um completo transe e mal conseguia pronunciar o que pensava em dizer. Seus lábios moveram-se trêmulos. "Aí está a razão pela qual os Red Wolfs estão alvejando Alexia!"

Finalmente pôde falar com todas as letras.

— Eu já devia imaginar, estava debaixo do meu nariz o tempo todo, apenas não tive tempo para pensar sobre isso. - fez uma pausa, socando de leve a palma de sua mão esquerda. - Alexia é a profetisa de Abamanu aqui na Terra.

                                                                               ***

— Já esperava que isso fosse acontecer. - disse Michael do outro lado da linha, a voz em um tom decepcionado. - Para qual direção ele foi?

— Não sei bem ao certo. Leste, talvez?

Um suspiro cansado foi ouvido. Michael sentia-se traído, internamente possesso de raiva. Transformara-se em uma bomba-relógio humana, capaz de explodir a qualquer momento e fazer vítimas fatais, e tal explosão teria ele como sobrevivente. Pensava em fazer mil coisas terríveis, mas somente poderia considerar uma. A cartada final. Eliminar obstáculos tornou-se a prioridade.

— Esse é o mal de contratar pessoas que mal sabem conceitos básicos de Geografia! - vociferou ele.

— Me desculpe, senhor. Faltei a aula chata da Rosa dos Ventos. - respondeu o assassino, com certo sarcasmo. - Como vamos proceder?

Um minuto de pausa.

— E você ainda tem dúvidas, senhor Trevor? - indagou Michael, irritado. - Presumo que ainda se lembra das implicações quando informações importantes sobre nós são vazadas. Eu o escolhi como líder de seu grupo. A marca no seu peito possui um valor inestimável, a ardência na sua carne pulsa agressivamente... você sente esta dor, você gritou por ela quando lhe marcaram... esta dor é o seu renascimento.

— Sim, eu sei, senhor. - Trevor lembrara-se da fatídica noite em que fora marcado no peito com um ferro em formato circular faiscando e em brasas.

— Você sabe exatamente o que fazer. Reúna seu grupo. Ajam no início da noite de hoje. - ordenou Michael, a autoridade em sua voz como um estalo de um chicote. - Foi bom Rufus ter nos dado seu endereço, ingenuamente.

— Senhor, as vezes eu penso que estamos sendo atraídos para uma armadilha...- fez uma pausa, temendo a reação de Michael. - Eu não sei, estou confuso... O mundo talvez acabe esta noite.

Michael rira com escárnio.

— Fique tranquilo, senhor Trevor. Ele não vai acabar... muito pelo contrário, ele irá renascer.

O homem ficou calado, assentindo positivamente e olhando ao seu redor.

Michael dera seu ultimato.

— Agora volte ao esconderijo e prepare seus homens. Rufus é um homem morto.


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