Havia um menino

Um menino encantado e muito estranho

Dizem que ele vagou muito longe, muito longe

Por terra e mar

Um pouco tímido e de olhar triste

Mas muito sábio era ele

Um vento de leve tomava o lugar, dava para escutar as ondas se movimentando ao redor do navio, o resto era um silêncio total. A lua tomava o céu cheio de estrelas, era uma paisagem bonita, uma tranquilidade que raramente a navegadora daquele navio conseguia encontrar.

Depois de terem resgatado Sanji do casamento forjado e terem conseguido fugir de uma Big Mom enfurecida, os piratas do bando chapéu de palha conseguiram sair de Whole Cake. Depois de uma grande confusão, todos estavam descansando.

Nami se encontrava no deck do Sunny, estava ajoelhada na grama, encostada no mastro. A navegadora estava com os olhos fechados, alguns fios do cabelo ruivo da garota balançavam, acompanhando o vento leve. Ela abriu os olhos e encarou seu capitão que encontrava-se cochilando com a cabeça em suas pernas. Nami conseguia ouvir a respiração pesada de seu capitão. Ela o envolvia com seus dois braços, soltou um sorriso de leve em seu rosto quando viu seu capitão dormindo tão tranquilamente, com um sorriso no rosto, sem se preocupar com o que estava em sua volta.

Passou uma de suas mãos no cabelo do garoto, o acariciando. Luffy só aumentou seu sorriso mesmo dormindo. Os dois estavam sozinhos no deck, estavam conversando antes sobre como encontrariam Law em Wano, mas no meio da conversa, Luffy acabou caindo de sono no colo de sua navegadora. Dava para perceber que o garoto não tinha interesse nenhum na conversa e por isso tinha caído no sono. Nami não brigou com ele e nem nada, apenas o deixou lá. Ela deixaria ele dormir em seu colo apenas essa vez.

Ou talvez mais vezes...

Nami se perguntava como era tão fácil ser conquistada por aquele sorriso simples de seu capitão. Desde quando os dois se conheceram, ela sempre se sentiu conquistada por aquele sorriso bobo de Luffy.

Ela confiava em seu capitão, e quando eles se separaram em Whole Cake, para Luffy lutar contra Katakuri, mesmo morrendo de preocupação, mesmo querendo segurar a mão de Luffy e pedir para ele não ir lutar contra o subordinado de Big Mom, Nami respirou fundo e disse que iria esperar seu capitão voltar para que todos fossem embora juntos. Quando Luffy atravessou o espelho para lutar contra Katakuri, foi difícil para Nami, difícil para todos ali. Sabiam que seu capitão estava correndo perigo.

Quando tentavam escapar de Big Mom com Sunny, o tempo parecia não passar. Nami parecia estar tão preocupada com Luffy que as vezes não conseguia se concentrar o que acontecia sua volta, mas fez seu máximo, afinal, ela também corria perigo. Sabia que seu capitão iria ganhar aquela luta, mas mesmo assim, ela sempre se preocupava com ele, em qualquer situação.

E como ela tinha dito para ele naquele momento, que iria esperar ele derrotar o inimigo, ele voltou. Depois de Big Mom comer o bolo de casamento e se reencontrarem com Sanji, Luffy tinha derrotado Katakuri e todos foram embora juntos daquela ilha.

Nami fechou os olhos e uma lágrima teimosa escapou de um de seus olhos e logo a expulsou de seu rosto com uma de suas mãos. Ela gostava de seu capitão, não conseguia dizer o quanto. E pensar que se um dia, talvez, ela perdesse ele... Nami não iria aguentar isso, só de imaginar, sentia uma dor em seu peito que não conseguia controlar.

Respirou fundo, abriu os olhos outra vez e se acalmou. Ele não iria fazer isso com ela, porque juntos iriam conquistar seus sonhos.

— Não faça nada perigoso dessa vez, Luffy. — Nami disse, mesmo com a intenção de seu capitão não ouvir. Ela acariciava o rosto de seu capitão, sem medo de acorda-lo, já que o mesmo tinha um sono pesado.

Observava as cicatrizes que seu capitão tinha, em especial, estava com a mão naquela que se encontrava embaixo do seu olho esquerdo. Ela tinha perguntado uma vez como ele tinha conseguido aquela cicatriz, ele contou a história como se fosse nada demais. Seu capitão era um idiota, ninguém tinha dúvida daquilo.

— Você já fez tanto por todos da tripulação. — Ela observava os machucados do corpo de Luffy, cicatrizes de não só dessa luta recente, e sim de lutas passadas. — Ao menos se preocupe um pouco mais com você mesmo. — Nami dizia aquelas coisas, ao vento, sem ninguém precisar ouvir. — Você é especial para todos, inclusive para mim Luffy.

Depois de um tempo, Nami, aos poucos, tentando não acordar o capitão enquanto se movimentava, segurou a cabeça do garoto de leve e tentou sair de lá para ir ao seu quarto para poder dormir mais tranquilamente. Por mais que quisesse ficar ali, o sono ficava mais forte com passar do tempo.

Deitou a cabeça de Luffy na grama e ficou mais um tempo sentada lá, ao seu lado, observando ele. Sem pensar duas vezes, chegou perto do rosto do garoto, colocou sua mão em uma das bochechas de Luffy e deu um beijo de leve e um pouco demorado na testa do mesmo. Era um beijo de agradecimento por tudo que ele já tinha feito por ela.

Nami se levantou e começou a andar, indo em direção ao seu quarto, parou para observar o seu capitão deitado ali mais uma vez e voltou a andar.

— Nami! — Ouviu seu capitão resmungar seu nome, se assustou e olhou para trás. Perguntava a si mesmo se ele tinha ouvido alguma coisa que ela tinha dito antes ou até teria acordado com o beijo que ela tinha dado e corou de vergonha.

— Luffy? — Disse ela sem jeito, esperando o que ele iria dizer.

— Estou com fome! — Ele gritou. Nami se acalmou na hora.

— Problema seu, eu não sou a cozinheira da sua tripulação! — Ela disse mais calma depois do susto, ela se virou e voltou a andar, sorriu por Luffy estar bem, afinal, estar com fome sempre era o normal de seu capitão.

— Ei, Nami! — Luffy levantou rápido, porém com pouco de dificuldades pelas dores que ele sentia. — Espere!

A navegadora se virou para ele e quando percebeu, Luffy já estava perto dela, colocando sua mão no queixo da garota e encostando sua testa na dela de leve.

— Obrigada por sempre confiar em mim. — Ele disse, soltando uma risada de leve. Nami se surpreendeu com a fala do capitão, acabou ficando sem jeito, mas depois retribuiu sorrindo e depois o abraçando.

O capitão tinha sentido todo aquele carinho que sua navegadora tinha lhe dado quando estava dormindo. Escutou algumas falas dela invadindo seus sonhos, não se lembrava bem o que ela tinha dito, mas sentia, fazia um tempo, que tinha que agradecer ela pela sua confiança depositada nele. Era algo diferente vindo de Luffy, mas mesmo assim, por fim, ele retribuiu o abraço de Nami.

 Luffy se sentia feliz por ter uma grande companheira como Nami. Uma companheira que ele sabia que ela era bastante forte, reconhecia isso sem dúvidas.

E uma companheira que ele poderia confiar nela sem pensar duas vezes, e juntos, eles iriam enfrentar qualquer obstáculo em seus caminhos.

E então um dia

Um dia de sorte ele cruzou o meu caminho

Então nós falamos de muitas coisas:

Bobos e reis

Então ele me disse

A maior coisa que você vai aprender

É amar e ser amada