— A Sagrada Armadura de Ouro de Câncer tem dois candidatos a seu posto. - nesse momento Sage e Hakurei adentraram em lados opostos da arena - Ambos vindos de Jamir, Sage e Hakurei.

Hakurei passou olhando um por um os cavaleiros que ladeavam o Grande Mestre Itia. Naquele momento as palavras que lhe foram ditas por Cészar na noite anterior ecoavam na mente.

“Talvez você deva estar pensando demais com a razão, sem se lembrar que ser um cavaleiro perpassa o fato de que o coração nos guia para o nosso dever. E ele o fará com você, assim como fez comigo, com os outros cavaleiros e até mesmo com Athena.”

— Senhor Cészar…

Mas quem dissesse que Sage não estava tão apreensivo quanto o irmão estava errado.

Na noite anterior o mais novo dos gêmeos teve um momento que o marcarou profundamente.

“Casa de Câncer - Santuário

Os passos de Sage ecoavam pelos corredores mórbidos da casa de Câncer. O garoto os atravessava observando cada detalhe que ali havia, como se quisesse rastrear alguma coisa. Talvez Sage realmente estivesse ali numa busca, uma busca por respostas.

Finalmente ele se deparou com a imagem da urna dourada onde estava a Sagrada Armadura de Câncer.

— Câncer…

A urna se abriu diante dele, revelando a veste dourada. Um brilho intenso ofuscou a visão do menino que ao transpor o brilhou que reduziu viu que agora estava num local diferente.

— Aqui… aqui é o Yomotsu… o Yomotsu Hirasaka! A armadura de Câncer me trouxe até a Colina dos Mortos?!

— Ei garoto! - a voz veio de trás dele - Sage se virou se deparando com um homem trajando um manto negro encapuzado.

— Quem é você e porque consegue interagir comigo estando nesse lugar? - na voz de Sage estava embargada de hesitação.

— Eu sou Cipriano… Cipriano de Câncer.

— Você… - as memórias da ocasião em que ele e Hakurei estiveram na casa de Câncer, voltaram para Sage o fazendo recordar do rosto do homem que se revelara em sua frente.

— Parece que a Câncer te trouxe até este lugar…

— Eu não entendo porque a Armadura de Ouro me trouxe ao Yomotsu…

— Câncer queria que eu falasse com você… você em poder garoto… - disse o homem o observando de cima abaixo - seu controle do Sekishiki é formidável. Mas seu irmão é tão bom quanto você…

— Ele é melhor…- disse Sage desviando o olhar para baixo.

— Sabe... quando eu me tornei um cavaleiro eu não tive um adversário ao mesmo posto. Na verdade todos temiam a casa de Câncer entre os aspiras do meu tempo. - ele deu uma risada - No entanto, eu não, a morte me interessava de alguma forma peculiar. Eu queria entende-la, queria dominá-la. Alguma coisa na minha alma dizia que eu era uma peça fundamental para que o exército de Athena entendesse justamente o Submundo, o domínio de Hades.

— E foi por isso que você dominou o Sekishiki…?

— Sim! - ele disse com satisfação - O poder de transitar entre o mundo dos vivos e a beira do mundo dos mortos.

Cipriano deu uns passos mais adiante passando por Sage em direção ao abismo.

— Esse lugar, Sage, é um lugar atemporal sabia?

— Atemporal?!

— Sim, aqui estão almas de diversos tempos da humanidade, todos caminhando em direção a esse buraco e aqui no fundo está o Inferno. Eu também deveria estar lá, mas quando eu despertei o Arayashiki foi como se meus poderes se ampliassem profundamente. - ele se virou para o garoto - Sabe aquela história de entender a morte? - Sage respondeu com a cabeça positivamente - Foi assim que eu entendi. Sage, somente nós os cavaleiros de Câncer podemos ter esse privilégio… Athena! Busque seu garoto, aqui não é lugar para ele ainda, há um futuro imenso na frente dele!

Nesse momento a deusa Athena surgiu carregando seu báculo como a luz do sol nascente.

— Athena…

— Sage, o que você ouviu aqui, era o que precisava ouvir…”

— Nesse momento eles irão combater pelo direito de ocupar o posto de Cavaleiro de Ouro de Câncer! - anunciou Itia  - Elevem seus cosmos garotos, somente o melhor de vocês poderá ser o Cavaleiro de Ouro!

Eles entraram em posição de combate, punhos serrados, guarda alta, os sentidos atentos e aguçados.

Hakurei fez o primeiro movimento deslocando-se rapidamente pela esquerda de Sage.

— Previsível Hakurei, me atacar pelo lado que sou mais fraco, sendo eu destro, no entando…

Sage parou o punho de Hakurei com a palma da mão e com a outra avançou com um soco mirando a lateral do tronco do irmão, mas Hakurei era mais rápido e novamente se locomoveu para o lado, estando agora, acima de Sage.

O mais novo dos gêmeos sentiu a pressão do poder do irmão.

Se eu continuar entrando no jogo dele eu não conseguirei nada. Hakurei é muito bom no embate físico, porém pouco estratégico. Sua tática está sendo avançar freneticamente para evitar de me dar tempo de analisar a situação.

Sage cruzou o braço acima do rosto para proteger-se do ataque descendente. Hakurei novamente desapareceu no ar.

— Como eu já imaginava, Hakurei é muito superior ao irmão… - comentou displicente Gateguard.

— Gateguard não julgue tão previamente o poder dos dois… - respondeu lacônico, Cészar.

— Eu acredito que essa luta não terá muitas reviravoltas - disse Francisca.

— Eu prefiro não depor nada ainda… - sentenciou Isis de Escopião.

Na arena Sage ainda encontrava dificuldades de se adaptar as investidas poderosas, rápidas e concisas de Hakurei.

— Eu não tenho muitas opções… - o cosmo de Sage explodiu com imensidão e um grito intermitente ecoou de sua garganta - queime cosmo!

Quando Hakurei se aproximou novamente foi alvejado por um soco que o arremessou de volta.

— O que…

— Uma cúpula de socos?! - Gateguard se surpreendeu.

— Ele está socando como se sua vida dependesse daquilo, elevou o cosmo para aprimorar as funções físicas, está socando na velocidade do som em todas as direções. Hakurei não vai encontrar brechas ali… - comentou Francisca.

— Perceba bem, Francisca…- disse Aeras de Sagitário -

— A velocidade está aumentando, ele facilmente está alcançando algo acima da velocidade do som! - Shiva observava atentamente.

— Não consigo me aproximar… a velocidade com que ele desfere os socos cria basicamente uma cúpula impenetrável, a essa velocidade se um deles resvalar no corpo eu levarei sérios danos. Sage você é mesmo um desgraçado! Mas eu não vou me dar por vencido!

Hakurei avançou na direção de Sage ignorando a cúpula de socos ele atacou com uma lufada de cosmo que desestabilizou o irmão.

— Agora! - Ele deu um cruzado de direita e um de esquerda, conseguiu encaixar um chute no estômago de Sage.

Talvez você deva estar pensando demais com a razão, sem se lembrar que ser um cavaleiro perpassa o fato de que o coração nos guia para o nosso dever.— as palavras de Cészar ecoaram na mente de Hakurei.

Foi assim que eu entendi. Sage, somente nós os cavaleiros de Câncer podemos ter esse privilégio… - as palavras de Cipriano ecoaram na mente de Sage.

Agora ambos desferiam socos um contra o outro com imensa velocidade deixando hematomas e lesões no adversário.

Hakurei se abaixou e conseguiu aplicar um rasteira girando o corpo por baixo. Quando o irmão caiu contra o chão ele saltou por cima erguendo o punho agora envolto em cosmo, mas parou… sua mente foi tomada pela imagem da Armadura de Prata de Altar.

— Sage…

— Hakurei…

— Não sou eu… é você…

Hakurei…

Sage…

A voz vinha de dentro deles e ecoava entre eles… duas vozes cada uma chamando um deles.

 - Armadura…

— SEKISHIKI MEKAI HA!