(Matt's POV)

Onde estou? Não consigo me lembrar. Estava em uma festa, depois do show da minha banda, acho que noite passada, e então eu a vi: Emilie. Como qualquer homem faria, diante de uma mulher tão linda e exótica como ela, me apresentei e começamos a conversar.

Mais tarde, naquela noite, fomos para o apartamento dela. Me lembro dos beijos que trocamos, das unhas afiadas dela arranhando minhas costas enquanto eu tirava sua roupa. Lembro, ainda, de puxar os cabelos ruivos de Emilie, enquanto ela sussurrava algo em meu ouvido. Depois disso, nada. Um vazio em minha mente. E agora, estou aqui neste lugar.

Estou acorrentado à cama de um quarto, na verdade, uma cela. Tento gritar, mas minha boca está costurada, e o único som que consigo emitir é um gemido. Sinto um gosto metálico e amargo na garganta, como se ela estivesse cortada e ainda restassem vestígios de sangue. COMO DIABOS VIM PARAR AQUI? QUE INFERNO!

De repente, escuto passos do lado de fora, alguns barulhos estranhos e gritos os seguem enquanto avançam. De repente, os passos cessam, e a porta do meu quarto/cela se abre. Ela estava ali. A maldita mulher da minha última lembrança, e a mulher pela qual estou louco de desejo e ódio. Emilie entra anotando coisas em sua prancheta e senta-se na cama em que estou.

— E então, - ela me lança um sorriso sarcástico - como está se sentindo sem poder falar?

Como estou me sentindo? COMO ESTOU ME SENTINDO? SUA VADIA, COMO ACHA QUE EU ME SINTO SEM PODER FALAR? Senti raiva e tentei gritar. Como protesto, minha garganta pareceu queimar, e o maior som que emiti foi, novamente, um gemido.

— Bom ver sua expressão de raiva. Me desculpe, mas foi necessário. Seus gritos poderiam assustar os outros convidados. Acalme-se, os cortes que eu provoquei em sua garganta cicatrizarão em alguns dias, mas, garanto que a Kerli pode lhe ajudar com isso. Você a conhecerá em breve.

Do meio de suas roupas esfiapadas, Emilie puxou uma tesoura e veio em minha direção. Me debati tentando me desviar dela e do objeto afiado.

— Acalme-se! - ela reclamou, segurando meu rosto - Só vou cortar as linhas na sua boca.

Com um movimento rápido, Emilie cortou as linhas e senti a mobilidade voltar aos meus lábios. Eu ainda não conseguia falar, mas pelo menos minha condição atual era melhor.

— Sente-se melhor? - acenei com a cabeça que "Sim" e em seguida "não" enquanto ela anotava em sua prancheta. - Muito bem, então. Em alguns minutos, Kerli virá aqui e o levará para um passeio. Seja bem-vindo e aproveite os limites entre a loucura e a fantasia, Sr. Shadows.

Ela se aproximou e juntou nossos lábios. Em seguida, se retirou, fechando a porta e reiniciando os gritos e barulhos vindo de outros quartos/celas enquanto se afastava.

Emilie, uma tal de Kerli, loucura e fantasia... Acho que não estou ficando louco. Pelo menos, não ainda.

Sei que esta é minha vida, e este, é meu maldito pesadelo.