Manha escrita por Marina Louise


Capítulo 1
Manha


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic se passa na 6ª Temporada, Pós 6x16



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Lisbon entrou no escritório completamente esbaforida. Estava almoçando com o namorado quando recebeu uma ligação de Fisher informando que Cho e Jane haviam sofrido um acidente de carro. Alguém havia jogado os dois para fora da estrada quando estavam voltando de Lockhart, uma pequena cidade do Texas. 



Imediatamente havia pedido Fisher o endereço do hospital, mas a colega de equipe tinha dito que eles já haviam sido liberados pelo médico e que já estava retornando com os dois para o escritório para que prestassem depoimento. 


Assim que a agente pusera os pés no prédio do FBI, nem sequer tivera paciência para esperar pelo elevador. Subira correndo pelas escadas da saída de incêndio com Pike em seu encalço. Precisava saber se eles estavam bem, Kim não quisera entrar em detalhes no telefone e ela estava morta de preocupação. 


Assim que entrara no andar que dividia com a equipe, a primeira coisa que notou foi que estavam todos lá reunidos. 


Cho estava em sua mesa, conversando com Dennis, Fisher e Wylie. Já Patrick, estava sentado em seu sofá, com uma pequena caixa de primeiros socorros no colo, soltando alguns gemidos de dor e tentando, ao que parecia, enfaixar a mão com uma atadura. 


“Vocês estão bem?” Ela perguntou sem fôlego, assim que se aproximou dos colegas. 


“Não.” Jane choramingou. “Por pouco eu não perdi o meu braço.” Ele levantou o braço direito, lhe mostrando a mão cheia de pontos na palma e o braço lotado de escoriações.


“Não se preocupe, Agente Lisbon, não foi nada grave.” Dennis interveio enquanto revirava os olhos para o consultor. “Cho teve uma pequena concussão, e Jane apenas alguns cortes e escoriações, mas eles vão ficar bem.” 


“Nada grave?” Patrick perguntou, escandalizado. Já Lisbon, permanecia parada, observando com os olhos arregalados a testa e o rosto, inchados e vermelhos, de Kimball. 


“Meu Deus, Cho!” Foi Pike quem expressou os pensamentos dela em voz alta. “Mas o que aconteceu com vocês, afinal?” 


“Está tudo bem.” Kimball encarou Lisbon, tentando tranquilizá-la. “Uma mercedes preta, sem placa, surgiu do nada e nos jogou pra fora da estrada. Eu perdi o controle do carro e nós batemos contra uma árvore. Mas estamos bem.” 


“Nós quase morremos, isso sim!” A voz indignada de Patrick chegou aos ouvidos de todos, fazendo com que se virassem para ele. “Sem contar que meu corpo parece estar moído.” Ele fez uma careta. 


“Também não precisa exagerar, Jane. Você sofreu alguns cortes, não um ferimento de guerra.” Lisbon cruzou os braços sobre o peito, voltando sua atenção totalmente para Kimball. 


“Cho, você não deveria ir para casa descansar?” Ela perguntou, preocupada. “Concussões devem ser levadas a sério. O que o seu médico disse?” 


Jane estreitou os olhos. Ele quase morrera em um acidente e Lisbon sequer lhe dava confiança? E ainda por cima na frente de Pike? Isso era tão injusto. Só ele sabia o quão dolorido estava! 


“O médico disse que eu vou ficar bem. Só não posso dormir pelas próximas horas, e que vou sentir dor de cabeça por algum tempo.” O oriental respondeu, dando de ombros, como se não fosse nada grave. 


“Mas, de qualquer forma, você devia fazer repouso, Cho. Não é bom exagerar depois de um ferimento como esse.” Lisbon deu um passo mais para perto, dando um olhar mais atento ao rosto do amigo. 


“E ele vai, não se preocupe, Agente Lisbon.” Abbott a tranquilizou. “Ele veio pra cá apenas para nos dar um depoimento e os detalhes do que aconteceu, para que possamos começar a procurar os responsáveis o mais rápido possível.” 


“Eu posso te levar pra casa, Cho.” Teresa ofereceu. 


“Pode deixar que eu vou fazer isso, Lisbon. Já está tudo combinado.” Fisher lhe lançou um pequeno sorriso. 


Já Patrick, permanecia completamente estarrecido com a cena que se desenrolava a sua frente. Uma expressão de puro desgosto no rosto. Lisbon e Ficher estavam praticamente disputando para ver quem levaria Cho para casa, mas ninguém tinha a mesma consideração por ele. 


“Você está bem, Senhor Jane?” Jason, que até então permanecera calado, perguntou, os olhos pregados no loiro sentado a sua frente, fazendo com que as atenções de todos se voltassem novamente para o ex-psíquico. 


“Claro que não.” Ele respondeu, lançando um olhar manhoso para Lisbon. “Esses machucados doem como o inferno.” Ele levantou dramaticamente o braço, voltando a tentar enfaixá-lo com a atadura que segurava na mão esquerda. 


Fisher reprimiu uma risada, Cho apenas sacudiu levemente a cabeça e Dennis soltou um suspiro exasperado. Desde que buscaram Kimball e Patrick no hospital, o consultor não parava de reclamar. 


“Você devia tomar alguns analgésicos, Jane.” Pike aconselhou, e isso só fez o consultor se enfurecer ainda mais. Como se já não bastasse tudo que houve, ele ainda ia ter de ficar ouvindo conselhos do agente? Ele já estava com esse Marcus pelas tampas da orelha!


“Aquelas porcarias não adiantam de nada.” Patrick respondeu, mal humorado. 


Lisbon revirou os olhos. Toda vez que o consultor se machucava era o mesmo lenga lenga. Ele parecia uma criança mimada. 


“Vamos lá, Jane. Não deve ser tão ruim assim.” 


“Não é tão ruim?” Ele ergueu as sobrancelhas. “Eu quase morri, Lisbon. E mesmo com meu braço arruinado e doendo, eu tirei o Cho do carro antes que ele explodisse com nós dois dentro.” 


“Eu não sabia que o carro havia explodido.” Wylie disse, chocado. 


“Não explodiu.” Cho respondeu, estoico como sempre. “Aliás, nem sequer pegou fogo.” 


“Mas podia ter explodido!” Jane se exaltou. Era assim que o colega lhe agradecia pelo resgate que havia feito? Isso que era uma tremenda falta de consideração, pensou consigo mesmo. 


“Bem, eu vou voltar para minha sala.” Abbott interrompeu o lamúrio do consultor. “Se vocês precisarem de mim, é só chamar.” 


Assim que o Chefe caminhou para sua sala, Jane voltou a encarar Lisbon e a reclamar. 


“E, pra piorar, machuquei meu braço dominante, Lisbon.” Ele fez beicinho. “Como eu vou fazer minhas coisas agora?” 


Teresa caminhou até ele, sentando-se ao seu lado no sofá, enquanto os outros agentes apenas observavam os dois. 


“Além disso, o corte na minha mão foi bem profundo. Quinze pontos! Veja!” Ele ergueu a mão para que ela olhasse. “Esse tipo de corte pode ser perigoso. Um amigo da minha época de circuito de parques deu gangrena no pé por causa de um corte.” 


“Eu tenho certeza de sua lesão não vai evoluir para gangrena, Jane.” Lisbon tentou segurar o riso. “Nós vamos cuidar para que não infeccione, ainda mais a esse ponto.” Ela acariciou a mão dele levemente com o polegar. 


“Por isso eu estava tentando enfaixá-la!” Patrick balançou a atadura que segurava, parecendo estar bem mais contente do que segundos atrás. 


“O que foi que o médico que te atendeu falou?” Ela perguntou enquanto examinava o braço dele mais de perto. 


“Que eu vou sentir dor por alguns dias, meu braço vai ficar inchado, e que eu devo tomar cuidado pra não arrebentar os pontos. E eu posso ter febre.” 


“Tudo bem.” Ela soltou um suspiro. “Onde estão os medicamentos que ele te receitou?” 


“Ali.” Jane apontou para a sacola encostada contra a almofada marrom. 


“Vamos fazer o seguinte, vamos tirar esse relógio para não interromper a sua circulação caso seu braço inche demais.” Ela tirou o relógio que estava no braço dele. “E você vai tomar um desses analgésicos e se deitar um pouco para descansar. Tenho certeza de que você vai se sentir bem melhor depois que fizer isso.” 


Lisbon se levantou e começou a recolher tudo que ele espalhara pelo sofá, levando para sua mesa, em seguida voltando para ficar ao lado dele. 


“E eu vou te preparar um daqueles chás que você tanto gosta, está bem?” Ela informou enquanto o ajudava a se deitar. 


“Com leite?” Jane perguntou com os olhos expectantes. 


“Com leite, Jane. Colocado na xícara primeiro.” Ela lhe lançou um sorriso e ele sorriu de volta. 


Quando ela estava prestes a sair para preparar o chá, Jane a puxou pela mão. 


“Lisbon, posso dormir na sua casa hoje?” Ele colocou seu melhor olhar pidão. “Não quero ficar sozinho. E se eu tiver febre?” 


Teresa soltou uma risadinha. Podiam se passar anos, mas Patrick não mudava nunca. 


“Sim, você pode dormir lá em casa hoje.” Jane abriu a boca para dizer algo, mas ela já sabia o que vinha a seguir, então, nem esperou que ele lhe perguntasse. “E sim, eu vou te fazer aquela sopa que você tanto adora.” Ela levou as mãos aos cachos loiros e macios, acariciando-os. “Agora descanse enquanto eu vou preparar o seu chá.” 


“Ok.” Ele respondeu com um sorriso, enquanto fechava os olhos e se ajeitava melhor no sofá. “Você é uma Santa, Teresa.” Ele levou aos lábios a mão dela que segurava, dando um beijo antes de soltá-la. 


A Agente sacudiu a cabeça, sorrindo, enquanto observava a figura de Patrick por alguns instantes. Assim que se virou para ir preparar-lhe o chá, encontrou quatro pares de olhos analisando-a com curiosidade. 


“Que foi?” Ela questionou, sem jeito. 


“Nada.” Cho foi quem lhe respondeu, voltando a encarar os papéis sobre sua mesa, enquanto Ficher fazia o mesmo e Wylie se voltava para a tela de seu computador. Pike apenas retesou a mandíbula, continuando a encará-la. 


“Eu vou preparar o chá.” Ela apontou para a cozinha e Marcus lhe deu um pequeno meneio. 


Eles são sempre assim?” Lisbon escutou Wiley perguntar em um sussurro baixo para Cho enquanto ela saía. 


O tempo todo.” Conseguiu ouvir a resposta de Kimball antes de adentrar por completo na cozinha, e ela gemeu internamente. 


Esteve tão envolvida no momento que ela e Jane compartilharam que havia se esquecido completamente da presença dos colegas e do namorado. Não podia acreditar que tinha dado essa bobeira. Na CBI ela tinha sua própria sala, então não precisava se preocupar com olhos e ouvidos curiosos, ao contrário do FBI. 


Soltando um suspiro pesado, Lisbon se esticou para abrir a porta do armário em que Patrick guardava seus utensílios para chá. 


Retirou uma xícara com pires, a chaleira e a caixa com os diversos chás de Jane e colocou sobre a bancada. Em seguida, pegou o leite dentro da geladeira. Estava prestes a encher a chaleira com água quando a voz de Pike chegou aos seus ouvidos, assustando-a. 


“Quando eu te perguntei, você me disse que vocês dois não tinham nada um com o outro.” O Agente cruzou os braços, se apoiando no portal da cozinha. 


“Do que você está falando?” Lisbon engasgou. 


“Você e Jane.” Pike caminhou até onde ela estava, parando a poucos passos de distância. “Você me disse que vocês dois não tinham nenhum envolvimento amoroso.” 


“Nós não temos...” Ela começou a explicar, mas ele a cortou. 


“Por favor, Teresa.” Ele bufou. “Eu não sei se você está tentando me enganar ou enganar a si mesma, mas a cena que eu acabei de presenciar deixou muito claro onde seu coração está.” Os olhos dele se encheram de lágrimas. 


“Marcus, isso não é verdade, ele é apenas meu amigo. Um grande amigo.” Ela sentiu o estômago afundando. 


“Ele não é seu amigo, Teresa. Está mais claro que a neve que ele quer ser muito mais que seu amigo, e que você também gosta dele de uma forma que vai muito além da amizade.” 


Lisbon piscou, tentando conter as lágrimas. Ela não acreditava que tinha deixado Marcus perceber seus verdadeiros sentimentos. E o pior de tudo era que havia magoado o agente.


"Marcus, eu gosto de você." Ela afirmou.


"Mas não me ama. Não como ama o Patrick. Eu percebi pela forma como você olhou para ele, Teresa."


Lisbon apertou os olhos com força. Não tinha como negar. Pike estava lhe expondo a verdade nua e crua. 


"Eu sinto muito, Marcus. Eu nunca quis te machucar. E, acredite em mim, nunca houve nenhum tipo de envolvimento amoroso entre o Patrick e eu."


"Por falta de coragem, mas não por falta de vontade pelo que vejo." A voz de Pike saiu mais fria do que ele pretendia, e ele se arrependeu imediatamente ao ver Lisbon se encolher um pouco com sua fala.


"Eu tentei amar você, Marcus. Eu tentei com todas as minhas forças." Ela fixou o olhar no do agente.


"Algumas coisas não somos nós que escolhemos, Teresa. Entre elas, a pessoa por quem nos apaixonamos. Jane é um cara de sorte por ter o amor de uma mulher como você." Pike sorriu tristemente.


"Marcus..."


"Por favor, não diga nada. Eu não quero que se desculpe por não corresponder aos meus sentimentos. Estamos juntos faz pouco tempo, mas, para mim, cada segundo ao seu lado foi maravilhoso. E é assim que vou me lembrar do que vivemos."


O moreno fechou o espaço entre eles e deu um beijo na testa dela. 


"Eu sei retirar meu time de campo quando a batalha está perdida." Ele disse, se afastando. "Você devia resolver essa situação com o Patrick. Você merece ser feliz."


Lisbon enxugou algumas lágrimas do rosto.


"Você também merece ser feliz, Marcus. Você é um dos homens mais incríveis que já conheci."


Pike abriu um pequeno sorriso. "Nos vemos por aí, Teresa." Ele disse, saindo da cozinha, deixando-a sozinha.


Lisbon suspirou profundamente. Marcus tinha razão. Estava mais do que na hora de resolver a situação com Patrick. Não podia continuar vivendo agarrada a um amor que nem sequer tinha certeza ser correspondido. 


Decidindo que conversaria com o consultor naquela noite, quando ele estivesse em sua casa, a Agente deu continuidade ao que estava fazendo antes de Marcus chegar. Quando finalmente terminou de fazer o chá do jeito que Jane lhe ensinara, encheu um copo com água mineral para que ele pudesse tomar o medicamento e voltou para o escritório, que agora estava praticamente deserto, pois Fisher e Cho já não estavam presentes. 


Quando se aproximou do sofá, notou que Jane estava cochilando. Para quem estava morrendo de dores ele dormira muito rápido, e isso só confirmava mais ainda suas suspeitas de que as queixas, na maior parte, não passavam de manha. Revirando os olhos, ela pegou o frasco com analgésicos de dentro da sacola que havia colocado sobre a mesa. 


“Jane?” Lisbon chamou enquanto levava para ele um comprimido e o copo com água. 


“Que foi?” Ele perguntou com a voz sonolenta. 


“Seu remédio.” 


“Obrigado.” Patrick agradeceu depois de tomar um belo gole de água e aceitar o chá que ela lhe entregava. “Onde está o Marcus?” Ele perguntou, olhando ao redor, procurando o agente. 


“Ele foi embora.” Ela sussurrou, baixando os olhos para o chão. “Nós terminamos.” 


Jane deu um olhar surpreso ante a informação. 

“Eu queria poder dizer que sinto muito, Teresa.” O consultor falou no mesmo tom de voz baixo que ela, para que ninguém os escutasse. “Mas eu estaria mentindo pra você outra vez.” 


“Outra vez?” Lisbon perguntou, mordendo o lábio inferior entre os dentes, voltando a olhar pra ele. 


“Eu menti, Teresa. Eu menti naquele dia em Las Vegas, quando afirmei não me lembrar do que eu tinha te dito no seu escritório.” Ele falou, sério, ao mesmo tempo encabulado. “Menti por medo e por covardia.” 


Lisbon sentiu o coração acelerar no peito. Ela sempre desconfiara de que Patrick havia mentido, mas vê-lo confirmar suas suspeitas mudava completamente a situação. 


“Eu acho que nós devemos conversar sobre isso mais tarde, Jane. Na minha casa.” 


“É uma promessa?” O loiro perguntou, os olhos brilhando de felicidade.


“É uma promessa.” Ela confirmou, um enorme sorriso adornando os lábios, mostrando suas famosas covinhas. “Agora é melhor você terminar o seu chá e descansar.” 


“Eu vou.” 


“Bom.” Lisbon deu um meneio com a cabeça, voltando para sua mesa e sentando-se em sua cadeira para finalmente se colocar a par das investigações sobre os últimos acontecimentos. 


Ela mal podia esperar para ir para casa com Jane mais tarde. Eles tinham muito que conversar. Precisavam esclarecer as coisas ditas e as não ditas, mas, de uma coisa ela tinha certeza, dessa vez eles estavam no caminho certo, e, no final, tudo ia se resolver. 



Fim!  


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