Perdas e Ganhos escrita por Lucca, alegrayson


Capítulo 7
Brincadeira Perigosa


Notas iniciais do capítulo

Weller não se surpreendeu com o quão delicado seria ter Remi e Avery como convidadas para o jantar. Mas foi só quando se viu sozinho em seu apartamento com Remi que teve a noção do quanto aquela brincadeira era perigosa. Ele conseguiria mantê-la afastada? Ele queria mantê-la afastada?
Boa leitura.



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Kurt deixou o escritório mais cedo. Ele sabia que Remi e Avery não se importariam em comer qualquer tipo de comida pronta, mas ele queria cozinhar. Estar no controle do preparo do jantar o ajudava a se manter focado e lidar melhor com o fato de que todo o resto de sua vida estava completamente incontrolável. Após adicionar o condimento que dava ao risoto de palmito um toque especial, ele se sentiu mais que satisfeito.

“Hum. Isso ficou bom. Elas vão gostar.”_ pensou enquanto abria um sorriso convencido_ “Eu sou bom.”

Correndo os olhos por toda a área social do apartamento, Kurt confirmou que todas as fotos de Jane haviam sido removidas. Foi a parte mais difícil até aqui. Era como aceitar de vez que ela se foi de sua vida. E, ironicamente, era ela vindo para o jantar. A noite seria um sucesso se ele fosse capaz de gerenciar algumas horas do inevitável conflito entre Remi e Avery evitando que a questão “abandono” explodisse dilacerando ainda mais o que sobrou de sua família.

Família... Um flashback o arrastou de volta a primeira vez que acordou com Jane em seus braços. Deus, ele tinha tanta certeza que tudo daria certo depois de terem se entendido. Foi a noite perfeita. Ela era perfeita.

“Final feliz...Três anos depois e ainda estou aqui lutando por você, J... Remi... Alice...”

As batidas na porta o trouxeram de volta à realidade Faltava meia hora para o horário combinado, logo...

“Remi, com certeza.”

Por algum motivo que ele não ousava admitir, a decisão dela de chegar mais cedo desencadeou os melhores sentimentos dentro dele. Ela estava aqui. A necessidade de tê-la dentro do apartamento foi tão grande que sua mão tremia ao destravar a chave na porta.

— Oi..._ foi tudo que ele conseguiu dizer. “Droga, como ela está linda! Isso seria mais fácil se ela não estivesse assim.”

— Oi _ Remi respondeu estranhamente um pouco tímida. _ Se for um problema eu ter chegado mais cedo, posso dar um passeio e voltar mais tarde... “Droga, eu devia ter me arrumado um pouco. Um gloss e nada é mesma coisa.

— Não! Por favor, entre. Foi ótimo você ter vindo mais cedo. _ ele disse dando espaço pra ela entrar.

Remi sorriu ainda tímida, passou por ele e pendurou sua jaqueta no cabide. Ao se voltar para o interior do apartamento, seus olhos sondaram o local em cada detalhe.

Kurt já esperava por isso. No seu íntimo ele pediu aos céus para que ela se lembrasse de algo, para que ela se lembrasse deles.

A observação de Remi demorou mais que o convencional e Kurt não queria interromper. Ele apenas aguardou buscando forças pra conter seu desejo de abraçá-la como fazia antes do acidente e dizer “Você está em casa, Sweet Heart.” Se ela simplesmente se lembrasse... Ele dispersou seus pensamentos. Alimentar a ilusão de um desfecho em estilo conto de fadas não ajudaria agora.

— Venha._ finalmente ele falou, encaminhando-a até o balcão da cozinha_ Você quer beber alguma coisa?

Ela o seguiu e ocupou um dos bancos.

— Sim, eu aceito. Pensei em comprar alguma bebida pra trazer como agradecimento pelo convite, mas eu não sabia a idade da garota, então achei que meu anfitrião poderia não aprovar.

Kurt sorriu enquanto servia um pró seco à Remi.

— Ela já tem idade para beber. Mas você acertou. Eu não aprovo isso. Então, aqui em casa ela não pode consumir bebidas alcoólicas.

Remi revirou os olhos:

— Você não faz isso! Por favor...

— Estou errado?

Remi tentou ficar séria, mas por algum motivo um sorriso insistia em se formar nos seus lábios sempre que ela estava na presença de Kurt. Então provou um pouco de sua bebida e concluiu:

— Não. Você está certo. Mas ela deve odiar sua decisão.

— É, digamos que isso ela até aceita com mais facilidade.

— Deus, Weller! Não vou sequer perguntar que outras restrições você impôs a pobre garota.

Voltando a olhar ao redor, alguns porta-retratos num aparador do outro lado da sala, chamaram a atenção de Remi. A oportunidade de saber mais sobre o tão sério e respeitável Agente Especial Kurt Weller foi mais forte que ela.  Sem pedir ou esperar qualquer tipo de autorização, ela se levantou e caminhou até o móvel.

“Bingo!” Kurt pensou. A decisão de manter ou não algumas fotos de família ali foi um de seus grandes conflitos naquele começo de noite. Ele tinha certeza que isso logo chamaria a atenção dela. Racionalmente, sua decisão era dar pequenas doses constantes da verdade à ela até que todas as cartas fosse colocadas na mesa e não houvesse mais segredos entre os dois. Emocionalmente, seu coração tinha falado mais alto e só sonhava em ver no rosto dela qualquer vislumbre de lembranças de que já pertenceram um ao outro.

— Sua família?_ ela perguntou sem rodeios.

— Sim. _ ele disse se aproximando e seguiu com as apresentações apontando para cada foto._ Minha irmã Sarah. Meu sobrinho Sawyer.

Remi sorriu e foi direto ao último porta-retrato.

— Essa é a caçula?

Kurt respirou fundo. A mão dela tocando a foto de Bethany despertou emoções que ele não tinha previsto para esse momento.

— Sim. Essa é Bethany, a caçula da minha família._ ele respirou novamente desejando do fundo de sua alma que seus instintos não estivesse errados sobre isso. Então continuou_ Ela é minha filha.

Remi imediatamente soltou o porta-retrato e o sorriso desapareceu de seu rosto.

— Filha? Você tem uma filha?

Kurt tentou sorrir e parecer natural.

— Sim, eu tenho Bethany. Ela é uma garotinha incrível. Mora no Colorado com a mãe e o padrasto.

Remi se afastou, voltando ao balcão da cozinha para uma nova dose de sua bebida. Ela precisava disso.

Kurt leu sua reação, mas estava decidido a não deixar o assunto morrer. Se aproximou, colocando-se ao lado dela e disse deixando fluir o sorriso habitual que surgia quando o assunto era sua filha:

— Quando eles vierem à Nova Iorque, você poderá conhecê-la.

— Melhor não. _ a resposta veio mais seca do que os dois esperavam. Remi tomou um novo gole e continuou_ Não sou boa com crianças, Weller. Na verdade, nem gosto delas.

O peso daquelas palavras o fizeram baixar o olhar, virar o corpo e se dirigir à cozinha para esconder as lágrimas que se formaram. Ele respirou fundo duas ou três vezes, buscando um ponto de equilíbrio. Num instante era Jane ali com aquele sorriso tímido flertando com ele, no outro toda a ferocidade de Remi o relembrava da realidade.

Percebendo a reação de Weller, Remi secou sua bebida. Ela não queria ser desagradável, mas saber da filha dele trouxe de volta lembranças que eram tão dolorosas a ela. Não havia nenhuma possibilidade dela se permitir encontrar essa criança. Foram dezoito anos num esforço sobre humano para transformar sua dor em força e ela não  deixaria que essa garotinha a quebrasse. 

Servindo-sede uma segunda dose, Remi considerou deixar o apartamento e seguir o resto de sua vida como se Weller fosse apenas mais um de seus erros.

Mas alguma coisa a forçava a ficar. Nunca outro homem tinha sido capaz de fazê-la se sentir tão humana, tão a vontade para ser ela mesma, tão... Não! Ela não recuaria. Não com ele. Ela precisava viver aquele sentimento que a consumia. Remi mordeu o lábio inferior e se levantou indo até ele que pegava a louça no armário. Sem timidez alguma, ela se recostou ao lado dele:

— Posso te ajudar a colocar a mesa?_ disse já alcançando os pratos a frente dele e propositalmente entrelaçando seus braços. Inevitávelmente seus olhos se encontraram e ela pode continuar_ Me desculpe. Eu não sou muito... maternal. Mas estou disposta fazer qualquer outra concessão para levar isso adiante._ os dedos dela roçaram a mão dele na borda dos pratos.

Focando nos olhos dela, ele estava decidido se mostrar aberto a ela:

— Eu imaginava que esse assunto seria difícil. Por isso quis ser honesto com você. Isso não muda minha determinação com relação a nós dois.

Os dois sorriram e colaram seus lábios dispostos a se esquecerem completamente da louça, do jantar e de qualquer outra coisa que se colocasse entre eles.

Mas esses planos se frustaram antes que desfrutassem um pouco mais daquele beijo. Batidas na porta lembraram que tinham uma convidada. Sem necessitarem de palavras, os dois trataram de esvaziar seus copos de bebida e colocá-los na pia antes de abrirem a porta.

Avery cumprimentou os dois sem sorrir e procurou manter uma postura desafiadora com relação a Remi durante toda a noite. Remi não entrou no jogo da garota. Manteve-se aberta ao diálogo, buscando pontes para estimular a conversa e trocando olhares de cumplicidade com Weller para mostrar que compreendia as atitudes dela e estava disposta a buscar uma forma de contornar a situação tecendo uma relação que pudesse evoluir para a amizade.

Quando Weller colocou a jarra de suco sobre a mesa, pela primeira vez, as duas se entreolharam num acordo divertido. Avery desabafou:

— Esse suco é totalmente minha culpa. Ele me trata como criança. Não me deixa beber nada alcoólico.

— Sei como é. Estive sob vigilância intensa até pouco tempo atrás. Mesmo agora, toda vez que vou tomar alguma bebida, ele está atento à quantidade.

As duas riram divertidamente e Remi continuou:

— Mas é bom ter pessoas por perto que se importam com você. Eu aprendi a beber cedo para exorcizar alguns fantasmas e saber a me manter ágil e racional mesmo com doses moderadas de álcool no meu organismo. Não foi uma experiência boa.

Avery se recostou na cadeira, vendo a oportunidade perfeita para aprofundar a conversa:

— Eu adoraria saber mais sobre sua vida.

— Acredite, não tem nada que valha a pena lá. Mas posso dar um panorama geral se você me contar a sua também.

— Então vamos lá: Cresci na Europa. Meus pais eram formidáveis. Tive tudo que uma criança sempre sonhou, estudei nas melhores escolas e viajei pelo mundo. Vi meu mundo desmoronar quando perdi meus pais e tento sobreviver aos cuidados do super protetor Agente Especial Kurt Weller depois do assassinato do meu pai. Agora é você.

— Também perdi cedo meus pais. Cresci num orfanato nada convencional. Fui adotada por uma sociopata. Participei de uma unidade secreta das forças armadas. Me tornei uma terrorista até tatuar meu corpo e me mandar dentro de uma mala para um tal Agente Especial Kurt Weller que me fez mudar de lado.

— Ah, tudo isso eu já sabia. As investigações mostraram. Conte alguma coisa das suas memórias. Coisas que nem Jane nem o FBI poderiam contar. Vou te ajudar: quais foram os melhores momentos da adolescência de Remi Briggs? Algum namoradinho especial?

O olhar de Remi correu para Kurt e voltou rapidamente para Avery. Ela respirou e continuou:

— Nunca fiz parte das garotas populares da escola. Aliás, fiz de tudo pra passar despercebida. Apesar da minha postura “intimidadora”, alguns loucos ousaram roubar um beijo e coisas assim. Obviamente, não terminou muito bem para aqueles que eu repudiava nem para aqueles que conseguiram minha empatia.

Percebendo que Remi chegava ao limite do que desejava compartilhar e temendo que aquela conversa se tornasse rapidamente uma discussão se a gravidez e o bebê viessem à tona, Weller interrompeu:

— Garotas, sei que deve ser muito divertido falar sobre garotos ou sobre o quanto é horrível conviver comigo, mas tenho algo melhor a oferecer: jantar seguido de sobremesa!

Remi lançou um olhar de agradecimento a Weller e tratou de dar novo direcionamento a conversa. Avery se deu por vencida, aceitando manter o diálogo dentro do casual até aahota de se despedir do casal.

Assim que a porta se fechou, Remi foi a primeira retomar a conversa, levantando as mãos:

— Sobrevivi! Ela é uma garota realmente especial, Weller. Você tem razão em oferecer apoio. Ela precisa ter alguém que esteja lá por ela nos momentos difíceis. Ainda é tão jovem. Obrigada pelo convite.

Ele lançava sobre ela aquele olhar penetrante carregado de admiração que sempre a desconsertava. Tornando a situação ainda mais perigosa, Weller segurou a mão dela e disse:

— Você foi formidável com Avery.

Ela resistiu a timidez que queria forçá-la a baixar o olhar porque não queria perder a conexão com ele. Os dois estavam finalmente sozinhos. O sorriso nos seus lábios e na sua alma só desejava esquecer todo o resto e deixar aquele momento evoluir para a intimidade que ela tanto precisava. Céus, como esse homem era capaz de deixá-la tão excitada com apenas um olhar?

Mas as coisas para ela nunca tinham sido fáceis e, mais uma vez, ela teria que abrir mão de seus desejos por algo maior. Talvez ela nunca mais tivesse outra chance com ele depois do que iria contar. Contudo, ela não tinha escolha.

— Weller, eu preciso te contar uma coisa e preciso de sua ajuda.

Kurt não podia negar o quanto essa guinada o surpreendeu. Ele estava disposto a pagar qualquer preço por ceder à sua paixão por ela. Ele já tinha desistido de lutar contra o que sentia desde o momento que ela entrou no seu apartamento. E agora, uma nova tempestade parecia se formar no horizonte. Mas o que eram seus planos quando ela pedia sua ajuda?

— Estou aqui por você, Remi. Sabe que pode contar comigo.

Não foram apenas palavras para ela. Pela primeira vez em sua vida, Remi realmente confiava em alguém. Isso era algo novo e tao inesperado. Mesmo assim, ela ainda teve certa dificuldade para continuar:

— Eu..._ seu olhar precisou se afastar dele para continuar _ Eu engravidei aos dezesseis anos e dei a luz uma garotinha que foi pra adoção.

A confissão sobre a filha foi um presente maior do que ele esperava, era a prova do quanto Remi estava disposta a confiar nele. Kurt ficou sem palavras e segurou forte as mãos dela sinalizando apoio para ela prosseguir:

— Eu preciso saber onde e como ela está, Weller. Sei que não tenho o direito de cobrar nada dela. Só quero saber se está bem. Roman deve saber algo, mas ele se nega a me dizer.

— Eu entendo, Remi._ era tão difícil pensar no que dizer sem aumentar a gravidade das omissões que ficaram pelo caminho. _ Estamos juntos nisso. Tudo vai ficar bem. Eu prometo.

Ele teria puxado Jane pra um abraço, mas com Remi ele não tinha certeza sobre como agir. Kurt não queria que ela achasse que ele estava se aproveitando dessa sua vulnerabilidade para se aproximar. Então continuou:

— Você quer falar sobre isso?

O olhar de Remi estava sobre ele e não escondia sua determinação:

— Não, eu não quero falar sobre isso. Não essa noite. Droga, Kurt, eu só quero você agora.

Ele não resistiu ouvi-la chamá-lo de Kurt novamente após tanto tempo. Sem cerimônia, ele se aproximou envolvendo seu corpo no dela e procurando seus lábios com todo o desejo reprimido durante os últimos dois meses. A reação de Remi não foi menos intensa, apertando as mãos pelas costas dele como se até mesmo a distância que já não existia entre os dois ainda fosse grande demais pra suportar. Eles se entregaram àquele momento.

Enquanto deslizava beijos pelo pescoço de Remi, as mãos de Kurt vasculharam todo seu quadril até que seus dedos dançaram suavemente sob sua blusa, roçando sua pele e puxando a peça de roupa para cima até livrar-se dela. Então, se afastou alguns centímetros para poder admirá-la. Seus dedos acompanharam seu olhar, percorrendo a pela nua de sua barriga e subindo até atingir o soutien que ela usava e cobrir seus seios com as mãos. Foi então que ele sentiu o toque da mão dela em seu queixo redirecionando seu olhar de encontro aoao de.

Remi parecia muito excitada, com a respiração acelerada, mas também havia algum tipo de insegurança em seu olhar.  Kurt respondeu franzindo a testa numa clara expressão de quem busca entender o que havia de errado.

— É um visual um pouco carregado... _ ela confessou trazendo um autêntico sorriso de volta ao rosto dele.

— Não! É lindo, Remi. As tatuagens são lindas. Uma arte perfeita numa mulher perfeita._ e voltou a devorar a boca dela com a sua aproveitando para correr a mão até as costas dela e desabotoar seu soutien.

Vendo sua última insegurança derrubada, Remi fechou os olhos e se deixou desfrutar de cada sensação que os toques e beijos deles despertavam. Deus, que homem magnífico! Ele era esse capaz de tocar nos seus lugares preferidos.

Quando as mãos de Kurt se firmaram em seu quadril convidando-a a subir em sua cintura, os instintos de Remi só foram capazes de corresponder envolvendo suas pernas ao redor dele. No trajeto percorrido até se encaixar nele, ela pode sentir claramente o quanto a excitação dele lutava contra seu jeans.

Ele a carregou até uma das banquetas do balcão da cozinha buscando um apoio que lhe permitisse continuar suas carícias. Assim que ela sentiu-se firme sobre o móvel, agarrou a borda de sua camiseta e a  arrancou do corpo dele desnudando seu peito.  Ele por fim livrou-se do soutien já desabotoado, mas antes que pudesse admirá-la sem a peça, ela esmagou seu abdômen contra o dele numa súplica por sentir suas peles nuas se tocando. Os dois se moveram juntos numa dança erótica que só aumentava a necessidade de se livrarem das peças de roupa restantes. Remi não estava disposta a aceitar mais nenhum tipo de restrição entre eles, então, desabotoou a calça de Kurt e a empurrou para baixo com um ferocidade incrível. Repetiu o gesto com o boxer que ele usava. Seu objetivo era claro: ela precisava tocá-lo.

Para surpresa total de Kurt, ela o tocou de forma suave. Seus dedos percorreram a cabeça de seu pênis enquanto seus olhos estavam fixos nos dele. Ela salivou e engoliu enquanto envolvia os dedos ao redor de seu cumprimento.

— Remi... _ ele gemeu seu nome enquanto desfrutava dos movimentos que ela fazia._ Por favor, vamos para o quarto...

Sem soltar o pênis dele, ela reconectou seus lábios e sugou suavemente sua língua.

Percebendo a urgência do desejo que os consumia, Kurt a desceu da banqueta e a virou de costas. Ele precisava evitar que ela continuasse o tocando daquela forma para garantir que só chegaria ao orgasmo dentro dela. Visualizar a tatuagem com seu nome porém não o ajudou a se controlar. Ele roçou a barba na sua nuca enquanto envolvia os braços ao redor dela para desabotoar sua calça.

— Quarto, Remi, agora. Por favor...

Sentir-se parcialmente no controle fez bem a Remi, apesar dela saber que estava sendo irracionalmente arrastada pelo prazer que aquele homem lhe proporcionava tanto quanto ele estava sendo levado por ela.

Os dois caminharam pelo corredor com as mãos de Kurt se esforçando em despila-la da calça antes de chegarem lá. A peça foi deixada na porta do quarto e, assim que os dedos dele se afundaram em suas dobras úmidas, ele pode sentir o quanto ela estava pronta para recebê-lo.

— Eu preciso de você dentro de mim, Kurt._ sussurrou ao pé de seu ouvido ao se aproximarem da cama.

Ela se colocou atrás dele e suas mãos seus nos ombros o convidaram a se sentar subindo imediatamente em seu colo. Ele recuou mais para o centro da cama, aguardando que ela decidisse o momento de se unirem. Trocaram mais alguns beijos até que ela voltou a se sentar roçando seus dedos nos mamilos dele. No instante seguinte, ela deslizou devagar seu pênis para dentro dela. Ele deixou que ela ditasse o ritmo, mas sabia que não conseguiria conter as sensações que cresciam em seu interior por muito tempo. Tomado pela ânsia de tê-la ainda mais, suas mãos se colocaram ao lado de seu quadril puxando-a contra ele num ritmo mais acelerado. Ela reagiu se empurrando ainda mais contra ele. Sentindo a pulsação dentro dela e os gemidos intensos que ela soltava toda vez que ele se afundava nela, Kurt sabia que podia se entregar ao clímax porque ela viria junto com ele. A explosão interna aconteceu segundos depois.

O refluxo do extase foi lento. Atingir o ápice não fez os dois se separarem. Continuaram unidos porque a vontade que tinham um do outro parecia insaciável, desacelerando os movimentos até que a conexão fosse apenas uma necessidade sentimental e não física.  Quando a adrenalina baixou, ela se debruçou sobre ele para beijá-lo mais uma vez antes de rolar para o lado trazendo seus braços ao redor dela.

Kurt estreitou o abraço a aconchegando da forma que sabia ser sua preferida. No seu interior, uma prece silenciosa pedia que seu corpo tivesse dito a ela tudo que era proibido pelas palavras. Deus, que ela entendesse a imensidão do amor que ele sentia por ela. Que essa conexão tão profunda e mágica que estabeleciam quando faziam amor fosse o alicerce para que ela compreendesse sua decisão de poupá-la de parte da verdade.

Para Remi aqueles momentos tinham sido ao mesmo tempo surpreendentes e ... familiares. Parecia que seus corpos foram feitos para se encaixarem. Kurt foi tão perfeito. Cada toque, cada beijo, cada movimento, ele parecia saber perfeitamente como agradá-la. Ela fechou os olhos e se entregou ao aconchego oferecido por ele. Mas foram segundos apenas. A retrospectiva do amor que fizeram e familiaridade com que levaram o momento foram transformando o sonho em pesadelo.

Remi sentiu seu corpo enrijecer. Não! Devia haver alguma outra explicação. Kurt não esconderia algo assim dela. Ela sempre deixou claro seu interesse por ele. Deveria haver outro motivo para ele fugir dela como fez por tanto tempo. A mesma sensação que tomou conta dela durante a conversa com Roman voltou. Kurt, assim como seu irmão, escondia alguma coisa.

A respiração dele parecia embalada, devia ter adormecido.  Ela se afundou nos seus braços mais uma vez procurando dispersar aquela tenebrosa hipótese e se  apegar apenas à felicidade que sentiu com ele. Mas quanto mais ela tentava negar, mais a decepção e a revolta cresciam dentro dela pela certeza de que aquela não foi a primeira vez que os dois dormiram juntos.

Remi queria só por uma vez ser capaz de ignorar seus instintos e acreditar que com Kurt seria diferente de todos os outros. Ela queria confiar nele. Ela precisava. Ele seria o fim de sua longa jornada solitária, um porto seguro onde se ancorar.

Quando a primeira lágrima rolou, foi seu ponto de quebra. Ela a secou com a mão e em instantes estava recolhendo e vestindo suas roupas espalhadas pela casa.

Kurt apareceu sonolento no corredor:

— Remi?

Ela não respondeu. Estava focada em encontrar a droga da blusa que ainda não tinha localizado. Isso deu a ele tempo de despertar e perceber a situação. Ela estava muito irritada e se vestindo pra deixar o apartamento?

Ele se aproximou e tocou seu braço:

— Hei, está tudo bem?

— Não me toque!

Ele a soltou, mas insistiu:

— O que aconteceu, Remi? Foi algo que fiz? Por favor, fale comigo.

Remi torceu o pescoço para o lado e o encarou:

— Não foi nossa primeira vez, foi?

Ele não podia continuar mentindo pra ela. Mas ele não sabia por onde começar. Lembrou-se da promessa que fizeram: sem mais segredos. Tomou coragem e falou:

— Não. Não foi.

Ela sacodiu a cabeça demonstrando sua decepção enquanto vestia a blusa.

— Por favor, Remi, vamos conversar. Eu vou te contar tudo...

Ela respirou fundo e continuou caminhando até a porta. Depois de destravar a tranca, voltou parcialmente a cabeça não se permitindo nenhum contato além da visão periférica:

— Tudo que eu preciso agora é ficar longe de você.


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Notas finais do capítulo

Não dá pra manter a separação física desses dois! Como os roteiristas conseguem?
Foi realmente muito divertido escrever esse capítulo.
E vocês, o que acharam? Adoraremos saber.



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