P.O.V. Isabella Swan

O domingo passou normal, Renesmee e eu estávamos apenas jogadas no sofá assistindo séries e comendo.

Eu tive a sensação de que a segunda-feira chegou rápido demais, pois logo eu estava em frente aos portões da mansão.

— Oi, Bella. — Eleazer me cumprimentou quando passei ao seu lado, enquanto ele arrumava a ordem dos vasos de flores.

— Oi, onde eles estão? — perguntei, o ajudando a mover os vasos.

— Dormindo, o senhor Masen disse que passaram a noite latindo.

— E ele ainda está aí? — perguntei, nervosa.

Droga, só me ferro.

— Não, saiu mais cedo, hoje é o dia do lançamento de um jogo ou algo assim. — Ele respondeu, dando de ombros.

Oh, sim. Como sou sortuda!

— Certo, vou conferir as crionças. — falei, arrumando o último vaso.

— Boa sorte, menina. — Ele acenou para mim, bati continência e entrei.

Eles estavam quietos mesmo, dormindo todo abertos em cima do tapete. Dei uma cutucada neles mas eles pareciam com bastante sono, passei direto para a cozinha ver se Alice precisava de ajuda.

(...)

O dia até que foi calmo, tirando a parte que o Harry tirou a toalha da mesa e levou para o quintal e a parte que a Nina levou uma sandália para roer.

Na hora do passeio eu queria fazer um caminho diferente, mas queria a ajuda de Alice, que se mostrou relutante até a morte.

— Não, não e não. — Ela falou, apoiando as mãos na mesa.

— Por favor, por favor. Eu não vou ter força, estou cansada demais. — implorei, sendo o mais simpática que eu consegui ser.

— Na última vez que eu saí com essas pestinhas eles quase quebraram a clínica do Jazz.

— Jazz? — perguntei, ficando confusa.

— Jasper, o veterinário deles. — Ela explicou.

— Jazz, hum? — perguntei maliciosa.

— Bem, depois do dia desastroso nós trocamos os nossos números e começamos a sair. 

— Está vendo? Um ponto positivo! Vamos, vamos. — falei, tentando persuadi-la.

— Uma volta rápida. — Ela falou, se rendendo.

— Uma voltinha, prometo. — afirmei, abraçando ela.

— Tá, tá. — Ela resmungou, mal-humorada.

Preparamos eles para o passeio e saímos para a direita, prontos para explorar o novo trajeto.

Eu estava levando Harry e Alice levava Nina.

Andamos tão calmamente quanto podíamos com os cachorros hiperativos até que em certo ponto uma cachorra branca apareceu na nossa frente, ela veio correndo da porta de uma das casas e ficou rosnando à nossa frente. Quero dizer, eu acho que é uma cachorra, deu para perceber em suas feições e etc. Hum, talvez eu deva considerar ser veterinária, já sei diferenciar cachorro macho e fêmea!

— Alice, essa cachorra vai morder? — perguntei com um sorriso forçado, vendo o projeto de pulga “sorrindo” para nós. 

Quem sabe ela estava feliz em nos ver, sim?

— Eu nunca tinha visto por aqui antes. — Ela afirmou, puxando Nina um pouco para trás, que parecia louca para pular em cima da outra, assim como Harry.

— Vamos tentar passar.

— Está maluca? Ela tá rosnando ali. — Ela falou, apontando para ela.

— Certo, mas deixe-me tentar. — falei, deixando Harry me guiar para frente.

Alice me seguiu cautelosamente. Pensei que iríamos conseguir passar, mas a cachorra correu igual um furacão e pulou em cima de Harry para brigar, como ele estava latindo e rosnando eu pensei que ele iria cair dentro, mas mal ela chegou ele saiu correndo em direção da casa/mansão a toda velocidade. Quando procurei Alice ela estava pulando e brigando com Nina que estava em cima da cachorra latindo e mordendo a oponente. Eu devo me orgulhar ou separar a briga? Hum, tantas possibilidades.

Suspirei, sabendo que precisaria fazer o certo. Soltei Harry que saiu correndo para casa e fui ajudar Alice, peguei na guia da coleira para puxar a Nina e senti a força sobre-humana da cachorra, eu hein. Nós a puxamos até que conseguimos separá-las mas ambas continuavam rosnando uma para a outra.

— Nina, você é bem selvagem, menina. — falei, pegando ela e Alice me encarou com ao olhos em fenda.

— Selvagem? Eu fiquei em pânico, não sabia se soltava ela e ia embora ou separava, e ela tem uma força que não sei de onde tirou. — Ela falou, apontando para Nina que estava distraída olhando para trás, provavelmente procurando a cachorra para mais um round.

— Aquela cachorra desgraçada, ela vai ver, vou passar por cima dela mas vou dar a volta por ali. — afirmei, olhando para trás procurando ela.

— Deixa aquele projeto de demônio. — Alice falou. — Cadê o Harry?

— Deve estar em algum lugar escondido, era o mais animado para brigar e foi o primeiro a correr. — falei, revirando os olhos.

— Você viu a cara que ele fez? — Alice perguntou, começando a rir.

Ao lembrar eu também não me segurei, rindo muito com o ocorrido.

Ao chegar em casa reuni os dois e dei um sermão para eles não procurarem briga com os outros. Eles me olharam entediados e quando percebi estavam dormindo, balancei a cabeça em negação e fui para a sala esperar meu horário acabar.

Alice já havia ido embora, assim como Eleazer, então fiquei à vontade mesmo. Meu celular apitou e abri a mensagem, peguei ele para ver o que era.

“Oi, Bella. Vou chegar uma ou duas horas mais tarde, você poderia fazer hora extra? Alec sumiu no meio do lançamento (vou caçá-lo!) e tenho que organizar umas coisas por aqui.

Bjs”

Ri dele, coitado. Respondi uma afirmativa e olhei ao redor, mesmo sabendo que eu estava só. Me ajeitei melhor no sofá e fiz o que qualquer mulher como eu faria quando se está só.

— Oh, sim! — gemi, entusiasmada com a abertura de Steven Universo.

Droga, como eu amo esse desenho! Amo o chefe por ter uma tevê maravilhosa e canais fechados! Amo o universo!

(...)

Passei um bom tempo vendo Steven Universo, depois dei uma boa maratonada em alguns episódios de Ursos Sem Curso, os cachorros aparecerem para dar uma cheirada e lambidas mas foram embora, provavelmente preguiçar mais ou caçar lagartixas, mas por precaução pus o jantar deles nas vasilhas. Infelizmente escutei o barulho da porta batendo no momento que o episódio de Ursos Sem Curso estava interessante, passei a mão ao meu lado para pegar o controle e fingir que eu estava entediada mas não o encontrei. Oh, droga!

Joguei almofadas para todo lado, tirei as partes do sofá e pus de novo e não achei, me abaixei para ver se tinha caído embaixo do sofá e escutei uma risada.

— Isso sim que é uma boa visão. — Edward falou. Arregalei os olhos e me sentei rapidamente, pensando que ele se referia a minha bunda levantada, mas estreitei os olhos ao o ver concentrado na televisão. — Adoro esses ursos, o Panda é meu favorito.

Cara, eu não sei se me sentia feliz ou indignada, mas fingi que nunca houve um duplo sentido no meu entendimento e respondi como se nada tivesse acontecido.

— Ah, eu prefiro o Polar, ele é caladão, me lembra eu. — comentei, apontando para ele. Edward arqueou a sobrancelha para mim e eu revirei os olhos e bufei. — Okay, ele parece o que eu queria ser.

— Agora sim faz sentido. — Ele falou, rindo de mim. — Mas adoro que você sempre fale o que quer.

— Eu odeio a falta do meu filtro, tipo, eu chego aqui e ao invés de chamar de chefe eu chamo de gostoso porque eu estava pensando, como vai ficar a minha cara? — perguntei, tentando mostrar meu ponto. Depois percebi o que eu falei e arregalei os olhos.

Oh, droga. Olha aí a falta da desgraça desse filtro.

— Então você estava pensando que eu sou gostoso?

— Não! Quer dizer...

— Tudo bem. — Ele falou, interrompendo meu embaraço. — Mas temos que conversar.

— Temos? — perguntei, dando um sorriso amarelo.

Será que eu conseguiria chegar à porta antes dele me pegar? Hum, me pegar... Foco!

— Temos, Isabella.

— Estamos em horário de trabalho. — argumentei.

— Está liberada, senhorita Swan. — Edward falou. — Qual é a sua desculpa agora?

— Tá, vamos conversar. — rolei os olhos, desistindo da fuga.

Quem sabe em outro momento...

— Certo. — Ele falou, sentando-se na poltrona à minha frente. — Olha, eu não quero que pense que eu estava abusando por ser seu chefe.

— Ah, não. Eu que quase abusei de você ali, fica sossegado. — falei, fazendo sinal de que não era nada demais.

Ele me observou com a sobrancelha arqueada e me senti corar um pouco, acho que o filtro quebrou de vez.

— Okay, mas eu quero saber se significou algo para você ou não. — Ele falou, vindo sentar-se ao meu lado no chão.

— Depende, significou para você?

Ele suspirou, voltando sua atenção para mim.

— Sim, Bella, significou.

— Para mim também.

— Podemos continuar então? — Ele perguntou, dando um sorriso torto e ajeitando meu cabelo.

— Depois do horário de trabalho. — Sentenciei, o olhando com os olhos em fenda.

— Mas como você é mandona. — Ele falou, fazendo cócegas.

— Profissional, eu não gosto da ideia de estar pegando com o meu chefe. — expliquei, dando de ombros.

— Oh, senhorita profissional. Muito bem, merece uma estrela de bom comportamento, mas como está em falta você aceita um beijo?

— Talvez, vai valer a pena? — perguntei divertida.

— Você dirá. — Ele falou, se aproximando e colando seus lábios nos meus.

Diferente do primeiro não foi afoito, foi mais leve e calmo, ficamos explorando um a boca do outro por bastante tempo, e eu nem estava ligando muito, mas ainda precisamos respirar.

— E você não está pegando seu chefe, você está namorando ele. — Ele falou, zombeteiro.

Mas o chefe está botando as asinhas de fora, hein?

— Eu não me lembro de nenhum convite. — respondi no mesmo tom.

— Pois bem, senhorita Swan, aceita namorar com seu chefe?

— Não sei, talvez se ele me der um aumento eu possa pensar. — brinquei, mas vi ele franzir o cenho.

— Você quer um aumento?

— Não, seu bobo. E aceito o pedido. — confirmei, e ele me puxou para mais perto.

Subi em cima dele para aprofundar o beijo e senti patadas nas minhas costas.

— Hey! Eu só quero dividir um pouco. — falei para Harry, que estava tentando nos escalar, quando prestei atenção em sua boca vi o tão procurado controle lá. — Safado. — resmunguei, tomando dele.

— Acho que ele quer assistir sua própria programação. — Edward comentou, divertido.

— A programação dele é o filme Detona Harry.

— Não seria Ralph?

— Harry mesmo, ele é mais destruidor. — respondi, fazendo ele rir.

Os cachorros fizeram sua algazarra diária perto de nós pela chegada de Edward, por um tempo fui impedida de chegar perto dele porque a Nina se metia no meio.

Parece que vou ter que dividi-lo com uma cachorra, mas estou bem com isso.

(...)

Eu conti a vontade de saltitar até o meu apartamento por motivos óbvios, eu sou azarada e iria cair de cara no chão.

Abri a porta do apartamento e fiquei chocada com a cena, Renesmee estava quase chorando de felicidade enquanto comia um frango, okay né... Mas o que me intrigou foi Alec rindo dela, também comendo e o cheiro de queimado.

— Oi?

— Oi, Bells! — Renesmee me cumprimentou animadamente.

— Hey, Bella. — Alec acenou.

— Então é aqui que se meteu? Edward falou algo sobre caçá-lo. — avisei, pondo minhas coisas na mesinha e me jogando no chão mesmo.

— Um homem precisa de uma aventura. — Ele falou, dando de ombros. — É que...

— Ele queria me visitar, claro. — Renesmee o cortou, dando um sorriso amarelo. — Até fiz frango e calabresa assada.

— Por isso o cheiro de queimado? — perguntei, divertida.

— Hey! Pode olhar, nem mesmo um deles está queimado! — Ela exclamou indignada, eu a encarei cética.

— Até porque faz tempo que sou cliente, não poderia estar queimado. — Alec falou distraidamente, prestando atenção no que passava na tevê. — Ai, Renesmee! Tenho intolerância a dor, mulher. — Ele falou, passando a mão onde Renesmee havia batido.

— Desembucha. — falei para Nessie, cruzando os braços.

— Tá, obrigada, Alec. — Ela falou acidamente.

— Sempre ao dispor. — Ele falou, voltando sua atenção para a tevê.

— Então... — comecei, antes que ela o agredisse e fosse presa. 

— Certo, eu estava com muita, muita vontade de comer um frango assado com calabresa, estava desejando a tarde toda, quando saí do trabalho eu trouxe logo o que eu precisava para fazer um maravilhoso. Tive uma luta com o fogo mas consegui fazer depois de umas meia hora... — Ouvi uma risadinha e vi Alec prestando atenção, rindo dela, que lhe deu um soco no braço e continuou. — Então coloquei pra assar e fiquei olhando o movimento lá embaixo, dando tchau pra quem passava por baixo e quando percebi tava tudo queimando. — Ela resmungou, triste.

— Enfim, eu estava cuidando do lançamento do jogo e recebi uma ligação, eu atendi e Renesmee ficou falando coisas desconexas e quando ela deu uns gritinhos de “OMG! OMG! OMG!” eu vi que poderia ser sério e vim socorrê-la.

— Eu joguei água em tudo, nada tava prestando mais e eu ainda estava com muita fome. — Renesmee completou. — Aí Alec foi comprar muito gentilmente o que eu queria em um lugar que ele costuma comer e me trouxe. — Ela finalizou, apontando para o prato no centro da mesinha.

— Seu dia foi emocionante. — Zombei, rindo.

— Vaca. — Ela resmungou, voltando a comer.

Ficamos conversando mais um pouco e assistimos um filme, em algum momento eu me esgueirei para o quarto e os deixei sozinhos. Não que eu esteja querendo bancar a cupido, não... Talvez.

Estava esperando Alec sair para contar para Renesmee da minha conversa com Edward, provavelmente Edward contaria para ele, mas mesmo assim estava esperando uma conversa de garotas.

— Oi, vaca. — Nessie falou, pulando em cima de mim.

— Oi, vaca mor. — cumprimentei. — Conta sobre tudo.

— Tudo o quê? — Ela se fez de desentendida.

— Com Alec, vai, desabafa. — falei, virando de barriga para baixo para a observar.

— Ele é legal, gentil, engraçado, nerd. — Ela listou, sorrindo. — E está rolando um lance.

— Um lance? — perguntei, a olhando desconfiada.

— Sim, um lance. Me conte você as novidades. — Ela mudou de assunto, não me deixando muito satisfeita.

— Okay, estamos namorando. 

— Ahá, eu sabia. — Ela falou, piscando.

— Mas...

— Você sempre tem um “mas”. — Ela falou, me olhando entediada.

— Não me sinto confortável namorando o chefe, então vamos agir como namorados apenas quando acabar o horário de trabalho. — Expliquei, dando de ombros.

— Que mulher dramática. — Ela falou, rolando os olhos. — Você devia aproveitar que trabalha na casa dele e já subir pro quarto! O que mais você quer da vida?

— Renesmee!

— O quê? Sempre dou ótimos conselhos. — Ela falou, dando de ombros.

— Começamos a namorar não tem nem um dia e já quer que eu o carregue para a cama?

— Não quer?

— Claro! — falei impulsivamente, rolei os olhos. — Virgem! Virgem! — Apontei para mim mesma.

— Eu sei, mas não acho que Edward se importará muito. Ataque ele logo, mulher!

— Agarre um homem você. — retruquei.

— Ele pode se assustar, primeiro tem que amaciar, depois quem sabe. — Ela falou.

Suspirei, rindo dela.

Certo, em alguns momentos ela parecia estar falando a verdade, mas em outros ficava nervosa, o que ela está escondendo?

E eu preciso ligar para Emmett para falar sobre Edward, tudo bem que parecíamos velhinhas fofoqueiras confidenciando segredos, mas somos irmãos, temos o direito de fofocar como velhas.

Certo, às vezes somos piores do que as velhas, mas mesmo assim estamos em nosso direito total!